tag:blogger.com,1999:blog-79181612024-03-16T15:52:04.834-03:00Blog do Roberto Moraes65 anos, professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ) e engenheiro. Pesquisador atuante nos temas: Capitalismo de Plataformas; Espaço-Economia e Financeirização no Capitalismo Contemporâneo; Circuito Econômico Petróleo-Porto; Geopolítica da Energia. Membro da Rede Latinoamericana de Investigadores em Espaço-Economia: Geografia Econômica e Economia Política (ReLAEE).
Espaço para apresentar e debater questões e opiniões sobre política e economia.
Blog criado em 10 agosto de 2004.Unknownnoreply@blogger.comBlogger19316125tag:blogger.com,1999:blog-7918161.post-39101862961275563232024-03-05T14:31:00.002-03:002024-03-05T16:05:39.705-03:00Dominação tecnológica no capitalismo contemporâneo<p>Atualizando dados para uma mesa de debates que envolve a
dominação tecnológica no capitalismo contemporâneo, observei que a soma de
valores de mercado das 10 maiores corporações de tecnologia já equivale a 4
vezes à soma das 10 maiores petroleiras no mundo.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiX-7vowm9SbZ_N5l7hZaai0aeKv-B_OiMZmaHX0S5GxSy_e78VmQ7EgTQrJD7jXjuadCXKnl_0bcp1l9tPymrZcB_Ss-3WKE5b3fkbgAI2pz1A6V_0KZLhD4zT1xUUP1PyRbGE_0Vc0_Njbpva4ei_daOhJT8S2Nb1szUFYl0h6YBjKKyoWA/s250/Figura%20-%20Mundo%20digital.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="174" data-original-width="250" height="174" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiX-7vowm9SbZ_N5l7hZaai0aeKv-B_OiMZmaHX0S5GxSy_e78VmQ7EgTQrJD7jXjuadCXKnl_0bcp1l9tPymrZcB_Ss-3WKE5b3fkbgAI2pz1A6V_0KZLhD4zT1xUUP1PyRbGE_0Vc0_Njbpva4ei_daOhJT8S2Nb1szUFYl0h6YBjKKyoWA/s1600/Figura%20-%20Mundo%20digital.jpg" width="250" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal">Há menos de um ano (nove meses) essa relação entre as dez
maiores companhias de tecnologia e as dez maiores petroleiras do mundo era de três vezes.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Observa-se ainda que a maior corporação de tecnologia hoje,
a Microsoft, vale 3,089 trilhões. 50% a mais que a maior petroleira, a Saudi
Aramco que vale 2,023 trilhões. Só a Microsoft vale, ainda, 19% mais que a soma
do valor de mercado das demais nove petroleiras. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Hoje, três das maiores corporações de tecnologia (Microsoft,
Apple e Nvidia) valem, individualmente, mais que a petroleira saudita, Saudi Aramco. E oito das
dez maiores corporações em valor de mercado do mundo são do setor de
tecnologia. Tudo isso, num momento em que a Inteligência Artificial (IA) ainda dá os primeiros passos, em termos de captura e/ou geração de valor na economia em sua totalidade. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Processo que venho chamando de “dominação tecnológica”,
profundamente imbricado à “hegemonia financeira” no capitalismo contemporâneo
com liderança do oligopólio das Big Techs que lutam e disputam dia-a-dia para avançar
para monopólios que já se tornaram reais em alguns subsetores. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Vale ainda observar que se trata de dois setores
transversais com enorme capacidade de atravessar todos os outros setores da
economia e da vida em sociedade. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">O setor de tecnologia digital como etapa contemporânea da
reestruturação produtiva possui características multidimensionais e transescalares.
<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Além disso, tem o predicado de se espalhar e penetrar muito
facilmente em rede nas diversas atividades humanas, seja como meio de produção (negócios
e logística) ou como meio de comunicação, caso das conhecidas mídias digitais onde
exerce a capacidade de influenciar nas potentes relações de poder e política,
para além da economia. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Ou seja, no plano da superestrutura, mediado pela noção de
totalidade, há ainda muito a ser analisado sobre o fenômeno contemporâneo da
digitalização de quase tudo que vem transformando o capitalismo enquanto
sistema nos diferentes espaços do mundo.<o:p></o:p></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7918161.post-35098528310628402712024-02-17T13:59:00.005-03:002024-02-17T17:03:08.568-03:00Por que os R$ 21 bilhões da movimentação de 2023 do Porto do Açu são tão pouco comentados? <p><span style="white-space-collapse: preserve;">Eu fiz uma postagem (</span><a href="https://www.robertomoraes.com.br/2024/02/movimentacao-de-cargas-no-porto-do-acu.html" style="white-space-collapse: preserve;">aqui</a><span style="white-space-collapse: preserve;">) no meu blog, no dia 6 de fevereiro de 2024 repercutido também no meu perfil no FB e no Instagram sobre a movimentação (exportações e importações) do Porto do Açu no ano de 2023 com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).</span></p><p><span style="white-space-collapse: preserve;">Repito o valor FOB (US$) dessa movimentação em 2023: US$ 4,219 bilhões ou aproximadamente R$ 21 bilhões. Este valor, 70% maior do que a movimentação do Porto do Açu em 2023. </span><br /><br /><span style="white-space-collapse: preserve;">Na movimentação de 2023, 86% são referentes às exportações que totalizaram (US$ 3.626) e apenas 14% o valor das importações (US$ 592 milhões).</span></p><p></p><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAUHeWZOptgkzzmzpVZUuWU-Lo4IARoyzQaEYv8VXUi7tXYqtWLB0Cvj54oQ6bbcT2dUQpnN92bWtkc429iJdyUI81kJl8jOVhjz8rvDzuEP_kOSvEf3pkKaoyudXbQVzHKmWppO9P438oqRQMYY8OeWEsPpm-lheRyJZb07D_2zyjmySsgQ/s800/IMG-20240205-WA0035.jpg" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="531" data-original-width="800" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAUHeWZOptgkzzmzpVZUuWU-Lo4IARoyzQaEYv8VXUi7tXYqtWLB0Cvj54oQ6bbcT2dUQpnN92bWtkc429iJdyUI81kJl8jOVhjz8rvDzuEP_kOSvEf3pkKaoyudXbQVzHKmWppO9P438oqRQMYY8OeWEsPpm-lheRyJZb07D_2zyjmySsgQ/s320/IMG-20240205-WA0035.jpg" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span face="Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif" style="background-color: white; color: #333333; font-size: x-small; text-align: start;"> Atividades de serviços portuários no Açu, SJB em 2023.</span></td></tr></tbody></table><span style="white-space-collapse: preserve;">Como já comentamos, as maiores exportações dizem respeito aos recursos minerais (minério de ferro, petróleo, cobre e até lítio). Os países a que se destinaram as maiores exportações são: 1) China (42%) valor de US$ 1,523 bilhão; 2) EUA (25%) - US$ 906 milhões; 3) Índia - US$ 507 milhões; 4) Espanha - US$ 297 milhões; 5) Holanda - US$ 112 milhões; 6) Itália - US% 83 milhões; 7) Uruguai - 54 milhões. As importações, que equivaleram a apenas 14% de toda a movimentação, vieram em sua maior parte da Alemanha, Reino Unido, EUA, França e China.</span><br /><br /><span style="white-space-collapse: preserve;">É interessante que uma informação desse tipo (divulgada <a href="https://www.robertomoraes.com.br/2024/02/movimentacao-de-cargas-no-porto-do-acu.html">aqui</a>, repito, no dia 6 de fevereiro de 2024) não tenha sido repercutida, porque imagino que fosse de interesse ao nível regional e nacional. </span><br /><br /><span style="white-space-collapse: preserve;">Os dados são públicos e podem ser acessados por qualquer pessoa, jornalista ou a mídia corporativa. O fato me chama a atenção. Evidente que muitas hipóteses podem ser levantadas para essa questão. Porém, destaco uma delas. As informações corporativas e financeiras são em sua grande maioria fruto de <i>releases</i> produzidos pelas próprias corporações e sob a ótica dos seus interesses. E como a própria companhia, grupo ou o seu fundo controlador não divulgou, ela não saiu divulgada mais amplamente. </span><br /><br /><span style="white-space-collapse: preserve;">Então caberia outra pergunta enquanto hipótese: por que os proprietários e controladores do Porto do Açu não teriam interesse nessa divulgação específica sobre valores da movimentação portuária (já que o mesmo aconteceu em 2023 sobre a movimentação do ano de 2022), diante de tantos <i>releases</i> e posteriores matérias sobre tipos de movimentação portuária, exportação, contratos, empregos, obras e possibilidades de novos negócios naquele empreendimento?</span><br /><br /><span style="white-space-collapse: preserve;">Vou citar apenas uma hipótese: não interessa divulgar o volume de riqueza que passa pelo Porto do Açu e pela região deixando tão pouco em impostos e mesmo empregos, proporcionalmente, aos negócios que acabam, usando, especialmente, a região como "território de passagem" num empreendimento até aqui como um enclave com pouquíssima conexão com a região, reforçando a caracterização de um porto como base logística transescalar, mais ligada ao extrativismo.</span><div><span style="white-space-collapse: preserve;"><br /></span></div><div><span style="white-space-collapse: preserve;">Seus proprietários desejam fluidez das cargas para ampliar seus lucros na produtividade do porto, pouco se interessando por enlaces com as comunidades locais, vistas, na realidade, mais como problemas do que como solução e oportunidade. </span><br /><br /><span style="white-space-collapse: preserve;">Evidente que há outros argumentos, hipóteses e explicações. Porém, se trata de um fato. O volume em valores FOB da movimentação portuária do Porto do Açu é um assunto a ser deixado de lado. </span><br /><br /><span style="white-space-collapse: preserve;">Uma riqueza que pela região apenas circula, como característica principal de um porto de 5ª geração com conexões na escala global e até aqui muito pouco de agregação de valor em indústria (porto-indústria, Zona Industrial Portuária - ZIP ou MIDAs, <i>Maritime Industrial Development Area</i>) na enorme retroárea de mais de 90 Km², fruto, em boa parte, de centenas de desapropriações de pequenos produtores rurais. As exceções são a unidade de geração de energia elétrica da GNA (UTE) e a FMC-Technip com a produção de tubos flexíveis para uso nas instalações offshore das petroleiras para extração de petróleo.</span><br /><br /><span style="white-space-collapse: preserve;">O assunto demandaria mais uma série de outros comentários que esse autor e seu blog vêm fazendo e comentando desde o início das intenções do projeto de instalação do empreendimento ainda no ano de 2005 e 2006, porém para não misturar muitos os assuntos ficaremos por aqui.</span><div><span style="white-space-collapse: preserve;"><br /></span><p></p><div><span style="white-space-collapse: preserve;">PS.: Os dados dos valores da movimentação portuária aqui comentado são um pouco maiores (exportações) do que os da postagem do dia 6 de fevereiro de 2024, por conta de atualizações e ajustes feitos pelo MDIC em seu site.</span></div></div></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7918161.post-29560584438440751762024-02-06T17:13:00.002-03:002024-02-07T10:03:13.920-03:00Movimentação de cargas no Porto do Açu e receitas de ISS em SJB e Campos, RJ, em 2023 reafirmam a condição principal de “território de passagem”O crescimento dos serviços é uma característica da sociedade contemporânea e de todo o país. Desde 2000-2004 (época que elaborei do Raio X do orçamento de Campos dos Goytacazes) acompanho essas principais receitas dos municípios. Naquela época começavam a disparar as receitas dos serviços nas capitais e cidades das regiões metropolitanas, logo após terem superado as receitas do imposto sobre a propriedade, o IPTU. <br /><br />Nesses últimos vinte e três anos as receitas dos serviços seguiram se ampliando. Logo adiante, o mesmo fenômeno passou para as cidades de médio porte e agora até mesmo em alguns municípios de menor porte. <br /><br />Nessa transição foi sendo superada a antiga classificação da economia entre de atividades do setor primários, secundário e terciário. Os serviços se ampliaram como atividades que foram se desagregando da produção industrial e mesmo agrícola e avançando para além de saúde e educação. <div><br /></div><div>Também por isso essas atividades e suas receitas passaram a crescer mais na esfera da União, Estados e municípios. Estes, por direito constitucional, passaram a monitorá-los e regulamentá-los mais de perto, visando maior arrecadação diante do aumento das despesas derivadas dos direitos dos cidadãos. <br /><br />Numa sociedade mais complexa e sofisticada os serviços se multiplicam. Um exemplo: no passado, não existia a ideia de logística e nem a informática como instrumento da chamada transformação digital. A intermediação de serviços de RH, contabilidade, marketing, TI, etc. para além de saúde e educação eram departamentos das companhias. Os serviços são atividades ligadas à densidade populacional e/ou negócios e mesmo das cadeias de produção. <br /><br />É nesse contexto que se deve observar as variações deste tipo de receita nos últimos anos nesses dois municípios do Norte Fluminense. Campos dos Goytacazes–RJ, como município de médio porte que é polo regional há muitas décadas e São João da Barra, após separado do município de São Francisco do Itabapoana em 1995, do início da construção do Porto do Açu em 2008 e do início de suas operações e movimentação portuária que se dá a partir do 2º semestre de 2014.</div><div><br /></div><div><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAUHeWZOptgkzzmzpVZUuWU-Lo4IARoyzQaEYv8VXUi7tXYqtWLB0Cvj54oQ6bbcT2dUQpnN92bWtkc429iJdyUI81kJl8jOVhjz8rvDzuEP_kOSvEf3pkKaoyudXbQVzHKmWppO9P438oqRQMYY8OeWEsPpm-lheRyJZb07D_2zyjmySsgQ/s1024/IMG-20240205-WA0035.jpg" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-size: x-small;"><img border="0" data-original-height="680" data-original-width="1024" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAUHeWZOptgkzzmzpVZUuWU-Lo4IARoyzQaEYv8VXUi7tXYqtWLB0Cvj54oQ6bbcT2dUQpnN92bWtkc429iJdyUI81kJl8jOVhjz8rvDzuEP_kOSvEf3pkKaoyudXbQVzHKmWppO9P438oqRQMYY8OeWEsPpm-lheRyJZb07D_2zyjmySsgQ/w320-h213/IMG-20240205-WA0035.jpg" width="320" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption"><span style="font-size: x-small;"> Atividades de serviços portuários no Açu, SJB, só impactam ISS</span></td></tr></tbody></table>Em 2014, com o início das operações de exportações no Porto do Açu, a receita de ISS em SJB somou R$ 63 milhões. Em 2017 caiu para R$ 42 milhões. O fato se deveu a um acidente ocorrido no mineroduto entre o município que liga a mina de minério de ferro da Anglo American no Quadrilátero Ferrífero em Minas Gerais e o Porto do Açu (PdA) em São João da Barra, litoral norte do ERJ. <br /> <br /> Em 2016 o ISS de Campos foi de R$ 89 milhões enquanto o ISS de SJB foi de R$ 43 milhões. Em 2020 (1º ano da pandemia) a receita de ISS em Campos foi de 81,5 milhões e o de SJB já tinha subido para R$ 86 milhões, ano é que começa a haver um distanciamento da receita de ISS entre esses dois municípios. <br /><br />Em 2023 as receitas do imposto ISS nesses dois municípios foram: <br /><br />São João da Barra - R$ 174 milhões;<br /> Campos dos Goytacazes - 152 milhões. <br /><br />Ou seja, em 2023, SJB arrecadou 14% a mais com o imposto de ISS do que Campos, RJ.<br /> <br /> Nas Leis Orgânicas Anuais (LOAs) desses dois municípios, a previsão de receita para 2024 é de R$ 123,4 milhões para Campos, RJ e de R$ 184,0 milhões para SJB, RJ. A maior arrecadação de Imposto Sobre Serviços (ISS) em SJB está diretamente vinculada aos serviços e atividades portuárias nos dez terminais do complexo do Porto do Açu licenciados junto à Antaq. <br /> <br /> Em SJB, a receita de ISS já é quase dez vezes maior do que a receita sobre propriedade, o IPTU. Já em Campos dos Goytacazes, essa relação entre ISS (maior) e IPTU é de cerca de 15% a mais. Em Campos dos Goytacazes, foi em 2020 que a receita de ISS ultrapassou a receita do imposto IPTU. <br /><br />No caso município de SJB, a receita do ISS, basicamente oriunda das atividades e obras no complexo portuário. Dessa forma, não é um exagero a afirmação que venho efetuando de se tratar, basicamente, de um “território de passagem” para a riqueza mineral que é por ali exportada, em especial minério de ferro e petróleo, após transbordo em navios no terminal 1 do Porto do Açu.</div><div><br /></div><div>Vale lembrar que o ISS é um imposto municipal e que tem uma alíquota que varia até 5% conforme os serviços prestados. No caso de SJB na fase de instalação e implantação do porto, essa alíquota para os serviços portuários foi reduzida pela Câmara de 5% para 2,5%. <br /><br /> <br /><br /><b>Movimentação portuária nos dez terminais portuários licenciados pela Antaq no Açu em 2023 </b><br /> <br /> Enquanto isso, a movimentação portuária (exportações + importações) nos dez terminais portuários do Complexo do Porto do Açu, através de mais de 6 mil embarcações circulando em 2023 teve como destino e/ou origem mais de 30 diferentes países. </div><div><br /></div><div>A movimentação de cargas no ano de 2023, segundo dados da Comex-Mdic, em valores FOB US$, chegou a (US$ 4,210 bilhões (US$ 3,617 de exportações e US$ 592 milhões de importações). Uma movimentação com valor, 89% maior do que em 2022, quando essa cifra foi de US$ 2,25 bilhões. A maioria das exportações são dos produtos minerais como petróleo, minério de ferro e também cobre (vindo de Goiás e mesmo o lítio vindo do Vale do Jequitinhonha).<br /> <br /> Em valores na moeda brasileira, essa movimentação de cargas de 2023 em SJB, significa cerca de R$ 21 bilhões. Se estimarmos, um percentual de 10% de receita para o conjunto dos serviços portuários, é possível chegar a um valor de cerca de R$ 2,1 bilhões para a holding Prumo Logística Global, dona do Porto do Açu controlada pelo fundo americano EIG Global Energy Partners<br /> <br /> Diante desses números, pode-se dizer que o aumento da receita de ISS para o município de SJB em 2024 de R$ 184 milhões é ainda muito pequena para o município que não a fiscaliza, aceitando as autodeclarações das companhias que atuam nas movimentações de carga no Porto do Açu. <br /><br />Assim, é também possível reafirmar que as atividades de logística servem mais aos objetivos do extrativismo e o uso do “território como de passagem”, do que, propriamente, à noção de desenvolvimento regional. Até aqui as únicas exceções são a geração de energia elétrica na usina termelétrica, GNA e à produção de tubos flexíveis pela FMC Technip.<br /> <br /> Adiante, detalharemos um pouco mais sobre os dados do MDIC a respeito do volume de exportações e importações realizadas pelo Porto do Açu (PdA) em SJB no ano de 2023, seja em valores FOB US$, em toneladas e tipos de cargas. <br /> <br /> Essa movimentação de cargas no PdA em SJB se relaciona a mais de três dezenas de países, sendo que a maior parte das exportações continua a ser para a China 42% e depois EUA e Índia. E as importações, em bem menor valor e peso, vêm especialmente da Alemanha, Reino Unido e EUA e depois são reencaminhadas aos clientes dessas cargas.</div><div><br /></div><div><br /></div><div>PS.: <span style="color: #2b00fe;">Atualizado às 09:50 de 07/02/2024</span>: para corrigir o valor da movimentação em US$ do Porto do Açu em 2023, quando citamos apenas as exportações sem considerar as importações. Junto, esse volume chegou a US$ 4,2 bilhões, ou R$ 21 bilhões, 89% superior à movimentação de 2022. Foram acrescentadas outras informações no texto como a maioria das exportações para petróleo e minério de ferro e referente à alíquota de ISS dos serviços portuários cobrada pelo município de SJB de 2,5%.