terça-feira, abril 30, 2013

Ternium que suspendeu construção de siderúrgica no Açu desiste da CSA

A siderúrgica Ternium do grupo ítalo-argentino, Techint que suspendeu seu projeto de instalação no Complexo do Açu para comprar por US$ 5 bilhões, a participação acionária de 22% da Usiminas, em Ipatinga, MG, informou hoje, que desistiu de comprar a siderúrgica CSA, em Santa Cruz no Rio de Janeiro, vizinho à siderúrgica Cosigua da Gerdau, junto à Baía de Sepetiba.

A desistência seria pelo valor pedido pelo grupo alemão Tyssen que deverá fechar negócio com a CSN. Atualmente há no mundo mais capacidade instalada de para produzir do que demanda de aço. A diferença estaria capacidade instalada e demanda estaria na faixa de 30% a 35%.

A desistência da Ternium foi levantada aqui pelo blog em 21 de novembro de 2011 e ocorreu antes da chinesa Wisco (Whuan) também anunciar a suspensão do projeto no Complexo do Açu.

Rede capitalista que domina o mundo

Trata-se de estudo com análise sobre as relações entre 43.000 empresas transnacionais que conclui que um pequeno número delas - a maioria de bancos - tem um poder desproporcionalmente elevado sobre a economia global.

O estudo mostra a densidade das participações cruzadas entre as empresas e ainda os interesses entrelaçados que apontam que os desequilíbrios se propagam instantaneamente, representando risco sistêmico.

Por ele fica mais claro compreender como se propagou (efeito dominó) a crise financeira, já que a maioria destas mega-empresas está na área da intermediação financeira.

A visão do poder político das ETN (Empresas Trans-Nacionais) adquire também uma base muito mais firme, ao se constatar que na cadeia de empresas que controlam empresas que por sua vez controlam outras empresas, o que todos "sentimos" ao ver os comportamentos da mega-empresas torna-se cientificamente evidente.

Abaixo um resumo das principais implicações publicadas no New Scientist de 22/10/2011 e republicado pelo Portal Carta Maior:

A rede capitalista que domina o mundo
Conforme os protestos contra o capitalismo se espalham pelo mundo, os manifestantes vão ganhando novos argumentos.
O gráfico em forma de globo mostra as interconexões entre o grupo de 1.318 empresas transnacionais que formam o núcleo da economia mundial. O tamanho de cada ponto representa o tamanho da receita de cada uma

Uma análise das relações entre 43.000 empresas transnacionais concluiu que um pequeno número delas - sobretudo bancos - tem um poder desproporcionalmente elevado sobre a economia global.

A conclusão é de três pesquisadores da área de sistemas complexos do Instituto Federal de Tecnologia de Lausanne, na Suíça

Este é o primeiro estudo que vai além das ideologias e identifica empiricamente essa rede de poder global.

"A realidade é complexa demais, nós temos que ir além dos dogmas, sejam eles das teorias da conspiração ou do livre mercado," afirmou James Glattfelder, um dos autores do trabalho. "Nossa análise é baseada na realidade."

Rede de controle econômico mundial
A análise usa a mesma matemática empregada há décadas para criar modelos dos sistemas naturais e para a construção de simuladores dos mais diversos tipos. Agora ela foi usada para estudar dados corporativos disponíveis mundialmente.

O resultado é um mapa que traça a rede de controle entre as grandes empresas transnacionais em nível global.

Estudos anteriores já haviam identificado que algumas poucas empresas controlam grandes porções da economia, mas esses estudos incluíam um número limitado de empresas e não levavam em conta os controles indiretos de propriedade, não podendo, portanto, ser usados para dizer como a rede de controle econômico poderia afetar a economia mundial - tornando-a mais ou menos instável, por exemplo.

O novo estudo pode falar sobre isso com a autoridade de quem analisou uma base de dados com 37 milhões de empresas e investidores.

A análise identificou 43.060 grandes empresas transnacionais e traçou as conexões de controle acionário entre elas, construindo um modelo de poder econômico em escala mundial.

Poder econômico mundial
Refinando ainda mais os dados, o modelo final revelou um núcleo central de 1.318 grandes empresas com laços com duas ou mais outras empresas - na média, cada uma delas tem 20 conexões com outras empresas.

Mais do que isso, embora este núcleo central de poder econômico concentre apenas 20% das receitas globais de venda, as 1.318 empresas em conjunto detêm a maioria das ações das principais empresas do mundo - as chamadas blue chips nos mercados de ações.

Em outras palavras, elas detêm um controle sobre a economia real que atinge 60% de todas as vendas realizadas no mundo todo.

E isso não é tudo.

Super-entidade econômica
Quando os cientistas desfizeram o emaranhado dessa rede de propriedades cruzadas, eles identificaram uma "super-entidade" de 147 empresas intimamente inter-relacionadas que controla 40% da riqueza total daquele primeiro núcleo central de 1.318 empresas.

"Na verdade, menos de 1% das companhias controla 40% da rede inteira," diz Glattfelder.

E a maioria delas são bancos.

Os pesquisadores afirmam em seu estudo que a concentração de poder em si não é boa e nem ruim, mas essa interconexão pode ser.

Como o mundo viu durante a crise de 2008, essas redes são muito instáveis: basta que um dos nós tenha um problema sério para que o problema se propague automaticamente por toda a rede, levando consigo a economia mundial como um todo.

Eles ponderam, contudo, que essa super-entidade pode não ser o resultado de uma conspiração - 147 empresas seria um número grande demais para sustentar um conluio qualquer.

A questão real, colocam eles, é saber se esse núcleo global de poder econômico pode exercer um poder político centralizado intencionalmente.

Eles suspeitam que as empresas podem até competir entre si no mercado, mas agem em conjunto no interesse comum - e um dos maiores interesses seria resistir a mudanças na própria rede.

As 50 primeiras das 147 empresas transnacionais super conectadas
Barclays plc
Capital Group Companies Inc
FMR Corporation
AXA
State Street Corporation
JP Morgan Chase & Co
Legal & General Group plc
Vanguard Group Inc
UBS AG
Merrill Lynch & Co Inc
Wellington Management Co LLP
Deutsche Bank AG
Franklin Resources Inc
Credit Suisse Group
Walton Enterprises LLC
Bank of New York Mellon Corp
Natixis
Goldman Sachs Group Inc
T Rowe Price Group Inc
Legg Mason Inc
Morgan Stanley
Mitsubishi UFJ Financial Group Inc
Northern Trust Corporation
Société Générale
Bank of America Corporation
Lloyds TSB Group plc
Invesco plc
Allianz SE 29. TIAA
Old Mutual Public Limited Company
Aviva plc
Schroders plc
Dodge & Cox
Lehman Brothers Holdings Inc*
Sun Life Financial Inc
Standard Life plc
CNCE
Nomura Holdings Inc
The Depository Trust Company
Massachusetts Mutual Life Insurance
ING Groep NV
Brandes Investment Partners LP
Unicredito Italiano SPA
Deposit Insurance Corporation of Japan
Vereniging Aegon
BNP Paribas
Affiliated Managers Group Inc
Resona Holdings Inc
Capital Group International Inc
China Petrochemical Group Company

segunda-feira, abril 29, 2013

Dengue e saúde comunitária

Não é preciso ser especialista na área para concluir que as seguidas epidemias de dengue refletem a ausência, ou incapacidade dos programas de saúde comunitária. A observação não vale apenas para Campos, mas, para outros municípios e estados.

As visitações em mutirão aos domicílios, comércios e indústrias expõem uma situação que deveria estar sendo objeto no dia-a-dia da saúde comunitária.

Sem isto continuaremos sempre correndo atrás dos prejuízos, enxugando gelo, gastando em mutirões e tratamentos nas épocas de emergência, sem atacar diretamente a questão da educação comunitária e permanente em saúde.

Parece óbvio, mas, é bom, lembrar que a maioria e mais eficazes políticas públicas são as mais simples, tipo arroz com feijão, sem salamaleques, alvoroços, grana e mídia. Saúde comunitária. Perto e junto do cidadão.

