terça-feira, setembro 30, 2014

Salários médios crescem na China: análise dos desdobramentos

Ao contrário do que a maioria repete os salários na China foram crescendo nos últimos anos. Segundo a Oficina Nacional de Estatísticas d China, o salário médio anual nacional da população urbana foi de 46.760 yuanes, cerca de R$ 18 mil anuais ou R$ 1,5 mil por mês.

Segundo os estudiosos no assunto ainda está distante dos padrões dos países ricos, mas, dobrou nos últimos cinco anos. O fato reduz os lucros empresariais e também determina a localização dos seus empreendimentos. Segundo o jornal El País, na matéria "El aumento de los costes salaries en China frena la inversíon extranjeira" do jornalista Xavier Fontglòria informa que pela primeira vez na história, a margem de benefícios de mais da metade das empresas europeias que operam na China foram menores que as médias globais de suas companhias.

Assim, alguns começam a considerar que estaria acabando “a idade de ouro” de investir na China e algumas empresas começam a sair da China, de olho em outros países asiáticos como Indonésia e Malásia, enquanto outras voltam para próximos de suas casas por razões logísticas, segundo o presidente da Câmara de Comércio da União Européia na China, o alemão Jorge Wuttke. Ainda assim, segundo ele, a China segue sendo um dos três lugares preferidos para se investir, porém, sem a liderança indiscutível de antes.

Comentários do blog
O Japão no início da década de 90 passou por problema similar (mas diverso em outros aspectos) com perda de produtividade e competitividade para vizinhos como a Coréia que até por interesse japonês começou atuando na periferia de suas cadeias produtivas e que mais adiante com muito investimento em educação, ciência e tecnologia ocupou espaços inimagináveis na cadeia global de valor.

Evidentemente, há limites tanto para o uso da mão de obra mais barata como condições de competitividade quanto espaços para esta migração permanente de investimentos em busca de vantagens por mão de obras mais baratas.

Mesmo que as periferias ainda sejam atraentes, há um limite para estas possibilidades. Interessante observar que, mesmo com todo o barateamento propiciado pela logística, especialmente a portuária responsável por quase 90% da exportação mundial, é a mão de obra que baliza os custos de produção.
Outro fato interessante a ser observado é que o contínuo crescimento do poder aquisitivo dos chineses está levando ao aumento, como já acontece nos EUA e Europa, dos investimentos no setor de serviços. E, nesta área, a China é extremamente fechada ao investimento do capital estrangeiro.

Todos estes fatos estão mexendo com a economia chinesa. As autoridades chinesas estão estimando que no ano que vem pela primeira vez os investimentos chineses no mundo superarão o capital que entra na China. Em 2013 a China investiu US$ 90,2 bilhões fora de suas fronteiras, 16,8% a mais que em 2012, se situando como a terceira nação emissora, atrás só dos EUA e Japão, na maioria dos casos nos setores de energia e construção de infraestrutura.

No sistema-mundo integrado e com cadeias de valor globais a observação destes cenários e d o que eles apontam interferem diretamente em nas nações e mercados comuns regionais com interesses e projetos de inserção global. 

segunda-feira, setembro 29, 2014

Pesquisa CNT/MDA Dilma 47,7% x 38,7% Marina numa simulação de 2º turno

A informação mais significativa além da ampliação da distância de Dilma para Marina é que a rejeição de Dilma é a menor entre os três candidatos com 41,1%. Marina tem a maior rejeição entre os três principais candidatos com 42,5%, enquanto o de Aécio Neves tem 42,6%.

Na simulação de 1º turno Dilma tem 40,4% x 25,2% Marina x 19,8% de Aécio. Por estes números as chances de Aécio passar Marina seriam próximas de Dilma vencer já no primeiro turno. O fato pode explicar porque os "mercados" financeiros e especulativos caíram hoje a índices bastante baixos.

Outro número muito significativo foi sobre a avaliação positiva do governo da presidente Dilma Rousseff que subiu de 37,4% para 41% em relação à pesquisa do dia 23/09. A avaliação foi regular para 35,0% e ruim ou péssima para, respectivamente, 9,6% e 13,9% dos entrevistados. Ou seja, ruim + péssima de apenas 23,5%.

A aprovação pessoal da presidente passou de 51,4% para 55,6% no período. Todos estes números favoráveis à Dilma e ao governo são os maiores desde o início do processo eleitoral.

Foram entrevistadas 2.002 pessoas, em 137 municípios, entre os dias 27 e 28 de setembro. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais. A pesquisa indicou ainda que, para 61% dos eleitores, a presidente Dilma será reeleita. Para 21,6%, Marina sairá vitoriosa, enquanto 8,3% acreditam na vitória de Aécio.
PS.: Atualizado às 19:26.

Trabalho offshore cada vez mais mundial

A exploração offshore de petróleo tem suas maiores bases hoje no mundo no litoral brasileiro no Golfo do México (EUA, México e agora Cuba) e Mar do Norte na Europa (Holanda, Escócia e Noruega). Porém, como dissemos em nota aqui no blog no dia 21 de julho de 2014 (“Petróleo offshore: realidade cada vez mais presente no mundo”) a demanda pelo petróleo e o seu preço médio em alta, amplia as áreas de exploração e produção mundo afora demandando mais bases portuárias e sistema de apoio à exploração de petróleo offshore.

É com este sentimento que observamos o aumento dos comentários e matérias jornalísticas sobre assunto que para a nossa região já é corriqueiro pelas quatro décadas de atividades.

Desta forma, foi interessante ver aqui deste último sábado, no jornal regional espanhol da Cataluña“El Periódico”, uma reportagem de página inteira e de destaque sobre uma entrevista da jornalista Gemma Tramullas, como o enfermeiro do trabalho Vicenç Giner, cujo título foi: “Quando não se vê a consta penso: Não somos nada”. (veja ao lado manchete da edição online do El Periódico)

A reportagem detalha que Vicenç trabalha na plataforma “Casablanca”, a única que hoje extrai petróleo no litoral da Espanha. Hoje, a Espanha encontra resistência dos ambientalistas e moradores das Ilhas Canárias, onde tenta fazer exploração petrolífera em seu mar. (Veja aqui neste link uma matéria ampla (suplemento de domingo 07 set 2014, do jornal El Pais com o título “El petróleo de la discórdia”) dividida em quatro partes sobre o tema.

Voltando ao caso da plataforma Casablanca onde trabalha o enfermeiro Vicenç, ela tem dimensões de 70 por 40 metros está fixada ao mar a uma profundidade de a mais de 160 metros e distante 50 quilômetros da costa de Tarragona, no Mar Mediterrâneo da região da Catalunya. A plataforma admite um máximo de 64 trabalhadores, onde, como aqui em nossa região se trabalha em turnos de 12 horas diárias, os sete dias da semana durante 14 dias.

A entrevista com o trabalhador offshore fala do que conhecemos bem na região, sobre o isolamento do trabalho desta atividade atípica, sobre o uso do tempo entre o trabalho e o descanso para estudos e lazer, e realça sobretudo, os riscos do ambiente de trabalho e das atividades. O entrevistado é terceirizado e presta serviços para uma empresa da área de “serviços sanitários” de Tarragona.

Como se vê mais um exemplo da mundialização das atividades laborais que torna o assunto digno de debate para além das nações. Interessante ainda observar como a expertise e a legislação sobre o trabalho offshore de exploração de petróleo em nosso litoral brasileiro tende a se tornar cada vez mais uma referência, como já identificou o Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense.

domingo, setembro 28, 2014

Atingidos do Projeto Minas-Rio questionam liberação de Licença de Operação (LO) que será analisada em reunião nesta 2ª feira

A Patrícia Generoso uma das liderança do movimento dos atingidos pelo Projeto Minas-Rio enviou ao blog questionamentos sobre impactos e pendências que impediriam a liberação da Licença de Operação (LO) em favor da empresa Anglo Americam, que é dona da da mina da onde é extraído o minério para ser transportado pelo mineroduto até o Porto do Açu. Os atingidos estão convocando uma manifestação para esta segunda-feira (29/09). A Patrícia diz em seu email:

"Roberto,
Segue o relatório de vista do MPE com alguns exemplos das irregularidades do parecer único que aponta para a aprovação da LO.
Este documento aponta algumas dos inúmeros descumprimentos das condicionantes e falhas nas avaliações realizadas pelo equipe técnica.
Servirá para você entender um pouco mais este Projeto Minas Rio, cheio de irregularidades e violações, como as que tenho acompanhado no seu Blog. Tenho acompanhado as matérias sobre o avanço do mar, a salinização, a perda de produtividade das famílias e também tomei conhecimento de um incêndio que consumiu parte de Açu ontem. A lógica deste projeto é a violência e o massacre de pessoas.