</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7918161.post-18785667879093734622024-02-02T15:52:00.005-03:002024-02-02T15:52:32.824-03:00IBGE: Brasil tem mais igrejas que escolas somadas. Campos, RJ índice chega a mais 52% Esse indicador do IBGE é muito interessante e permite um conjunto expressivo de análises em múltiplas dimensões. É um indicador com relação direta com o dado sobre população. Onde se tem mais moradores há necessidade de mais escolas e unidades de saúde.<div><br /><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhN68BD9fxF3MOczh8VA0_B6zfsxsyyBLr7cDR1m16CFidYjFjeVWhFMdZwu3vWWGUc1pgdwmE45V8wLojWjIax2lUHLBrH9pbC9MvIdm14XTYdnl06QfDtIbto-Isxld8qD_s539npkanOs4FC26nVIkgCpT02LsqLZpEUABnSOjpJztHDgA" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" data-original-height="954" data-original-width="1080" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhN68BD9fxF3MOczh8VA0_B6zfsxsyyBLr7cDR1m16CFidYjFjeVWhFMdZwu3vWWGUc1pgdwmE45V8wLojWjIax2lUHLBrH9pbC9MvIdm14XTYdnl06QfDtIbto-Isxld8qD_s539npkanOs4FC26nVIkgCpT02LsqLZpEUABnSOjpJztHDgA" width="272" /></a></div>Os estabelecimentos religiosos tendem a seguir essa tendência, porém a maior densidade em alguns municípios e regiões levam a várias questões. O cruzamento dos municípios com mais diferenças podem levar a outras hipóteses a serem analisadas.<div><br />Vale ainda observar que dos dez municípios com mais estabelecimentos religiosos por habitantes do Brasil, oito são do ERJ, a maioria da Baixada Fluminense.<br /><br />Mesmo que os estabelecimentos religiosos estejam agrupados pelas diferentes frações, é sabido que o avanço das dezenas de religiões evangélicas deve ter fator de peso, nesse indicador, divulgado hoje pelo IBGE, por conta das pequenas igrejas e cultos instalados nos bairros da periferia e junto à população mais pobre e carente de todo tipo de apoio do material, ao apoio pessoal, psicológico e espiritual.<br /><br />Nessa linha, voltou a sugerir a leitura de dois livros que me impactaram e me deram uma interpretação que não tinha sobre o assunto: "<i>A fé e o fuzil: crime e religião no Brasil do século XXI</i>" do jornalista e pesquisador Bruno Paes Manso e o livro "<i>Traficantes do evangelho: quem são e a quem servem os novos bandidos de Deus</i>" da pastora e pesquisadora Viviane Costa. Breves resenhas destes dois livros podem ser vistas na postagem abaixo desse blog em 27 de dezembro de 2023:<b><br /><a href="https://www.robertomoraes.com.br/2023/12/a-fe-o-fuzil-os-traficantes-evangelicos.html">A fé, o fuzil, os traficantes evangélicos, o crime e os bandidos de Deus no Brasil contemporâneo</a></b></div><div> <br />As duas publicações oferecem dados empíricos e análises sobre a relação entre algumas igrejas e líderes religiosos com o crime e com a política, mas de forma nenhuma, pretenderam atribuir ao conjunto dos seus seguidores e líderes essa acusação, o que seria uma aberração, além de um desvairado e inconcebível preconceito, que só atrapalha na compreensão desse fenômeno social em nosso país.<br /><br />Tenho insistido que mais que dados e indicadores, temos necessidade (não apenas os pesquisadores, mas gestores e a população em geral) de ligar as pontas entre eles, para se tentar construir interpretações mais potentes sobre a conjuntura que possam se desdobrar em melhores planejamentos e planos de ação. Esse indicador permite e sugere uma enormidade de estudos que podem ser realizados.</div></div></div><div><br /></div><div><br /></div><b>Campos dos Goytacazes, RJ tem 52% mais de igrejas do que escolas e unidades de saúde somadas<br /></b><br />Complementando a nota anterior sobre o indicador que a´pontou que hoje no Brasil há mais estabelecimentos religiosos que escolas e unidades de saúde somadas. Vale conferir.<br />Aqui exponho os dados de dois municípios do Norte Fluminense (ERJ) Campos dos Goytacazes e São João da Barra, usando uma ferramenta automática criada pelo G1 com esses dados do IBGE que lista o nº de habitantes, residências, escolas, unidades de saúde e estabelecimentos religiosos.<div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNr_WigqIj3E8MXzmdmkZ3n_8vGBwpYjRGzRB7lezYEpSb1cmNNlLwWNFMnudjt7vxBHnIs0Z5lGNq084hx1X3XZzbBIcHjD2_fnKC8CAxdz34Xp8AuMRvBBbYtqYjVFj9qqCEjhtlXVBYP2pCKCCaDLjEeAg8jFY1KNe7CRjBSzdzomQTzA/s351/IBGE%20-%20Campos.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="351" data-original-width="262" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNr_WigqIj3E8MXzmdmkZ3n_8vGBwpYjRGzRB7lezYEpSb1cmNNlLwWNFMnudjt7vxBHnIs0Z5lGNq084hx1X3XZzbBIcHjD2_fnKC8CAxdz34Xp8AuMRvBBbYtqYjVFj9qqCEjhtlXVBYP2pCKCCaDLjEeAg8jFY1KNe7CRjBSzdzomQTzA/w238-h320/IBGE%20-%20Campos.jpg" width="238" /></a></div><div><a aria-label="Pode ser uma imagem de texto que diz "Campos dos Goytacazes RJ Residências: 234.068 Instituições de ensino: 643 Hospitais e UBSs: 489 -Igrejas e templos: 1727 Construções: 9038 Estabelecimentos agropecuários: 4373 -Comércio, cultura, prédios públicos e outros: 31.162 População: 483.540"" class="x1i10hfl x1qjc9v5 xjbqb8w xjqpnuy xa49m3k xqeqjp1 x2hbi6w x13fuv20 xu3j5b3 x1q0q8m5 x26u7qi x972fbf xcfux6l x1qhh985 xm0m39n x9f619 x1ypdohk xdl72j9 x2lah0s xe8uvvx xdj266r x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x2lwn1j xeuugli xexx8yu x4uap5 x18d9i69 xkhd6sd x16tdsg8 x1hl2dhg xggy1nq x1ja2u2z x1t137rt x1o1ewxj x3x9cwd x1e5q0jg x13rtm0m x1q0g3np x87ps6o x1lku1pv x1rg5ohu x1a2a7pz x1ey2m1c xds687c x10l6tqk x17qophe x13vifvy x1pdlv7q" data-gramm="false" data-lt-tmp-id="lt-119287" href="https://www.facebook.com/photo/?fbid=7040207262694400&set=pcb.7040241549357638&__cft__[0]=AZVNYpWitCSrLlv_0tDfmnt8YJZ062eMT19mPbqOL96GinH_p2QHv6RCeIcRCZKZ4JjLWKR8a0xw6mzgIBVdfnW8btlvbG0PaTrAiVk0xWEkKQ&__tn__=*bH-R" role="link" spellcheck="false" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; align-items: stretch; border-bottom-color: var(--always-dark-overlay); border-left-color: var(--always-dark-overlay); border-radius: inherit; border-right-color: var(--always-dark-overlay); border-style: solid; border-top-color: var(--always-dark-overlay); border-width: 0px; box-sizing: border-box; color: #385898; cursor: pointer; display: inline-block; flex-basis: auto; flex-direction: row; flex-shrink: 0; font-family: inherit; inset: 0px; list-style: none; margin: 0px; min-height: 0px; min-width: 0px; outline: none; padding: 0px; position: absolute; text-align: inherit; text-decoration-line: none; touch-action: manipulation; user-select: none; z-index: 0;" tabindex="0"><div class="x10l6tqk x13vifvy" style="clear: right; font-family: inherit; height: 333.578px; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; position: absolute; top: 0px; width: 249px;"><br /></div></a><div><br />Em Campos dos Goytacazes, RJ são 1.727 estabelecimentos religiosos x 643 escolas x 488 unidades de saúde =1.132. Ou seja, 52% mais estabelecimentos religiosos, e olhe que o índice de escolas em Campos, RJ é alto quando comparado à população. É o sétimo melhor índice do país, o que reforça o que já falávamos há mais de uma década. O enfrentamento das questões do ensino em Campos são as qualidades das instalações das escolas e a qualidade do ensino e em especial, o estímulo a maior capacitação docente e melhor política salarial. Porém, aqui o enfoque é na questão do número proporcionais de igrejas em relação a estes dois principais equipamentos públicos, como já comentei na nota anterior.<div><br /><br /></div><div>No município de São João da Barra, esses números são um pouco diferentes, mesmo que ainda com mais estabelecimentos religiosos (139 igrejas e cultos) x 128 (66 unidades de saúde: hospitais e UBS) = 62 escolas. Ou seja, cerca de 8% a mais.<br />Esses dados e indicadores merecem uma análise mais apurada para leituras mais potentes.</div><div><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeEJwsuYmYmVZolXjDmAzWmAcw8g1tNyFUnWuerlHhc6peHsVEAXfMsi2glIEMEM2J2e_08ziaVYdK6RCNqf4ekr6xLEqxQxNxlpOImMCEtljZTtiqnKu2v0EqivgbfwpOHmzjgjfhJVYOP6DjR4xNyXExyDS21RD2m4QozHUH9zUPrUg8Gg/s342/IBGE%20-%20SJB.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="342" data-original-width="263" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeEJwsuYmYmVZolXjDmAzWmAcw8g1tNyFUnWuerlHhc6peHsVEAXfMsi2glIEMEM2J2e_08ziaVYdK6RCNqf4ekr6xLEqxQxNxlpOImMCEtljZTtiqnKu2v0EqivgbfwpOHmzjgjfhJVYOP6DjR4xNyXExyDS21RD2m4QozHUH9zUPrUg8Gg/w246-h320/IBGE%20-%20SJB.jpg" width="246" /></a></div><br /><div><br /></div><div><div><div style="font-family: inherit;"><div class="x168nmei x13lgxp2 x30kzoy x9jhf4c x6ikm8r x10wlt62" data-visualcompletion="ignore-dynamic" style="border-radius: 0px 0px 8px 8px; font-family: inherit; overflow: hidden;"><div style="font-family: inherit;"><div style="background-color: white; color: #1c1e21; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 12px;"><div style="font-family: inherit;"><div class="xq8finb x16n37ib" style="font-family: inherit; margin-left: 12px; margin-right: 12px;"><div class="x9f619 x1n2onr6 x1ja2u2z x78zum5 x2lah0s x1qughib x1qjc9v5 xozqiw3 x1q0g3np x150jy0e x1e558r4 xjkvuk6 x1iorvi4 xwrv7xz x8182xy x4cne27 xifccgj" style="align-items: stretch; box-sizing: border-box; display: flex; flex-flow: row; flex-shrink: 0; font-family: inherit; justify-content: space-between; margin: -6px -2px; padding: 4px; position: relative; z-index: 0;"><div class="x9f619 x1n2onr6 x1ja2u2z x78zum5 xdt5ytf x193iq5w xeuugli x1r8uery x1iyjqo2 xs83m0k xg83lxy x1h0ha7o x10b6aqq x1yrsyyn" style="box-sizing: border-box; display: flex; flex-direction: column; flex: 1 1 0px; font-family: inherit; max-width: 100%; min-width: 0px; padding: 6px 2px; position: relative; z-index: 0;"><div aria-label="Envie para seus amigos ou publique no seu perfil." class="x1i10hfl x1qjc9v5 xjbqb8w xjqpnuy xa49m3k xqeqjp1 x2hbi6w x13fuv20 xu3j5b3 x1q0q8m5 x26u7qi x972fbf xcfux6l x1qhh985 xm0m39n x9f619 x1ypdohk xdl72j9 x2lah0s xe8uvvx xdj266r x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r x2lwn1j xeuugli xexx8yu x4uap5 x18d9i69 xkhd6sd x1n2onr6 x16tdsg8 x1hl2dhg xggy1nq x1ja2u2z x1t137rt x1o1ewxj x3x9cwd x1e5q0jg x13rtm0m x3nfvp2 x1q0g3np x87ps6o x1lku1pv x1a2a7pz" role="button" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; align-items: stretch; background-color: transparent; border-bottom-color: var(--always-dark-overlay); border-left-color: var(--always-dark-overlay); border-radius: inherit; border-right-color: var(--always-dark-overlay); border-style: solid; border-top-color: var(--always-dark-overlay); border-width: 0px; box-sizing: border-box; cursor: pointer; display: inline-flex; flex-basis: auto; flex-direction: row; flex-shrink: 0; font-family: inherit; 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left: 315px; position: absolute !important; top: 1095px !important; z-index: auto;"><lt-div class="lt-toolbar__extras"><lt-span class="lt-toolbar__disable-icon"><lt-comp-icon class="lt-icon--disable lt-icon--clickable" data-lt-prevent-focus="true"><lt-span class="lt-icon__icon lt-icon__disable"></lt-span></lt-comp-icon></lt-span><lt-div class="lt-toolbar__divider"></lt-div><lt-div class="lt-toolbar__premium-icon"></lt-div><lt-span class="lt-toolbar__rephrasing-icon lt-toolbar__rephrasing-icon--disabled lt-toolbar__rephrasing-icon--disabled"><lt-comp-icon class="lt-icon--rephrasing lt-icon--clickable" data-lt-prevent-focus="true"><lt-span class="lt-icon__icon lt-icon__rephrasing"></lt-span></lt-comp-icon></lt-span><lt-span class="lt-toolbar__rephrasing-icon lt-toolbar__rephrasing-icon--disabled lt-toolbar__rephrasing-icon--hidden"><lt-comp-icon class="lt-icon--rephrasing lt-icon--clickable" data-lt-prevent-focus="true"><lt-span class="lt-icon__icon lt-icon__rephrasing"></lt-span></lt-comp-icon></lt-span></lt-div><lt-div class="lt-toolbar__status-icon lt-toolbar__status-icon--has-no-errors" title=""></lt-div><lt-div class="lt-toolbar__premium-icon-dot"></lt-div></lt-div></lt-toolbar></div></div></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7918161.post-63115102213924095452023-12-27T16:08:00.002-03:002023-12-27T16:23:56.983-03:00A fé, o fuzil, os traficantes evangélicos, o crime e os bandidos de Deus no Brasil contemporâneo<p>Nessa virada de ano ofereço a sugestão de dois livros que
merecem ser lidos, para se tentar compreender um pouco mais o fenômeno da fé e
da religião evangélica - que não para crescer em todo o país - e sua relação
com o crime, o tráfico e as milícias no Rio, São Paulo e em todo o Brasil.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">São duas publicações editadas nesse ano de 2023. O autor do
livro “A Fé e a Religião: Crime e religião no Brasil do Século XXI” é o
jornalista Bruno Paes Manso que é quem indica e prefacia o segundo livro “Traficantes
evangélicos: Quem são e a que servem os novos bandidos de Deus” de autoria da
Viviane Costa. <o:p></o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAD1oRR0HzlGcH1jPV9huEYW4TbnIP2EoDNmCjEsltgrYjY4jiZ2HuHw8zx43SL1rMPt7Oi4p6lmb0Auq1Xtqi8a0ei_uWzYIiqzmlJF2Keg7evmGbWdTMKSYweLEI7L6oisuzrJAANIuQ5GD79nneZke3edBRvnog4xK7o9scfNpcG7qKqA/s1600/IMG-20231212-WA0032.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1010" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAD1oRR0HzlGcH1jPV9huEYW4TbnIP2EoDNmCjEsltgrYjY4jiZ2HuHw8zx43SL1rMPt7Oi4p6lmb0Auq1Xtqi8a0ei_uWzYIiqzmlJF2Keg7evmGbWdTMKSYweLEI7L6oisuzrJAANIuQ5GD79nneZke3edBRvnog4xK7o9scfNpcG7qKqA/w202-h320/IMG-20231212-WA0032.jpg" width="202" /></a></div><p class="MsoNormal">Bruno Manso tem doutorado pela USP, mas se apresenta apenas
como jornalista e pesquisa o assunto da violência urbana há mais de duas
décadas. Ele é também o autor do livro (que ainda não li) “República das
Milícias”. Já a Viviane Costa é licenciada em história, mestra em Ciências
da Religião e pastora da Assembleia de Deus.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">O primeiro livro, o do Manso, trata mais do fenômeno do PCC e da
expansão dos evangélicos na região metropolitana de São Paulo, mas não unicamente.
Já o segundo livro da Viviane trata mais do que autora chama de “narcoreligiosidade
carioca” que envolve ainda a periferia da região metropolitana que inclui a Baixada Fluminense. A
abrangência geográfica das duas publicações permite uma análise mais profunda,
assim como suas ligações com outras regiões do país e mesmo o interior dos
estados RJ e SP.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">De cara digo, que os dois livros me impactaram profundamente
e percebi com a visão que temos desse fenômeno é superficial, preconceituoso e
quase invisível diante do todo, seja da política, da economia e/ou da vida em
sociedade no Brasil contemporâneo. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">A religião evangélica está por meses ou anos para se tornar
a religião hegemônica no Brasil, embora a estimativa tenha sido feita até o ano
do 2030.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">O livro “A fé e o fuzil” de 301 páginas do Manso vai além da
análise das milícias do seu livro anterior, tratando também do tráfico, mas
foca nas razões que podem explicar o crescimento da igreja evangélica pentecostal,
a partir da rede de proteção material e de solidariedade humana oferecida por
essas organizações entranhadas nas comunidades, em especial, as periféricas e de
sua a relação, quase automática, com os grupos criminosos com os quais seguem
ambiguamente convivendo e se retroalimentando. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Como bom jornalista e pesquisador, Bruno Manso ouviu muitos
assassinos, pastores e gente convertida. Muitas vezes, exatamente os mesmos
personagens, apenas em lapsos de tempo distintos. Com texto perfeito, direto,
contextualizado e que fui facilmente, o relato descortina um mar de questões e
indagações sobre a sociedade brasileira e periférica contemporânea. Penso que
se trata do relato de uma pesquisa com forte poder de contribuir com explicações
para a questão do peso dos evangélicos na ascensão da extrema-direita no
Brasil.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Manso descreve também como se dá a montagem dos “exércitos
da fé” e sua preparação para o que chama de “batalhas espirituais” da salvação
do apocalipse. A guerra do bem contra o mal aliada à teologia da prosperidade
(empreendedorismo de si próprio) que, de certa forma, ajuda na explicação (para
muitos, contraditória) sobre as razões da defesa pelos evangélicos para o uso
das armas para sua “guerra santa”.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Assim, a periferia está cada vez mergulhada nessa
alternativa, desacreditada daqueles que defendem a política, as políticas
públicas e o aperfeiçoamento do Estado que muitas dessas organizações enxergam
como problema e inimigos do seu bem-estar e da sua forma de ver o mundo.<o:p></o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDceejRq2Bst2X6uMKjpsPb0mDrTgMHIChDXuAs7sbV4vNYzSLlui1ugsuNcQP8yv0H0Zqc4m0CpnCmYEhQKZ5lnXzQkXvmOky-xPjMxv84Klw27t9IPLyakTE5R3LzwrMQjKEjP-RIdEHz_Lm1ksxOs-Fs2GoX6vmd-VIshB17LCKpTFaLw/s4624/IMG_20231223_110908.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="4624" data-original-width="3472" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDceejRq2Bst2X6uMKjpsPb0mDrTgMHIChDXuAs7sbV4vNYzSLlui1ugsuNcQP8yv0H0Zqc4m0CpnCmYEhQKZ5lnXzQkXvmOky-xPjMxv84Klw27t9IPLyakTE5R3LzwrMQjKEjP-RIdEHz_Lm1ksxOs-Fs2GoX6vmd-VIshB17LCKpTFaLw/w150-h200/IMG_20231223_110908.jpg" width="150" /></a></div><p class="MsoNormal">O segundo livro “Traficantes Evangélicos: Quem são os novos
bandidos de Deus” da Viviane Costa é outro relato de pesquisa que nos auxilia na
compreensão sobre o fenômeno ligado às relações do narcotráfico com o
pentecostalismo que compõe o que autora chama de “narcoreligiosidade carioca”.
Um fenômeno que se integra à dimensão da política e da disputa pelo poder no
Rio ligado ao surgimento da facção bolsonarista e da guerra urbana dos territórios
pentecostalizados (a autora não separa a fração do neopetencostalismo).</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Viviane em sua publicação de densas 170 páginas, expõe um pentecostalismo
fluido do “espírito santo” que protege a todos que se associam contra o mal,
seja quem for: o Estado, ou os grupos rivais na disputa pelo território que tem
levado a um “Jesus dono desse lugar” a partir da narcoreligiosidade. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">É importante registrar que a autora não apenas dá crédito,
mas utiliza de uma forma inteligente, resgatando e contextualizando, em ótima síntese,
fontes anteriores que pesquisara e trataram do tema como Marcos Alvito, Cristina
Vital da Cunha, Patrícia Birman, o próprio Bruno Manso e dezenas de outros autores citados nas referências), indo
bem além, numa pesquisa empírica de quem vê e vem de dentro do fenômeno e no território
onde o mesmo se desenvolve. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Viviane Costa explica em boa parte essa guerra do bem (guerra
das divindades ou guerra santa) que envolve as disputas pelo domínio do território.