Exportações de petróleo feita pelo Brasil em 2012

No ano de 2012, o Brasil exportou US$ 27,8 bilhões em petróleo. Destes, US$ 22,1 bilhões (80%) correspondem à Petrobras. Os outros 20% aproximadamente foram exportados pelas empresas estrangeiras, Shell que exportou: US$ 1,4 bilhão – 34% a mais que 2011; Statoil (US$ 1,2 bilhão); Sinochem (US$ 808 milhões); BG Brasil (US$ 667 milhões) e GE Oil (US$ 292 milhões).

domingo, abril 28, 2013

Lagoas de Grussaí e Iquipari em SJB

O blog recebeu de um colaborador estas fotos das Lagoas de Grussaí e de Iquipari. A segunda margeia o empreendimento do Complexo do Açu, com seus enormes aterros de forma, lamentavelmente, próxima e irremediavelmente, impactante.

É bom recordar, pelo que aprendi em palestra recente da professora e pesquisadora da UENF Marina Suzuki, que ambas as lagoas são basicamente sustentadas por águas subterrâneas do lençol freático que tenderão a ser impactadas, com a impermeabilização do solo, a partir da construção dos aterros e do revestimento do solo, que já está recebendo os empreendimentos do complexo logístico-industrial. Para ver as imagens em tamanho maior cliquem sobre elas.

Lagoa de Grussaí - ao fundo se pode ver a Lagoa de Iquipari




Lagoa de Iquipari margeada pelo enorme aterro hidráulico na retroárea do Terminal TX-1

Lagoa de Iquipai







Lagoa de Iquipari em sua extensão paralela ao mar.
A construção abaixo é da administração da LLX, onde está o heliporto

Outras Palavras

Para quem anda cada vez mais enojado das mídias corporativas, ou mesmo aqueles que se dispõem ouvir e ler contrapontos, é impressionante identificar como se multiplicaram as alternativas. Assim, é possível ir paulatinamente desopilando o visgo e ranço destes que vivem vendendo informações tentando comprar e/ou deformar a sua opinião. Nesta linha vale conferir o "Outras Palavras".

Eles se apresentam resumidamente desta forma: "Outras Palavras informa e debate sobre a globalização e as alternativas. Estimula a Comunicação Compartilhada e procura enxergar e construir relações sociais pós-capitalistas". Aqui você pode ler este resumo expandido. Vale conferir e se for o caso marca´-lo em seus favoritos como fez este blogueiro. É possível também seguir o Outras Palavras no Facebook, Twitter e YouTube:


Comissão Popular para elaboração da Lei Orgânica de Campos: email e organização

O Alexis Sardinha envia ao blog informações sobre o andamento da Comissão, e-mail de contato e organização por setor para organizar as propostas e o debate. Bom trabalho para a comissão:

"Amigos, como combinamos nas últimas reuniões: este é o e-mail da Comissão Popular da Lei Orgânica.
A comunicação "oficial" sobre os trabalhos do grupo será feita através deste e-mail (leiorganicacampos@gmail.com) que ora utilizo para enviar este e-mail.

Este também será o endereço que vamos divulgar pela Internet convidando as pessoas que não estão participando presencialmente das reuniões a dar suas ideias.

Em breve vou fazer um poster com este endereço para espalhar no Facebook e em alguns lugares estratégicos da cidade.

Saudações
Alexis Sardinha
Organizador Geral da Comissão Popular da Lei Orgânica."





Urbanista questiona no MP a não instituição do Conselho Habitacional em Campos

O blog recebeu do arquiteto e urbanista Renato Siqueira, questionamento que faz do não funcionamento do Conselho Municipal de Saneamento e Habitação em Campos e do que chama de desmantelamento da Empresa Municipal de Habitação, Urbanização e Saneamento - EMHAB). Por conta disto, foi notificado para ajudar o MP a levantar mais questões no Inquérito Civil Público de nº 10, do ano de 2011. Sobre ele Renato se manifesta:

"Considerando os aspectos de interesse público que envolvem as ações relacionadas aos programas habitacionais de interesse social, neste município, ainda, o seu amplo e desagradável histórico, veiculado na imprensa local, especialmente nas edições de: 07/04, 11/04, 19/04 e 20/04, recentes, venho informar a Audiência Pública relacionada ao assunto, que trata dentre outros assuntos da não efetivação do Conselho de Habitação e Saneamento, desmantelamento da EMHAB (Empresa Municipal de Habitação, Urbanização e Saneamento) e outros que desfiguram a personalidade institucional local, em flagrante desrespeito à Lei, Plano Diretor Participativo.

Fica a esperança de que haja efetivação da Política Habitacional de Interesse Social, para que a justiça social seja efetivada em seu mais fundamental princípio: a função social da propriedade..."partilhando os benefícios econômico-sociais e promovendo o acesso à terra e a moradia digna e sustentável à todos os cidadãos."(Cap. VI, Art.: 99, Lei 7972/2007 - Plano Diretor Participativo-PMCG).
Abç.,
Renato César Arêas Siqueira
arquiteto e urbanista - perito técnico - professor bolsista UENF."


Anatel bloqueará celulares de aparelhos não homologados

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) através de resolução decidiu dar aval às operadoras (Vivo, TIM, Claro e Oi) para instalarem um sistema que bloquearia as chadas dos aparelhos apelidados de "Xing-ling", aqueles de três, quatro chips contrabandeados e vendidos a baixos preços em camelôs.

O sistema deve entrar em operação já neste semestre, mas, a Anatel avalia que no ano que vem, 2014, a medida deverá valer. A Anatel diz que quando a chamada for originada, o número do IMEI do aparelho será enviada à operadora e, assim este código do IMEI será cruzado com o banco de dados da agência, bloqueando as chamadas dos aparelhos que não tiverem sido homologados.

O Brasil tem 91 milhões de aparelhos celulares comercializados. Estima-se que 12% deles sejam destes chamados de "piratas", entre os quais incluem os trazidos do exterior e que não possuem homologação no país.

Que a Anatel queira controlar acesso às redes, a homologação dos aparelhos usados no país, faz parte do seu trabalho de regular o uso das telecomunicações no país. Porém, daí, se imaginar que as operadoras vão querer jogar contra o próprio "patrimônio" bloqueando chamadas, cortando o uso de seus sistemas e seu faturamento (receitas) já é uma outra coisa.

Quem ganharia na verdade com esta medida seriam os fabricantes das marcas conhecidas de celulares. Observando o percentual de 12%, o caso mostra, como os interesses são cruzados e complexos na sociedade capitalista contemporânea. Mas, eu duvido que as operadoras deixarão isto funcionar na prática. A conferir.

sábado, abril 27, 2013

"A arenga no Poder"

A questões entre o poder político e o judiciário tem suscitado diversos comentários despropositados. Esta opinião da Maria Cristina Fernandes, editora de Política do Valor foi a fundo no histórico desta disputa e, penso eu, expôs de forma interessante os fatos. Vale a conferida:


A arenga no Poder

Por Maria Cristina Fernandes
São ruins as leis eleitorais votadas pelo Congresso, mas as intervenções do Judiciário na matéria conseguem ser piores.
As leis votadas suscitam campanhas eleitorais caríssimas, não são capazes de inibir caixa 2 e mantêm regras arcaicas como a da suplência de senadores.
Por pior que sejam, conhecem-se suas motivações. São leis destinadas a diminuir os riscos da competição política, embora não sejam capazes de reduzir o altíssimo grau de renovação parlamentar no país nem de convencer a opinião pública de que a política brasileira é arena de difícil sobrevivência.
Se a lei eleitoral é ruim, a intervenção judicial é pior
Também se conhecem as motivações dos derrotados pelas leis eleitorais que recorrem aos magistrados. Em nome de melhores condições de sobrevivência, invocam a inconstitucionalidade das regras.
Mais difícil de apreender é a motivação de quem julga. Ora invoca o fortalecimento dos partidos face à excessiva autonomia dos eleitos, ora sai em defesa desta contra o poder desmedido dos partidos.
O zigue-zague teve início em 2002, quando o Tribunal Superior Eleitoral decidiu que as coligações tinham que ser verticalizadas. O partido que quisesse apresentar candidato a presidente teria que reproduzir, nos Estados, a mesma coligação.
Um dos maiores defensores da regra, o ex-ministro Nelson Jobim, que à época militava tanto no TSE quanto no STF, advogava que a mudança era necessária para que os partidos atendessem aos interesses da nação, e não aos regionais.
O argumento é recorrente e, de tempos em tempos, municia falsos arautos da modernidade. Se os interesses são da nação, é na Federação que eles são pactuados. O único cargo em disputa que tem a nação como jurisdição eleitoral é o de presidente da República. Os demais 5.590 mandatos eletivos do país têm como base eleitoral Estados e municípios.
É nas eleições que o conflito político local é mediado. E a competição eleitoral só será capaz de fazer essa mediação se tiver como base os interesses locais. Cada lugar tem seu arranjo partidário. Aliados que se unem num canto brigam noutro.
Daí porque a regra da verticalização fracassou. Sob a justificativa de que baixaria, por decreto, a coerência do sistema político, provocou uma eleição em que um grande número de partidos abdicou de pretensões nacionais para manter seus projetos locais de poder.
Se havia alguma crença de que a disputa nacional seria capaz de civilizar as arengas regionais, a ilusão se desfez. O PT, apesar de ter disputado a Presidência por uma coligação que não dispunha de grandes máquinas regionais, acabou vencendo. Depois penou para buscar maioria no Congresso, mas essa é outra encrenca que também não se resolveria pela verticalização.
Os parlamentares acabariam por constitucionalizar o direito dos partidos de dispor sobre suas coligações. Mas a queda de braço com o Judiciário estava longe de terminar. Em 2006 foi a vez de o Congresso votar a cláusula de barreira, que limitava acesso aos recursos partidários àquelas legendas que obtivessem 5% dos votos nacionais e pelo menos 2% em nove Estados da Federação.
Mais uma vez, a motivação era a competição eleitoral. Acossados pelo crescente poder dos pequenos, os grandes partidos capitanearam a iniciativa. Valeram-se do discurso, de forte apelo junto à opinião pública, de que a multiplicação de partidos é danosa ao interesse público.
Acionado pelos partidos pequenos, o Judiciário derrubou a cláusula de barreira. Desta vez, o argumento foi o de que a cláusula contrariava o pluralismo, aquele mesmo preceito que havia sido atropelado na regra da verticalização.
Em 2007 foi a vez de o TSE decidir pela fidelidade partidária. Perderia o mandato quem mudasse de partido durante a legislatura, a não ser que o destino da migração fosse uma legenda nova ou resultante de fusão.
A decisão baseava-se na ideia de que a troca de partidos os fragiliza. Em artigo publicado no último número da "Dados", a pesquisadora do Cebrap Andrea Freitas mostra que quase a metade dos parlamentares que trocaram de partido entre 1995 e 2007 o fez para legendas que não haviam conquistado uma cadeira sequer no Estado do deputado. Ou seja, é a lógica da competição eleitoral, e não a fragilidade parlamentar que dita o comportamento partidário.
A decisão do TSE contrariava a lei eleitoral de 1997 que ainda está em vigor. O mandato passou a ser do partido, e não do eleito. O Supremo confirmou a norma.
Foi assim que surgiu o PSD. Se o político encontra a porta da infidelidade fechada, pula o muro e funda um novo partido. E aqui não é uma questão de caráter, mas de sobrevivência, o que faz uma grande diferença na hora em que o infiel vai para as barras dos tribunais.
É esta lei que vem a ser modificada pelo projeto que passou pela Câmara e estava para ser aprovado pelo Senado quando foi suspenso por uma liminar do Supremo.
O projeto adapta a lei eleitoral à decisão do TSE, já referendada pelo Supremo, sobre a fidelidade partidária. E avança sobre os incentivos à infidelidade ao impedir que o parlamentar migrante leve o tempo de televisão e a cota do fundo partidário correspondentes para o novo partido.
Ao conceder a liminar, o ministro Gilmar Mendes viu indícios de casuísmo no teor e na velocidade com que a matéria tramitou no Congresso.
A questão agora vai ao Supremo. Os juízes terão que decidir se os partidos a serem criados por Roberto Freire (MD) e Marina Silva (Rede) poderão contar com TV e dinheiro dos parlamentares que para lá migrarem.
O tema vai a voto num momento em que o desgaste das relações entre o Supremo e o Congresso foi simbolizado pela aprovação nesta semana, em comissão, do projeto que submete as decisões dos ministros aos parlamentares. O projeto deve ser abortado, mas reflete o estado de ânimo de uma Casa que vê Supremo extrapolar o exame da constitucionalidade e invadir o processo legislativo.
A definição sobre a mudança na lei eleitoral chegará a um plenário presidido por Joaquim Barbosa. No julgamento da fidelidade partidária, o presidente do Supremo chegou a questionar se as ONGs não seriam mais importantes para a sociedade do que os partidos. Quem sabe convença Freire e Marina a desistir de seus novos partidos e criar uma ONG.

sexta-feira, abril 26, 2013

"Os municípios devem pensar projetos de forma regionalizada"

No 2º Encontro dos Municípios com o Desenvolvimento Sustentável, evento promovido pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP), realizado na quarta-feira em Brasília, representantes da administração Dilma Roussef, reforçaram a orientação para que os prefeitos realizem parcerias com os demais gestores de suas regiões.

O governo federal está estimulando maior eficiência nas compras públicas ao formar consórcios e que desenvolvam políticas comuns nas áreas de transportes e combates a enchentes, por exemplo.

Os recados foram dados pela ministra do Planejamento Miriam Belchior, e pelo sub-chefe de Assuntos Federativos da Secretarias de Relações Institucionais da Presidência, Olavo Noleto. Ambos insistiram que os prefeitos cooperam pouco e deveriam "pensar projetos de forma regionalizada".

A ministra Belchior disse ainda que "a metropolização de nosso país exige uma postura diferenciada. As prefeituras devem preservar suas receitas  próprias para a rea de ações que não têm financiamento federal específicos".

Esta integração e visão regional no planejamento e na execução de políticas públicas nas diversas áreas é um tema recorrentemente defendido por este blog, desde seu início, há quase nove anos.

Os municípios se transformaram em autarquias autônomas e a maioria dos gestores só pensam o seu território e sua população, sem perceber que diversos (talvez, a maioria) problemas dos seus munícipes, poderiam encontrar melhor solução de forma consorciada e regionalmente, do que individualizada como é a regra.

Isto não se dá por acaso, mas, também, na maioria das vezes, por conta dos embates dos grupos que se articulam, aí sim de forma integrada e regional para disputar o poder. Querem um exemplo? Vejam o caso de Campos e SJB.

Infelizmente, pensar projetos regionalmente é muito diferente do que temos assistido em nossos ricos (pobres) municípios petrorrentistas de nossa região. Ainda há tempo, no início do mandato, de iniciar, pelo menos algumas ações integradas e regionais.

Dengue, imóveis & outras questões em Campos

A informação da Assessoria de Comunicação da PMCG divulgou a tabela abaixo, sobre os mutirões de prevenção à dengue, iniciados no dia 23 de fevereiro. O blog viu esta tabela no blog do Fernando Leite.
Imóveis Visitados
                      153.974
Imóveis Fechados
                       45.747
Terrenos Baldios
                         3.452
Focos Identificados
                          1.650
Sacos de Lixo Recolhidos
                         10.110
Pneus Recolhidos
                          1.044
Caixas d'água teladas
                            758


Ótimo que tenham visitado 153 mil imóveis, o que deve garantir que todos os 142 mil domicílios do município contabilizados pelo Censo 2010 do IBGE, tenham sido percorridos, juntos com praticamente todos os estabelecimentos comerciais e industriais.

O número de imóveis fechados contabilizados pela PMCG também se aproxima da conta do IBGE que, em 2010, listou 31,4 mil domicílios não ocupados com os 20,8 mil vagos no município.

Bom que este mesmo mutirão possa ser seguido para outras ações na gestão de prevenção para outras áreas da saúde e para estímulo e apoio à educação. Uma hipótese a ser considerada.

Outra observação que estes números suscitou neste blogueiro é sobre o imóveis fechados. Muita gente sempre questionou este número do IBGE, considerado absurdo, do número de domicílios vagos e dos não ocupados, que equivalem a mais de um terço do total de 142 mil domicílios no município.

Alguns são reconhecidamente segunda moradia, como as casa de veraneio no Farol ou em localidades do interior, mas, é evidente, que uma boa parte deles, na área urbana, serve apenas como especulação e faz engordar uma falsa estatística do déficit habitacional no município. Vale a reflexão.

quinta-feira, abril 25, 2013

Desabafo e distência de professor da rede pública de MG

Ainda na linha sobre Educação, o blogueiro teve acesso e julga que vale ler a carta, que percorre as redes sociais, de autoria do professor mineiro Juvenal Silva Gomes reclamando das condições oferecidas para o exercício da profissão que justificaram sua demissão:

DESISTI DE SER PROFESSOR DO ESTADO

Hoje tive o dia mais triste como professor. Não estou me referindo a nenhuma indisciplina ou necessariamente a baixo rendimento escolar de meus alunos. SOLICITEI A MINHA DISPENSA NA REDE PÚBLICA ESTADUAL DE MINAS GERAIS e fui surpreendido pelos meus alunos.