A Injustiça que se faz a um é injustiça que se faz a todos. Estamos certos disso.
Patricia."


Abaixo o blog publica a convocação para a campanha de apoio aos atingidos questionando o licenciamento da forma que está sendo encaminhado. Logo abaixo estão os arquivos do Relatório de Vistas sobre os problemas mais recentes do empreendimento, e também um Parecer Técnico, sobre o caso, ambos documentos tornados públicos pelo Ministério Público do estado de Minas Gerais.

"Campanha de apoio aos atingidos pelo projeto Minas-Rio da Anglo American"
"Nessa segunda-feira, dia 29 de setembro de 2014, um dos mais desastrosos projetos minerários da história do Brasil deverá ter seu funcionamento votado em Minas Gerais. Trata-se do projeto Minas-Rio, concebido por Eike Batista e hoje a cargo da empresa Anglo American, que consiste na produção de minério de ferro e do seu transporte, com água de qualidade, por um mineroduto de 525 km (que empresa e governo valorizam por ser o "maior do mundo").

A transposição da água da serra do Espinhaço, na Bacia do Rio Santo Antônio, ligará a região da mina em Conceição do Mato Dentro (MG) e Alvorada de Minas ao Porto do Açu, em São João da Barra (norte do Estado do Rio de Janeiro), atravessando 32 municípios.
A Anglo American foi flagrada por fiscais do Ministério do Trabalho e denunciada pela contratação e manutenção de trabalhadores em situação análoga à escravidão. São inúmeras as denúncias de degradação ambiental e violações de direitos humanos de comunidades tradicionais.

O projeto obteve as licenças ambientais preliminares com centenas de condicionantes, muitas das quais não cumpridas até hoje. Mostrou-se inviável ambiental e socialmente, desde antes da primeira licença, no final de 2008, até hoje.

O universo dos atingidos pelo empreendimento não foi devidamente identificado, reconhecido e caracterizado, e um incidente recente, na área de influência das instalações do empreendimento, causou grande mortandade de peixes e de animais que beberam água dos córregos atingidos - situação ainda não esclarecida e apurada pelos órgãos ambientais que, neste momento, estão defendendo a concessão da Licença de Operação da mina.

Envie mensagem para o Secretário de Meio Ambiente de MG Alceu José Torres Marques, e para os conselheiros da URC - Copam Jequitinhonha solicitando a retirada de pauta da votação da Licença de Operação do projeto Minas-Rio, conforme recomendação do Ministério Público Federal."

Abaixo o blog dá divulgação mais ampla dos documentos do MPE de Minas Gerais relativos aos problemas com as Bacias do Rios Jequitinhonha e Mucuri. Eles são partes integrantes do enorme processo que se argui do licenciamento ambiental do Sistema Minas-Rio. Mais dados sobre o assunto podem ser visualizados aqui. Neste outro link aqui você poderá ter acesso a mais detalhes do empreendimento em matéria de fevereiro de 2012 do jornal "Brasil de Fato.



El País: "Dilma se aproxima de um segundo mandato alçando um voo final" e diz que "Marina se aproxima mais dos EUA"

A ampla matéria do jornal espanhol El País deste domingo, do jornalista Antonio Barca diz que a campanha se converteu numa montanha russa, mas que a presidenta Dilma voltou a liderar as pesquisas, uma reação surpreendente a uma semana do primeiro turno. (aqui)

Numa outra chamada da matéria, o jornalista Joan Faus, afirma que a candidatura de Marina (que eles chamam de Silva, como chamam Dilma de Roussef, sempre o primeiro sobrenome) aposta numa atitude mais próxima dos EUA. Diz ainda que o coordenador da campanha de Marina advoga que se faça esforços para um tratado comercial entre Washington e Brasília. (aqui)

Numa terceira parte o correspondente Juan Arias, sempre aliado às ideias do mercado diz que "o medo de perder o conquistado favorece a Dilma Roussef" e diz quase torcendo que o segundo turno é uma nova eleição com os concorrentes tendo as mesmas armas. (aqui)

De uma forma geral, observando ainda outros jornais da Europa, o sentimento que passa a uma semana da eleição é que a presidenta Dilma tende a ir para o seu segundo mandato, mesmo que os donos de jornais e os mercados pudessem ter uma outra opção. O fato de Marina ter se mostrado ao mundo quase adesista dos EUA, de outro lado, parece contrabalançar o lado europeu, onde o Brasil é cada vez mais bem visto e os brasileiros otimamente recebido.

Enfim, continuamos acompanhando.

O voto para o Senado no ERJ nesta eleição

O blogueiro foi provocado pelas redes sociais a comentar sobre a opção de voto na eleição desse ano para senado no estado do Rio de Janeiro. Pensando sobre o fato eu respondi à indagação e abaixo amplio um pouco o comentário

O voto par ao Senado federal na eleição deste ano em nosso estado, não será simples. Para o Senado federal elegemos um parlamentar para representar o estado por um mandato de oito anos.

A cada ano elegemos num pleito dois anos (aconteceu em 2010, com a eleição de Lindbergh e Crivella) e no outro (agora em 2014) apenas um único senador que assim completa a bancada de três senadores que todos os estados possuem.

É bom lembrar que por isto dizemos que a eleição para o Senado é também majoritária e, com um importante detalhe, não possui segundo turno. Portanto, assim como na eleição para governador ou presidente da República, não dá para para primeiro votar na melhor opção, deixando a escolha do menos pior para o segundo turno.

Pensando nisto, penso que dentre os que possuem mais condições para se eleger, Cesar Maia, a meu juízo, por uma série de motivos, e inclusive por opção ideológica dele, assou a ser o atraso a ser evitado.

Assim, a opção por pior que possa parecer deverá ser a de evitar que ele chegue ao Senado e amplie sua liderança, hoje quase restrita à capital e região metropolitana, para todo o estado, por esta representação fruto de um acordo em que depois de passar décadas atirando no PMDB construiu uma aliança de ocasião tentando chegar à casa legislativa nacional.

Hoje os candidatos ao Senado Federal no estado do Rio de Janeiro na última pesquisa de votos do Datafolha divulgada na sexta-feira indicou as seguintes intenções de votos:

1) Romário (PSB) 48%; 2) Cesar Maia (DEM) 23%; 3) Eduardo Serra (PCB) 4%; Carlos Lupi (PDT) 3%: Liliam Sá (Pros) 2%; Pedro Rosa (PSOL) 1%; Sebastião Neves (PRB) 1%. Heitor Fernandes (PSTU) não chegou pontuou. Votos em branco e nulo somam 11%, e indecisos, 6%.O Datafolha entrevistou 1.405 eleitores em 33 municípios do Rio, entre os dias 25 e 26 de setembro.

Infelizmente, pelos acordos partidários relacionados à eleição de governador, acabamos privados da boa opção de votar na Jandira Feghali do PCdoB que vinha bem nas pesquisas para o Senado e um ótima deputada e certamente seria também uma boa senadora.

Mas, observando a lista de candidatos eu daria o voto ao Eduardo Serra do PCB, mesmo que o conheça pouco. Porém, diante do risco de ajudar na eleição de César Maia, eu não titubearia em votar no Romário, como todos os senões possíveis. 

Porém, assim é a eleição majoritária e com um turno único é assim que funciona. Respeitando as opiniões contrárias, aliás como é tradição do blog. Digo votaria, porque infelizmente estarei ainda fora do país, e assim não poderei votar para o Senado Federal.
PS.: Atualização às 10:54: para incluir o comentário sobre a Jandira Feghali.

sábado, setembro 27, 2014

Posição do Brasil em ranking das energias renováveis no mundo

A matéria é do New York Times e pode ser lida traduzida aqui neste site brasileiro do jornal paranaense. Ela mostra o esforço alemão com a ampliação da produção de energia elétrica a partir do vento e do sol, mas também um gráfico reproduzido abaixo que aponta a situação mundial.

Evidentemente que se sabe disto por aqui, embora a notícia seja escondida. É também notório que o fato de nossa matriz ser favorável com mais de 80% com energia renovável (especialmente de hidrelétricas) não se trata de esforço só dos mais recentes governos e sim um processo em que as condições naturais nos favorecem.