Em que pastor pode ser também chefe do tráfico (TCP), frequenta cultos e se
mistura nessa ambiguidade (para nós estranha), mas que dá direção ao seu grupo,
ao território, constitui novas lideranças, define estratégias, etc. tudo (ou
quase) sob “a orientação de Deus”. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Viviane atualiza dados sobre a colossal expansão da religião
evangélica que se sustenta numa potente rede de proteção material e espiritual
onde o Estado é ausente. Assim, falam de manuais, dão orientações de táticas de
guerra, de expansão do credo e informam sobre novas batalhas santas (“proibidões”)
quando e onde formam novos ídolos e personalidades (gospel e influenciadores),
estilos culturais, etc.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Ambos os relatos permitem ver, por boas frestas, como a religião
evangélica se torna uma chave interpretativa das dinâmicas de violências
facciosas no Rio de Janeiro para domínio do território, visto como espécie de “reconstrução
dos muros da Cidade Santa” que obedeceria a ordens divinas em territórios em
que “Jesus passa a ser o dono do lugar”, como o Complexo de Israel
(Parada de Lucas e Vigário Geral), da mesma forma que se entende a hegemonia
política da extrema-direita na periferia do Rio de Janeiro.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Fica claro com o livro, as identificações econômicas e
neoliberais comuns às teologias pentecostais que aparecem não por acaso nas
estruturas dessas organizações narcoreligiosas. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Trata-se de um fenômeno complexo, amplo, mais que ambíguo,
multifacetado e para nós (outros, quase em minoria), ainda quase que invisível.
Um fenômeno que, segundo a autora “se entrelaça em nome de Deus, por disputas
espirituais e por território, nas fronteiras de uma guerra que não tem fim no
horizonte”. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Penso que é preciso sair da superficialidade das leituras
preconceituosas e da ideia apenas das diferenças entre pentecostais e neopentecostais
como base da extrema-direita nas periferias de nossas metrópoles. Há que se
oferecer alternativas e isso não é simples, porque se enfrenta uma enorme base
instalada de organizações que fazem a mistura do divino com o material e a
junção da concepção de mundo que junta o neoliberalismo e a divindade.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Vale muito a leitura de ambos os livros. Peço desculpas pela
extensa e humilde resenha, mas ela tem a finalidade de não apenas sugerir, mas
insistir que vale a pena a leitura de ambos os livros. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Mesmo que as perspectivas nas fronteiras dessa guerra (dissimulada)
pareça não ter fim, haveremos de prosseguir tentando entendê-la como parte de
uma disputa de classes e interesses no ambiente do capitalismo hegemonicamente financeiro
e neoliberal. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Não haverá saídas sem a participação direta da população
periférica e marginalizada que foi capturada pela esperança vendida com
enorme rede de proteção que ofereceu solidariedade e novos horizontes. São
essas crenças e ações que seguem em disputa. <o:p></o:p></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7918161.post-41676354629600963022023-11-19T16:06:00.003-03:002023-11-19T16:06:59.894-03:00BlackRock: estratégias e ampliação da participação em negócios financeiros e corporações no Brasil<p><span style="white-space-collapse: preserve;">O fundo financeiro americano BlackRock é a maior gestora de fundos do mundo, controlando um patrimônio líquido que não para de aumentar e chega, hoje, a cerca de US$ 10 trilhões ou R$ 50 trilhões no mundo. No Brasil, a BlackRock atua tanto na capitalização para seus fundos, quanto nos investimentos em valorização de ativos da economia real. </span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghj6j9S1Jhed7-9k-VNnEZGEegj94CseqFMBrBjNG3n5UsPV0uwmzlf1ZCinKZeQ92Tyl5B4oD6yaowwQUy1s6Gh3Jmu1NGMQNXx82k-ua6hJ_VHSKjBm1ISDXZF9d7CCB1I4z36yHs9Sy_Glbc0lCvWGSzr7vkaYJWRuuGFNRK1x1K1UntQ/s275/Imagem%20blackrock.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="183" data-original-width="275" height="133" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghj6j9S1Jhed7-9k-VNnEZGEegj94CseqFMBrBjNG3n5UsPV0uwmzlf1ZCinKZeQ92Tyl5B4oD6yaowwQUy1s6Gh3Jmu1NGMQNXx82k-ua6hJ_VHSKjBm1ISDXZF9d7CCB1I4z36yHs9Sy_Glbc0lCvWGSzr7vkaYJWRuuGFNRK1x1K1UntQ/w200-h133/Imagem%20blackrock.jpg" width="200" /></a></div><p><span style="white-space-collapse: preserve;">Esse valor de patrimônio sob gestão do BlackRock no mundo de US$ 10 trilhões é equivalente a 6X o PIB de todo o Brasil, embora essa comparação seja para ter ideia dos volumes de capital, mas um se trata do valor de patrimônio em valor de mercado - incluindo capital fictício - e outro estoque de riqueza real do país. No Brasil, não se tem o número exato do volume de patrimônio e participações da BlackRock entre investimentos em inovações financeiras (ações, outros fundos, etc.) e nas participações de corporações da economia real.</span></p><span style="white-space-collapse: preserve;">Porém, é vasta e impressiona a quantidade os investimentos e participações do fundo financeiro BlackRock em grandes corporações no Brasil. Em geral, são participações que oscilam entre 1% e 10%. Ex: Petrobras, Eletrobras, Bradesco, Light, Equatoral Energia, Embraer, JBS, Suzano Celulose, BRF, Marfrig, Minerva, Klabin, Fibria, Vale, Itaú, Bradesco, BTG, </span><span style="white-space-collapse: preserve;">PRio, 3R Petroleum, </span><span style="white-space-collapse: preserve;">Gerdau, Usiminas, Energisa, Cemig, Copasa, Via Varejo (Casas Bahia), Renner, Ambev, WEG, </span><span style="white-space-collapse: preserve;">Grupo Soma (Hering, Animale e Farm), </span><span style="white-space-collapse: preserve;">Arezo, Drogasil, Localiza, Assaí, Iguatemi, Cyrela, Qualicorp, etc. Vale observar que essas participações são muito dinâmicas e se alteram muito rapidamente no tempo conforme busca de maior rentabilidade.</span><br /><br /><div><div><span style="white-space-collapse: preserve;"><br /></span></div><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizKchqfFJcYwVpn5iHYcb-H8cxx2dSW7Je-p56ObTYvcjvXNMpv76IHpHutJajkhfn4EjefeJAesidJmbjepU7ihF148X4lt5BvGRLaRoIRJ_kWIKzhErN-9BDIXD97ySqAIesMFMDSxhyphenhyphen3LIagMyXacZJyacMHet1tHPgKX6ZN6uZkleXKw/s603/Quadro%20e-investidor%20em%2030-05-2023.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="563" data-original-width="603" height="598" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizKchqfFJcYwVpn5iHYcb-H8cxx2dSW7Je-p56ObTYvcjvXNMpv76IHpHutJajkhfn4EjefeJAesidJmbjepU7ihF148X4lt5BvGRLaRoIRJ_kWIKzhErN-9BDIXD97ySqAIesMFMDSxhyphenhyphen3LIagMyXacZJyacMHet1tHPgKX6ZN6uZkleXKw/w640-h598/Quadro%20e-investidor%20em%2030-05-2023.jpg" width="640" /></a></div><span style="font-size: x-small;">Fonte: Quadro e-investidor publicado em matéria 30 maio 2023.</span><br /><span style="white-space-collapse: preserve;"><br /></span><div>Como se sabe, os negócios e participações da BlackRock vão bem para além do quadro acima que mostra alguns dos principais movimentos no final de 2022 e início de 2023. A gestora de fundo de investimentos BlackRock está presente em negócios de diversos setores no Brasil como energia (eletricidade e petróleo), bancos, agronegócio, alimentos, mineração, siderurgia, indústria, comércio e varejo, construção e imobiliáio, etc. e também utiliza o discurso de privilegiar a visão ESG (<i>Environmental, Social and Governance</i> ou investimentos em Meio Ambiente, Social e Governança) com foco na sustentabilidade e da transição energética. </div><div><br /></div><div>No Brasil, mais recentemente, chama a atenção o avanço dos investimentos em negócios privatizados e em termos espaciais há agora um grande interesse em Minas Gerais que está em vias de privatização de empresas estatais com o governo Zema. </div><div><br /></div><div>No mundo, e em especial nos EUA, a BlackRock também tem ampla e diversificada participação em grandes corporações do setor de energia (Esso), tecnologia (Big Techs: Apple, Google, Microsoft, Tesla), indústria, alimentação, varejo (Wallmart) e investimentos cruzados com outros grandes fundos globais como o Vanguard, Fidelity, Morgan Staley, etc. que fazem o mesmo com outras companhias mundo afora. Como se observa, muitas dessas corporações possuem ramificações no Brasil com filiais e/ou subsidiárias.</div><div><span style="white-space-collapse: preserve;"><br /></span></div><div><span style="white-space-collapse: preserve;">Quem controla, mesmo que de forma minoritária, tão ampla participação em diferentes setores e territórios, sempre atuará tanto politicamente em defesa dos seus interesses, quanto geoeconomicamente, para garantir ganhos em escala e não necessariamente localizados em ativos por país. O que muitas vezes explica negócios, aparentemente inexplicáveis, de entrada e saída na participação de companhias, que individualmente não teriam razões para isso.</span></div><div><span style="white-space-collapse: preserve;"><br /></span></div><div><span style="white-space-collapse: preserve;">Vale observar com atenção os movimentos de entrada e saída dessas participações acionárias da gestora BlackRock no Brasil. Em especial no setor elétrico, lembrando que na Eletrobras privatizada por Bolsonaro, o BlackRock tem posição expressiva superior a R$ 6 bilhões. Na América Latina, a BlackRock tem investimentos e patrimônio da ordem de quase US$ 100 bilhões.</span></div><div><span style="white-space-collapse: preserve;"><br /></span></div><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXCO6QGudPcX926tTd1fqYaaONB9vY5V9_UkzFAsEma0Z7QYrFOE-PrU9wxnicQD7tsdf4qpLZy3mGBDTVaMOe_YwVaum1Zf2mZis-V54D9BichVofhxHaO7Q0xOrxoyCYsDhDGXztxVvLriVKNyHQ4OLDmj6YbBCjh7tN7iisH-cP306Z-A/s360/imagem%20livro%20fundos%20financeiros.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="360" data-original-width="240" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXCO6QGudPcX926tTd1fqYaaONB9vY5V9_UkzFAsEma0Z7QYrFOE-PrU9wxnicQD7tsdf4qpLZy3mGBDTVaMOe_YwVaum1Zf2mZis-V54D9BichVofhxHaO7Q0xOrxoyCYsDhDGXztxVvLriVKNyHQ4OLDmj6YbBCjh7tN7iisH-cP306Z-A/s320/imagem%20livro%20fundos%20financeiros.jpg" width="213" /></a></div></div><div><span style="white-space-collapse: preserve;">Tenho insistido desde o lançamento do livro "<i>A ´indústria´ dos fundos financeiros: potência, mobilidade e estratégias no capitalismo contemporâneo</i>" (Ed. Consequência, 2019) sobre a necessidade de melhor se observar o papel que as gestoras de fundos globais realizam no âmbito da configuração da atual hegemonia financeira no Brasil e no mundo. </span></div><div><span style="white-space-collapse: preserve;"><br /></span></div><div><span style="white-space-collapse: preserve;">São movimentos que mostram ainda o enlace do BlackRock com o setor bancário, fundos financeiros nacionais, controle das inovações financeiras (e papeis), captura de excedentes nacionais em seus diferentes tipos de capitalização e ainda dos ativos da economia real, em controle de ativos que vai lhe garantir valorização, alta rentabilidade e capacidade de interferência nas políticas e nas economias nacionais. </span></div><div><span style="white-space-collapse: preserve;"><br /></span></div><div><span style="white-space-collapse: preserve;">Essa denominação de ativos explica como as gestoras dos fundos financeiros lidam de forma simultânea com negócios financeiros (aplicação em renda fixa, titulo, ações e mercado de capitais, câmbio, etc.) e as aplicações em companhias da economia real, onde apostam na sua valorização e nos rendimentos a serem capturados das economias nacionais. A denominação de ativos facilita a comparação destes diferentes tipos de investimentos que passam a ser considerados pelo valor de mercado, incluindo especulação e expectativa de valorização futura e não pela capacidade produtiva de riqueza. </span></div><div><span style="white-space-collapse: preserve;"><br /></span></div><div><span style="white-space-collapse: preserve;">Um dos instrumentos do BlackRock nesses movimentos é sua plataforma Aladdin muito voltada para os fundos tipo ETF </span><span style="white-space-collapse: preserve;">e/ou iShares</span><span style="white-space-collapse: preserve;">(fundo de índices ou fundos coletivos negociados em bolsas) em que sua capacidade oligopólica de atuação permite simular movimentos e rentabilidades de entrada e saídas em prazos mais curtos que engolem estimativas de investidores e corretoras menores. </span></div><div><span style="white-space-collapse: preserve;"><br /></span></div>A plataforma Aladdin, é um sistema operacional potente que faz uso de fortíssimo aparato computacional, baseado em nuvens (centro de dados ou datacentes), que disponibilizam dados em grandes painéis de vídeo, espécie de central de operação, com capacidade de monitorar online (ou diariamente) milhares de fatores de risco, levando em conta milhares de cenários para dezena de milhares de carteiras. </div><div><br /></div><div>Com uso de pessoal qualificado em TIC e finanças, essa plataforma (sistema) pode submeter seus investimentos a testes de stress com centenas de milhões de cálculos e algoritmos que são atualizados e ajustados para opções de seus interesses. <span style="white-space-collapse: preserve;">Outro forte instrumento de capitalização é a atração do capital de grandes famílias para seus investimentos no Brasil e fora, através das careteiras do tipo </span><i style="white-space-collapse: preserve;">family office</i><span style="white-space-collapse: preserve;">. </span><div><span style="white-space-collapse: preserve;"><br /></span></div><div><span style="white-space-collapse: preserve;">Trata-se de uma forma mais agressiva de financeirização que substitui o crédito e o endividamento bancário pelo controle direto dos ativos escolhidos em prateleira, onde através dos seus representantes, CEOs e diretores com mandatos temporários e fixados e ganhos conforme resultados pré-definidos que acabam impondo perversos mecanismos de enxugamento, exigem "reengenharia", pressões sobre os vários stakeholders e precarização sobre o trabalho no território.</span></div><div><span style="white-space-collapse: preserve;"><br />É essencial entender e debater esse fenômeno sobre as cadeias de valor global, a atuação transversal e transfronteiriça dos fundos, sobre a geoeconomia, a geopolítica, a disputa pelo poder político nos países e a formulação das estratégias dos projetos nacionais de desenvolvimento.<br /></span></div></div></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7918161.post-26432390527746946242023-11-06T11:35:00.005-03:002023-11-06T11:35:59.064-03:00O Brasil precisa de mais - e eficiente - Estado socialMuitos na sociedade falam da necessidade de reduzir o Estado e perdem a noção do peso da previdência social e dos direitos sociais na vida das pessoas e também dos municípios. Nesse sentido, a nossa Previdência Social e o INSS prestam um serviço e cumprem um papel nem sempre reconhecido.<div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://www.gov.br/esocial/pt-br/noticias/desativacao-do-e-mail-eventosretidosesocial-inss-gov.br/inss.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="800" height="113" src="https://www.gov.br/esocial/pt-br/noticias/desativacao-do-e-mail-eventosretidosesocial-inss-gov.br/inss.jpg" width="200" /></a></div><div><div>No Brasil todo, 37,6 milhões de pessoas recebem algum benefício (aposentadoria, pensão e/ou auxílios) do INSS. Em 2022 o INSS pagou a extraordinária quantia de R$ 734 bilhões. Uma quantia espantosa.</div><div><br />Só para se ter uma ideia na escala local. Em Campos dos Goytacazes, município de médio porte com 474 mil habitantes, o INSS pagou no ano passado (2022) cerca de R$ 1 bilhão a 87 mil beneficiários. Ou seja, 18,5% da população recebe algum benefício, seja aposentadoria (a maioria), pensão e auxílio de diversas naturezas. Valor equivalente a mais de 1/3 do orçamento previsto para o município em 2023.</div><div><br />Uma potente rede de proteção social que alimenta o circuito da economia local e que acaba por garantir emprego e renda em setores como comércio e os serviços, hoje, o maior empregador no município de Campos dos Goytacazes. Esse dinheiro pago pelo INSS é fonte de emprego, geração de renda, salário e proteção social.</div><div><br />Essa conversa de menos Estado é um engodo. </div><div><br /></div><div>O Estado social pode ser aperfeiçoado para ser mais eficiente. Necessitamos de um Estado Social com boas políticas públicas de saúde, educação, transportes. Digitalização para facilitar a vida de todos e não dirigir dados e rendas para os oligopólios das Big Techs.</div><div><br /></div><div>Um Estado que regule o trabalho (em suas diferentes formas) e nos garanta direitos para superar a atual e enorme precarização, onde sofre aqueles que não possuem esses direitos. </div><div><br /></div><div>O Estado Social é também base da economia e só reduzindo a desigualdade se pode pensar e falar em democracia.</div></div></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7918161.post-85252454326165894592023-10-23T12:38:00.001-03:002023-10-23T12:38:19.679-03:00Nº de matrículas no ensino superior presencial se estabiliza em cerca de 17 mil, em 2022 em Campos, RJ. Somado à EaD chega a 27 mil graduandos. Este blog, há quase duas décadas, publica a evolução das matrículas nas instituições de ensino superior no município de Campos dos Goytacazes, RJ e demais municípios fluminenses. Os números têm sido extraídos e tabulados da complexa "base de microdados" do Censo do Inep/MEC, em trabalho dedicado, feito exclusivamente para o blog (e pesquisadores que aqui colhem informações), pelo professor José Carlos Salomão Ferreira (IFF). Esses indicadores são do Censo do Ensino Superior 2022. <div><br /></div><div>Na semana passada publicamos aqui os números do <a href="https://www.robertomoraes.com.br/2023/10/ensino-distancia-ead-em-campos-dos.html">Ensino à distância (EaD) em Campos dos Goytacazes cresceu mais que o dobro do Brasil</a>. Agora apresentamos a evolução dos dados das matrículas do ensino presencial entre os anos 2003 e 2023 no município, classificados por instituição e com uma tabulação comparativa do número de matrículas nas instituições públicas e privadas. </div><div><br /></div><div>A redução do total de matrículas presenciais no município de Campos dos Goytacazes entre 2022 e 2021 é pequena, de pouco mais de 1%, saindo de 17,4 mil para 17,1 mil, caracterizando uma estabilidade, embora com algumas variações no nº de universitários entre as onze instituições ofertantes no município. </div><div><br /></div><div>O pico do nº de matrículas no ensino superior presencial em Campos foi de 21.244 matrículas em 2008, quando o número de bolsas universitárias das prefeituras era grande (com a fartura dos royalties) e o percentual de matrículas nas instituições privadas era de 78% do total. Abaixo a tabela com os números extraídos do Censo do Ensino Superior 2022 do Finep-MEC.</div><div><br /></div><div><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg6tz0SkPb2ko3GVIainudYVMGkP43_JJveOvocXlb5rUR9Kj9MgRaVzMg-JIUmyG5ksjHODR7EqEqsX6yNp6zgJttpc9ngLeJAczUWxlllron7IKfkd_mvDDtJkFrKuzdcN16uRmty7uM0Kxe3JiuOUMWXnWrxCQQXCIQ2sft-4uMwhC8cjw" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="837" data-original-width="1204" height="445" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg6tz0SkPb2ko3GVIainudYVMGkP43_JJveOvocXlb5rUR9Kj9MgRaVzMg-JIUmyG5ksjHODR7EqEqsX6yNp6zgJttpc9ngLeJAczUWxlllron7IKfkd_mvDDtJkFrKuzdcN16uRmty7uM0Kxe3JiuOUMWXnWrxCQQXCIQ2sft-4uMwhC8cjw=w640-h445" width="640" /></a></div></div><div><div><br /></div><div>Desde 2021, as instituições públicas somam mais matrículas que as instituições privadas: 8.708 matrículas (8.708 matrículas: 50,7% x 8.455 matrículas: 49,3%. A instituição pública com maior número de graduandos é o Instituto Federal Fluminense (IFF) com 3.791 matrículas, seguido da UFF com 2.333 matrículas, depois Uenf com 2.088 matrículas. </div><div><br /></div><div>Entre as instituições privadas no município, a que possui o maior nº de graduandos é a Estácio com 2.292 matrículas, seguido do Isecensa com 1.648 matrículas e depois a Universo com 1.574 matrículas. A maior perda de matrículas entre as instituições públicas é da Uenf com menos 216 graduandos e nas instituições provadas da Ucam com menos 286 matrículas. A Ucam chegou a ter 2.442 universitários em 2018 e em 2022 tinha regredido para 913 graduandos.</div></div><div><br /></div><div>Observa-se, como já temos comentado nos levantamentos nos anos anteriores, que o ensino universitário deve ser sustentado no tripé: ensino, pesquisa e extensão, que deveriam funcionar de forma integrada, em que cada uma alimenta a outra. E neste caso, a pesquisa e extensão nas instituições privadas são irrisórias ou não existem. Em especial, a pesquisa, já que a extensão, existe com alguns esforços nesse sentido, em algumas das sete instituições privadas que funcionam em Campos, RJ. No caso de EaD a ausência da extensão e pesquisa é ainda pior.</div><div> </div><div>Vale ainda observar que as variações entre 2020 e 2022 decorrentes da pandemia acabaram não sendo tão grande como se imaginou num primeiro momento no ensino presencial, embora o crescimento do número de matrículas no ensino superior à distância (EaD), em todo o Brasil e também em Campos seja expressivo.