Como sou muito exigente, muitas vezes coloco fardos pesados sobre meus alunos. Acreditava que a minha saída na transição dos bimestres seria encarada apenas como mais uma das tantas mudanças corriqueiras que ocorrem na Escola. Estava enganado. Fui surpreendido pelo choro mais desolador que já vi em toda a minha vida. Minha maior tristeza foi pensar que eu poderia ser responsável por esse choro. Jamais pensei que meus ALUNOS DA REDE PÚBLICA ESTADUAL DE MINAS GERAIS fossem chorar por minha saída. Preocupado com o que eu diria para eles como motivo, preferi a verdade. ESTOU SAINDO PORQUE NÃO CONSIGO ME SUSTENTAR NA REDE PÚBLICA ESTADUAL DE MINAS GERAIS. Como são crianças, muitas não entenderam o que eu queria dizer e me responderam novamente com o choro mais desolador que já vi ou causei em toda a minha vida. “PROFESSOR NÃO NOS ABANDONE”! A criança não entende a opção que nós professores fazemos quando abandonamos a sala de aula. Uma de minhas alunas gritou: “Vou me mudar para a escola onde o senhor vai continuar como professor”. Nessa hora engasguei o choro e me perguntei como poderia ser isso? Se a maioria de nós no Brasil e na REDE PÚBLICA ESTADUAL DE MINAS GERAIS não dispomos de recursos para bancar o ensino privado. Algumas crianças se puseram na porta e tentavam impedir minha saída, sem palavras e assustado com o choro e o pedido de que não as “abandonasse”, restou-me recolher na solidão de meu objetivo racional e deixar a sala com crianças chorosas como nunca vi a se despedirem com o olhar que jamais esquecerei, do professor que NÃO CONSEGUIU SE SUSTENTAR NA REDE PÚBLICA ESTADUAL DE MINAS GERAIS.

Eu poderia recolher-me na vaidade, em pensar que sou um bom professor e que vou conseguir o melhor para mim. Entretanto, sei que hoje a exemplo do que ocorreu comigo,DEZENAS DE OUTROS PROFESSORES DEIXARAM A REDE PÚBLICA ESTADUAL DE MINAS GERAIS POR NÃO CONSEGUIREM SE SUSTENTAR, ASSIM COMO TAMBÉM DEZENAS DE CRIANÇAS CHORARAM AO SE DESPEDIREM DE SEUS PROFESSORES. Resta-me na revolta implorar a todos os mineiros e brasileiros que lerem essa carta. PELO AMOR DE DEUS! NÃO ACREDITEM NA EDUCAÇÃO FAZ DE CONTA DO GOVERNO DE MINAS GERAIS. O ESTADO FAZ DE CONTA QUE REMUNERA SEUS PROFESSORES, PROFESSORES INFELIZMENTE FAZEM DE CONTA QUE ENSINAM, ALUNOS FAZEM DE CONTA QUE APRENDEM E ATORES GLOBAIS FAZEM DE CONTA QUE FALAM DA MELHOR EDUCAÇÃO DO PAÍS. O episódio dessa carta ocorreu NO DIA 18 DE ABRIL DE 2013 NA ESCOLA ESTADUAL BARÃO DO RIO BRANCO EM BELO HORIZONTE. Infelizmente ocorreu também em dezenas de Escolas do Estado de Minas Gerais. ENQUANTO O GOVERNO DE MINAS PAGA MILHARES DE REIAIS A ATORES GLOBAIS PARA MENTIREM SOBRE A EDUCAÇÃO NO HORÁRIO NOBRE, NOSSAS CRIANÇAS CHORAM OS SEUS PROFESSORES QUE ESTÃO SAINDO PORQUE NÃO CONSEGUEM MAIS SE SUSTENTAR NO ESTADO.

Prof. Juvenal Lima Gomes

EX-PROFESSOR DA REDE PÚBLICA ESTADUAL DE MINAS GERAIS

Acervo completo de Paulo Freire

Já que falamos em Educação e professores, o blog lembra aqui do acesso ao Centro de Referência Paulo Freire, dedicado a preservar e divulgar a memória e o legado do educador, disponibiliza vídeos das aulas, conferências, palestras e entrevistas que ele deu em vida. 

A proposta tem como objetivo aumentar o acesso de pessoas interessadas na vida, obra e legado de Paulo Freire. Para os interessados em aprofundar os ensinamentos freirianos, o Centro de Referência também disponibiliza artigos e livros que podem ser baixados gratuitamente.

Professores substitutos - um mal a ser evitado


Universidade S.A.: negócios a R$ 8 mil por aluno

A negociação que redundou na megafusão entre a Universidade Anhanguera e o Grupo Kroton que gerou uma empresa com o valor de R$ 12,6 bilhões que parte de um processo de incorporação que gerou cerca de 200 transações apenas na última década no Brasil.

Usando o jargão do mercado estes "ativos" educacionais estão caros com negócios fechados na casa dos R$ 8 mil por aluno. Assim, uma instituição com 20 mil alunos valeria cerca de R$ 160 milhões.

As universidades S.A. tiveram valorização de suas ações muito acima da média de outras ações comercializadas no Ibovespa: a Kroton com 151% e a Estácio com 134% ficaram nas primeiras colocações entre as 126 empresas de capital aberto com financeiro diário acima de R$ 5 milhões.

O que se diz no mercado é que esta valorização está ligado ao aumento da demanda de alunos, do Financiamento Estudantil (FIES) do MEC com juros de 3,4% ao ano e do interesse de outros grupos internacionais que estão de olho no Brasil, no crescimento da classe média e da forte expansão do ensino.

Diz-se no mercado que a Estácio S.A. deverá até o final do semestre se associar a outro "player" (outra expressão do mercado) para ampliar sua abrangência e poder lucrar com a massificação, segundo matéria da jornalista Beth Koike do Valor.

Hoje, segundo o MEC são 6,9 milhões de matrículas no ensino superior no Brasil, sendo 1,9 milhão nas universidades e institutos públicos e 5 milhões no ensino particular.

Vendo a dimensão das negociações, da valorização e dos investimentos, mesmo no campo da busca do lucro, não há com não comparar com o sacrifício em montar uma indústria ou construir uma grande infraestrutura cujas amortizações e lucros propiciados pelo investimentos são muitas vezes mais lentos do que estes na área dos serviços de educação.

Abaixo os dados da empresa que surge da fusão da Anhanguera e Kroton:

Infográfico do Valor de 23 de abril de 2013, página B3
Interessante e estranho observar um serviço que pela sua natureza é originalmente pública como dever do estado e direito do cidadão, ser tratado assim de maneira, tão fortemente empresarial.

O debate natural, para alguns anacrônicos, entre o ensino público e o privado nas universidades permite a discussão sobre a qualidade do ensino no nível superior, em instituições que não se retroalimentam das outras duas vertentes, além do Ensino, no conhecido tripé da universidade: Ensino-Pesquisa e Extensão.

Interessante, como já disse aqui em nota (há dois anos, em março de 2011) é o fato de que o perfil dos alunos desta universidades, é, em sua maioria, o trabalhador. 

É perceptível também, que a imensa maioria dos alunos estuda no turno da noite, porque durante o dia estão no trabalho. É ainda importante observar o financiamento público através destas instituições privadas e focadas no lucro.

Sob o ponto de vista do trabalhador da educação destas empresas (professores e técnicos) já há estudos e evidências de uma profunda precarização do trabalho, de desgastes e doenças mentais pelo aumento das pressões nas relações de trabalho. Também se identifica a perda da noção do valor do trabalho, a fragmentação das atividades, que na grande maioria dos casos, não trabalha com a pesquisa e desconhece a extensão, que historicamente são consideradas como atividades indissociáveis para o desenvolvimento de um ensino de qualidade.

O assunto merece muito mais que uma nota, pesquisas, hipóteses, dissertações, teses e um grande e necessário debate, diante desta realidade e dos desafios da universidade pública e da Educação que a nossa população merece.

quarta-feira, abril 24, 2013

Mudanças na produção mundial de petróleo

Relatórios apontam grandes mudanças segundo a Rede de PetroNotícias com maiores produção nos Brics e nos EUA. Não é difícil imaginar o que isto significa no desenho da geopolítica mundial:

"As fontes de produção de Óleo&Gás vão mudar enormemente e a demanda mundial deve crescer de 35% a 46% entre 2010 e 2035 sobretudo na China, na Índia e no Oriente Médio. As conclusões são dos relatórios da Agência Internacional de Energia, da Exxo e da Harvard Kennedy School sobre a situação do petróleo no mundo e perspectivas para o setor.