Além disso, há que se considerar que o debate sobre a produção hidrelétrica com grandes usinas é um debate complexo e com muita resistência. O barateamento da produção eólica e também solar permitem o seu avanço, mas nada ainda comparável à enorme produção com energia de origem dos fósseis e hídricas.


Matéria da Band nacional sobre o avanço do mar no Açu

Veja abaixo a boa matéria de três minutos e meio, veiculada ontem, na TV Bandeirantes, em seu telejornal de âmbito nacional. Ela faz uma boa síntese do problema que temos trazido como informação e debates aqui neste espaço. A reportagem é do jornalista Sérgio Costa:


"Avanço do Mar no Litoral Norte do RJ"



PS.: Atualizado às 18:20 para a postagem completa da matéria da Band incluindo o comentário final do apresentador com forte crítica ao Inea sobre os problemas trazidos pela reportagem.

sexta-feira, setembro 26, 2014

Nova pesquisa Datafolha: Dilma chega a 40% x 27% Marina x 18% Aécio. 2º turno: Dilma 47% x 43% Marina

Parece que o Datafolha com a aproximação do pleito de 5 de outubro começou a ajustar os números. O Datafolha ouviu 11.474 eleitores em 402 municípios nos dias 25 e 26 de setembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Na pesquisa espontânea: Dilma: 33%; Marina: 21%; Aécio: 14%. Rejeição: Dilma: 31%; Marina: 23%; Everaldo: 22%; Aécio: 20%.

Veja pelo gráfico abaixo que a boca do jacaré começou abrir. O jargão é usado no meio da publicidade política e serve para indicar quando um candidato amplia sua vantagem crescendo na reta final em relação ao adversário que perde pontos na pesquisa.




Daqui a pouco vamos falar sobre a avaliação do governo que é a melhor de todo o período eleitoral e também dos percentuais de votos válidos de cada candidato que é como o TSE tabula a apuração, eleminando as intenções de votos brancos e nulos e também os indecisos.
Fonte: G1.

PS.: Atualizado às 20:02: Mauro Paulino, diretor do Datafolha, já admite a hipótese de Dilma vencer no primeiro turno. O "mercado não vai gostar". Eles terão até a 2ª feira para digerir os números. Em votos válidos Dilma chega a 45% x 31% Marina x 21% Aécio.

PS.: Atualizado às 20:57: É realmente a menor percentual daqueles que julgam o governo Dilma como ruim ou péssimo. Apenas 22% o avaliam assim. Aqueles que estudam estas estatísticas eleitorais dizem que nunca um candidato à reeleição, com menos de 25% dos que acham seu governo ruim ou péssimo perderam o pleito.  Um total de 39% avaliam o governo como ótimo ou bom e 37% como regular. Ou seja, 76% consideram o governo de regular a ótimo. Veja abaixo o gráfico:


Datafolha no ERJ: Pezão 31% x 23% Garotinho x 17% Crivella x 12% Lindbergh

A eleição embolou e Pezão pafrece ser o único garantido no segundo turno na pesquisa que o Datafolha acaba de divulgar. ouviu 1.405 eleitores entre os dias 25 e 26 de setembro em 33 municípios. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

Na pesquisa espontânea: Pezão: 24%; Garotinho: 15%; Crivella: 9%; Lindberg: 5%. Rejeição: Garotinho (49%), Lindberg (20%), Pezão (16%), Crivella (14%).

PS.: Atualizado às 19:52: A rejeição a Garotinho já se sabia que era alta, mas, 49% é um valor que assusta e praticamente retira suas chances no processo eleitoral, se considerarmos o que diz a pesquisa. Desta forma, pode-se dizer que hoje, Garotinho seria o sonho de Pezão para tê-lo como adversário no segundo turno. A aproximação de Crivella e a vontade de chegada de Lindeberg hoje seria rejeitada por Pezão.

Debate sobre a eleição presidencial em Campos

O Curso de Pós-Graduação em Sociologia Política da UENF, realizará no dia 1° de outubro (quarta feira), às 14:00 h, um debate sobre as eleições presidenciais de 2014. 

O evento acontecerá na sala Multimídia do CCH-UENF, com a participação dos cientistas políticos: Dr. Sérgio de Azevedo; Dr. Hugo Borsani; Dr. Vitor de Moraes Peixoto e Dr. Mauro Macedo Campos. Uma boa pedida!

Datacentrismo & dataficação geram uma "big preocupação"!

Passei quase toda quinta-feira na Universidade de Barcelona. Saí já por volta das 19 horas. Entre estudos, pesquisas na biblioteca e conversas, logo depois do almoco na cantina, eu resolvi espairecer um pouco. Em frente ao prédio da Faculdade de Filosofia, Geografia e História da UB, no histórico bairro do Raval, está o Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona, o majestoso CCCB. 

Pela sigla, quase se confunde com o nosso CCBB, Centro Cultural Banco do Brasil, na Candelária, Rio de Janeiro. É também grande e de atividades as mais variadas, entre peças de teatros, exposições, espaços para cursos, filmes, performances, café, etc., embora em arquitetura moderna, ao inverso do nosso CCBB.

De José Luis de Vicente mostra a presença da rede no território, a realidade
 da infraestrutura e a interdependência das instalações "tangíveis" da internet
Sem programação entrei e vi a chamada para uma das exposições “Bigbangdata”. Êpa, o título me atraiu. O assunto, depois do caso Eduard Snowden, desperta sempre muita curiosidade, mesmo aos menos afoitos às coisas da internet e dos megabytes.

A exposição se apresenta como um projeto que pretende mostrar como o desenvolvimento do fenômeno da “explosão de dados” à qual estamos imersos pode ser vista de diferentes perspectivas, como das artes, política, pesquisa, inovação e participação.

A exposição é magnífica. Atraente. Provocativa. Revolucionária até pelo que expõe sobre o tema em termos de peso e mudanças em nossas vidas, não necessariamente, e de grandes riscos para a humanidade.

Interessante é que ela expõe e explica a evolução da guarda de informações, desde os primórdios, do ponto de vista técnico e também dos desdobramentos para os negócios, a circulação do capital, a ampliação do poder das corporações e da centralização da política.

Evidentemente que não é a mesma coisa, mas, muito do que lá está, em se tratando do tema, não poderia deixar de ter um espaço virtual. Assim, ela pode ser visitada digitalmente aqui: http://bigbangdata.cccb.org/

Gostei especialmente dos conceitos criados para explicar o tema e todas as suas teias de relações e articulações: “datacentrismo” e “dataficação. Nunca tinha ouvido falar deles, embora, venha de longe acompanhando o assunto.

A exposição diz que a "dataficação" do mundo é uma forma de incrementar o conhecimento e eficiência a níveis inimagináveis antes. Em algum ponto da exposição, não me recordo a fonte, diz-se que em 2007, 96% das informações do mundo já estavam digitalizadas. Acho muito, mas, a dúvida para mim também mostrou como informações e dados não é tudo, sem base para análises.

Não por coincidência, o jornal catalão La Vanguardia na edição de hoje, traz uma matéria do jornalista Alex Barnet sobre o tema dizendo que são os smarphones que alimentam o "Big Data citando o estudo "Big Data em números 2014" realizado pela Online Business Scholl (OBS) que afirma que: "a informação gerada pelo uso do celular é a chave para a massificação dos dados que crescerá 63% em quatro anos".

A reportagem do La Vanguardia diz ainda que "nos últimos dez anos se criou mais dados que em toda a história da humanidade". os investimentos em Big Data deverá alcançar US$ 132 bilhões em 2015, podendo gerar 4,4 milhões de empregos e completa dizendo que graças ao Big Data, o PIB da União Europeia crescerá 1,9% para 2020.

Mas, voltando à exposição do CCCB, outras coisas me chamaram a atenção. Uma delas é quando os seus organizadores compraram a "força da informação" ao petróleo: “um novo petróleo”; “potencialmente uma fonte infinita de riqueza”; “Uma arma para vigilância ou deveria ser, sobretudo uma ferramenta para construir mais transparência e participação democrática?

Ainda apresentando a amostra o convite diz que por ela se “pode navegar através da subjetividade, a exposição apresenta uma ampla variedade artística, materiais e documentações e m laboratório de atividades espaciais.”