</div><div><br /></div><div><br /></div><div><b style="background-color: #c0a154; color: #333333; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13.524px;"><div style="text-align: justify;"><b>Referências</b>:</div></b>[1] Postagem do blog em 1 de novembro de 2202. <b>Nº de matrículas no ensino superior presencial cai 4% em Campos, RJ, mas com ligeiro aumento nas instituições públicas</b>. Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2020/11/n-de-matriculas-no-ensino-superior.html</div><div><br /></div><div>[2] Postagem do blog em 18 de abril de 2202. <b>Nº de matrículas no ensino superior presencial cai 5% em 2020, em Campos, RJ. Porém, somado à EaD chegam a 25 mil graduandos</b>.</div><div> Disponível em: https://www.robertomoraes.com.br/2022/04/n-de-matriculas-no-ensino-superior.html<br /><br />[3] Postagem do blog em 22 de setembro de 2019. <b>Nº de matrículas no ensino superior presencial se estabiliza em Campos nos últimos 4 anos: percentual aumenta nas públicas</b>. Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2019/09/n-de-matriculas-no-ensino-superior.html<br /><br />[4] Postagem do blog em 23 de setembro de 2018. <b>Apesar da crise, as matrículas no ensino superior em Campos se estabilizam em 20 mil graduandos</b>. Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2018/09/apesar-da-crise-as-matriculas-no-ensino.html<br /><br />[5] Postagem do blog em 11 de novembro de 2017. <b>Censo do Ensino Superior 2016: Campos com 19,8 mil universitários. E a qualidade?</b> Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2017/11/censo-do-ensino-superior-2016-campos.html<br /><br />[6] Postagem do blog em 8 de dezembro de 2017. <b>Entre 2003 e 2016, as matrículas no ensino superior no ERJ cresceram 36%. Nas instituições públicas cresceram (82%). Mais de três vezes que (25%) o crescimento nas instituições privadas</b>. Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2017/12/entre-2003-e-2016-as-matriculas-no.html<br /><br />[7] Postagem do blog sobre o Censo no anos anteriores. Em 23 nov. 2016.<br /><b>Campos aumenta nº estudantes no Ensino Superior para 19,3 mil matrículas</b>. Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2016/11/campos-aumenta-n-estudantes-no-ensino.html<br /><br />[8] Postagem do blog em 1 de mar. 2016. <b>Campos possui 18 mil alunos no Ensino Superior</b>. Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2016/03/campos-possui-18-mil-alunos-no-ensino.html<br /><br />[9] Postagem do blog em 18 de ago. de 2015. <b>Ensino superior em Campos perde 4 mil matrículas em 5 anos.</b> Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2015/08/ensino-superior-em-campos-perde-4-mil.html?m=1<br /><br />[10] Postagem do blog em 31 jul 2015. <b>Campos tem 17,1 mil alunos matriculados no Ensino Superior</b>. Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2015/07/campos-tem-171-mil-alunos-matriculados.html</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7918161.post-75870877553426495132023-10-19T12:29:00.006-03:002023-10-20T13:09:31.209-03:00 Ensino à distância (EaD) em Campos dos Goytacazes cresceu mais que o dobro do BrasilNo município de Campos dos Goytacazes, RJ, em 2009 eram 886 matrículas em EaD ofertadas por 8 instituições. Já no ano passado, em 2022, eram 9.864 matrículas, ofertadas por 38 instituições, instaladas pelo país. <div><br /></div><div>Em 13 anos, um crescimento de mais de 11 vezes no número de matrículas no município, enquanto em todo o Brasil, eram 837.431 matrículas em 2009, tendo passado para 4.321.934 matrículas em 2022, com um crescimento de 5 vezes.<div><div><br />Já as matrículas no ensino superior presencial no município de Campos dos Goytacazes tem se mantido relativamente estável na última década, em torno de 17 mil estudantes, embora com variação do n.º de universitários por instituição. Porém, esses dados publicaremos adiante no blog, como fazemos há muito tempo. <span style="white-space-collapse: preserve;">Não há o que comemorar, mas muito a ser analisado e em várias dimensões.</span></div><div><br />Essas informações foram estratificadas dos microdados do Censo do Ensino Superior Inep/Mec e foi divulgado há poucos dias. A tabulação é do professor do IFF, <a href="https://www.facebook.com/josecarlos.salomao.9?__cft__[0]=AZV10uoXn5Kk6l_vWRGVx_6NL2cRnWEteoYj-FtHKjL1Id_X5_gisc7BJIqDG4AiWcPXcngv6xWUslgB9985WiZVj1R-31fByXynoEQ-sAlDsvZmXunLoG3DsAavz1aTUsSyjHNJYhHnkAsfH4P_bM58XUM2O-yOhlP-m1VucsMkNQ&__tn__=-]K-R">Jose Carlos Salomão</a>, que realiza esse levantamento há quase duas décadas.</div></div><div><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4T2TCkYnggvDloedxj7XiVimOzL1fXsdmf64GBteowYatX1_gzUX-PNwnE8EXhnzPcazI5i3CuoxuTOwwuE4bO7aoAurvpPqqxm_cZv5fgpDnMkysxE_LjO6DQdd2LdMZmOHsHMAMeODBC4YgA4JyYBkFcHqqShjfFNe5fFBGxCVRBSwKwQ/s567/IMG-20231018-WA0017.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="61" data-original-width="567" height="69" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4T2TCkYnggvDloedxj7XiVimOzL1fXsdmf64GBteowYatX1_gzUX-PNwnE8EXhnzPcazI5i3CuoxuTOwwuE4bO7aoAurvpPqqxm_cZv5fgpDnMkysxE_LjO6DQdd2LdMZmOHsHMAMeODBC4YgA4JyYBkFcHqqShjfFNe5fFBGxCVRBSwKwQ/w640-h69/IMG-20231018-WA0017.jpg" width="640" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVw1WTI1RM84WrSOb66AEjgjzDb2-o7ibhueq4FU0fLImH1XVbskDQtgpeLSUlrDmfKgOE0Zsx03f4yXiWV_1uCZ6zUPs4CHCq_sDJeKtXin4FnTbcqCZYSvshZdcya3LKq7BFcfHYJ6TthwerSbh0pYPPRt8Et-U0SVsQruAJ1keXWdipUQ/s373/IMG-20231018-WA0019.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="41" data-original-width="373" height="70" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVw1WTI1RM84WrSOb66AEjgjzDb2-o7ibhueq4FU0fLImH1XVbskDQtgpeLSUlrDmfKgOE0Zsx03f4yXiWV_1uCZ6zUPs4CHCq_sDJeKtXin4FnTbcqCZYSvshZdcya3LKq7BFcfHYJ6TthwerSbh0pYPPRt8Et-U0SVsQruAJ1keXWdipUQ/w640-h70/IMG-20231018-WA0019.jpg" width="640" /></a></div><br /><div><br /></div></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7918161.post-11160583553991133362023-09-07T17:14:00.000-03:002023-09-07T17:14:17.397-03:00Kopenhagen & Nestlé: um negócio entre fundos financeirosMuitos não se deram conta que entre os donos da antiga e inovadora empresa Konpehagen e a Nestlé, a empresa passou pelas mãos do fundo americano Advent International, que ganhou um bom dinheiro nessa intermediação. <p><span style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; white-space-collapse: preserve;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhY8sdDu9g47sB_wK_q76BQ0l8G0sGjXQvGjmFT0zzTD6s0PGaFPbrj19DsPwR2Use90YDds75UerotAfC48uIHV5jkPAsrzqe327ciGtI2PGGzLLbVy8IPkkOA2pGwBv-OoF-bR2XR2P5i4chyA3L941OKQ2jQdwbXi7pRNoUpuDQescObug" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="527" data-original-width="600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhY8sdDu9g47sB_wK_q76BQ0l8G0sGjXQvGjmFT0zzTD6s0PGaFPbrj19DsPwR2Use90YDds75UerotAfC48uIHV5jkPAsrzqe327ciGtI2PGGzLLbVy8IPkkOA2pGwBv-OoF-bR2XR2P5i4chyA3L941OKQ2jQdwbXi7pRNoUpuDQescObug" width="273" /></a></div><p></p>Entre processos de capitalização e valorização, essencialmente a gestora de fundos serviu de intermediadora.<div> <br />Na ocasião informou que teria comprado a Kopenhagen para abrir capital em IPO, mas era jogo de cena, para entregar o mercado à gigante Nestlé. <br /><br />Como destinatário final dos negócios, a Nestlé objetivou manter o controle sobre mercado de chocolates no Brasil, numa estratégia que se segue à compra de outra fabricante brasileira tradicional, a Garoto. <br /><br />Antes de terminar uma parte dos bastidores que não aparece na mídia financeira e corporativa, vale dizer que a Nestlé, há algum tempo deixou de ser apenas aquela grande corporação suíça e hoje é um ativo controlado por grandes fundos, entre eles o também americano, Vanguard Group.<br /><br />As indústrias são de chocolate (alimento) na economia real, mas os negócios são de natureza financeira e oligopólica. Por isso, nossa referência, aos negócios quase simultâneos que misturam capitalização, valorização e oligopolização que são atualmente sustentados pela hipermobilidade dos fundos financeiros globais.</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7918161.post-91808503869267060702023-08-25T17:16:00.005-03:002023-08-25T17:20:37.887-03:00Empresas do Porto do Açu querem reduzir ainda mais a alíquota de ISS paga à PMSJB<p>Há cerca de dez dias, eu escrevi um texto (<a href="http://www.robertomoraes.com.br/2023/08/porto-do-acu-mais-enclave-e-territorio.html" target="_blank">aqui</a> no meu blog e no FB), que é uma síntese de uma análise mais ampla e aprofundada, sustentando com alguns dados e argumentos, que o Porto do Açu, quinze anos depois do início de sua construção e quase dez do início de sua operação, se estabelece muito mais como um negócio de base - em especial - extrativista, de enclave e como um território de passagem do que como um projeto de desenvolvimento.</p>Não vou repetir o texto e nem os argumentos. Quem desejar volte ao mesmo. Porém, o mesmo suscitou algumas conversas, debates e informações, mas a maioria fora do ambiente da internet.<br /><br />Algumas pessoas (nem muito e nem poucas) me procuraram para concordar no todo, ou em parte, ou com o desejo de aprofundar o diálogo sobre o tema e tudo que o mesmo acabava por provocar, na medida em que o assunto tende quase sempre a suscitar mais discursos vagos e difusos sobre progresso, do que análises, pelo menos, um pouco mais profundas.<br /><div><br /><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://petroleohoje.editorabrasilenergia.com.br/wp-content/uploads/sites/3/2018/03/prumo-1.jpg" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="800" height="181" src="https://petroleohoje.editorabrasilenergia.com.br/wp-content/uploads/sites/3/2018/03/prumo-1.jpg" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">Terminal Onshore T2 do Porto do Açu. Fonte: Petróleo Hoje.</span></td></tr></tbody></table>Para mim, o desejo de conversas mostra e justifica, porque ainda mantenho o blog e algumas postagens nas redes sociais.<div><div><br />Uma das informações que me chegaram é que representantes de empresas instaladas no Porto do Açu, estão "sugerindo" à Prefeitura de São João da Barra, reduzir ainda mais a alíquota do Imposto sobre Serviços (ISSQN) de 2,5% para 2% que pagam ao município. <br /><br />A informação/intenção não pública, mas confirmada por outra fonte, corrobora boa parte dos argumentos apresentados no texto anterior, e merece alguns outros comentários. <br /><br />A infraestrutura de circulação do projeto portuário, visa atender o fluxo de minerais extraídos do que a projetos de desenvolvimento locais e/ou regionais. Como já disse antes, o Porto quer fluidez de suas cargas, custos reduzidos na movimentação de cargas, maior produtividade e pouco, ou nenhum enlace, ou integração com a região. <br /><br />O ISS é - e tem sido - uma das poucas rendas que fica no município, entre todos os fluxos que pelo Porto do Açu passam e que, no ano passado, superou o valor de R$ 12 bilhões e deve chegar esse a próximo de R$ 20 bilhões.<br /><br />Vale lembrar que a PMSJB, no final do ano de 2004, já sabendo dos negócios que apontavam para a implantação de um porto no Açu, apresentou à Câmara de Vereadores, o projeto de lei do ISS com mudança da alíquota do tipo de serviços portuários reduzindo-o de 5% para 2,5%. Sim, metade como "incentivo fiscal municipal".<br /><br />Desde 2004 até hoje, a lei revista anualmente, vem mantendo essa alíquota de 2,5%, mesmo que em outros municípios também com bases portuárias, essa alíquota esteja sendo corrigida para valores até 5%. <br /><br />Evidente que com as construções do Porto do Açu a receita municipal de ISS em SJB foi se ampliando: R$37 milhões em 2012; R$ 63 milhões em 2014, ano do início das operações do porto com exportações de minério de ferro; R$ 81 milhões em 2019 e R$ 119 milhões em 2022.<br /><br />É uma boa receita para o município, ainda mais que é própria, embora ainda inferior às receitas petrorrentistas municipais com os royalties do petróleo que, em 2022, chegou a R$ 174 milhões. <br /><br />Porém, é absurda a sugestão dos vários negócios instalados junto do Porto do Açu, desejarem outro incentivo fiscal dessa ordem de 0,5%.</div><div><br />Em termos percentuais é uma redução que parece mínima, mas em valores absolutos e referentes ao ano de 2022 equivaleriam a uma perda de receita de R$ 24 milhões, em apenas um ano. <br /><br />Imagina se a alíquota tivesse sido mantida em 5%. Em 2022, o município de SJB teria tido uma receita de ISS de cerca de R$ 240 milhões.<br /><br />O porto não é uma dádiva para o município ou região. É um negócio que se utiliza e produz o território segundo seus interesses, e nesse caso com quase nenhum enlace e com desejo de fluidez na movimentação das cargas e pouca interação ou enlaces com a comunidade que oferece a base territorial, onde foi instalada uma enorme infraestrutura logística-portuária para corredores de exportação e num grau menor de importação.<br /><br />Para fechar, a reflexão que complementa o artigo anterior, é interessante ainda perceber que desde 2013, quando os donos dos Porto do Açu mudou de mãos, saindo da LLX, subsidiária do grupo EBX do Eike Batista, para controle do fundo americano EIG Global Energy Partners (76%) e fundo soberano Mubadala de Abu Dhabi nos Emirados Árabe Unido (EAU) com 24%, os questionamentos sobre os negócios e interesses avantajados do novo controlador se reduziram. <br /><br />Creio que não exista outro argumento que não seja, o quase total desconhecimento sobre as práticas (processos, modus operandi e estratégias) utilizadas pelas gestoras dos fundos financeiros em seus negócios na gestão do que chamam de ativos, para diferentes setores e lugares no mundo. <div><br /></div><div>É fácil e possível saber em que tipos de atividades, negócios e lugares as gestoras dos fundos financeiros investem, mas a grande maioria das pessoas não sabem quem investe nesses fundos, seus interesses e muito menos, a forma e o modo como eles tomam posições, no comando sobre os diretores e gerentes que atuam no território e no qual se inserem interesses como esse de reduzir o ISS pago ao município que serve de base às suas operações e negócios globais.</div><div><br /></div><div>Penso que a região Norte Fluminense precisa compreender um pouco melhor sobre tudo isso e não e apenas aprovar ou rejeitar o destino que não é nem nunca foi inexorável.<br /></div></div></div></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7918161.post-36591621484374552032023-08-14T11:39:00.003-03:002023-08-14T11:50:20.897-03:00Porto do Açu mais enclave e território de passagem do que desenvolvimento teve R$ 12 bi de movimentação em 2022Muitos dizem que um porto é uma porta ou janela para o mundo. É verdade e estão certos. Porém, é importante lembrar que as bases e os portos de última geração, afastados das áreas urbanas, são também e quase que apenas, territórios de passagem de corredores de exportação. <div><br /></div><div>Os grandes complexos portuários da geração mais recente dessa tipologia de portos, instalados afastados nos núcleos urbanos, são na essência bases e enclaves entre fluxos de mercadorias. Esse é o caso do complexo portuário do Porto do Açu controlado pela Prumo Logística (ex-LLX) que é de propriedade do fundo americano EIG e possui 10 diferentes terminais licenciados junto à Antaq que se utilizam dos berços offshore (T1) e onshore (T2). </div><div><br /><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7pOIOTrlVBm6FTMbR8kD9fEeBEfDFGSLt0Abqq6MUbJJSv00tMxmJU2h4arW2MrfthyxyeQ6ouO8UtTEVLyU1UuciXmB8XpSYw2Yht_5dM_ZpKPhPxDdV2HJX_F90c4FHDrU6AMBCk38euJFe5N5kjwND6Lk3669MJiQS6r0un9aNRXBy_A/s4624/1692023638125.jpg" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="3472" data-original-width="4624" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7pOIOTrlVBm6FTMbR8kD9fEeBEfDFGSLt0Abqq6MUbJJSv00tMxmJU2h4arW2MrfthyxyeQ6ouO8UtTEVLyU1UuciXmB8XpSYw2Yht_5dM_ZpKPhPxDdV2HJX_F90c4FHDrU6AMBCk38euJFe5N5kjwND6Lk3669MJiQS6r0un9aNRXBy_A/w320-h240/1692023638125.jpg" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">Vista de parte das instalações do Porto do Açu, a partir da <br />estrada de acesso à portaria principal em 12/08/2023.</span> </td></tr></tbody></table></div><div>Buscando me atualizar sobre as instalações, os movimentos dos negócios e a relação com o território, para além do acompanhamento de indicadores, informações corporativas e da gestão pública, eu fiz uma nova visita de campo no último sábado, 12/08/2023, em quase todo o entorno do Porto do Açu. A apartação entre as instalações, quase fortificadas, na área do porto, a região e a comunidade continua muito grande.</div><div><br />A riqueza extraída passa por esses dez terminais portuários com pouca ou nenhuma conexão (rugosidade) com a região. Passa minério de ferro pelo mineroduto, petróleo em transbordo entre navios, cobre vindo de grandes caminhões de Goiás, bauxita de Minas Gerais para serem exportados. Fertilizantes são importados e direcionados ao agronegócio, assim como subprodutos siderúrgicos atendem fornos no vizinho território mineiro. <div><br /></div><div>Nestes lucrativos movimentos, o operador portuário e os donos das cargas querem fluidez que é o que garante produtividade e alta rentabilidade que já vem sendo obtida. Porém, sem indústria e sem beneficiamento, o que se tem é basicamente, e só, enclave, sem integração com economia local, sem adensamento e encadeamento. Geração de energia com uso do gás importado (GNL) através da termelétrica da GNA, se produz a eletricidade que se torna novo um insumo.<div><br />As usinas termelétricas representam uma atividade que gera emprego, mas de forma mais efetiva, apenas na construção. Já na operação, a empregabilidade é pequena com a UTE só funcionando quando há redução do nível de água nos reservatórios das hidrelétricas do sistema nacional. O número de empregos na operação das UTEs fica entre 80 e 100 funcionários apenas. <br /><br />O restante das atividades são exportações extraídas no litoral com apoio à exploração offshore ou no interior no Quadrilátero Ferrífero mineiro, e que, chega ao Açu através do mineroduto, circulando pelos territórios de passagem ou cobre vindo de Goiás.<br /><br />Sim, a condição de território de circulação gera um imposto local de serviço de movimentação de cargas (ISS) que até hoje é pouco fiscalizado e pago de forma autodeclaratória pelo operador portuário.</div><div><br /></div><div>A arrecadação de ISS em SJB, nos três últimos anos, incluídos todos os tipos de serviços - e não apenas aqueles desenvolvidos no Porto do Açu e ligado às exportações -, chegou 308 milhões, com uma média na faixa de R$ 100 milhões anuais. Desde que o porto começou a operar, no segundo semestre de 2014, o valor total arrecadado de ISS em SJB, é de cerca R$ 650 milhões, quase que a única receita paga ao "território de passagem". </div><div><b><br /></b></div><div><b><br />Exportações e importações em 2022 no Porto do Açu somam <span style="font-size: medium;">R$ 12 bilhões</span>. </b></div><div><b>Até julho de 2023 chega a <span style="font-size: medium;">R$ 10,8 bilhões</span> - destaques para China, EUA e Índia</b><br /><br />Para se ter uma ideia do volume de riquezas que tem passado pelos dez terminais portuários do Açu e que se destinam às exportações, vamos olhar os números de exportações e importações do ano passado, 2022, e nos primeiros sete meses (até 31/07) do ano de 2023. <br /><br />Em 2022 o Porto do Açu movimentou <b>US$ 2,480 bilhões (R$ 12,1 bilhões)</b>, sendo <b>US$ 1,965 bilhão (R$ 9,6 bilhões) em exportações e US$ 515 milhões (R$ 2,5 bilhões) em importações</b> de cargas. <div><br /></div><div>Já nos primeiros meses de 2023, entre janeiro e julho, esse valor total entre exportações e importações já foi quase superado e chega a US$ 2,215 bilhões (R$ 10,8 bilhões), sendo US$ 1,791 bilhão (US$ 8,8 bilhões) em exportações e US$ 424 milhões (R$ 2 bilhões) em importações de cargas.<br /><br />As exportações são especialmente fruto do extrativismo do petróleo e minério de ferro. Em 2022, o destino das exportações, em valores FOB e em dólares, foram em especial para: 1) Índia US$ 669 milhões; 2) EUA US$ 567 milhões; 3) Espanha US$ 283 milhões; 4) China US$ 281 milhões e 5) Uruguai R$ 65 milhões.</div><div><br /></div><div>Nos sete meses de 2023, entre janeiro a julho, os destaques nas exportações foram: 1) China 784 milhões; 2) EUA US$ 461 milhões; 3) Índia US$ 168 milhões; 4) Espanha US$ 113 milhões e 5) Holanda US$ 113 milhões. </div><div><br /></div><div>Nas importações em 2022 e 2023* que equivalem em valores a cerca de 1/4 das exportações, os destaques são as compras vindas do Reino Unido, Alemanha, EUA; França; China, Suécia e Noruega.