Segundo as pesquisas, em 2015 os Estados Unidos devem superar a Rússia como maior produtor de gás e a Arábia Saudita na produção de petróleo em 2017. Além disso, graças ao óleo&gás de xisto e à maior eficiência no consumo de combustíveis, até 2025 os EUA passarão a exportadores de GNL. Entre 2008 e 2012, o aumento na produção de gás foi de 20% e na produção petróleo, 37%.

No entanto, Noruega, Reino Unido, México e Irã terão queda na produção até 2020, enquanto o maior potencial está no Iraque, nos EUA, no Canadá e no Brasil. Na América Latina, a Venezuela será o mais afetado, devido à relação com os EUA, que vêm reduzindo as aquisições do seu petróleo e desenvolvido a exploração do xisto. Após 2020, o México pode tornar-se importador após queda na produção. Já a Argentina (xisto) e Brasil (pré-sal) estarão bem se superarem as dificuldades internas para a exploração. Como o pré-sal brasileiro não será mais absorvido pelos EUA, deverá buscar destinos como China e Índia."

Convite

O simpático Martinho Santafé manda o convite que o blog espalha. Sucesso!


Novas demissões nas obras do estaleiro da OSX: no total mais de 300 desligamentos

Hoje a ARG demitiu hoje 90 funcionários. Na última sexta-feira a ICEC demitiu 100 funcionários. Com estas demissões está claro que a OSX decidiu reduzir não apenas seu efetivo direto, mas, também empresas que atuam nas obras do estaleiro que ficarão quase paralisadas.

Há informações sobre desligamento na empresas espanhola Acciona, mas, como o seu trabalho é nas obras do porto de dique do TX-2 é possível que sua redução seja menor, porque também, segundo informações ela poderia desviar pessoas para as obras do terminal TX-1.

A ARG atuou na construção do porto, terminal TX-1 junto com a Civil Port e foi demandada para aturar na construção de galpões num contrato que chegaria a R$ 200 milhões que deve ter sido suspenso ou imensamente reduzido. Em novembro do ano passado a ARG já havia demitido cerca de 300 trabalhadores, boa parte absorvido pela espanhola Acciona.

A ICEC é uma empresa de engenharia paulista especializada em montagens industriais que tem um alojamento na estrada de acesso ao Açu, próximo da ARG e que está atuando na montagem dos galpões e parte industrial do estaleiro. Na sexta demitiram 100 pessoas e novas demissões poderiam ser feitas esta semana.

No total, desde que a OSX decidiu reduzir ou interromper as obras de instalação do estaleiro no Açu, soma-se mais de 300 demissões.

PS.: Atualizado às 20:08: A ARG está encerrando suas atividades no Complexo do Açu. Demitiu todos os funcionários. Ficarão apenas seguranças em seu alojamento na estrada em direção ao Açu, próximo da localidade de Água Preta. Funcionários com 4/5 anos de casa foram demitidos hoje. O contrato com a OSX foi completamente rescindido. Outras demissões devem ocorrer ao longo desta semana. O total de demissões na OSX e nas obras do estaleiro já deve ter passado de 400 trabalhadores.

Projeto do Comperj em Itaboraí enfrenta dois grande problemas

Dois recentes problemas não previstos no processo de licenciamento ambiental e social de instalação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) no município de Itaboraí, na região metropolitana do Rio de Janeiro.

O primeiro grande e ainda não resolvido problema é a não autorização do Inea para utilização do Rio Guaxindiba, que corta a Área de Proteção Ambiental (APA) Guapimirim, para realizar operações de transporte de equipamentos pesados destinados à construção do Complexo Petroquímico do Rio (Comperj). O Rio Guaxindiba que desemboca na Baía de Guanabara, passa pela APA Guapimirim, que abriga o último grande manguezal preservado da baía.

O estudo inicial indicava tratar-se de uma pequena dragagem, que não ia afetar muito o ecossistema da região, mas depois se viu que o projeto era muito maior - e realmente os reflexos poderiam trazer maiores implicações para o meio ambiente, entre eles a movimentação de grande volume de lama contaminada por metais pesados dentro do rio.

O segundo e recente problema é o polêmico e impactante projeto de construção de uma barragem no rio Guapiaçu, situado no município de Cachoeiras de Macacu, que para represar água para abastecer o Comperj em Itaboraí. Avalia-se grandes impactos para pescadores e pequenos agricultores daquela região.

Nesta quarta-feira, 24 de abril, às 13:30 horas, o Conselho Estadual de Recursos Hídricos do Rio de

Janeiro na Sede do INEA (Instituto Estadual do Ambiente), debaterá o assunto. Há reclamações sobre as mudanças no projeto não previstas em seu licenciamento ambiental.Neste assunto específico, não foram realizados previamente os estudos ambientais e de disponibilidade hídrica e nem teriam sido avaliados seriamente os potenciais impactos sociais sobre a pesca artesanal e a agricultura familiar.

Em meio a estes dois grandes problemas, a Petrobras iniciou no final de março o plantio de mudas de espécies nativas da Mata Atlântica no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), marcando o início de uma nova etapa do Plano de Restauração Florestal do empreendimento. A iniciativa que pretende recuperar a flora tanto na parte interna do Comperj quanto no seu entorno, prevê a recuperação de 4.584 hectares. (Interessante observar que a área é semelhante a da unidade de conservação do RPPN Caruara no Açu)

O projeto prevê o plantio de aproximadamente 10 milhões de mudas florestais nativas, contemplando mais de 80 espécies nativas da Mata Atlântica na região do empreendimento, com destaque para quaresmeira, pau-brasil, ipê, jacarandá e maricá. Ele tem previsão de término em 2020 e espera-se ganhos ambientais para a região como a proteção dos manguezais da Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapimirim, a ampliação da área de floresta e a conexão dos fragmentos de floresta existentes permitindo o fluxo de animais e a proteção das nascentes de rios da região.

Sucessão estadual: Lindberg comemora busca de vice para Pezão

A informação é do jornal Valor Online:


PMDB do Rio traça plano B para enfrentar 


Lindbergh

Por Paola de Moura e Guilherme Serodio | Do Rio
A pressão que o PMDB do Rio vem fazendo para que o secretário de Segurança do Estado, José Mariano Beltrame, seja o candidato a vice na chapa do atual vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) em 2014 tem sido interpretada por integrantes do PT regional como positiva para a campanha do senador Lindbergh Farias (PT). Ao tentar a todo custo fazer com que o secretário ocupe o espaço de vice, o PMDB sinaliza que aceitou que o partido da presidente Dilma Rousseff terá mesmo candidato próprio.
Segundo o jornal "O Globo", o presidente regional do PMDB, Jorge Picciani, afirma que Beltrame teria aceito integrar a candidatura. Segundo Picciani, o próprio governador teria dito que o acordo já estaria fechado, depois de um ano de insistência. A assessoria do Beltrame negou ao jornal que o secretário tenha aceito participar das eleições.
O objetivo do PMDB é fortalecer a campanha de Pezão que, segundo pesquisas feitas pelos partidos ainda não decolou. Pezão estaria na casa dos 10% de intenções de votos, enquanto o deputado federal Anthony Garotinho (PR) lideraria a disputa, atualmente, com cerca de 25%, seguido por Lindbergh, próximo dos 20%.
Para integrantes do PT, no entanto, o fato de o anúncio ter sido feito por Picciani e não pelo próprio governador ou até pelo secretário significa que a candidatura de Beltrame ainda não é tão certa assim. "O positivo nesta história é a constatação de que o PMDB jogou a toalha de ter o PT como vice", afirmou um político do PT.
O próprio Lindbergh reconhece a força política de Beltrame. Tanto que no passado já chegou a dizer que o chamaria para integrar seu governo.
Lindbergh porém também tem um trunfo na manga para evitar que o PT desista de sua candidatura e ceda aos apelos do PMDB. Em viagem a Recife esteve com o governador Eduardo Campos (PSB). Os dois negam que conversaram sobre eventual troca de partido do senador, caso o PT force Lindbergh a abrir mão, pela segunda vez, de sua candidatura ao Palácio das Laranjeiras em prol da aliança nacional. Apenas os rumores de que isto possa acontecer, analisa um político petista, dão mais força para que a candidatura no PT seja mantida.