A amostra me encantou como vocês podem perceber neste relato já extenso demais para a nota que eu pretendia fazer. Muitas coisas me espantaram além do que já citei. Um mouse diante de uma grande tela permitia ao visitante clicar em um dos milhões de ligações que estavam ocorrendo naquele momento diante do mapa mundo e você ver de quem se trata aquele acesso.

Outra parte entre tantas que me chamou a atenção foi também numa grande tela, a exibição de um clip, em velocidade acelerada, para mostrar em segundos um tempo de um dia (24 horas), apontava sobre o mapa da região metropolitana de Barcelona, o deslocamento espacial naquele dia dos turistas russos. A partir das seis da manhã até outras seis da manhã da onde saem, por onde circulam tudo em pontos vermelhos se movendo sobre o mapa da metrópole.

Diversos globos terrestres mostravam cada um com uma forma de representação espacial, como e onde as grandes corporações (e marcas) mundiais detinham poder e interferiam na vida das pessoas.

Mapa em tempo real do que está acontecendo no entorno da cidade
Numa parte adiante, numa outra parte fenomenal da exposição se mostrava as diversas articulações e links entre as atividades esportivas no mundo e tudo que ela hoje mexe em termo de negócio (business). Imagino que ficará difícil assistir alguma disputa sem lembrar daquele grande fluxograma de imagens e dados sobre as relações do fenômeno e da informação que chega até você como expectador.

Uma exposição magnífica e que como tal mexe com você que não sai dela da mesma forma que entrou. Já perto da saída, uma grade tela continuava provocando: “O que os dados não contam - A tirania do datacentrismo”. Esta tela é que me sugeriu repartir a exposição com todos vocês. Ela seguia dizendo: “situar a cultura e os dados no centro da tomada de decisões na nossa maneira de interpretar o mundo abre muitas possibilidades, porém também implica numerosos riscos. O principal perigo do datacentrismo é que ele fomente a ideia de que nos dados se encontra a resposta a qualquer problema e que nossa sociedade possa prescindir de mecanismos mais imperfeitos e desordenados baseados na política e na negociação.

Neste ponto, a exposição se conectava novamente com a matéria do La Vanguardia que o Barnet dizia que os dados massivos predizem comportamentos e passaram a ser chamados como combustível digital. Veja que novamente se faz um link da informação do petróleo com o combustível e a energia. E segue formulando também uma crítica que a maneira como os dados é utilizada pode atentar contra os direitos e a privacidade dos usuários.

Nesta linha o jornalista Barnet descreveu que o advogado Eduardo Ustaran em recente congresso "The Big Digital Bang" afirmou que o Big Data representa o progresso e a prosperidade, porém, cada vez se tomam mais decisões sobre nossas vidas sem que nós tenhamos nenhum controle e alerta que em breve aparecerão grupos de objetores da consciência digital formados pelas pessoas contrárias a que se utilizem seus dados.

Voltando a comentar a exposição "BigBangData" registro o destaque que deram à observação abaixo: "Preservar valores como a subjetividade e a ambiguidade é especialmente muito importante num momento em que é fácil pensar que todas as soluções são computáveis e se encontram dentro de um servidor armazenados em um Data Center”. (Data Will Help Us | Jonathan Harris - NY Times - 2013 - Os grifos são deste blogueiro)

A exposição segue no CCCB em Barcelona até o dia 26 de outubro. A partir do dia 25 de fevereiro, até 24 de maio de 2015, ela estará em Madri. Vale conferir à distância e se possível pessoalmente. Eu dei a sorte de chegar a ela, sem sequer ter sido convidado. Antes de sair porém, desliguei meu celular, para pelo menos apagar o rastro do que fiz durante uma pequena parte deste dia.

quinta-feira, setembro 25, 2014

Especialista da UFF em geofísica marinha sustenta que obstrução da passagem da areia pelo terminal do porto gera erosão na Praia do Açu

O blog observando as postagens no perfil do professor Aristides Soffiati no Facebook viu suas afirmações sobre o problema da erosão na Praia do Açu e identificou que o mesmo atribui ao professor Eduardo Bulhões da UFF, a interpretação de que "o avanço do mar nesta época do ano é comum, mas a significativa perda da faixa de areia da praia – cerca de quinze metros nos últimos quatro anos – é preocupante. Existem duas correntes marinhas: a Norte, que retira a areia da praia e transporta para o mar; e a Sul, que repõe a areia para a praia".

"No parecer técnico de Eduardo Bulhões, o geógrafo afirma que para a instalação do estaleiro no Complexo Portuário do Açu, foram construídos dois espigões de pedra, um em cada margem do canal. Esse procedimento foi feito porque as correntes na região são fortes e, se não houver proteção, a areia poderia invadir o estaleiro. Os espigões obstruem a passagem da areia para o Sul e para o Norte. De acordo com o parecer técnico, o espigão do Sul segura a areia que sai do Açu em direção ao mar; já o espigão do Norte, impede o retorno da areia para a praia. Isso faz com que a praia perca areia e o mar avance com facilidade. “A ligação entre o estaleiro e o avanço do mar é nítida. O fenômeno aconteceu de forma semelhante no Canal das Flechas com a instalação do Complexo de Barra no Furado: em Quissamã a faixa de areia aumentou e, em Campos, a praia foi erodida. Portanto, a erosão da praia do Açu já estava prevista".

A posição consolida a tese sobre o problema da erosão na Praia do Açu que comentamos aqui em nota postada neste espaço hoje pela manhã. 

O professor Eduardo Manuel Rosa Bulhoes é especialista na questão. Ele é graduado e possui mestrado em Geografia pela UFRJ (2003 e 2006) e doutorado em Geologia e Geofísica Marinha pela UFF (2011).

Atualmente, ele é professor Adjunto II da Universidade Federal Fluminense e Coordenador do Curso de Graduação em Geografia. Tem experiência na área de Geociências, com ênfase em Geomorfologia Costeira e Submarina e Geologia Marinha, atuando principalmente nos seguintes temas: geomorfologia costeira, processos litorâneos, impactos de tempestades na zona costeira, mapeamento costeiro e morfodinâmica de praias.

O Ministério Público Federal está analisando o relatório de seus técnicos e de especialista e deverá arguir judicialmente providências da empresa Prumo Logística Global S.A. sobre os problemas. A comunidade da Praia de Barra do Açu deseja que além de um acompanhamento e monitoramento, sejam providenciadas ações de reparação e mitigação do problema.

Entendendo a erosão da Praia do Açu

Uma análise mais recente sobre a erosão da faixa de areia e o avanço do mar no Açu está ganhando uma interpretação mais coerente e, aparentemente mais consistente. O argumento de que avanço do mar no balneário do Açu tem relação com a redução da vazão do Rio Paraíba do Sul, e na sua foz em Atafona não se sustenta.

Todos os estudos sobre correntes marinhas naquela faixa de litoral indicam que a deposição de sedimentos que o Paraíba do Sul carrega atinge no máximo a praia de Grussaí. Não mais. Uma confirmação disto é que se houvesse impacto para além disso, a própria costa onde os terminais 1 e 2 do Porto do Açu estão sendo construídos estariam sofrendo neste momento algum tipo de ação e não e apenas o Açu.

Técnicos das Câmaras do Ministério Público Federal no estado do Rio de Janeiro que ontem percorreram toda a faixa daquele litoral da Lagoa do Açu, perto da localidade de Maria Rosa até o limite com o quebra-mar do terminal 2 do Porto do Açu, confirmaram esta realidade.
Praia do Açu em Janeiro de 2013

Assim, aprofundando o que foi explicitado nos relatórios (já citados em nota aqui), a outras análises expostas na mesma nota, com o produtivo diálogo com pessoas da comunidade que mais de três décadas vivem a realidade do Açu, entre moradores e pescadores que convivem com as marés, luas e ventos que interferem na dinâmica natural daquela costa, parece que começa a se firmar um consenso que reafirma o que consta no EIA/Rima (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental) do terminal sul (T-2) do porto e também do DISJB (Distrito Industrial de São João da Barra) que previam consequências para este litoral.

A interpretação é que há uma movimentação de areia na direção norte, nesta época do ano, que depois retornava à origem quase na mesma proporção mantendo a grosso modo a faixa de areia ali. Depois da construção do canal do Terminal 2 e o espigão do Terminal 1 no meio desta movimentação, a areia que é arrastadas não tem como depois retornar. 
Praia do Açu agora no início de setembro de 2014 

As fotos acima (mostra a parte central da praia do Açu em janeiro de 2013). Já a foto ao lado (mostra a Praia do Açu agora em setembro de 2014) já postadas diversas vezes pelo blog, mostram a situação da faixa de areia no balneário de Barra do Açu, antes e depois da implantação destes terminais.