</div><div><br /></div><div>Diante de tanta riqueza que circula por esse território de passagem, o que fica no município de SJB e na região é muito pouco. Pela região circulam os fluxos em diferentes modais: nas rodovias mais de duas centenas diárias de enormes carretas, fluxo de minério pelo mineroduto, E.E. pelas linhas de transmissão, gás pelos gasodutos e adiante em oleodutos e ferrovia que ligará portos do ES aos terminais do ERJ. Tudo exigindo fluidez e pouquíssimo (ou nenhum) enlace com as economias locais. ´</div><div><br /></div><div>Esses fatos mostram que não é possível compreender os grandes projetos de investimentos (GPI) nos quais se incluem os complexos portuários, o desenvolvimento regional, sem analisar as relações transescalares e as articulações das cadeias globais de valor e financiamento. </div><div><br /></div><div>Esse breve comentário da postagem, é parte um texto com uma análise mais aprofundada sobre as questões macro e estruturais e em várias dimensões sobre o assunto. O texto com essa análise se destina a um capítulo de um livro-coletânea resultado de um fórum de que participei na Uenf em setembro de 2022, organizado pelo INCT, Observvatório das Metrópoles, Núcleo NF, que teve como título: "Governo e desenvolvimento urbano: características da economia extrativista e desafios para o Norte Fluminense". <br /><br />Na apresentação e debates da mesa-redonda, realizada em setembro de 2002 e no texto para o livro, eu comento sobre o longo percurso do NF, entre continuidades e descontinuidades, desde agroindústria canavieira, o extrativismo, enclaves, a logística portuária visto como Grande Projeto de Investimento (GPI), as gestoras de fundos de investimentos e a hegemonia financeira no capitalismo contemporâneo no qual a região se insere de forma subordinada como uma espécie de rota da internacionalização.<br /><br />Nesse processo e diante das estratégias de um capitalismo sob a hegemonia financeira e com a lógica da gestão de ativos, o Estado (em seus diferentes níveis) tem atuado mais como despachante de luxo do capital. Ao contrário do que se diz, não se trata de um Estado mínimo e sim um Estado potente, só que para fortalecer o mercado, e não um Estado-social que pudesse levar ao desenvolvimento da economia real em suas condições materiais, mas para atender à maioria da população do NF e do ERJ. </div><div><br /></div><div>Em síntese, a economia do Norte Fluminense oscila entre o petrorrentismo da economia dos royalties, o enclave da base de apoio operacional do extrativismo do petróleo e do gás - que está se deslocando para a Bacia de Santos - e um território de passagem de um circuito global exportador e importador. O tema merece um debate mais amplo e esforços para "desenclavar" esse circuito econômico.</div></div></div></div>Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7918161.post-30877934081597175012023-08-10T10:47:00.004-03:002023-08-10T11:51:40.131-03:0019 anos de blog!É muito tempo. Das várias e até dezenas postagens num dia, desde o 10 de agosto de 2004, hoje restam duas, três, no máximo quatro, mensais (com raro mês sem nenhum texto), alternadas com outras notas mais curtas, em um dos meus perfis nas redes sociais, onde a interação é maior. Ainda assim, o blog seguiu seu caminho.<div><br /><div>Confesso algum cansaço e muito incômodo quando lembro que as postagens podem - e devem estar servindo mais à captura de dados, treinamento e aprendizado de máquinas para algoritmos - do que para a troca crítica de informação e opiniões. </div><div><br /></div><div>Porém, há algum tempo já dava para perceber que as plataformas digitais são efetivamente isso, simultaneamente: atratividade e sociabilidade como vantagens e repulsa, isolamento, individualismo e ódio, entre muitas outras desvantagens.</div><div><br />Quando iniciei em 2004 nem de longe imaginava que as plataformas digitais caminhassem para onde hoje estão e o que representam em termos de extrativismo e colonialismo de dados e máquina do ódio. O que demonstra como erramos em muitas de nossas estimativas de cenário. Assim, já observando o que estava vindo e o tempo retirado de outros afazeres, eu fugi das sugestões de montar canal no YouTube e mantive apenas no texto estendido aos perfis das redes sociais.</div><div><br /></div><div>Porém, até para uma avaliação crítica desse ambiente, a manutenção do blog vai servindo, porque sempre é útil e importante se manter ligado ao objeto que se investiga.</div><div><br />A contagem do número de postagens e visitas que são feitas ao blog, foram se alterando com o tempo e com os robôs de acesso. Assim, eu não sei se são confiáveis, porém me espanta que mesmo com muito menos atualizações, as visitas diárias ainda oscilem na média entre 2 mil e 2,5 mil. Nos 19 anos, o Google me informa que foram 9,5 milhões de visitantes em 19.304 postagens, incluindo essa.</div><div><br />Interessante ainda observar, vez por outra, que várias postagens antigas ainda geram interesse e acessos, certamente, após serem localizadas em buscas, mesmo que estes mecanismos e sua programação algorítmica, tenham se alterado tanto ao longo desse tempo e tornando algumas postagens mais difíceis de serem localizadas no Google que é a Big Tech (sic) que guarda (e extrai, sic) esse arquivo de 19 mil postagens e 46,3 mil comentários.</div><div><br />Lembro que um dos motivos de ainda manter o blog, é que o mesmo me serviria de arquivo de informações levantadas e de leituras conjunturais, aos quais recorro com alguma frequência. Pelos números de visitas a postagens antigas, vejo que esse arquivo deve estar também servindo ainda a um amplo público expressivo e que só o Google pode saber quem são (sic, e seguem as contradições, sic).</div><div><br />Por tudo isso é evidente que o blog já passou e muito do que seria um tempo de vida útil razoável, estando assim muito perto do fim, mas enquanto ainda pensamos criticamente e tendo alguma disposição para escrever, seguimos no caminho, lembrando do grande poeta espanhol que afirmou que o caminho se faz ao caminhar...</div><div><br />Agradeço por esse trabalho aos amigos colaboradores, incentivadores e críticos do blog, que se estenderam também aos nossos perfis do FB, Instagram e Twitter. Eles também fazem o caminho. Os seus e o nosso. Valeu e sigamos em frente!<br /></div></div>Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7918161.post-5969326396291013812023-07-26T15:50:00.002-03:002023-07-26T15:50:56.507-03:00Relação entre tecnologia e finanças segue ampliando lucros dos bancos no Brasil<p><span style="text-align: justify;">O quadro (tabela) abaixo permite
fazer uma série de leituras e análises. Vamos brevemente apenas alguns pontos.
A motivação para a produção da tabela abaixo com dados atuais decorreu de
várias matérias na mídia corporativa e financeira informando o fato do banco
digital Nubank ter ultrapassado o Banco do Brasil (BB), em número de clientes
no Brasil, mesmo sem ter uma única agência física.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Sem nenhuma agência e com menos
de 10% do total de funcionários do Banco do Brasil, o Nubank já tem valor de
mercado que é quase 30% maior que esse, o primeiro banco surgido no Brasil. <o:p></o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxao7wO0-4gsXL5_Dqwl8e9aVhPadXnsXwSQvUmhIZ_bWtTQC9TtSHGI9Aet65Gem3C88BO-0n0XHR2Yjxt6DNswxqQeFA8IYFp-bk5OE3NOKB4NQO-BVRrugwcgiQnB58iFKOX1-NB3rk3Xmuwni092jlmanxzhLJ_W3HC4yhMjXXoAZC7A/s609/Quadro%20Ranking%20maiores%20banco%20no%20Brasil%202023.%20Valor-clientes%20e%20funcion%C3%A1rios.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="288" data-original-width="609" height="302" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxao7wO0-4gsXL5_Dqwl8e9aVhPadXnsXwSQvUmhIZ_bWtTQC9TtSHGI9Aet65Gem3C88BO-0n0XHR2Yjxt6DNswxqQeFA8IYFp-bk5OE3NOKB4NQO-BVRrugwcgiQnB58iFKOX1-NB3rk3Xmuwni092jlmanxzhLJ_W3HC4yhMjXXoAZC7A/w640-h302/Quadro%20Ranking%20maiores%20banco%20no%20Brasil%202023.%20Valor-clientes%20e%20funcion%C3%A1rios.jpg" width="640" /></a></div>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A CEF foi colocada no final dessa
lista feita por ranking de valor de mercado, mas se trata de um banco estatal que
não opera na Bolsa, não tendo um valor de mercado, embora seja um dos principais
bancos que operam no varejo no Brasil. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A Caixa Econômica Federal (CEF) lidera
no país o número de clientes que chega a 150,4 milhões; o Itaú vem em segundo
com cerca de 100 (99,9) milhões de clientes. A CEF que tem 86 mil funcionários,
mesmo n.º do BB. A CEF é em boa parte o banco dos pobres do Brasil, atendendo
aos diversos programas de proteção social e políticas de habitação e
saneamento.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">No extremo contrário da CEF está
o BTG, um banco que é mais um banco de investimentos, mas que há algum tempo
passou a também a atender no varejo como banco digital (via aplicativo) e muito
voltado para aplicações no mercado financeiro e de capitais. Já o Itaú, é atualmente,
no Brasil, o banco com o maior valor de mercado, chegando a US$ 58,7 bilhões. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Um valor bem expressivo, mesmo no
mundo, sendo que no Brasil perde apenas para a gigante Petrobras que tem US$
94,6 bilhões de valor de mercado e está na 169º lugar no ranking mundial, sendo
a 9ª entre as petroleiras com ações em bolsa. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Vale dizer que além da presença
majoritária do setor financeiro entre as corporações com maior valor de mercado
no Brasil, esse é o setor que, ano após ano, vem batendo recordes em lucro
líquido. Em 2022 no Brasil, o lucro líquido médio dos bancos somou R$ 138
bilhões (a maioria dos quatro maiores bancos: BB, Itaú, Santander e Bradesco),
mais que o dobro do lucro de R$ 59 bilhões registrados há uma década em 2021.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Somando os seis bancos do quadro
acima mais a CEF eles chegam ao número de 424,8 mil funcionários. Só CEF junto
com o BB chega a 172 mil funcionários, cerca de 40% do total dessa lista. O
número de clientes destes seis bancos junto com a CEF chega a 580 milhões, o
que permite interpretar que entre a população bancarizada no Brasil, a maioria tem pelo menos três a quatro contas em bacos diferentes. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Esses dados e indicadores
permitem ainda compreender outros processos, entre eles a digitalização
(plataformização) do setor bancário, com efeito sobre o emprego e também em
termos de relação com os clientes. Esses dados mostram o avanço do esquema da
relação entre finanças e tecnologia, de onde sai a expressão “<i>fintech</i>”, usada
para se referir a esses bancos digitais sem agências e com relação via aplicativos
e telefone.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">As diferenças na relação entre n.º
de clientes e n.º de funcionários que nos extremos variam de 10.000 no Nubank, a
235 no BTG (poucos e ricos correntistas), ou de um valor entre 867 no BB, 999
no Itaú e cerca de 1.200 no Bradesco e Santander parecem indicar uma tendência
de ampliação da bancarização em n.º de clientes com menor número de bancários
fruto da expressiva digitalização.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A relação recorde n.º de clientes
por n.º de funcionários é identificada na CEF chegando a 1.748, o que evidencia não
apenas a capilaridade de um banco popular e com presença forte em todo o país,
mas a ótima relação entre nº de clientes por funcionário, o que também
demonstra produtividade, como já foi dito, em especial nos programas de proteção
social.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O valor de mercado do Nubank, 30%
acima do tradicional Banco do Brasil e praticamente empatado com o Bradesco, confirma
outra evidência, no processo que vem alterando a forma como as pessoas se
relacionam com o setor financeiro (bancos). A abertura de contas, depósito e
transferências (com e sem Pix), aplicações e investimentos, resgates,
contratação de seguros, etc. foi e continua sendo completamente transformado. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Trata-se em boa parte do mesmo processo
que vem atingindo outros setores da economia: a plataformização. O fato também
reforça a compreensão sobre a hegemonia financeira no capitalismo
contemporâneo. Como tenho insistido, tanto o setor de tecnologia como o de finanças
têm atuação transversal com ação sobre todos os demais setores de atividade
humana na sociedade. Assim, juntos e misturados, tecnologia e finanças avançam,
ampliando o controle, participação acionária e a captura de valor sobre os
demais setores da economia. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Outra transformação em curso é
sobre a forma de intermediação financeira na atualidade. Os bancos tradicionais
atuavam de forma exclusiva nesse setor, captando investidores e ofertando
créditos. Hoje, isso continua a ser feita tanto pelos bancos tradicionais da
forma já conhecida, como pelas suas plataformas e aplicativos digitais como fazem
as <i>fintechs</i>. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A intermediação financeira deixa
de ser apenas via créditos (empréstimos), mas os negócios, em especial os
grandes projetos de investimentos (GPIs) e aqueles que são intensivos em
capital como os de infraestruturas são cada vez mais viabilizados e controlados
por gestoras de fundos financeiros que passam a gerir a aplicação em capital
fixo no território para implantação de negócios na economia real, como na
aplicação e inovação em papéis, títulos e certificados e lançamento de ações no
mercado de capitais.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Há várias outras análises
possíveis de serem feitas para se analisar o movimento do setor bancário e
financeiro no Brasil. Há bons pesquisadores que acompanham em detalhes esse setor,
comparando ao movi mento global e também a relação deste setor com o mercado de
capitais e a hegemonia financeira no capitalismo contemporâneo. <o:p></o:p></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7918161.post-74517508343184321422023-07-20T12:26:00.002-03:002023-07-20T12:26:23.434-03:00 Varejista chinesa Shein é um caso típico do PlataformismoEsse caso da Shein detalhada na matéria do <i>Valor</i> (20/07/23, p. B1) embute uma questão que venho tentando discutir e apresentar. <div>["<i><b>Shein desembarca no sertão e movimenta oficinas de costura</b>: Moda - Região do Seridó, que abriga24 municípios no Rio Grande do Norte, trabalha com capacidade ociosa, de até 50% em algumas confecções</i>"]</div><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoa2S_R2yuWOUSPGrV0jjxkEomvbLjkTaB4w1_LQAzEJf2DRjfbL_O0woVVpq_LncMkoNkXkIlH4y4FOzDTAsgBcmycrEuod2bKrR_fRQ-1UFM4RX-LbQXRpYKPz94GMk3kMKiiAqCIkKkbzVBhSHuJMW3GNQU7pYvRS5SdH6a30-VKhTStg/s1434/IMG-20230719-WA0009.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1434" data-original-width="994" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoa2S_R2yuWOUSPGrV0jjxkEomvbLjkTaB4w1_LQAzEJf2DRjfbL_O0woVVpq_LncMkoNkXkIlH4y4FOzDTAsgBcmycrEuod2bKrR_fRQ-1UFM4RX-LbQXRpYKPz94GMk3kMKiiAqCIkKkbzVBhSHuJMW3GNQU7pYvRS5SdH6a30-VKhTStg/w445-h640/IMG-20230719-WA0009.jpg" width="445" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">Valor, 19/07/2023, p. B1. Clique sobre a imagem para ver em tamanho maior</span>.</td></tr></tbody></table><br /><div><div>Chama a atenção como os chineses da Shein foram tão rápidos no gatilho e incorporaram o Fordismo da confecção feita no sertão ao seu forte esquema de plataformização de atuação global. Vale lembrar que o Brasil responde por pouco mais de 4% do total comercialização em site e app da Shein, segundo estimativas do BTG. [FSP, 09/06/2023 - <i><b>Shein no Brasil já vende mais que a Marisa]</b></i><br /><br />Essas empresas-plataformas possuem maior agilidade do que a rede de lojas de varejo. Veja como a Shein rapidamente se adaptou às novas tributações, negociações com governo, articulação com a Coteminas, as facções e algumas cooperativas de confecção do Nordeste.<br /><br />Analisaram qualidade da produção, observaram tecido comprado no Brasil e vindo da China e iniciam um esquema de produção vinculado à sua plataforma digital de e-commerce.<br /><br />Por isso, em dois anos, a Shein (sem nenhuma loja física no Brasil, contra cerca de 400 da Renner e outras tantas da Riachuelo) já é a 2ª maior receita (em 2022 chegou a um valor entre R$ 7 e R$ 8 bilhões) entre as varejistas de roupas no Brasil, só atrás da Renner, por pouco da Riachuelo e na frente da C&A. </div><div><br /></div><div>Para mim, isso se explica pelo que venho chamando de Plataformismo, como nova etapa do Modo de Produção Capitalista. Ela não substitui as etapas anteriores. Uma etapa que convive bem com as estas anteriores do Taylorismo/Fordismo (veja esse caso da produção no Nordeste) e o Toyotismo que foram ressignificados com o uso das plataformas digitais. As Plataformas Digitais atuam como infraestruturas de mediação e servem, ao mesmo tempo, como meio de comunicação e meio de produção para diferentes negócios da produção aos serviços.</div><div><br /></div><div><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMaZKpeGwSFbujMbC7NWukPIxEMqBXsQxBI65_ATfoyDvJVFpuTAYANoTXCr4yt3uoAw3LFChLHThoRpdyU999e9KBO9jf0nc_FfPIXzr0qlGXdvrKOmNAg138FjGlsnRwkSvOA7ymOXJp1j0LaFtFxPauMQm8z5CSwW1Hc-FYL83tafsC3w/s1080/IMG_20230614_160659.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="931" data-original-width="1080" height="277" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMaZKpeGwSFbujMbC7NWukPIxEMqBXsQxBI65_ATfoyDvJVFpuTAYANoTXCr4yt3uoAw3LFChLHThoRpdyU999e9KBO9jf0nc_FfPIXzr0qlGXdvrKOmNAg138FjGlsnRwkSvOA7ymOXJp1j0LaFtFxPauMQm8z5CSwW1Hc-FYL83tafsC3w/w320-h277/IMG_20230614_160659.jpg" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">Fonte: FSP, 09/06/23.</span></td></tr></tbody></table>Os negócios e o e-commerce das empresas-aplicativos são mais ágeis e misturam a produção no território, digitalização das plataformas, startupização, financeirização em negócios de escala global a uma infraestrutura logística material de distribuição e entrega controlada administrada por softwares e algoritmos.<br /><br />O caso reforça ainda a observação de que a precarização do trabalho não se dá apenas na entrega (circulação) das mercadorias, mas também na produção, na medida em que o trabalho humano é o diferencial do custo da mercadoria.</div></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7918161.post-70549419541417368362023-07-11T18:44:00.002-03:002024-03-06T15:26:23.142-03:00Plataformização da Educação: um debate necessário!<p style="text-align: center;"> <b style="text-align: center;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;">Plataformização da
Educação: um debate necessário!</span></b></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">APP Sindicato-PR,
Curitiba, 1 de Julho de 2023<o:p></o:p></p>
<p align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;"><o:p> </o:p></p>
<p align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">Roberto Moraes Pessanha <a href="file:///C:/Users/Caico/Desktop/Plataformiza%C3%A7%C3%A3o%20da%20Educa%C3%A7%C3%A3o%20-%20um%20debate%20necess%C3%A1rio%20-%20Roberto%20Moraes%20-11-07-2023.docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri","sans-serif"" style="font-size: 11pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></p><p align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">Download do artigo em PDF (<a href="https://drive.google.com/file/d/1j2LtzEv6De4G17qoE_Jl2N1em44V7Owi/view">Clique aqui</a>) </p>
<p class="MsoNormal"><o:p><b> </b>1 -<b> </b></o:p><b style="text-indent: -18pt;">Introdução (Tecnologia e Sociedade)</b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Atendendo a um convite da diretoria do APP
Sindicato-PR (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná) voltei
a tratar do tema “Plataformização da Educação”, no último dia 1 de julho de
2023, em Curitiba, num seminário (título também deste ensaio) com a
participação de representantes da categoria de todo o estado do Paraná. Na
ocasião, tive o prazer de dividir a mesa com as professoras Vanda Santana,
secretária Educacional da APP-Sindicato e Carolina Batista Israel, do
Departamento de Geografia da Universidade Federal do Paraná.<o:p></o:p></p><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIyiFK2b8JTOuTai-RT0Uh7PngWfjDNyZe5s74_gQf4lKCGoonz_Qq7xgL02HV3Am5EYAg_hS67ZpupCDwX-wwQ3VdUY4rny_6vhGf9KZBvF3C-WeHspz84gNy1P5cy9TPeeJsDceFpTDCpJx0o0PhwdxSZToAqL0RzF04O0rwYBNlh9kjLg/s744/Foto%20Semin%C3%A1rio%20APP%20Sindicatto%20-%20PR%20-01-07-2023.jpg" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="497" data-original-width="744" height="214" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIyiFK2b8JTOuTai-RT0Uh7PngWfjDNyZe5s74_gQf4lKCGoonz_Qq7xgL02HV3Am5EYAg_hS67ZpupCDwX-wwQ3VdUY4rny_6vhGf9KZBvF3C-WeHspz84gNy1P5cy9TPeeJsDceFpTDCpJx0o0PhwdxSZToAqL0RzF04O0rwYBNlh9kjLg/s320/Foto%20Semin%C3%A1rio%20APP%20Sindicatto%20-%20PR%20-01-07-2023.jpg" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">Foto APP Sindicato-PR 01-07-23</span></td></tr></tbody></table><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Em
maio de 2021, já havia participado de uma mesa-redonda online, sobre o mesmo
assunto, organizada pela Pró Reitoria de Graduação e Laboratório Formação em
Docências no Ensino Superior da UFMG (GIZ-PROGRAD-UFMG), que foi parte do
encontro temático “Tempos Digitais". [1] [2]</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Não sou pesquisador da área da
Educação e nem do tema específico sobre Plataformização da Educação. Estudo as
transformações do Modo de Produção Capitalista (MPC), nessa etapa que estou
chamando de Plataformismo, em que várias infraestruturas digitais atuam na
intermediação executada pelas Plataformas Digitais (PDs), cada vez mais
presentes na sociedade contemporânea. Assim, tenho me dedicado a investigar o
capitalismo de plataformas e identificado essas as plataformas digitais, como
sendo “infraestruturas de intermediação” que surgiram com a finalidade de
atender a diferentes setores da sociedade e/ou grupos econômicos no mundo
contemporâneo que na gênese tinham usavam o discurso do compartilhamento
(caronas, etc.) e foram se transformando em potentes ferramentas de exploração.