Estaleiro Aracruz Jurong já parte com pedidos de 7 sondas e 2 FPSOs

O Estaleiro Aracruz Jurong (EJA) no Espírito Santo, já parte com contrato com a Sete Brasil para a construção de sete navios-sonda e dois FPSOs no valor de cerca de R$ 11 bilhões. Com uma área total de 825 mil metros quadrados e capacidade de processamento de aço de 4 mil toneladas por mês, o estaleiro já entra em operação a partir de dezembro, mas só estará concluído no final de 2014, quando deverá empregar aproximadamente 6.000 pessoas.

terça-feira, abril 23, 2013

Percepção do brasileiro em relação à lei

Uma pesquisa do Centro de Pesquisa Jurídica Aplicada da Escola de Direito de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas, para compor o Índice de Percepção do Cumprimento da Lei - IPCLBrasil foi feita entre o quarto trimestre de 2012 e o primeiro trimestre de 2013 no Distrito Federal e em sete Estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco e Amazonas.

Na amostragem da pesquisa foram realizadas 3.300 entrevistas com pessoas maiores de 18 anos. Os primeiros resultados trouxeram elementos bastante interessantes sobre a forma de pensar e agir, assim como de valores que a nossa sociedade teria sobre o cotidiano oque a cerca em termos de lei e da presença do Estado como seu garantidor.

A pesquisa foi exposta em matéria na edição de hoje do Valor. A juízo do blog, a reportagem não explorou em todas as dimensões, inclusive na manchete, aquilo que os dados permitem interpretar. Inclusive, a matéria reduz a análise e interpretação dos dados: "Para 82%, é fácil desobedecer as leis no Brasil". O subtítulo sim, tem maior relação com o que é apresentado na reportagem sobre a pesquisa: "Direito GV lança IPCLBrasil, que mede a percepção dos brasileiros sobre respeito à legislação".

Confira inicialmente o infográfico divulgado junto da matéria:



"
"A ideia do IPCLBrasil surgiu da constatação de que no país, embora sejam produzidas muitas leis - entre 2000 e 2010 foram criadas 75.517 novas leis federais e estaduais -, há um senso comum de que os brasileiros não as respeitam e de que as leis "não pegam". No entanto, não há pesquisas que demonstrem o quanto a população adere a essas leis. O objetivo do indicador é avaliar o grau de efetividade do Estado de direito no Brasil. Em outras palavras, pretende mensurar qual é a percepção dos brasileiros sobre o respeito às leis e o respeito às autoridades que devem fazer as leis serem cumpridas, como a polícia e os juízes". 

É um conceito paralelo ao Índice de Confiança na Justiça (ICJBrasil), criado pela instituição em 2009 para acompanhar de forma sistemática o sentimento da população em relação ao Poder Judiciário brasileiro. Enquanto o ICJBrasil é publicado trimestralmente, o novo indicador será divulgado a cada semestre.

O IPCLBrasil varia de 0 a 10, e a primeira pesquisa traz um índice de 7,3 pontos. Significa dizer que, em uma escala de 0 a 10, a percepção do brasileiro em relação ao cumprimento da lei é de 7,3 - 10 seria um comprometimento total com a lei.

Para compor o IPCLBrasil, os pesquisadores partiram de dois subíndices, um de comportamento e um de percepção. No indicador de comportamento, os entrevistados foram questionados sobre a frequência com que realizam determinadas condutas - entre elas, atravessar a rua fora da faixa de pedestres e comprar produtos piratas. Já o subíndice de percepção resulta de quatro indicadores: legitimidade (importância de se obedecer às leis); instrumentalidade (incentivos para cumprir a lei); controle social (desaprovação de condutas) e moralidade (diferença entre o que é certo e o que é errado).

A pesquisa não encontrou diferenças na percepção da população em diferentes Estados, mas divergências foram encontradas em relação à idade e à renda dos entrevistados.os mais velhos têm um maior grau de percepção do cumprimento da lei (7,6 pontos para os maiores de 60 anos contra 7 pontos dos jovens com idade entre 18 e 34 anos)

Não chamou a atenção do blog a diferença de percepção por idade, mas, por renda, que a meu juízo, derruba um mito. Por idade é fácil intuir que os mais maduros tendem mais perceber, valorizar e respeitar as leis que os mais jovens, ousados e críticos da existência e da cobrança das mesmas pelo Estado.

Entre os entrevistados de maior renda têm uma percepção menor do que aqueles de menor poder aquisitivo. A pesquisa mostra que quanto maior a renda, menor é o IPCLBrasil: quem ganha até 2 salários mínimos apresentou um índice de 7,6, ao passo que os que recebem mais de 12 salários mínimos tiveram um índice de 7,2.

Diversas interpretações seriam possíveis inferir desta diferença para diferentes rendas, embora, ela não seja tão significativa, variando apenas de 7,2 a 7,6. Porém quem tem menos recursos perceber que a lei age mais é porque ela pode ser mais exigida sobre ele, do que sobre as pessoas de maior poder de renda e de influência, usando o famoso, jeitinho e as relações sociais e de influência. Esta observação derruba um mito e um preconceito ainda muito arraigado em nossa sociedade de origens escravocratas.

Outras observações interessantes entre perceber e respeitar as leis podem ser lidas a partir dos dados da tabela acima. Uma das coordenadoras do estudo levantou: o uso de um subíndice de comportamento e um de percepção deve-se ao fato de que, em geral, as pessoas, ao se referirem ao seu próprio comportamento, tendem a responder que respeitam mais a lei do que quando avaliam o comportamento de outras pessoas. 

Assim, comprar CDs ou DVDs piratas, por exemplo, foi considerada uma conduta errada por 91% das pessoas, mas 60% delas afirmam que a praticaram nos últimos 12 meses. Para 54% dos entrevistados, a punição para esta atitude é provável. Já o ato de dirigir após consumir bebida alcoólica foi considerado errado por 99% das pessoas, enquanto 79% delas acredita que a punição é provável. Mesmo assim, 14% dos entrevistados responderam que dirigiram depois de beber nos últimos 12 meses.

Uma das conclusões da pesquisa é a de que, quanto maior a possibilidade de punição, mais as pessoas moldam seus comportamentos à previsão da lei. Uma conclusão também a juízo do blog apressada e, meio que imbricada àqueles que se intitulam como operadores do Direito e da Justiça.

Os resultados da pesquisa também revelam que quanto maior a desaprovação social em relação a uma conduta, maior é a possibilidade de a lei ser cumprida. Assim, levar itens baratos de uma loja sem pagar, por exemplo, foi apontado como uma conduta reprovável por amigos e conhecidos por 90% dos entrevistados, sendo que apenas 3% deles afirmam que já praticaram o ato nos últimos 12 meses. Já a compra de CDs e DVDs piratas foi considerada como uma conduta reprovada pelos amigos e conhecidos por apenas 64% dos entrevistados e praticada por 60% delas no último ano.

Há ainda a possibilidade de se questionar a metodologia e o universo de entrevistados da pesquisa. O estudo aponta caminhos para se perceber a presença do Estado brasileiro para além dos poderes políticos diretos dos representantes eleitos nos executivos e legislativos das três escalas de poder. 

O estudo permite também identificar a percepção do brasileiro à lei, através daqueles que exercem o poder por delegação como é o caso das polícias e gestores de autarquias e fundações, que mesmo sendo públicas, são muitas vezes enxergadas pela sociedade, como um agente do Estado à parte, como são os casos das universidades e outros.

De toda a sorte um interessante campo de observação que merece análises qualitativas e não apenas quantitativas e em maior quantidade de lugares, haja visto, que esta percepção certamente estará muitas vezes influenciadas por processos e histórias sociais dos respectivos territórios.

O blog estimula que se faça debate sobre a pesquisa em si e não apenas sobre seus resultados, porque há  escolhas discricionárias, por exemplo da escolha das dez infrações (1ª coluna do gráfico) para as quais se resolveu medir esta percepção. Por que estas mais simples e cotidianas e não outras? 

Enfim, um debate que envolve o judiciário, já que não se trata apenas de fazer leis, atribuição do legislativo, e não apenas de operar sua execução, função do executivo, mas, de observar a demanda do judiciário e suas decisões, baseadas nas quais esta percepção vai ser mais ou menos aguçada.