Assim, a erosão em determinada época do ano, existente em função das correntes costeiras que agiam de forma natural, não tem como retornar à condição anterior. Moradores, pescadores e técnicos começam a ter esta como a principal causa do problema. Isto vem ocorrendo deste agosto do ano passado, já que no último verão, quando normalmente a praia voltava a ser engordada não retornou à posição original. Isto posto e se confirmando, a tendência é que o problema se agrave, se nada for feito, com o mar avançando ainda mais nos dias de vento sul, maré alta e/ou ressacas.

Segundo os moradores, em determinadas épocas do ano a praia sempre sofreu com erosões, embora em proporção sempre menor do que vem ocorrendo agora e antes do início da construção do T2. Eram problemas pontuais no litoral, diferente do que ocorre agora, onde a erosão está desde a Maria da Rosa (Ponta do Cabo de São Thomé) até depois do ponto final (onde termina a Rua Principal da Localidade).

Os moradores afirmam que é importante lembrar, que mesmo com as erosões que ocorriam antes da construção do T2, em boa parte do ano a areia voltava com as correntes do Norte/Nordeste para o sul, nem sempre na mesma proporção, mas voltavam, isso agora também não ocorre mais. Com os problemas que passaram a ocorrer mais intensamente alguns pesquisadores também compartilham da mesma opinião. Assim, se conclui que o porto acaba por reter esta areia que depois é dragada para manter a profundidade do canal.

É ainda importante que se lembre ainda que a dragagem é feita 24 horas por dia por duas embarcações. Ou seja, na praia do Açu, a erosão cresceu em intensidade e a posterior recomposição natural acabou sendo comprometida. O problema maior é que com o avanço da construção do quebra mar do terminal 2 avança para dentro do mar aberto, maior tende a ser as consequências para o balneário de Barra do Açu.

Para facilitar a compreensão do que está sendo exposto veja abaixo uma ilustração gráfica do fenômeno a partir de imagens de satélite do Google Earth. (Se desejar ver a imagem em tamanho maior clique sobre ela):

Infográfico com uso da imagem do Google Earth explicando o fenômeno que ocorre no Açu





















É perceptível a diminuição ocorrida em toda a orla do Açu nos últimos dois anos. Diante desta realidade, a comunidade ,defende que sejam adotadas medidas o mais rápido possível para que se previna impactos maiores para adiante.

As medidas já deveriam estar sendo planejadas, como acontece em diversas praias próximas a instalações portuárias onde se tem a construção de grandes diques e quebra-mares. 

O blog continuará ouvindo a comunidade, técnicos e espera que a empresa responsável pela construção do Porto do Açu também se manifeste.

quarta-feira, setembro 24, 2014

Anglo American informa obtenção de Licença de Operação (LO) do mineroduto

A Assessoria de Comincação da Anglo American enviou ao blog release com a informação dizendo que agora resta ainda a LO da mina, em Conceição do Mato Dentro, MG:

"A Unidade de Negócio Minério de Ferro Brasil da Anglo American obteve ontem, 23 de setembro, a Licença de Operação (LO) do Mineroduto do Projeto Minas-Rio. A licença foi concedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O empreendimento está em fase final de implantação nos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, com previsão para realização do primeiro embarque de minério de ferro no final de 2014 e capacidade de produção anual de 26,5 milhões de toneladas.

“A obtenção da LO do mineroduto é um marco muito importante rumo ao primeiro embarque de minério de ferro do Projeto Minas-Rio. Já temos a licença de operação do porto, concedida em maio, e aguardamos agora a licença de operação da mina e da planta de beneficiamento e a conversão definitiva da licença provisória de operação da linha de transmissão de energia elétrica de 230 kV.

O Projeto Minas-Rio engloba uma mina de minério de ferro e planta de beneficiamento em Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas em Minas Gerais; um mineroduto de 529 km de extensão e o terminal de minério de ferro do Porto de Açu, no qual a Anglo American é parceira da Prumo Logística com 50% de participação, localizado em São João da Barra, no Rio de Janeiro."

Eike e dirigentes das empresas X são denunciados por falsidade ideológica. Justiça deve decretar quebra de sigilos

A informação foi veiculada pelo Valor Online:


Eike e mais 7 são denunciados por falsidade 


ideológica

SÃO PAULO  -  O empresário Eike Batista e mais sete executivos ligados à OGPar (ex-OGX) foram denunciados à Justiça Federal em São Paulo por supostos crimes de formação de quadrilha, falsidade ideológica e indução de investidores a erro, relacionados à divulgação de informações consideradas otimistas sobre o potencial das reservas de petróleo da empresa que, depois, revelaram-se infundadas.
A denúncia foi apresentada na terça-feira pela procuradora federal Karen Kahn, do Ministério Público Federal em São Paulo.
A procuradora considerou, em sua acusação, o fato de Eike e seus funcionários terem divulgados fatos relevantes e informações entre 2009 e 2013 que levaram o mercado a concluir pela existência de reservas com elevado volume de petróleo e a acreditar na promessa de forte produção de petróleo.
Ainda de acordo com a investigação, a divulgação ao mercado declarando a viabilidade comercial de três reservas - Tubarão Tigre, Tubarão Gato e Tubarão Areia - em março de 2013 se deu mesmo com os executivos já sabendo que extrair petróleo delas não era lucrativo, o que só foi reconhecido oficialmente quatro meses depois.
Para Kahn, houve crimes contra o sistema financeiro. Em seu entendimento, as fraudes atingem a credibilidade e a eficiência do mercado de capitais brasileiros". A perda estimada para o mercado é de R$ 14,4 bilhões.
Em relação a esta denúncia, as penas podem ir até 14 anos, no caso de Eike, e 22 anos, nos casos dos executivos, porque eles também foram denunciados por manipulação de mercado.
Eike já havia sido denunciado por manipulação, em relação à OGX, há duas semanas, pelo MPF do Rio. Para os procuradores fluminenses, o empresário também negociou ações com informações não públicas (insider trading").
Os outros denunciados pelo MPF em São Paulo são Luiz Eduardo Guimarães Carneiro, ex-presidente; Paulo De Tarso Guimarães e Marcelo Faber Torres, ex-diretores de Relações com Investidores; José Faveret Cavalcanti, ex-diretor jurídico; Roberto Monteiro, ex-consultor; Paulo Mendonça, ex-diretor de produção; e Reinaldo Belotti, atual diretor de produção. Segundo a investigação, desde 2011 a empresa já tinha indícios de que as reservas e o potencial de produção estavam sendo superestimados.

terça-feira, setembro 23, 2014

Vox Populi: Dilma 40% x 22% Marina x 17% Aécio

A pesquisa foi divulgada há pouco pelo portal R7 da Record. Na simulação de 2º turno Dilma alcança 46% x 39% Marina. A pesquisa levou em conta 2.000 entrevistas feitas com eleitores, entre o último sábado (20) e o último domingo (21), em 147 cidades do País. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para mais ou para menos. Por esta pesquisa Dilma poderia ganhar no 1º turno, dentro da margem de erro, já que alcança 40% x 41% da soma de todos os demais candidatos.

Em votos válidos que é como a apuração é feita pelo TSE sem a intenção dos votos brancos/nulos (12%) e indecisos (6%) que totalizam 18%, Dilma alcança 48,8% (dentro da margem de erro de 2% pode passar de 50% e venceria no 1º turno); Marina 27% e Aécio 20,7%.

Segundo o diretor do Vox Populi, João Francisco Meira, a pesquisa telefônica é domiciliar, com uma amostragem inteiramente representativa.Os pesquisadores partem com tablets com chip telefônico. Completada a entrevista, imediatamente ela é enviada de forma codificada para a central. O resultado sai quase simultaneamente com o fim das entrevistas. Além disso, um GPS permite localizar o ponto exato que cada entrevista está sendo realizada, permitindo controle total dos pontos de pesquisa.

Com a divulgação dos resultados das três pesquisas hoje, afeta novamente o mercado e as bolsas caem 0,49%. Segundo a agência de notícias Reuters, a cautela com a divulgação de pesquisas eleitorais elaboradas pelo Ibope e Vox Populi confirmou o viés de baixa final, embora longe da mínima, com alguns agentes preferindo zerar suas posições vendidas antes dos números.
PS.: Atualizado às 20:21.