<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Nesse processo, as transformações
digitais têm avançado como meios de comunicação (mídias digitais), interligadas
com a produção material, o comércio e os serviços online. Aí estão incluídas as
Plataformas Digitais Educacionais (PDE) e/ou os Aplicativos (APPs) Educacionais
que se vinculam ao surgimento das startups tipo Ed Techs, em processo muito acelerado
com a Pandemia num campo que de forma genérica, passou a ser denominado como Plataformização
da Educação. Entre 2019 e 2022, as Ed Techs cresceram 80%, saindo de 449 para 813
empresas startups ligadas à educação.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A Plataformização da Educação é
parte de um fenômeno mais geral das relações entre tecnologia e sociedade.
Tecnologia e finanças. Tecnologia e trabalho. E no âmbito cruzado destas
relações, foram entrando em nosso cotidiano no final da década passada - e de
forma mais intensa na Pandemia e no Pós-Pandemia -, misturando uma necessidade
emergencial com um difuso discurso de modernidade tecnológica presente na atual
sociedade capitalista.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">As fábricas, o comércio, os
consultórios e as escolas entraram e seguem adentrando as nossas casas e ao
nosso cotidiano. O público e o privado vão se misturando cada vez mais e de
forma mais intensa e densa, não apenas nas redes sociais ou mídias digitais. Um
processo que vem tornando o setor de tecnologia e suas corporações em gigantes
e globais companhias, se transformando nas chamadas Big Techs, os maiores
oligopólios da história da humanidade. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Portanto, entendo que não se deve
olhar para o processo de Plataformização da Educação, sem deixar de observar
todo esse contexto em que estamos vivendo no mundo contemporâneo. O fenômeno
mais geral da plataformização deve ser visto como um fenômeno que se desenvolve
e deve ser observado de forma multidimensional e transescalar nas dimensões: econômica,
inovação tecnológica (C&T); trabalho; espacial (geoeconômica e geopolítica);
política, cultural, das redes social-comunitárias onde se inclui o setor da
educação, etc. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Figura 1: A multidimensionalidade
do processo de plataformização<o:p></o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhA0z_rDKHvdRUsTNY_2LWK0O-F2Tsblmc8ljSMw6C-6qbFeOvg9HpBlKRi7O_Ji7J6Z16Dg8oHjhy5LpuzpU_RHuzLE8f_U9YeDq92YsKccGLZNgo28fmjfNFp4AQ-eeZLQUoCpx_8g0ii35yrIuMPaQhJFzUPixyne0GnT8RthdbkTc2p_Q/s2409/Figura%204%20-%20Quadro%20%20multidimensionalidade...%20Revisada.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2177" data-original-width="2409" height="578" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhA0z_rDKHvdRUsTNY_2LWK0O-F2Tsblmc8ljSMw6C-6qbFeOvg9HpBlKRi7O_Ji7J6Z16Dg8oHjhy5LpuzpU_RHuzLE8f_U9YeDq92YsKccGLZNgo28fmjfNFp4AQ-eeZLQUoCpx_8g0ii35yrIuMPaQhJFzUPixyne0GnT8RthdbkTc2p_Q/w640-h578/Figura%204%20-%20Quadro%20%20multidimensionalidade...%20Revisada.jpg" width="640" /></a></div><br /><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 10pt; text-align: left;">Elaboração
do Autor. PESSANHA, 2020. [3]</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Não é possível dar conta e
analisar a repercussão do fenômeno de plataformização em todas essas dimensões,
mesmo que busque uma leitura mais totalizante. Porém, com o aceite desse
convite para dialogar com um coletivo de professores da rede pública do Paraná
(laboratório de experiências neoliberais, empresarias e digitais no Ensino
Básico) e como professor com atuação por mais de três décadas, me dediquei, num
agradável esforço, a retomar o olhar em leituras e interpretações voltadas para
a plataformização no campo da educação. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="text-indent: -18pt;"><br /></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="text-indent: -18pt;">2 - A
lógica da plataformização como etapa da circulação e meio de comunicação e meio
de produção</b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A plataformização e a economia de
plataformas, já eram processos crescentes e derivados, em especial, do
incremento da internet móvel e do uso ampliado de aplicativos, a que chamo de
Appficação. Quando me refiro ao Plataformismo como nova etapa do Modo de Produção
Capitalista (MPC), em outras palavras, estou dizendo que as <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Plataformas Digitais </b>funcionam hoje, como
uma espécie de<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> “</b>nova”<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> Linha de Montagem</b> que, no passado, usando
os princípios do Taylorismo, fez surgir o Fordismo. Porém, as novas transformações
têm uma forma ainda mais preocupante, porque essa “nova linha de montagem”<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b>está agora ligada aos meios de
comunicação e às pontas que ligam as demandas de consumo à produção de coisas
materiais e serviços. Mais ainda, num<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">
ritmo 24/7 </b>(24 horas e em 7 dias da semana),<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> online</b>, com o universo técnico-digital onipresente em nossas vidas
através da internet móvel dos dias atuais. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A passagem da internet fixa para
a possibilidade real e quase total da internet móvel dos smarphones (celulares)
altera a escala do fenômeno sobre a sociedade. Hoje, 2/3 do planeta está
conectado nas redes sociais e quase 6 bilhões de pessoas, de um total de 8
bilhões, estão na internet, mesmo que tenha seguido e ampliado as desigualdades
sociais e a exclusão digital no mundo. As Plataformas Digitais (PDs) foram se
tornando não apenas um instrumento técnico, mas um tipo de negócio na sociedade
contemporânea. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Desta forma, é possível interpretar
esse fenômeno com o que tenho também chamado de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">dominação tecnológica</b>. A “<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">digitalização
de quase tudo” </b>avança nessa <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">atual
etapa da reestruturação produtiva</b> e da Divisão Internacional do Trabalho (DIT).
No início, na última década do século passado, o professor espanhol Manuel Castells
[4] já enxergava a inovação técnico-digital como base de um “sistema
informacional”, mas isso ainda era visto como um fenômeno com características muito
abstratas e como um exercício de leitura de cenários. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">No início da segunda década deste
século, a relação entre tecnologia (digital) e sociedade já tinha se tornado mais
intensa. O setor de tecnologia é transversal a todos os demais setores da
economia e da vida em sociedade e isso tem enorme poder de arrasto. É um setor
que está presente em tudo. Assim como as finanças que também é transversal aos
demais setores. E são dois setores que sempre caminham juntos. Um setor potencializa
o outro e juntos passam a controlar as demais atividades, permitindo entender
melhor as razões das Big Techs serem alimentadas pelos fundos financeiros
(capitais de risco de investidores) no processo de extração de renda e valor,
sobre todos os processos de trabalho, exercendo assim, o que tenho também
denominado com o uma espécie de “vampirismo digital”. [5]<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Repito, as PDs atuam como
infraestrutura e meio de comunicação e, simultaneamente, como meio de produção.
A lógica de toda plataformização é a intermediação. É ligar as pontas entre produção
e o consumo de coisas e serviços, entre eles a Educação. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Figura 2 e 3: A lógica da
plataformização e produção de valor<o:p></o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh33nMQ33qBHlh19dOnXNDJNgS31yjWIO0tj-dDrgiKRIRnNNJdcZKVTSHM6zwggYdyBGoqN2gcs8nf6wI-ER5r5sCnfCsNpTKb20gwMGvDlmLdBKyVX5iDZZjzrSWCmZS0D6P23pXMIyXe4EEPOnkCWHPxqyUPwyDQoFjnkIiDe7OQl07NFg/s661/A%20l%C3%B3gica%20da%20plataformiza%C3%A7%C3%A3o.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="558" data-original-width="661" height="237" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh33nMQ33qBHlh19dOnXNDJNgS31yjWIO0tj-dDrgiKRIRnNNJdcZKVTSHM6zwggYdyBGoqN2gcs8nf6wI-ER5r5sCnfCsNpTKb20gwMGvDlmLdBKyVX5iDZZjzrSWCmZS0D6P23pXMIyXe4EEPOnkCWHPxqyUPwyDQoFjnkIiDe7OQl07NFg/w280-h237/A%20l%C3%B3gica%20da%20plataformiza%C3%A7%C3%A3o.jpg" width="280" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirnJfYLQ825RwpHo1eks_sFAwEKuSAIoOrfiP2AOso1rV_O4-aRv4-wTMb49UumGpvj-VYBa2aaz7sBfxY2KXzQjremJToQckbKQo4EUkJJH3F7zwZDnbeJtRE-DV2ATvO81YIJ1kDM5BaaGgWfd_Ze1XLPM-smFY4QlTsrsexWncfuqXEdg/s2209/Figura%202%20-%20A%20l%C3%B3gica%20da%20plataformiza%C3%A7%C3%A3o...Revisada.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1782" data-original-width="2209" height="230" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirnJfYLQ825RwpHo1eks_sFAwEKuSAIoOrfiP2AOso1rV_O4-aRv4-wTMb49UumGpvj-VYBa2aaz7sBfxY2KXzQjremJToQckbKQo4EUkJJH3F7zwZDnbeJtRE-DV2ATvO81YIJ1kDM5BaaGgWfd_Ze1XLPM-smFY4QlTsrsexWncfuqXEdg/w285-h230/Figura%202%20-%20A%20l%C3%B3gica%20da%20plataformiza%C3%A7%C3%A3o...Revisada.jpg" width="285" /></a></div><br /><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 10pt;">Elaboração PESSANHA, 2020. [3] [6]</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">As PDs surgem do desenvolvimento
da tecnologia digital e do sistema informacional, comentado por Castels [4], na
virada do século em sua trilogia, mas de forma especial no livro “A sociedade
em redes”. O desenvolvimento da tecnologia e sua implantação tem se enraizado
na sociedade e nos territórios. Ao falar sobre dominação tecnológica vale observar
que da mesma forma que o trabalho é inerente ao ser humano, a desenvolvimento
das tecnologias não existiriam sem o trabalho humano, as forças produtivas e as
relações de produção. Tudo misturado. [7]<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Assim, é sempre importante
destacar que a tecnologia (incluindo a digital) é feita de trabalho humano.
Marx já dizia que as tecnologias são recheadas de trabalho humano. Tecnologia e
Trabalho são historicamente entrelaçados. O desenvolvimento tecnológico
refere-se às forças produtivas e às relações de trabalho [7]. Daí derivam as
tecnologias, plataformas e aplicativos (APPs), tipo Aprendizado de Máquinas (Machine
Learning, ML) e Inteligência Artificial (IA) que podem melhorar a capacidade dos
processos e ainda a organização do trabalho, mas não substituem o homem. A
lógica poderia ser a de unir o conhecimento e as habilidades humanas às
máquinas criadas pelo homem, para articular o que se deseja otimizar, usando o
que os algoritmos resumem e processam diante de tantos dados para as escolhas
humanas, mas o objetivo central dos donos dessas tecnologias tem sido a do
progressivo descarte humano. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="text-indent: -18pt;"><br /></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 0px;"><span style="text-indent: -18pt;">3 - </span><b style="text-indent: -18pt;">A
Plataformização entra em todos os setores e espaços</b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Segundo o dicionário Aurélio,
plataforma é uma “superfície plana e horizontal, mais alta que área ao redor”.
Outra definição é a de que se trata de “um programa político, ideológico,
administrativo de um candidato a cargo eletivo”. Numa ou noutra definição de
plataforma ela é apresentada como um instrumento de intermediação entre as partes
de um sistema de produção, planejamento e de escolhas. A partir desta leitura
semântica de plataforma, como uma forma de mediação se pode avançar para se ter
mais claro a lógica da Plataformização (ou do Capitalismo de Plataformas), onde
na essência acontecem, em especial, a extração de três tipos renda: renda de
publicidade, propriedade intelectual e renda de infraestrutura. [8]<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Concretamente, as plataformas
digitais atuam como instrumentos; a plataformização e plataformismo como
processos; e as plataformas-raiz e as Big Techs como agentes. APPs e
APPficação, Startups e Startupização (parques tecnológicos, incubadoras,
investimentos de riscos, lógica neoliberal, individualismo) também são processos
que possuem intensa relação com a financeirização, num sistema que atua sob o domínio
e a égide neoliberal que assim amplia o controle do mercado sobre toda a
sociedade. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A extração de dados dos usuários
(usuários similar ao vício das drogas, mobilizado pela produção de dopamina) é
a base desse processo, assim como o uso de vários outros recursos, entre eles o
Aprendizado de Máquinas (Machine Learning (ML), Inteligência Artificial (IA),
etc. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>São processos integrados em o uso
dos dados através das PDs permitem que as fábricas, lojas, consultórios e
escolas entrem em nossas casas, via mídias digitais. Apesar da velocidade
destes processos é importante reconhecer que as PDs, a digitalização e a
plataformização não são os problemas por si, mas sim o uso e o controle dessas
transformações feitas pelos donos dos dinheiros dos investidores e fundos
financeiros que estabelecem uma lógica nefasta. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Assim, as plataformas digitais e
a plataformização estão hoje presentes, em quase todos os setores econômicos e
atividades da vida humana. Da produção material, agrícola, pecuária,
beneficiamento e indústria, nos serviços e aplicativos de transportes, saúde
(consultas e exames), educação (aulas, seminários, gestão e apoio, etc.),
lazer, música, filmes (streamings), interação social (mídias sociais), comércio
online (e-commerce), etc. Todas essas atividades estão hoje, num grau maior ou
menor, intermediadas pelas PDs. Elas entraram em tudo. Não apenas na educação.