Para fazer raiva

Esta notícia causará um misto de raiva, inveja e indagação sobre o espaço que muitos duvidam que o Brasil  tenha no cenário internacional. A nota é do Valor Online:


Lula terá coluna sobre política e economia no 


“The New York Times”

Por Raphael Di Cunto | Valor
Ana Paula Paiva/Valor
Lula terá coluna sobre política e economia no “The New York Times”
SÃO PAULO - Crítico da imprensa brasileira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá uma coluna mensal na agência de notícias do “The New York Times” para comentar assuntos de política e economia internacional, além de iniciativas de combate à fome. Os temas internos do Brasil, a princípio, não serão tratados nos textos do ex-presidente, informou a assessoria do Instituto Lula.
O acordo foi fechado por Lula nesta segunda-feira, após reunião com Michael Greenspon, diretor-geral do serviço de notícias do “The New York Times”. Os textos serão distribuídos pela agência do jornal norte-americano, mas não serão, necessariamente, publicados nas páginas do periódico.
A previsão é que a coluna comece a circular em junho. Lula escreverá as colunas em português e uma equipe traduzirá para o inglês.

Wesley Machado é finalista do Prêmio João Saldanha da ACERJ com reportagem sobre o Campos A.A.

O jornalista campista, Wesley Machado com a reportagem “O Antigo Leão da Coroa ainda resiste”, publicada na edição de 26 de outubro de 2012 do Jornal “O Diário” está entre os finalistas do III Prêmio João Saldanha de Jornalismo Esportivo da Associação de Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro (ACERJ), que premia os melhores trabalhos jornalísticos do ano de 2012 no estado do Rio de Janeiro.
Sugestão de legenda: Wesley Machado com o presidente
da ACERJ, Eraldo Leite mo lançamento do livro do
Centenário do Campos na Bienal do Livro . Foto Check.

A reportagem de Wesley Machado para “O Diário” sobre o centenário do Campos Atlético Associação, vai concorrer na categoria “Interior” com outros dois textos, a crônica “Eternos vilões”, de José Roberto Padilha, do Entre-Rios Jornal, sobre o então técnico do Vasco, Cristóvão Borges; e outra reportagem “Do futebol direto para a igreja”, sobre o ex-jogador do Fluminense, Roberto Brum , que virou pastor, de Leonardo Barros e Kiko Charret, do Jornal “O São Gonçalo”.

A cerimônia de premiação, que vai definir quem levará o troféu de ouro, o de prata e o de bronze, será na próxima segunda-feira, dia 29, às 20 horas, na sede histórica do Botafogo de Futebol e Regatas, em General Severiano. A comissão julgadora foi composta pelos jornalistas João Máximo, José Ilan, Márcio Tavares, Marcos Penido, Péris Ribeiro, Rafael Marques e Eraldo Leite.

segunda-feira, abril 22, 2013

Porto do Açu, EBX, possibilidades e preocupações (FCC)

As informações que rondam os negócios da EBX e do Complexo do Açu são tantas que é difícil o cidadão comum compreender como as coisas andam e como elas podem ficar no futuro.

De todas as empresas do grupo EBX é sabido que a de maior valor e a que enfrenta mais problemas é a do setor de petróleo e gás, a OGX. Nesta área, o grupo, orientado pelo banco BTG Pactual está buscando novos sócios e parceiros que possam dividir riscos e/ou lucros.

Assim, está sendo processada as negociações com a Petronas da Malásia e agora, a russa LukOil, além de acordos com a própria Petrobras.

Os acordos nesta área de petróleo podem ser em ativos de campos, já descobertos e em produção, os apenas perfurados, e ainda, sociedade neste próximo leilão da ANP, o 11º Leilão, para participação com ofertas para direito de exploração em uma das diversas áreas. A OGX está inscrita no edital junto com outras possíveis sócias. Muitos das outras empresas do grupo EBX dependem do sucesso nesta área do petróleo, especialmente, o estaleiro da OSX.

Sobre o porto, o terminal TX-2, o onshore (no continente) onde está o estaleiro e as áreas alugadas para as empresas de apoio às atividades de exploração offshore, os diques estão sendo construídos pela empresa Acciona que continua enfrentando problemas com a mão de obra. Nova greve para o dia 30 não pode ser descartada.

Quanto ao estaleiro da OSX ele teve seu ritmo de implantação sensivelmente reduzido. Muito provavelmente, a OSX deverá demitir outros trabalhadores diretos e/ou terceirizados. Segundo informações obtidas pelo blog, na última sexta-feira, a empresa paulista ICEC que é especialista em montagens industriais e atua na construção de galpões no estaleiro teria demitido cerca de 100 trabalhadores.

O terminal TX-1 estava nos últimos meses com as obras em ritmo muito lento. A Anglo American que opera o Sistema Minas-Rio, de extração, transporte nos minerodutos e exportação pelo porto de minério de ferro reclamou recentemente da prioridade nas obras para o TX-2 ligado à área de petróleo.

Ainda no TX-1, os diques e quebra-mares estavam quase parados, tanto, que a informação veiculada aqui pelo blog, sobre a suspensão/redução do carregamento de pedras, suscitou a descoberta da informação sobre a construção de outra empresa espanhola para este trabalho, a FCC (veja aqui).

Pois bem, o blog ouviu outras fontes e descobriu que todo este trabalho já está em andamento e mostra que o prazo de 2014, certamente deverá ser novamente estendido. Nos próximos dias, a FCC deverá rebocar da Europa para o Brasil 10 blocos que comporão um dos diversos diques do TX-1. Veja no vídeo abaixo da FCC mais detalhes sobre o que ainda precisa ser feito nos diques do Porto do Açu:



Diante de todos estes problemas, a EBX, o empresário Eike Batista e o Banco BTG Pactual, mesmo sem definições sobre a forma de participação da Petrobras no Complexo do Açu, não abrem mão e não colocam os terminais do porto em negociações com outros grupos financeiros.

Os terminais TX-1 e TX-2, mesmo com os altíssimos custos de sua implantação e os seguidos atrasos nos cronogramas, são estratégicos para vários tipos de negócios, mesmo, que muitos empreendimentos tenham desistido ou adiado a sua instalação no Complexo do Açu. 

Em função da relação cada vez mais global da economia brasileira, seja com o Mercosul, com os EUA, Europa, Ásia e África (especialmente entre países do Brics), a demanda por portos, nas duas próximas décadas é enorme e crescente. Há explicações outras para as parcerias com a China e Rússia, mas este é um outro assunto, embora, correlato, a ser tratado em outra análise.

Avaliando a condição estratégica de sua localização, não há como não recordar, das modais de transportes com as duas ferrovias que ligarão o Complexo do Açu, ao Espírito Santo ao norte, a Macaé, Itaboraí, Rio de Janeiro, Itaguaí e São Paulo ao Sul, com trecho de aproximadamente 1.000 quilômetros. O projeto faz parte do Plano Nacional de Ferrovias, orçado em cerca de R$ 4 bilhões e traz enorme viabilidade econômico-financeira, interligando os principais portos do estado,  ligando Macaé, o complexo petroquímico do Comperj em Itaboraí, ao Rio de Janeiro, Porto de Itaguaí e aos ramais de São Paulo com o uso de variados tipos de cargas que permite desafogo de cargas entre os portos.

O outro ramal de ferrovia, em direção ao Centro-Oeste do país possibilita atrair clientes para o escoamento de grãos do Centro-Oeste, que hoje usam os portos congestionados de Santos (SP) e Paranaguá (PR), além de cargas de minério de ferro, açúcar, etc. (veja mais detalhes em postagem aqui do blog em 20 de agosto de 2012).

Por tudo isto que está exposto acima é possível perceber que há muitas variáveis em jogo. Há enormes problemas de gestão, financeiros, ambientais e sociais sobre o território que está sendo usado com péssima relação com a comunidade. 

Infelizmente, a regulação dos poderes constituídos, nos três níveis, e mais especialmente, dos que estão mais próximos da realidade é sofrível e aumentam os riscos e reduzem possibilidades do empreendimento.

O blog tem exposto neste espaço sistematicamente, desde 2005, todo este processo. Continuaremos acompanhando a implantação do empreendimento, as novas territorialidades geradas por ela, assim, como as repercussões para a região e para o estado do Rio de Janeiro.

"Desperdício de dinheiro público em Campos"

A indignação chega por email da Patrícia Chagas Elbo:

"Olha ai Roberto os quiosques que foram construídos sem planejamento no Jardim Carioca
agora estão sendo demolidos..."