PS.: Atualizado às 20:43: Entre a pesquisa do Ibope e Vox Populi a diferença mais significativa é do segundo que indica Marina com 22%, enquanto o Ibope dá 29%. As outras duas variações de Dilma (+2%) e Aécio (-2%) estão dentro das margens de erro. A segunda maior diferença entre o Vox Populi e o Ibope é na simulação de 2º turno. O primeiro instituto coloca Dilma com 46% x 39% Marina, enquanto o Ibope dá empate das duas em 41%. Ou seja, o percentual de Marina entre as duas pesquisas fica dentro da margem de erro (39%-41%), mas a de Dilma varia entre 41% e 46%, acima do limite máximo da margem de erro. Há ainda uma diferença entre os "não votos" que é a soma das intenções em votar branco e nulo, mais os indecisos. Pelo Ibope estes não votos são de apenas 12%, enquanto o Vox Populi encontrou 18%. Sabe-se que é aí que as contas sempre escorregaram. A conferir!

Ibope eleição ERJ: Pezão 29% x 26% Garotinho x 17% Crivella x 8% Lindbergh

O Ibope ouviu 2.002 eleitores entre os dias 20 e 22 de setembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. Na pesquisa espontânea: Pezão: 24%; Garotinho: 21%; Crivella: 11%; Lindberg 6%; Não sabe: 23%.

Simulações de 2º turno: Pezão: 43% x 33% Garotinho; Pezão: 41% x 33% Crivella; Crivella 36% x 34% Garotinho.

Rejeição: Garotinho 39%; Lindberg 18%; Pezão 16% e Crivella 12%.
Fonte: G1.

Nova pesquisa do Ibope: Dilma 38% x 29% Marina x 19% Aécio

Este é o resultado que o Estadão acaba de divulgar da nova pesquisa o do Ibope.

Comparando com a pesquisa anterior do mesmo instituto Dilma subiu 2%, Marina desceu 1% e Aécio manteve o percentual. Na simulação de 2º turno deu 41% para Dilma e também para Marina.

A pesquisa foi realizada entre os dias 20 e 22 de setembro com 3010 entrevistados em 310 municípios.

PS.: Atualizada às 18:56: Ainda pela mais recente pesquisa do Ibope a avaliação positiva do governo (ótimo e bom) subiu de 37% para 39%. A regular se manteve em 33% e só 28% consideraram a administração ruim ou péssima. Este é o menor percentual desde o início da campanha eleitoral. Para os analistas com percentuais entre 25% e 30% é muito difícil candidato à reeleição não vencer o pleito.

Atualizado às 20:02: Em termos de votos válidos excluindo a intenção de votar nulo ou branco ((7%) e os indecisos 5%, Dilma chega a 43,2%; Marina 33% e Aécio 21,5%.

Água do mar volta atingir o balneário do Açu: hoje chegou à rua principal











Como se vê o problema é mais grave do que vinha sendo tratado até aqui, apesar de todos os alertas. Os cerca de 2 mil moradores da comunidade que dá nome ao Porto do Açu está cada vez mais preocupada. A ocorrência que vem sem agravando nunca ocorreu antes.

O blog já expôs aqui neste espaço diferentes análises sobre as possíveis causas para o problema. Uma delas seria como consequência da construção dos terminais do Porto do Açu. A empresa Prumo (ex-LLX) nega a hipótese, apesar do EIA/Rima de um dos empreendimentos da área ter levantado claramente esta hipótese. Para isto cita um relatório da Coopetec.

O blog tem informações de que o Ministério Público Federal analisa e deve decidir ou não por acionar a Justiça Federal sobre o problema. As autoridades, independente das causas precisam agir. A comunidade se organiza para participar da reunião pública marca par ao próximo dia 1 de outubro, quando a Prumo pretende dar explicações sobre a questão. Continuamos acompanhando a questão.

PS.: Atualizado às 17:40: O problema maior aconteceu entre 14 e 15 horas. A maré neste ,momento é mais baixa e o mar deixou de jogar água nas ruas. Porém, pescadores da região dizem que nova maré alta das 2 da manhã pode retornar o problema. A Defesa Civil da PMSJB chegou há pouco ao balneário.

Atualizado às 18:34: Um leitor-colaborador preferiu usar o email para comentar o argumento de que o problema do avanço do mar no Açu não tem relação com a redução do volume de água do Rio Paraíba do Sul em sua foz como um insistente comentarista-anônimo tenta fazer crer defendendo a empresa. Disse ele: "professor se isto fosse verdade era para Atafona e especialmente Grussaí estarem mais atingidas que o Açu. Além disso, também os terminais do próprio Porto do Açu estariam sofrendo tanto quanto o Açu. Se isto não está acontecendo aumentam as chances do problema estar tendo a contribuição direta do quebra-mar instalado junto ao Porto do Açu".

O blog considera que a observação tem lógica e pertinente, mas, pensa que as autoridades têm que mobilizar os técnicos para agir sobre o problema e ao mesmo tempo identificar as causas.

Análise sobre a portaria de autorização da lavra do MME para a Anglo American

O geólogo Everaldo Gonçalves que colabora com o blog em análises sobre projetos de mineração, considerando a postagem feita aqui no dia 19 de setembro (ver aqui) nos remeteu um texto com avaliação sobre o assunto que publicamos abaixo. Assim, o blog segue aprofundando os diversos temas ouvindo e expondo análises de estudiosos sobre temas que envolvem o Porto do Açu:

"Prezado Roberto,
 Interessante esta sua postagem sobre a Portaria de Lavra outorgada à Anglo American Minério de Ferro do Brasil S/A. Permita-me usar de seu importante Blog para contribuir com seus leitores e o mercado. Transcrevo as partes importantes da Portaria para poder mais bem comentar:
“O MINISTRO DE ESTADO DE MINAS E ENERGIA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 87, parágrafo único, inciso IV, da Constituição, tendo em vista o disposto nos arts. 7 , 43 e 47, do Decreto-lei n 227, de 28 de fevereiro de 1967, e o que consta do Processo DNPM n 832.979/2002, resolve:

Art. 1) Outorgar à Anglo American Minério de Ferro Brasil S.A., concessão para lavrar Minério de Ferro, nos Municípios de Alvorada de Minas e Conceição do Mato Dentro, Estado de Minas Gerais, numa área de 619,14 hectares, delimitada por um Polígono que tem seus Vértices coincidentes com os Pontos de Coordenadas Geodésicas descritos a seguir (Lat/Long): ......

1) a outorga de concessão de lavra fica condicionada ao cumprimento da produção do 1 ao 4 ano de operação que será de 2.000.050t, do 5 ao 14 ano de 7.500.050t e do 15 ao 20 ano de operação de 54.389.300 toneladas, somando vinte anos de vida útil. Desta forma, a produção média ao longo da vida útil será de 20.466.285t/ano, relativa à Reserva Lavrável de 409.336.500 Toneladas de Minério Bruto (ROM) com teor médio variando de 31,30% a 45,00% de Fe, do Plano de Aproveitamento Econômico da Jazida, aprovado pelo Departamento Nacional de Produção Mineral -DNPM;
II) qualquer alteração de Especificações e Metas do Plano de Aproveitamento Econômico da Jazida ficarão submetidos à avaliação e à aprovação do DNPM, para, posteriormente, serem objeto de nova Portaria Ministerial autorizando sua efetiva implementação;
III) o Titular da outorga deve iniciar os trabalhos previstos no Plano de Lavra no prazo de seis meses, contados da data da publicação da Portaria Ministerial de Concessão, sob pena de caracterização de abandono formal da Jazida. Após iniciados os trabalhos de lavra, estes não poderão ser interrompidos por mais de seis meses consecutivos, nos termos do art. 49 do Decreto-lei n 227, de 28 de fevereiro de 1967; e ....”