Em todos esses processos as empresas-plataformas extraem dados, mas o objetivo
é, em especial, extrair valor e recolher os excedentes das economias regionais/locais.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Figura 4: A Plataformização e
APPficação dos negócios (marcas): <o:p></o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7PBjBbxmOn6NDQpcbshW4Lcu64EP7i-okxVzsbNz4IcIuynq2nY1PCX2NsJXPDgU3DYsY2MrvdVMWdfxAZVkDB9cLXy2tKfjtyWPQIU7sfMavaE1se-F6bU-FgkVat-GBp1iU84du_RJg0pJPfu_E1VhXqD4enAEfetgUn4xuz3ub9mJaUg/s678/A%20plataformiza%C3%A7%C3%A3o%20e%20APPfica%C3%A7%C3%A3o%20dos%20neg%C3%B3cios%20-%20marcas.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="271" data-original-width="678" height="256" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7PBjBbxmOn6NDQpcbshW4Lcu64EP7i-okxVzsbNz4IcIuynq2nY1PCX2NsJXPDgU3DYsY2MrvdVMWdfxAZVkDB9cLXy2tKfjtyWPQIU7sfMavaE1se-F6bU-FgkVat-GBp1iU84du_RJg0pJPfu_E1VhXqD4enAEfetgUn4xuz3ub9mJaUg/w640-h256/A%20plataformiza%C3%A7%C3%A3o%20e%20APPfica%C3%A7%C3%A3o%20dos%20neg%C3%B3cios%20-%20marcas.jpg" width="640" /></a><span style="font-size: 10pt; text-align: left;">Elaboração
PESSANHA, 2023.</span></div>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Com o advento da crise sanitária
e da pandemia, esse processo foi enormemente acelerado. Aceleração do tempo
como dizia Thompson. [9] Ou, como sempre nos lembra o geógrafo David Harvey que
se referiu à “compressão do espaço-tempo” a partir dos mecanismos da Tecnologia
da Informação e Comunicação (TIC) [10]. O que era estimado para acontecer em
uma década foi trazido para um ano, um semestre, ou um mês. E no Pós-Pandemia
estamos ainda vivenciando o estímulo ao hibridismo, com o avanço da
plataformização sobre os mais variados níveis e tipos de ensino no Brasil: do
maternal à pós-graduação.<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><o:p></o:p></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="text-indent: -18pt;"><br /></b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="text-indent: -18pt;">4- Contextualizando a inserção da
Plataformização na área de Educação, no Ensino Fundamental e Ensino Médio</b></p><p class="MsoListParagraph" style="mso-list: l1 level1 lfo3; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Antes ainda de falar sobre a
Plataformização da Educação e dos aplicativos, plataformas digitais e startups educacionais
(Ed Techs), é importante registrar, mesmo que brevemente, alguns aspectos e contextos
da educação pública nos últimos anos no Brasil, exatamente, quando se ampliou o
uso da digitalização na educação através do uso de diferentes plataformas e
aplicativos vários estados, níveis e sistemas de ensino público e privado.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Trata-se de um contexto Pós-Pandemia
em que as deficiências de aprendizagem se aguçaram, em especial no Ensino
Fundamental e no Ensino Médio, ampliando a assimetria entre alunos de escolas
públicas e privadas diante das dificuldades de acessos à internet e aos equipamentos
cibernéticos. Vazios e empilhamentos fragmentados de conteúdos foram se
multiplicando num esforço de ensino de aprendizagem por parte de professores e
alunos. Usos de plataformas digitais de forma apressada e naquele momento de
medo e que se desejava qualquer forma de romper o isolamento. Vivemos uma
fragmentação absurda. Nesse mesmo período, os sistemas de ensino viveram a redução
no orçamento de custeio e salários dos educadores; aumento da carga horária e
do nº de alunos por professor e, praticamente, nenhum investimento na
infraestrutura e nas instalações das escolas públicas. Ao final do isolamento
completo, também assistimos ao crescimento da violência nas escolas, propiciada
por um ambiente tóxico de ódio em toda a sociedade.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">As alterações no Ensino Médio em 2016
reforçaram ainda mais a fragmentação e a precariedade que vieram junto de processos
de terceirizações, privatizações, sociabilidades estremecidas em termos
familiares, geracionais e comunitários.<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b>A
estranheza cresceu no interior da juventude sobre a compreensão do lugar deles no
mundo, surgida do aumento da complexidade derivada da virtualidade das relações
sociais intermediadas pelas plataformas, quase a todo tempo e em todo lugar e
situações (ritmo 24/7). [11] [12] [13] Tudo isso não parece algo solto no tempo
e no espaço. Qualquer análise mais aprofundada sobre esse processo, sugere que
nesse contexto se perceba em que condições, se tem efetivado a enorme
interconexão entre causas e efeitos decorrentes do avanço da Plataformização da
Educação. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Gestores e donos das PDEs (Ed
Techs) vendem a ideia difusa do progresso e da modernização, a partir da oferta
de novas ferramentas de ensino e de uma certa autonomia, em que o trabalho poderia
ser feito online (de casa, através do chamado <i style="mso-bidi-font-style: normal;">home office</i>), com maior alcance geográfico para dar aulas para
outros bairros, municípios e regiões. Junto acompanhava a ainda a vaga sugestão
de que esse modelo poderia possibilitar também maiores ganhos financeiros para
professores, etc.<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b>Esse discurso de
vantagens também foi vendido aos alunos, a partir da possibilidade da
flexibilidade de horários com o online das PDE e APPs; oferta de cursos mais
rápidos, cumprimento de etapas com certificação; oferta ainda de cursos
técnicos e superiores com valores acessíveis às famílias de rendas mais baixas,
enquanto os donos das PDEs ampliavam seus faturamentos com a massificação das
matrículas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Enquanto isso, se assistia a
mistura intensa e perigosa entre a vida profissional com a vida pessoal dos
trabalhadores da Educação. O ambiente “fidigital” obrigando a esforços para
superação de dificuldades com manejo da tecnologia para além da necessidade de
domínio dos conteúdos. Professores sendo substituídos por mentores e tutores com
diminuição dos postos de trabalho que eram cativos dos docentes; e um controle quase
total sobre o trabalho dos professores na forma, conteúdo (neotaylorismo que
nesses tempos são exercidos de forma conjunta ao plataformismo) executados pelos
donos das PDEs e Ed Techs contratados pelos gestores de sistemas estaduais de
ensino. Observa-se assim, um uso indiscriminado e crescente de plataformas
digitais educacionais que se alicerçam no velho esquema da “instrução
programada”, skinnerização, uso de games e ofertas de conteúdos ligados à
ideologia, modos de vida e costumes como educação financeira, escola sem
partido, etc. Em síntese esse foi o contexto que as plataformas digitais
entraram ou avançaram no ambiente e nos sistemas de ensino no Brasil.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 0px;"><span style="text-indent: -18pt;">5 - </span><b style="text-indent: -18pt;">Plataformas-raiz (Big Techs) -
Plataformização – Startupização da Educação</b></p><p class="MsoListParagraph" style="mso-list: l1 level1 lfo3; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Para entendermos a lógica da plataformização
e sua função na área da educação é importante entendermos o papel de um de seus
principais agentes: as gigantes corporações do setor de tecnologia, as Big
Techs que devem ser vistas como “plataformas-raiz”, em especial as cinco companhias
americanas: Google, Facebook, Apple, Microsoft e Amazon. [14] Num nível mais
abaixo, estão outras como a Nvidia, Tesla, TSMC, Tencent e Samsung. Sobre suas
estruturas se penduram - gerando dependência - as demais plataformas, softwares
e aplicativos que sabem que a educação é um filão extraordinário para ganhos e
acumulação ampliada. Daí se derivou um processo extremamente potente que ampliou
o uso e tornou as Plataformas Digitais ainda mais atrativas já contanto com o
avanço da infraestrutura de comunicação digital e o peso da internet móvel e
celulares que tornaram ainda mais fácil, o esquema de uso das mídias sociais e
aplicativos no ritmo 24/7 em qualquer lugar e horário.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Figura 5 - Plataformas-raiz – Big
Techs.<o:p></o:p></p>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjO7Q6zQ-wcD7G_iRgBFu68eG4N2ZY3TUswbhbEsxLc6YJ6bYigMaoOQZkLXD8Xtfw2ofORxqIdbBeq8LVAIAw8XHpf3FW3oGcq73zckx1fho0_82RrwNoF4wRD-ywKb-5wy1p3orjQs9q_R4NnT4fB46Nb745Zft9Zu4ym5uhiM2mnSj3a_A/s2126/plataforma-raiz.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2126" data-original-width="2096" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjO7Q6zQ-wcD7G_iRgBFu68eG4N2ZY3TUswbhbEsxLc6YJ6bYigMaoOQZkLXD8Xtfw2ofORxqIdbBeq8LVAIAw8XHpf3FW3oGcq73zckx1fho0_82RrwNoF4wRD-ywKb-5wy1p3orjQs9q_R4NnT4fB46Nb745Zft9Zu4ym5uhiM2mnSj3a_A/w394-h400/plataforma-raiz.jpg" width="394" /></a></div><p class="MsoNormal" style="text-align: left;"><span style="font-size: 10pt; text-align: justify;"> Elaboração autor, PESSANHA, 2020. [3] [5] [6].</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Estima-se que 70% das universidades e sistemas de ensino no Brasil usem
as Big Techs, em especial Microsoft, Google e Amazon</span>, como plataformas e
APPs de tecnologia que fazem as “pontes” até os estudantes, capturando e guardando
dados nas nuvens ao mesmo tempo que interligava pessoas e negócios de todo o
tipo. Em termos de armazenamento nas nuvens (datacenters) destas três Big Techs
são líderes: Amazon <i style="mso-bidi-font-style: normal;">AWS</i>-49%; <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Google Cloud </i>(28%); e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Azzure</i> da Microsoft (16%). As Big Techs
há algum tempo disponibilizam dezenas de softwares /aplicativos que são
amplamente utilizados na educação: <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Windows</span>, <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Office 365</span></i> (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Word, PPT</i>,
etc); <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Gmail</span>; <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">YouTube</span>; <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">WhatsApp</span>, <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">FB</span>, Instagram, <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Tik Tok</span>,
<span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Meet</span>, <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Team</span>, <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Productivity Score</span></i>
(ferramenta de vigilância e comportamental de alunos); <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Reflect</span></i> (soft para
enviar questionários para avaliação de aprendizagem), etc. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A Microsoft possivelmente é a Big
Tech mais próxima das universidades e dos sistemas de ensino seguido do Google
no Brasil. O soft <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ClassRoom</i> da Google
é também usado para gerenciar turmas, enquanto, o soft <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cuppertino</i> (Apple) tem soluções de apoio e capturam inovações
pedagógicas e educacionais. Novas soluções seguem buscando transformar o
ambiente educacional mimetizando-o para uso digital que em seguida é
compartilhado com venda para um público mais amplo. APPs como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Power APP, Dynamics 365, Power Virtual</i>,
etc., são também muito utilizados. Outras empresas de tecnologia e Ed techs
usam softwares e aplicativos que funcionam como acessos às artérias ou avenidas
das plataformas-raiz das Big Techs que assim exercem um poder meio que imperial
de captura de dados, rendas e valor de educadores e dos estudantes usuários. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O uso intenso e a dependência das
plataformas-digitais foram constituindo o oligopólio das corporações gigantes
do setor de tecnologia. As Big Techs estão no topo da estrutura dessa
transformação digital que envolve os diferentes setores da economia e da vida
em sociedade. O processo de oligopolização está diretamente relacionado à
plataformização e à criação do modelo de negócio vinculado à tecnologia,
conhecido como startups que avançam e dependem do financiamento dos capitais de
riscos dos fundos de investimentos. O setor de finanças alimenta o setor de
tecnologia e acaba sendo também retroalimentado numa “espiral de acumulação
infindável” que explica a maior oligopolização da história da humanidade. Desde
a Pandemia as gigantes empresas do setor de tecnologia não param de bater
recordes em termos de valor de mercado entre os diferentes tipos de corporações
em todo o mundo conforme pode ser visto no quadro 1 abaixo.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Quadro 1: Valor de mercado
comparativo das 10 maiores corporações de tecnologia e óleo/gás<o:p></o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSEW35Lnhr0o9VLQpxHZs9NEK_AEHsdZTVyR4Usep4f2PGiDcx1BOQaoxHfhzA_0DS1TX_y6BAS0OiJ3gHOjs76A3ULFXCJFSs9X1YNlyEviOE35jg7368QeGm85RcweZvAYRoIk8NeoH_cXTYhe7VdybpMdtLo8-YjG9hqL1x-hpCLKWKHw/s702/Quadro%201%20-%20Valor%20de%20marcado%20das%20Big%20Techs%20-%20Maio%202023.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="392" data-original-width="702" height="358" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSEW35Lnhr0o9VLQpxHZs9NEK_AEHsdZTVyR4Usep4f2PGiDcx1BOQaoxHfhzA_0DS1TX_y6BAS0OiJ3gHOjs76A3ULFXCJFSs9X1YNlyEviOE35jg7368QeGm85RcweZvAYRoIk8NeoH_cXTYhe7VdybpMdtLo8-YjG9hqL1x-hpCLKWKHw/w640-h358/Quadro%201%20-%20Valor%20de%20marcado%20das%20Big%20Techs%20-%20Maio%202023.jpg" width="640" /></a></div><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">As quatro maiores corporações do
setor de tecnologia tinham, em maio de 2023, valor de mercado acima de U$ 1
trilhão cada. Juntas, as dez maiores empresas de tecnologia somavam US$ 11,6
trilhões e puxaram muito a valorização das bolsas de valores no mundo, enquanto
a economia em geral seguia com pouco dinamismo. Já a soma do valor de mercado
das dez maiores corporações de petróleo no mundo somavam apenas U$ 3,7 bi,
cerca de três vezes menor. A Pandemia da Covid contribuiu para os dois
fenômenos, o freio da economia no geral e a expansão expressiva do valor de
mercado das empresas de tecnologia (Big Techs) que na condição de
“Plataformas-raiz” se mostraram ainda mais importantes com o isolamento forçado.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A ampliação da digitalização em
todos os setores da economia, como etapa atual da reestruturação produtiva
global, através do processo de plataformização foi levando a transformações dos
negócios e ao surgimento de empresas ligadas ao setor de tecnologia que ficaram
conhecidas como startups. A parir da ideia de empreendedorismo, do apoio às
incubadoras de empresas e parques tecnológicos, vinculados às universidades e aos
centros de pesquisas de grandes corporações, com aportes progressivos e
seletivos de capitais viabilizaram esse tipo de empresa-plataformas, na
condição de startup (empresa de tecnologia de rápido crescimento) no mercado.
Assim, é espantoso ver a rápida evolução do número de startups no mundo e no Brasil.
<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Segundo a AbStartups, em 2011 no
Brasil haviam 600 startups. Uma década depois elas tinham se multiplicado por
mais de 20 vezes, chegando a 13.700 startups em funcionamento em 2021. A grande
maioria vinculada a negócios tipo plataformas digitais com atuação em diferentes
ramos de atividades e negócios. [15] [16]<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A evolução deste tipo de negócio
de inovação tecnológica, vinculada à tecnologia e ao processo de startupização
no Brasil, se deu um pouco antes e foi rapidamente intensificado com o
surgimento da Pandemia. Um movimento que veio também acompanhado de um aumento
colossal de aportes de capitais de riscos de fundos financeiros, a partir do
lançamento de inúmeros editais e rodadas de investimentos para negócios de
empresas surgidas na condição startups, com foco em tecnologia e em negócios
tipo plataformas. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A evolução desse movimento no
Brasil foi muito expressivo e pode ser melhor percebido com os dados da
evolução do nº de startups na última década. Outro indicador expressivo e que
indica a relação com a financeirização é a dos valores e investimentos, em US$
bilhões de dólares, feitas por investidores nestas startups como pode ser
visualizado nos quadros abaixo. Startups de diversos tipos se multiplicando, captando
investimentos cada vez maiores, ganhando valor de mercado e se tornando
rapidamente unicórnios (startup com calor de mercado superior a US$ 1 bilhão).
Entre 2018 e 2022 mais de US$ 20 bilhões foram identificados como investimentos
em startups no Brasil.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Quadro 2: Evolução do nº de
startups no Brasil; Quadro 3: Investimentos em startups no Brasil entre 2018 e
2022:<o:p></o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoGCloa5Rqmys65-ka4HihrgwfAbTDGcQpLF5X3YRH61_gikB2JqRw5zwAeMtf8ZqBBRRS8fMw9XWQEKc364Z4c5W_7PZo48z0N-FsQrCYdN9QM6JBAl2Aau3apC51bKYREvnBj3NxS4NcEsshE_ZTbNgKz19F0mpRZ5KKz8hBiRAnQdnRxg/s343/Quadro%202%20-%20N%C2%BA%20Startups%20no%20Brasil%202011-2022.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="343" data-original-width="296" height="301" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoGCloa5Rqmys65-ka4HihrgwfAbTDGcQpLF5X3YRH61_gikB2JqRw5zwAeMtf8ZqBBRRS8fMw9XWQEKc364Z4c5W_7PZo48z0N-FsQrCYdN9QM6JBAl2Aau3apC51bKYREvnBj3NxS4NcEsshE_ZTbNgKz19F0mpRZ5KKz8hBiRAnQdnRxg/w260-h301/Quadro%202%20-%20N%C2%BA%20Startups%20no%20Brasil%202011-2022.jpg" width="260" /></a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxh4jumkITe8bcjvkSTNIT2j6bMvtahvroRer68iIqKn_GuXOnjEiXV7okvS2HXqBPD6Sp42g65RoZS8vz-2TxAV_TE5EsVlZM23ong4FRSIjxNXf3SWSqy-ZUK3hy313WQ0tSpADBtNNnlndmBO6kxcmnI-t83PC3sV-_iOKmhEkqlT1wKQ/s457/Quadro%203%20-%20Investimentos%20em%20startups%20no%20Brasil%202018-2022.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="230" data-original-width="457" height="168" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxh4jumkITe8bcjvkSTNIT2j6bMvtahvroRer68iIqKn_GuXOnjEiXV7okvS2HXqBPD6Sp42g65RoZS8vz-2TxAV_TE5EsVlZM23ong4FRSIjxNXf3SWSqy-ZUK3hy313WQ0tSpADBtNNnlndmBO6kxcmnI-t83PC3sV-_iOKmhEkqlT1wKQ/w334-h168/Quadro%203%20-%20Investimentos%20em%20startups%20no%20Brasil%202018-2022.jpg" width="334" /></a></div><br /><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 10pt; text-align: left;">Elaboração
do autor. Fonte dos Dados: AbStartups e Consultoria Distrito. [15] [16]</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">São números colossais e que
explicam o processo que tenho chamado de startupização que possui lógica
própria vinculada diretamente à financeirização. As Startups no setor de
tecnologia são vinculadas a diferentes setores e assim são denominadas com uso
de expressões em inglês mais o sufixo tech de tecnologia: Finanças (Fintechs);
Educação (EdTerch); Saúde e Bem-estar (HealthTech ou MedTech); Agronegócios
(AgroTech ou AgTech); Tecnologia da Informação (TiTech); Alimentação (FoodTech);
Imóveis (PropTech); Transporte e mobilidade (AutoTetch) ou Logística (LogTech);
Direito e legislação (Lawtech ou Legaltech); Energia (EnergyTech); Esportes
(SportTech); Gestão de pessoas (HRtech ou RHtech); Construção (ConstruTech);
Seguros (InsurTech); Governo (GovTech); Varejo (RetailTech); Publicidade,
marketing e anúncios (AdTech ou MarTech); Sustentabilidade (CleanTech);
Nanotecnologia (NanoTech); Entretenimento e lazer (FunTech); Moda
(FashionTech); Biotecnologia (BioTech); etc. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A diversidade de áreas demonstra
como a tecnologia é na prática um setor transversal que atravessa todos os
ramos de atividade e por isso, através de inovações e plataformas digitais elas
desenvolvem inovações e capturam valor no interior destas cadeias produtivas. Assim,
é possível identificar que os processos de plataformização leva a outros
processos, num efeito em cadeia, diretamente imbricados à financeirização e
oligopolização, estes vinculados a processos de fusões e aquisições entre as empresas-plataformas
e startups. Para confirmar essa direção, no Brasil já se observa um número
crescente de fusões e aquisições de startups que assim se transformam em unicórnios,
com valor de mercado superior a US$ 1 bilhão. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Entre as várias startups estão as
Plataformas Digitais Educacionais (PDEs) e Startups Educacionais, as Ed Techs.