Transmutação: liberal, popular e "socialista"

Quando no governo é liberal. Na oposição se transforma em democrata. O caso vale tanto para o antigo PFL que se transformou em DEM, de democratas, quanto para o ex "popular" e "socialista" PPS, que junto com o PMN, se transformou em Mobilização Democrática para melhor se identificar na oposição, abandonando os anseios popular e socialista, absorvendo a nomenclatura democrata, lembrado apenas, pela condição de oposição.

Independe das lideranças que promovem estas danças das cadeiras, buscando bases de apoio, os casos citados são emblemáticos para compreender o jogo da política e da disputa do poder, longe de ideologias e projetos de políticas públicas.

domingo, abril 21, 2013

Canabrava em SFI e a agroindústria canavieiria no Norte Fluminense

Para a maioria a destilaria Canabrava fica no município de São Francisco do Itabapoana e não em Campos dos Goytacazes. É certo que sua localização é no limite dos municípios, mas, não está clara a sua "naturalidade".

Foi considerada como sendo no município de Campos quando recebeu grande aporte de recursos do Fundecam para se instalar. O projeto depois de consumir grandes somas de recursos públicos parou.

Foi retomado, segundo terceiros, pela aquisição do projeto (de quem e a que custo?) teria sido saneada financeiramente com apoio do atual governo municipal de Campos e iniciado sua produção em 2010. Agora amplia ano a ano as suas atividades.

A presença no município de São Francisco do Itabapoana de qualquer forma, se pela área plantada, arrendada ou fornecedora de cana de açúcar para a destilaria. São Francisco do Itabapoana é o município segundo maior  produtor canavieiro do estado, cada vez mais próximo de Campos, que possui extensão territorial quatro vezes maior que SFI.

Dentro desta linha, o prefeito de SFI, Pedro Cherene patrocinou ontem, uma reunião com o diretor da usina Canabrava, Luiz Henrique Sanchs que garantiu pagamento pela cana entregue na fábrica em até uma semana.

Sanchs estimulou o produtor a preparar a plantação para a colheita mecanizada, o que exige espaçamento mínimo 1,40 metros dizendo que "com o uso das máquinas o produtor terá uma economia de aproximadamente 10 reais por tonelada, além da privação de mão-de-obra humana, que hoje se encontra carente em nossa região”.

A Canabrava tem capacidade para moer cerca de 300 toneladas por hora. No ano de 2012 moeu um total de 500 mil toneladas de cana. Para este ano a meta é de que alcance a marca de um milhão. O álcool produzido vai para o grupo Raízen (Ipiranga, Shell e a Ale).

Em setembro do ano passado, a Canabrava confirmou a compra, por R$ 65 milhões, da usina Santa Cruz, pertencente ao grupo J. Pessoa. A unidade, com sede em Campos dos Goytacazes (RJ), estava em recuperação judicial desde 2010, e há três safras não operava. Na ocasião a Canabrava disse que vai investir R$ 100 milhões na Santa Cruz para reabrir a usina em 2014, onde pretende produzir apenas açúcar.

A Canabrava chegou cogitar também a colocação em funcionamento da usina de Quissamã onde funcionaria a Canabrava-2, fazendo investimentos de R$ 300 milhões, para processar 1,5 milhão de toneladas de cana-de-açúcar e produzir 120 milhões de litros de álcool, que assim como a planta de São Diogo também teria uma planta de cogeração de energia elétrica, com capacidade de 44 megawatts (MW).

No total o grupo falou em investimentos de R$ 600 milhões, contando com aportes de fundos das prefeituras locais e de investidores estrangeiros. Além dos investimentos já feitos na área industrial, também houve aporte em arrendamento de 20 mil hectares. A meta seria de produzir, por ano, 300 milhões de litros de etanol para atender o mercado fluminense.

Na região Norte Fluminense, a produção da agroindústria canavieira conta além da Canabrava (que assume o espaço que antes ocupou o grupo José Pessoa, que deixou marcas negativas em sua atuação regional), com duas unidades produtivas na Baixada Campista, a Usina Paraíso e a Coagro em Goitacases. 

Para completar o quadro, há que se saber o destino da Usina Sapucaia que foi adquirida pelo grupo MPE, através da MPE Participações em Agronegócios S.A. e se encontra em processo de recuperação depois de diversas assembleias e acordos não cumpridos. No final de março, trabalhadores se manifestaram exigindo o pagamento dos seus salários atrasados no valor de R$ 13 milhões que teriam sido depositados pelo novo proprietário. 

Este é o quadro resumido do cenário do setor que nas últimas três décadas foi ao fundo do poço, coincidentemente, quando os royalties do petróleo começou a jorrar nos cofres municipais. 

Vale observar as práticas e o que se desdobrará em termos econômicos e sociais desta nova realidade, que não muito diferentes de antes continua extremamente dependente do investimento público.

PS.: Por curiosidade publicamos abaixo a relação de usinas e destilarias que o Estado do Rio de Janeiro  possuiu desde 1965. Ela foi elaborada pelo Cláudio Afonso Ribeiro de Castro e consta do seu interessante blog "Clarc":


sábado, abril 20, 2013

Mídia corporativa & poder na região: putrefatas relações

Como o blog já falou aqui na nota "Demissão evidencia relações promíscuas da velha mídia com o poder", o caso da demissão do jornalista da InterTV, no início desta semana, mostra com lupas claras, apenas uma nesga, das putrefatas relações, entre mídia corporativa e poder em Campos e região.

Para quem não está convencido deste imbróglio basta observar as relações comerciais dos últimos vinte anos entre as partes. Não há que se falar em ilusões e iludidos nestas seletivas observações.

Ainda sobre o assunto vale relembrar a postagem recente sobre o discurso da falsa imparcialidade da mídia corporativa aqui e outra mais antiga, postada em 30 de setembro de 2008 aqui, que já questionava o mito da imparcialidade, especialmente nos blogs.

Interessante ainda observar, desde que não queira ser o falso observador imparcial, porque ambas se encontram tão unidas, na defesa dos royalties do petróleo, tal como o sangue que irriga o corpo humano, a sustentar as corporações de mídia de um lado, e do outro, tal como irmão siamês, o poder.

Não menos interessante é observar o silêncio do observatório que diz pretender fazer controle social em nome de toda a sociedade.

Merece apuração detalhada tanto a denúncia do vereador Marcão que gerou a demissão do jornalista, quanto o poder de pressão do governo com reuniões com dirigentes da emissora antes e depois da matéria que precedeu a demissão.

A apuração pode e deve ir além deste caso, retomar à época da Operação Telhado de Vidro, do financiamento da Imperatriz Leopoldinense, etc. As práticas são conhecidas e similares: secretário de Comunicação visitar as redações para exigir a cabeça de jornalistas e articulistas. Estas ações perpassaram os governos anteriores, tal como agora e nada indica que no futuro haveria de ser diferente, se mantidas as relações.

Repito o caso da demissão do Luiz Gonzaga Neto da InterTV é apenas um capítulo de uma longa e promíscua relação. Não há como se falar em novos tempos e alternativas sem enterrar estas putrefatas relações.

Omissão ou falsa ilusão neste caso é uma clara compactuação em busca apenas da chave do cofre, para as mesmas velhas e conhecidas práticas, que precisam e devem ser superadas, tais como lírios em campo adubado de estrume putrefato.
PS.: Atualizado às 17:12 para pequenas correções e alterações.

Portabilidade e contas da PMCG no Banco Santander

A portabilidade conhecida inicialmente no setor de telefonia móvel, que é o direito de você mudar de operadora mantendo seu número, quando foi estendida para o setor bancário pelo governo federal, como direito do cidadão nas suas relações bancárias, trouxe inúmeros benefícios para os correntistas. Ele hoje pode transferir uma dívida de um banco para outro e deu o direito ao servidor público de escolher o banco que pretende se relacionar, e assim, receber a sua conta.

Os bancos que possuem as contas obtidas em leilões/licitações fazem de tudo para criar as dificuldades para manter e/ou segurar os correntistas. Aqui mesmo no blog, há poucos dias,  um leitor reclamou destas pressões na Prefeitura de Campos, em favor do Banco Santander.

O Santander não tem do que reclamar. Em janeiro deste ano levou no leilão com lance de apenas R$ 8,5 milhões a conta da Prefeitura de Campos, quando o valor mínimo estipulado pela própria era de R$ 20 milhões.

Este valor é muito inferior aos R$ 58 milhões pagos pelo mesmo banco para, em 2008, ser dono da conta da PMCG. Se desejar leia aqui mais sobre licitação para a PMCG escolher banco em nota deste blog no dia 2 de janeiro de 2013.