Tal Portaria, como nós sabemos, é a outorga de lavra de uma das áreas das diversas concessões minerais da Anglo American, na região de Conceição do Mato Dentro – Alvorada de Minas - MG, advindas das negociações com a MMX de Eike Batista, pelas quais pagou US$ 5,5 bilhões e teria gastado mais US$ 8,0 bi, para pesquisar as jazidas de minério de ferro de baixo teor do tipo itabirito friável e duro, implantar a mina a Instalação de Concentração, rede de energia, captação e outorga de água, o mineroduto de 525 km, as instalações de deságua junto ao Porto Açu e demais instalações de deságua, seu tratamento e a separação do minério tipo pellet feed e do porto e embarque.
É um projeto em escala de porte mundial que se propõe exportar 26 milhões de toneladas de minério de alto teor (acima de 65% de Fe) ao ano, com plano de duplicação. Por isso precisa contar com reserva suficiente, qualidade de minério e infraestrutura, cujo gargalo de transporte e porto foi bem resolvido, mas há problemas de suprimento de água e ambientais que precisam ser mais bem avaliados. Minério pobre, atualmente, com gasto de energia por tonelada concentrada, pode ser produzido de muitas jazidas até então marginais dependendo do preço da energia.
Esta mina que teve autorizada a lavra com a assinatura de um termo de compromisso do minerador joga toda a produção nesta jazida e não informa reservas adicionais, que sabemos que existem, mas parece que está não é a maior reserva e sim aquela que primeiro foi aprovada pela burocracia, ou já saíram outras e não soubemos. Vale dizer que, pelas informações oficiais da reserva mineral aprovada, com apenas esta reserva o Projeto da Anglo não seria viável pela pequena reserva mineral oficialmente aprovada na jazida.
Este título mineral foi requerido originalmente pelo Processo DNPM nº 832.979/2002, para uma ocorrência de cromo em ambiente de rochas ferríferas, em nome de Wilson Pereira do Carmo, cujo Alvará de Pesquisa nº 12.734 foi publicado em 04/05/2005, tendo sido negociado e incorporado em 14/03/2008 à MMX Minas Rio Logística, de Eike Batista, que vendeu à Anglo American que conseguiu a renovação do Alvará em 24/05/2009 até 2011. Foi apresentado o Relatório de Pesquisa que analisado foi aprovado e agora obteve a Portaria de Lavra.
Vejamos o potencial desta área de 619,14 hectares na qual foi autorizada a lavra de 409.336.500 toneladas de minério bruto (ROM) com teor de 31,30 a 45% de ferro (Nota: baixo teor). Isto significa que de fato vai ser produzida somente metade da reserva de minério aprovada para conseguir o teor de mercado com 65% de ferro. Portanto a vida da mina não suporta sozinha os vinte anos da produção divulgada pela Anglo American que é 26 Tt/ano.

Há algum erro na divulgação da reserva, na aprovação e assinatura dos termos de compromisso. Uma vez que nos primeiros 4 anos a produção autorizada é de apenas 2.000.050 t/a; do 5 a 14º ano é de 7.500.050 t/a; e do 15 ao 20º é de 54.389.300 t/a, com uma vida útil de 20 anos e média de produção de 54.389.300 t/a. Ou seja, apenas 10 milhões de toneladas de minério que é aproximadamente 35% do montante previsto. Vamos esperar a liberação das demais outorgas para sabermos a verdadeira reserva do Projeto. Se a reserva fosse, apenas esta, a Anglo American teria pagado adiantado US$ 25,00 por tonelada do minério in situ, valor que jamais iria recuperar.
Qualquer duplicação da produção prevista vai depender de outorga de água e da reserva comprovada da formação ferrífera de domínio da Anglo American. Saudações e bom proveito na Espanha, geólogo Everaldo Gonçalves."

segunda-feira, setembro 22, 2014

Ibama libera licença de instalação do Porto Sul, em Ilhéus, Bahia

O projeto do Porto Sul está orçado em R$ 5,6 bilhões e fica a uma distância de 15 quilômetros do atual porto de Ilhéus. A licença foi assinada na última sexta-feira. O projeto tem a participação do governo baiano, mas, tem o controle da mineradora Bamim que exportará minério da mina de Caetité.

O projeto prevê o uso de uma área de 1.865 hectares e seu licenciamento foi muito polêmico por ser uma área muito bonita e de grandes atrativos turísticos. O porto escoará a produção do minério de ferro que será trazida ao litoral plea estada de ferro Leste-Oeste.

Já comentamos algumas vezes neste espaço sobre o projeto do Porto Sul, na Bahia. Uma destas vezes foi aqui em 3 de janeiro deste ano. Outra foi aqui em 17 de novembro de 2012. É mais um porto para exportar minério como o Açu, e o Porto Sudeste, em Itaguaí.
O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://economia.estadao.com.br/noticias/negocios,ibama-libera-obras-de-megaporto-da-bahia,1564348

Ainda sobre o mar no Açu

Mesmo com a tentativa de se tentar dizer que o problema do avanço do mar e a redução da faixa de areia nada tem a ver com as intervenções no litoral com a construção dos terminais do Porto do Açu, o problema permanece e amedronta os moradores.


A foto acima e o breve filme abaixo mostra imagens desta tarde, às 14 horas, na avenida Atlântica bem no meio da área urbana do litoral. Há vento sul, mas, não há ondas e nem lua cheia. Uma ressaca juntando estas três variáveis tende a agravar o problema.

A Defesa Civil está em alerta. O Ministério Público Federal analisa os relatórios e as opiniões citadas na nota abaixo. A Prumo Logística Global S.A. se comprometeu a ir no próximo dia 1 de outubro à Câmara Municipal discutir o assunto. Continuamos acompanhando.

Análises sobre alterações na linha da costa (mar) em Barra do Açu

A questão vem sendo tratada há algum tempo aqui no blog, a partir de observações e de informações da comunidade do balneário no Açu. As postagens nos blogs repercutiram e trouxeram mais matérias e reportagens sobre o tema. (Vide notas aqui, aqui, aqui e aqui)

A Câmara de Vereadores de São João da Barra arguiu a empresa Prumo Logística Global S.A., a partir da aprovação de um requerimento do vereador Frankis Arêas de Freitas. Assim, a Prumo marcou uma reunião pública na sede do Legislativo Sanjoanense para dar informações sobre o tema. Inicialmente marcada para o dia 3 de setembro, a reunião acabou suspensa e depois adiada para o próximo dia 1 de outubro.

Neste intervalo a empresa Prumo entregou à Câmara Municipal um relatório elaborado pelo professor Paulo Cesar Colonna Rosman, do Programa de Engenharia Oceânica da Coppe/UFRJ, através da Fundação Coopetec. (Veja aqui) A pedido do Ministério Público Federal, através de ofício do procurador da República, Eduardo Santos Oliveira*, o professor Marcos Pedlowski da Uenf elaborou um outro relatório sobre o assunto. (Veja aqui)

De posse dos dois documentos, no final de semana, o blog resolveu solicitar uma análise dos mesmos ao engenheiro civil alagoano Marco Lyra, também especialista em obras de defesas costeiras.

O mesmo inclusive já escreveu um artigo sobre o tema aqui no dia 1 de agosto de 2014 para o blog. O engenheiro Lyra possui também um blog (veja aqui) onde acompanha, divulga e comenta problemas semelhantes em outras praias brasileiras e do exterior.

Ainda ontem, o blog recebeu do professor da UFF e ambientalista, Aristides Arthur Soffiati, um outro documento analisando os dois relatórios citados acima.

Assim, o blog espera contribuir com a questão divulgando abaixo os textos analíticos do Lyra e do Soffiati, além de um link para acesso e download dos dois relatórios citados do professor Rosan da UFRJ feito por encomenda Prumo e do professor Marcos Pedlowski da Uenf.

Observando tudo que está escrito e analisado, não há como a comunidade não ter o direito de participar ativamente do acompanhamento científico da movimentação e das alterações da linha da costa, a partir da construção dos terminais 1 e 2 do Porto do Açu.

É obrigação do empreendedor e do Inea facultarem este direito, assim como para o planejamento de medidas de prevenção e contenção dos problemas que já estão atingindo o balneário com consequências sobre a comunidade.

Abaixo as análises do engenheiro Marco Lyra e a seguir do professor Aristides Soffiati e em seguida os dois citados relatórios.

Considerações sobre o processo erosivo na orla da Barra do Açu
 Marco Lyra

Caro Roberto Moraes, pelo que pude avaliar dos dois relatórios apresentados, ambos feitos por profissionais renomados tenho as seguintes considerações a fazer:

No relatório do professor Paulo Cesar Collona Rosman, não foram disponibilizados os perfis de praia levantados no monitoramento, comprometendo o entendimento do que realmente está ocorrendo com o pacote sedimentar. O relatório não apresenta os estudos sedimentológicos dos perfis de praia que serviriam para avaliar o que realmente está ocorrendo no ambiente praial.

A recomendação para o disciplinamento do uso do solo por parte do poder municipal, é importante para evitar conflitos no litoral da Barra do Açu, mas não o suficiente para controle da erosão costeira, é preciso mitigar o problema com obras de proteção costeira.

O Relatório do Professor Marcos Pedlowski, indica que em 2011 a área em questão estava em relativo equilíbrio sedimentar, entretanto, após a conclusão da abertura do canal de navegação em 2012, ocorreu uma forte perda de sedimentos, provocando a diminuição da faixa central da praia do Açu, indicando que um processo erosivo está em curso.

No Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) para licenciamento da obra apresentado pela OSX, está previsto que um processo erosivo decorreria das intervenções físicas que seriam realizadas no ambiente costeiro local. O RIMA considera que o grau de relevância do impacto da obra seria MUITO ALTO, e determina a necessidade de monitorar possíveis alterações e aplicar as medidas corretivas cabíveis.

Ao final o professor Marcos sugere a necessidade de monitoramento da área afetada e adotar providencias para mitigar o processo erosivo instalado.

Acredito que o relatório do Professor Marcos Pedlowski está bem fundamentado, e coincide com as previsões apontadas no RIMA, portanto, é necessário mitigar e monitorar o problema controlando o processo erosivo com obras de proteção costeira, para evitar danos ao patrimônio público, privado e ambiental. 

A erosão da Praia do Açu
Arthur Soffiati
            Li "Sobre evolução da linha de costa adjacente aos molhes do terminal TX2 do Porto do Açu-RJ e necessidade de transposição de sedimentos", do professor Paulo Cesar Collona Rosman, da COPPE/UFRJ, e "Relatório técnico sobre a análise da variação da linha de costa na Praia do Açu", do professor Marcos Pedlowski, da UENF. O primeiro escreveu por encomenda da Prumo Logística Global, empresa que assumiu a direção do Porto do Açu, e o segundo escreveu a pedido de moradores do Açu.

            Enquanto historiador ambiental ou eco-historiador, quero dar minha contribuição. Como não tenho formação apropriada para formular parecer sobre o assunto, tudo que sei sobre a dinâmica costeira entre os Rios Itapemirim (ES) e Macaé (RJ) aprendi com os pesquisadores Dieter Müehe e Enise Valentini (O litoral do Estado do Rio de Janeiro: uma caracterização físico-ambiental. Rio de Janeiro: Fundação de Estudos do Mar, 1998), Claudio Freitas Neves e Georgione Costa.

            Em 1848, José Saturnino da Costa Pereira (Apontamentos para a formação de um roteiro das costas do Brasil, com algumas reflexões sobre o interior das Províncias e suas produções. Rio de Janeiro: Tipografia Nacional, 1848) escreveu que a costa se afasta da Serra do Mar entre os Rio Macaé e Benevente, enquanto o geólogo canadense Charles Frederick Hartt (Geologia e Geografia Física do Brasil. São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1941), em 1870, afirmou o contrário: que a Serra do Mar se afasta da costa entre os mesmo rios. Hoje, qualquer mapa sobre geologia mostrará que Costa Pereira estava mais certo que Hartt. A costa se afasta da Serra do Mar em virtude de um grande aterro natural entre a margem esquerda do Rio Macaé e a margem direita do Rio Itapemirim. Este aterro tem idades diferentes. As três unidades de tabuleiro que o constituem têm cerca de 60 milhões de anos, algumas delas tocando o mar e formando falésias. Não há qualquer formação de pedra ao longo dela. A maior planície aluvial que a forma é a do Rio Paraíba do Sul, cujo início de formação data de cerca de 5 mil anos. Compõem-na também três terrenos de restinga, sendo o mais antigo aquele em que se situa hoje o Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba. Nas Audiências Públicas sobre Estudos de Impacto Ambiental (EIAs) dos empreendimentos instalados a se instalarem no Complexo Logístico Industrial Portuário do Açu (CLIPA), sempre chamei a atenção do Instituto Estadual do Ambiente (INEA) e dos empreendedores sobre a singularidade desse trecho costeiro novo, raso, sem significativas reentrâncias e varrido por elevada energia oceânica.

            Claudio Freitas Neves e Georgione Costa (“O estuário do rio Paraíba do Sul”. Anais do X Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos. Gramado (RS): Associação Brasileira de Recursos Hídricos, 10-14/11/1993) concluíram que as correntes paralelas à costa têm duas direções predominantes principais: uma, que vem da foz do Rio Macaé até a praia de Gruçaí, ou seja, de sul para norte; e outra que vem do Rio Itapemirim até Gruçaí, onde se encontra com a primeira e promove o engordamento da praia. Para melhor explicar os fenômenos que ocorrem nessa costa, ambos inserem o Rio Paraíba do Sul, que desemboca no mar quase em ponto equidistante de Itapemirim e Macaé. Em nenhum EIA, esses autores são devidamente levados em conta.

            Considerando-se as características dessa costa no seu todo, qualquer invasão do mar por estruturas maciças provocará deposição de sedimentos arenosos de um lado e erosão do outro. O Canal da Flecha, aberto entre 1942 e 1942, representa uma intervenção que quebra a linha da costa tanto quanto o canal para o estaleiro no Açu. Em 1940, Alberto Ribeiro Lamego (“Restingas na costa do Brasil”. Boletim nº 96. Rio de Janeiro: Ministério da Agricultura/Departamento Nacional da Produção Mineral/Divisão de Geologia e Mineralogia, 1940) observou que o mar tende a vedar os cursos d'água naturais e artificiais cujas barras alcançam o mar. O que mantém abertas as barras dos Rios Itapemirim, Itabapoana, Guaxindiba, Paraíba do Sul e Macaé é a vazão deles, mesmo assim de forma problemática.

            Um molhe de pedra foi erguido na foz do Rio Itapemirim, em sua margem direita exatamente para manter franca a barra do rio. Parece que não houve estudos ambientais para a sua construção. Resultado: o espigão retém areia no seu lado interno e assoreia a foz do rio, provocando erosão na praia central de Marataízes. Para compensar a perda de areia, a prefeitura de Marataízes promoveu a construção de uma cara praia com base de pedras amarradas por uma malha de aço (gabião) com areia por cima. Em Barra do Furado, dois molhes construídos de forma inconsequente pelo extinto Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS), no início da década de 1980, retiveram areia do lado de Quissamã e estão erodindo o lado de Campos.

            Já era previsto que os espigões construídos para proteção do canal do estaleiro provocariam acúmulo de sedimentos e erosão. Um programa para correção desses problemas foi inserido no EIA do estaleiro, mas a Prumo parece atacá-los com silêncio e um parecer técnico. O professor Rosman parece confirmar Claudio Neves e Georgione Costa, ao constatar que os espigões do canal estão acumulando sedimentos, o do sul mais que o do norte. Contudo, conclui que as duas acumulações são quase simétricas. Arrisco-me a dizer que, em breve, a do sul será maior que a do norte devido a direção da corrente dominante. Não concordo também que, no Açu, não houve avanço do mar, mas da vila. Assim como o professor Rosman traçou um polígono imaginário e fixo para mostrar que não houve avanço significativo no canal do estaleiro, a avenida litorânea do Açu demarca o núcleo urbano. Não sei se ele repeita a Área de Preservação Permanente de 300 metros da linha do mar, como determina a lei, mas ele funciona como um polígono real e fixo. A Vila do Açu pode ter se adensado ao longo dos anos, mas conteve-se na avenida litorânea.

            O que está ocorrendo na Praia do Açu é atípico. Ela devia estar engordando, mas está se reduzindo. O fenômeno pode ser passageiro, mas pode não ser. Não dispomos de uma série histórica de ressacas que possam nos ajudar, mas as empresas do Complexo Logístico Industrial Portuário (CLIPA) não podem simplesmente se omitir de participação maior no problema, como, por exemplo, implantar o prometido programa permanente de controle de alterações costeiras. 

Abaixo o blog destaca o bloco dos dois relatórios (dos professores Rosman e Pedlowski) objetos de análise do Marco Lyra e do Aristides Arthur Soffitati:

PS.: Atualizado às 08:38: O blog corrige a informação sobre o pedido que gerou o relatório do professor Marcos Pedlowski da Uenf. Através de email ele informa e, assim, o blog corrige a informação sobre a autoria da solicitação do seu relatório: "O relatório que vejo postado no seu blog não foi produzido a pedido do vereador Franquis Arêas como você cita, mas do Ministério Público Federal por meio de ofício do procurador da república Eduardo Santos Oliveira."