O papel das PDEs e Ed techs é o de fazer a intermediação entre grupos com
demanda por formação e/ou certificação com donos e grupos de produtores de
conteúdos (PDEs e Ed Techs) que não param de crescer no Brasil, captando
investimentos de diversas fontes, mas em especial de fundos financeiros com
atuação no Brasil.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Desta forma, o Plataformismo como
modo de produção capitalista chega também ao setor de Educação. Lá atrás, o
Taylorismo/Fordismo já tinha influenciado na organização da escola com a adoção
da ideia do seriado (séries), grades curriculares e disciplinas, repetindo a
conhecida divisão internacional do trabalho (DIT). A flexibilidade do Toyotismo
trouxe a acumulação flexível e a ideia da produção sob demanda (Just In Time). Assim,
o Plataformismo pode representar uma nova etapa do MPC que não significa a
superação do Taylorismo/Fordismo e nem do Toyotismo, mas, o convívio simultâneo
com elas a partir das Plataformas Digitais como novo tipo de negócio
financeirizado e digitalizado com eficiência ampliada em relação à antiga linha
de montagem, a partir das capacidades simultâneas das PDs como meio de
comunicação e meios produção, como uma espécie de nova linha montagem do
ambiente digital.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Figura 6: Plataformismo –
Transformações no Modo de Produção Capitalista<o:p></o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMdRMbUL-bBFFNAr2rS2yX_0nWJ80GKVDWtrWM_N4oqApVVZ3Uf-4rCuNr7fa65-eV_fh6IDiL8PvHFZGF6-kbrUztg7ks2NDJb_k579Qpklt9QFH2tZ3QLJ8hhYro-i03e5_3I8EPaZHRNqAciXebXC87UYM_kQ7xrB6WvL6gKejTdOWWbw/s2451/Figura%208%20Plataformismo%20%E2%80%93%20Transforma%C3%A7%C3%B5es%20no%20Modo%20de%20Produ%C3%A7%C3%A3o%20Capitalista.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1434" data-original-width="2451" height="374" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMdRMbUL-bBFFNAr2rS2yX_0nWJ80GKVDWtrWM_N4oqApVVZ3Uf-4rCuNr7fa65-eV_fh6IDiL8PvHFZGF6-kbrUztg7ks2NDJb_k579Qpklt9QFH2tZ3QLJ8hhYro-i03e5_3I8EPaZHRNqAciXebXC87UYM_kQ7xrB6WvL6gKejTdOWWbw/w640-h374/Figura%208%20Plataformismo%20%E2%80%93%20Transforma%C3%A7%C3%B5es%20no%20Modo%20de%20Produ%C3%A7%C3%A3o%20Capitalista.jpg" width="640" /></a></div><br /><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 10pt;">Elaboração do autor. PESSANHA, 2020. [3]</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Agora, com o início dessa espécie
de “sociedade das plataformas” é possível que essa nova etapa do modo de
produção capitalista (MPC) também influencie – de uma forma a ser ainda
avaliada e conforme as resistências dos trabalhadores – em novas formas de
reorganização da sociedade contemporânea e também do ambiente da escola. Uma
observação inicial do que pode estar em curso é a hipótese já pode estar
havendo uma certa adaptação, com uso “quase natural” das PDs também no ambiente
da Educação, de forma similar ao que já acontece no e-commerce, no uso de
aplicativos (APPS) para diferentes tipos de serviços, que seria parte desse
fenômeno a que está sendo chamando de Plataformização da Educação.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Trata-se de um esquema ou negócio
(tipo plataforma) que tende a fortalecer as bases e as condições para uma maior
terceirização e privatização, através da contratação de empresas (com tutores),
menos professores surgido junto do discurso único neoliberal da redução de
custos nos sistemas públicos de educação. Nesse percurso as escolas podem, de
forma paulatina e majoritária, saírem da condição de ambientes de aprendizagem
para centros de certificação de títulos e cursos. O início desse processo pode
já ter se dado através dos cursos livres e extras de línguas estrangeiras, depois
matemática básica, redação, robótica, cursos profissionalizantes quase sem
laboratórios e sem experiências reais e materiais que garanta uma formação de
qualidade, mas passa a ideia difusa do moderno ligado à computação e ao
digital. Esse processo segue avançando de forma acelerada para os conteúdos de
outras disciplinas e às contratações de empresas-plataformas (Edtechs) pelos
sistemas estaduais de ensino.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Porém, há que se ter clareza que
o que se justificou na Pandemia, não se sustenta mais. Não estamos mais em
situação de emergência, em que qualquer medida era melhor que a paralisia e o
isolamento entre alunos, professores e a falta de mediação da escola no
processo ensino-aprendizagem. Educação é muito mais que que um recurso didático
isolado como infraestrutura de intermediação facilitadora da circulação de
informações. O conhecimento é algo maior e exige sociabilidade, interação que
pode ser auxiliada pelas técnicas digitais e pelas plataformas para melhorar e
enriquecer o processo de aprendizagem. A construção do conhecimento é o inverso
da fragmentação com acúmulo isolado de fatos e informações. Assim, há que se
frear esse ímpeto irresponsável da plataformização a todo custo, no menor tempo
possível e implantado à revelia dos educadores.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A construção do conhecimento
exige o desenvolvimento de capacidades de articulação de saberes, em que a
sociabilidade é base indispensável. Assim, é inaceitável que esse processo de
intensificação do uso das Plataformas Digitais Educacionais (PDEs) seja guiado
pela redução de custos, pela ideia difusa do descarte do papel do professor e
pelo ideário neoliberal da produtividade a todo o tempo e em todos os
processos.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 0px;"><span style="text-indent: -18pt;">6. </span><b style="text-indent: -18pt;">As PDEs e Ed Techs no Brasil</b></p><p class="MsoListParagraph" style="mso-list: l1 level1 lfo3; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O Brasil tem hoje quase meia
centena de milhões de estudantes nos diversos níveis. Um pouco mais da metade
disso (27 milhões) no Ensino Fundamental; 8 milhões no Ensino Médio e cerca
também de 8 milhões em graduação. Em 2019, antes da Pandemia, pouco mais de 10%
(até 14%) das escolas públicas utilizavam algum tipo de plataforma de ensino à
distância ou via aplicativos. Durante a Pandemia, cerca de 80% das escolas
iniciaram esse processo. Cerca de 90% dos professores começaram nesse ambiente,
sem nenhuma experiência em ensino remoto; 50% tinham uma regular habilidade com
técnicas digitais e 42% nenhuma habilidade e/ou conhecimento. Cerca de 70%
declararam ter medo e insegurança, mas diante da situação de emergência e
pressões exerceram atividades em PDs e PDEs (GIZ-PROGRAD-UFMG, 2021) [17].<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Hoje, no Pós-Pandemia no âmbito
da Educação, em seus diversos níveis, há ainda muitos e complexos desafios. Em
especial na Educação Pública e no Ensino Básico. A digitalização quase que
obriga a pensar em ampliar e reformular a forma de ensinar. O hibridismo é
cantado em versos e prosa como alternativa. A sala de aula que deveria ter mais
espaços de investigação, integração, sociabilidades e debates sobre
aprendizados coletivos e interativos, está sendo pressionada para um uso maior das
PDEs como alternativa quase única. É inaceitável que isso seja feito sem
debates e qualquer iniciativa precisa ser um processo paulatino com avaliações
periódicas e ampla participação das comunidades escolares. Os percursos não
precisam ser iguais, mas não podem ser obrigatórios. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Essa geração de crianças,
adolescentes e jovens não pode ser penalizada duplamente. Além de viverem o
período difícil da Pandemia, é inaceitável e criminoso, ver novamente essa
mesma geração de adolescentes e jovens, obrigados também a conviver com
experimentações skinnerizadas [18], sem reflexão sobre essas mudanças. Com mais
essa fragmentação entre o online e o presencial num mundo em que a
transdisciplinaridade é uma necessidade para a qual ainda não tínhamos sequer
avançado ou mesmo iniciado.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A escola e os sistemas de
educação precisam entender melhor as mudanças em curso, inclusive no mundo do
trabalho. Evitar a fragmentação e buscar maior integração, sociabilidade, mais
reflexão e diálogo entre dirigentes, professores e alunos. Assim, pensar
criticamente nos caminhos para essas mudanças.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">As mudanças com a digitalização
do ensino são partes das transformações do MPC em diferentes setores e na
sociedade com efeitos econômicos sociais e políticos, entre eles a mais
preocupante é a fragmentação do sujeito, a individualização e uma tendência
reforçada e ampliada à meritocracia.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">“A digitalização, as plataformas
e o teletrabalho atomizam o mundo do trabalho e fazem de cada trabalhador(a)
uma unidade produtiva, um sujeito desagregado e pressionado pelo assédio e
pelas ameaças da meritocracia para alcançar produtividade” (GROHMAN, 2020) [7] através
das chamadas “entregas”.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A tecnologia digital deve ser
meio para auxiliar o processo ensino-aprendizagem para assim contribuir no aperfeiçoamento
e na qualificação do ensino e a da instituição Escola e não o inverso. O avanço
do uso das plataformas, parecem querer mostrar e impor a ideia – mesmo negando
- que os sistemas de ensino podem prescindir da da escola e do professor. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Há um desafio na sociedade que é
o de fazer com que o estudante possa conseguir transitar nesse mundo em profundas
transformações.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O desafio é também de
ajudar os jovens para atuarem num mundo constantemente instável e de
transformação permanente. Para os adolescentes e jovens entenderem melhor sua
identidade no mundo, seu pertencimento e seus relacionamento com os diferentes,
a Skinnerização não tem nada a contribuir naquilo que é mais essencial, apenas
com o que é periférico. A construção do conhecimento e a educação é o processo
inverso da fragmentação e da individualização, presentes na maioria das
plataformas e aplicativos educacionais até aqui.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A UFMG empreendeu estudos e
pesquisas através de alguns núcleos de pesquisas (em especial da Faculdade de
Educação e da Pró-Reitora de Graduação) sobre o tema das Plataformas
Educacionais. Uma dessa pesquisas, em 2020, no auge da Pandemia, teve o apoio
da CNTE [17]. O Comitê Gestor da Internet no Brasil CGI.br (LabJor da Unicamp)
tem estudado e acompanhado o assunto, expondo uma enorme preocupação com o
papel crescente e hegemônico das Big Techs e com a falta de estrutura nacional
que oriente o uso dessas infraestruturas digitais ligadas à Educação e também ao
surgimento de centenas de startups ou Ed Techs (Empresas-plataformas ou
empresas-aplicativos) na área de educação. [19]<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Um estudo (pesquisa) da Abstartup
/ Deloitte /Amazon, junto com o Centro de Inovação Educacional (CIEB) identificou
o crescimento das Ed Techs (Plataformas Educacionais) no Brasil, sob a perspectiva
de mercado para oferta destes serviços de PDE, através das startups que, em sua
quase totalidade, têm financiamento de investidores dos chamados capitais de
riscos. Segundo a Abstartup em 2019, o Brasil tinha 449 EdTechs. Em 2020 já
eram 566 EdTechs (+26%); em 2022 tinha chegado a 813 Ed Techs. Ou seja, em três
anos (2019-2022) cresceu 81%, conforme evolução mostrada no quadro abaixo:<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Quadro nº 4: Evolução do nº de Ed
Techs no Brasil no triênio 2019 e 2022:<o:p></o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLd0zW1DtCCgE5QV83ZOs92kfLnpYeVOXmbfZxTVspVOFp5e_TuOGvBME6VVWpwJSAiQI9xWSd4nqAPKqBZ9ICMYLH7cWuY2tZhB9cjm_DuCuC0oOhElkmIiYk0HGgFzjpT0CHNrTCva3KN1-WDsTvzbNkLJE6zCAvV48tCCBJp3D4AH5TNA/s296/Quadro%203%20-%20N%C2%BA%20EdTechs%20no%20Brasil%202019-2022.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="176" data-original-width="296" height="176" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLd0zW1DtCCgE5QV83ZOs92kfLnpYeVOXmbfZxTVspVOFp5e_TuOGvBME6VVWpwJSAiQI9xWSd4nqAPKqBZ9ICMYLH7cWuY2tZhB9cjm_DuCuC0oOhElkmIiYk0HGgFzjpT0CHNrTCva3KN1-WDsTvzbNkLJE6zCAvV48tCCBJp3D4AH5TNA/s1600/Quadro%203%20-%20N%C2%BA%20EdTechs%20no%20Brasil%202019-2022.jpg" width="296" /></a></div><br /><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 10pt;">Elaboração do autor. Fontes dos Dados AbStartup. [20]</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O mapeamento das Ed Techs
divulgado pela Abstartup [20] expõe que esse tipo de startup se organiza
principalmente por oferta de cursos e níveis: cursos livres (não formais,
qualificação e profissionalização) e cursos preparatórios e EaD (Educação à
Distância). Atuam nos níveis: Infantil (inicialização e pré-escola até 5 anos);
Básico (Fundamental e Médio); Superior (graduação e pós-graduação); Corporativa
(gestão, treinamentos específicos e simuladores) e Idiomas (línguas estrangeiras).
<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">As EdTechs são classificadas
ainda por recursos entre softwares e hardwares. A maior parte são de softwares
e plataformas que são ainda classificadas por conteúdos ou ferramentas. Por conteúdos:
cursos; jogos; ODA (Objeto Digital Apoio); Sistema de Gestão da Educação (SIG e
SIS); Sistema de gerenciamento de aulas; Plataformas Educacionais; Repositório
Digital. Por Ferramentas: Apoio à aula; Apoio à gestão; Avaliação do estudante;
Auditoria; Colaboração; Conteúdo Pedagógico; Gerenciamento currículo e
Tutorial.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Do universo de mais de oito
centenas de EdTechs, cerca de 70% delas tinham recebido investimentos privados
financeiros; 40% recebem entre R$ 500 mil e R$ 2,5 milhão. Na média as EdTechs
recebem investimentos de R$ 1,3 milhão. Em 2022 foram registradas 187 aquisições
e 13 fusões entre as startups, configurando um processo ainda inicial de
oligopolização também no Brasil. No Mapeamento, a consultoria Holon IQ informou
que US$ 21 bilhões de investimentos nas startups no Brasil, entre os 2018 e
2022, sendo mais de um US$ 1 bi apenas nas Ed Techs. Os tipos de startups que
mais crescem no Brasil estão Ed Techs (15%); Fintechs – Financeiras - HealtTechs
(Saúde) com 9% e as TITechs (Desenvolvimento de Tecnologia da Informação (6,7%).
A maioria das EdTechs (38%) estão concentradas em SP e no Sudeste (55%). [20]<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Figura 7 – Mapa da distribuição
geográfica das Ed techs no Brasil: <span style="mso-spacerun: yes;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-spacerun: yes;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3eu9hi5imG-p58ZzpNmG-hXiqh5JOsIcXBNOHtnD33fp68Wd5kFbVnz6X9-kYwOKyBls6sYyIQo7OWUfyazddiVmulqiZ3VB5Ky9IfCqmYQyV_rz6wAAH-B3_icq5NzClo2PgO1MMjM0CrUxX4J6y6Zb4088wQnB0fqoCYJZukeaxvrrVdw/s898/Figura%207%20-%20Distribui%C3%A7%C3%A3o%20geogr%C3%A1fica%20da%20EdTechs.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="612" data-original-width="898" height="272" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3eu9hi5imG-p58ZzpNmG-hXiqh5JOsIcXBNOHtnD33fp68Wd5kFbVnz6X9-kYwOKyBls6sYyIQo7OWUfyazddiVmulqiZ3VB5Ky9IfCqmYQyV_rz6wAAH-B3_icq5NzClo2PgO1MMjM0CrUxX4J6y6Zb4088wQnB0fqoCYJZukeaxvrrVdw/w400-h272/Figura%207%20-%20Distribui%C3%A7%C3%A3o%20geogr%C3%A1fica%20da%20EdTechs.jpg" width="400" /></a></div><br /><span style="font-size: 10pt; text-align: left;">Fonte.
Mapeamento de Ed Techs no Brasil. Slide 16/79. [19]</span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><o:p> </o:p></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">7. Processos analisados na perspectiva de totalidade (Plataformização -
Startupização - Financeirização e Oligopolização) evidenciam a lógica
neoliberal:<o:p></o:p></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Através de um olhar mediado com a
perspectiva de totalidade para esses processos interligados de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Plataformização</b>, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Appficação</b>, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Startupização </b>(Modelo
de Negócio), <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Financeirização</b> e Oligopolização
(<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Unicórnio</b> (Oligopolização) é
possível avançar um pouco mais. Como já foi comentado, os processos de
plataformização levam a outros processos num efeito em cadeia, imbricados à
financeirização e à oligopolização, vinculados também a processos de fusões e
aquisições entre as empresas-plataformas e startups. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">São vários os casos de startups
ligada à educação EdTechs buscando editais e rodadas de financiamento
organizada por instituições de apoio à ciência e tecnologia e bancos de
fomento. Vale citar um caso divulgado pela revista Pequenas Empresas e Grandes
Negócios em 5 de julho 2023: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Edtech
Teachy capta R$ 8 milhões em rodada pré-seed - Investimento foi liderado pela
NXTP e teve participação da Roble Ventures. Plataforma lançada neste ano tem o
objetivo de facilitar o trabalho dos professores</i>”. [21]<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Ao observar esses movimentos é
possível interpretar e analisar a superestrutura desse sistema, a partir de uma
perspectiva de totalidade, identificando onde se situam as Plataformas Digitais
Educacionais e EdTechs como ferramenta; como elas desenvolvem os processos de
plataformização de forma imbricada à financeirização e como essa relação produz
a tendência de oligopolização que surgem a partir de fusões e aquisições de
empresas similares e concorrentes. Esses movimentos e articulações estão expostos
no esquema gráfico da figura abaixo, desde as Big Techs às pontas do sistema após
passar pelos processos descritos.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Figura 8: Esquema gráfico dos
processos integrados a partir das Big Techs e seus financiamentos<o:p></o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqbz21jPvptpp1U0NotlRKjYeYfKWmLwPBtWyMRCt8_r3Vhh4dPjL3dT0zNmFd0_a7Y8kG7wTnibxMJc3ui_1G4bYefWR-b3bXKffQIdXG4EJqyVDHVs9OZTX2_wSO1hnVqPrGOszsa1f-AQZrHVpfuj-AMXEU_Uw9Tl0rjvV0fhfxBzPe4Q/s884/Processos%20de%20Plataformiza%C3%A7%C3%A3o-APPfica%C3%A7%C3%A3o-Startupiza%C3%A7%C3%A3o....jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="652" data-original-width="884" height="472" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqbz21jPvptpp1U0NotlRKjYeYfKWmLwPBtWyMRCt8_r3Vhh4dPjL3dT0zNmFd0_a7Y8kG7wTnibxMJc3ui_1G4bYefWR-b3bXKffQIdXG4EJqyVDHVs9OZTX2_wSO1hnVqPrGOszsa1f-AQZrHVpfuj-AMXEU_Uw9Tl0rjvV0fhfxBzPe4Q/w640-h472/Processos%20de%20Plataformiza%C3%A7%C3%A3o-APPfica%C3%A7%C3%A3o-Startupiza%C3%A7%C3%A3o....jpg" width="640" /></a></div><br /><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Elaboração (em construção) do
autor. PESSANHA, 2023.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Ainda numa leitura mais ampla e
numa perspectiva de totalidade é possível entender esses processos como
responsáveis pelo que venho denominando junto com outros pesquisadores, como <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">o tripé do capitalismo contemporâneo.</b> Nele,
a fase atual da reestruturação produtiva pode ser vista pela intensificação da
digitalização e pelo o desenvolvimento do Plataformismo como nova etapa do MPC,
em movimento conjunto com a hegemonia financeira que é decorrente do modus
operandi da financeirização nos negócios. Juntos, eles forma uma trilogia de
movimentos sob a lógica e a égide do neoliberalismo, sustentados nos princípios
da desregulação, controle do mercado e no discurso único sobre a redução de
custos, terceirização e privatização da vida em sociedade. Portanto, diante
dessa realidade empírica não é difícil identificar a Plataformização da
Educação como parte desse processo mais amplo.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Figura 9: Tripé do capitalismo
contemporâneo<o:p></o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsg0WsbpyD8Ss7RSf5dAND5d2HaJyXbqpTchwVJ7HC_XmfWIKELygK0-2rv4H5ElGvMYz0LWqZr7ir8vcF7cHXzrHGg_T_hqL57tQl7JCEnPAyZ1-byl8PVJm269rP_KEHXhubTi1YXpv7J3TvRU6kYpMrn71QBGsaPsUFIRo5garV9I3e9A/s860/Trip%C3%A9%20do%20capitalismo%20contempor%C3%A2neo.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="508" data-original-width="860" height="236" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsg0WsbpyD8Ss7RSf5dAND5d2HaJyXbqpTchwVJ7HC_XmfWIKELygK0-2rv4H5ElGvMYz0LWqZr7ir8vcF7cHXzrHGg_T_hqL57tQl7JCEnPAyZ1-byl8PVJm269rP_KEHXhubTi1YXpv7J3TvRU6kYpMrn71QBGsaPsUFIRo5garV9I3e9A/w400-h236/Trip%C3%A9%20do%20capitalismo%20contempor%C3%A2neo.jpg" width="400" /></a></div><br /><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 10pt; text-align: left;">Elaboração
PESSANHA, 2022.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Esse tripé que vem sustentando o
capitalismo contemporâneo é composto de diversas outras tríades que expõem as
diferentes dimensões e escalas em que esse fenômeno vem se desenvolvendo e
produzindo deslocamentos (DOWBOR, 2020) [22]. Porém, na essência observa-se que
esse movimento tem contribuído para ampliar as capacidades do andar superior
das finanças em aumentar seus lucros, apropriar mais renda e valor e, assim constituir
regimes mais potentes de acumulação e hegemonia financeira em aliança à
dominação técnico-digital que assistimos no presente e está exposta nesse
ensaio.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: red;"><o:p> </o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 0px;"><span style="text-indent: -18pt;">8- </span><b style="text-indent: -18pt;">Tendências
/Riscos com ampliação do uso das PDEs (Ed Techs) e recursos do ML, IA e ChatGPT</b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Dialeticamente, a tecnologia
digital é muito atrativa e tentadora. <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Ela
nos liberta e simultaneamente nos aprisiona. Os acessos à informação e à
comunicação são, ao mesmo tempo, remédio e veneno, nos lembra Pierre Lévy. </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Com essa perspectiva e diante da leitura de
que é possível aproveitar os recursos das tecnologias, mas noutra direção, é
que se apontará a seguir nesse texto, um conjunto de tendências e riscos que a
ampliação desenfreada do uso das Plataformas Digitais e Aplicativos
Educacionais (PDEs e APPs) da EdTechs trazem para todos. Sem os cuidados
necessários, com velocidade e experimentalismos inaceitáveis e sem diálogo com
os docentes e alunos (e suas representações) esses movimentos de
plataformização podem estar conduzindo a Escola e os sistemas de ensino público
no Brasil contemporâneo a caminhos indesejáveis. Com essa preocupação (e em
síntese) lista-se abaixo um conjunto de tendências e riscos que em parte já
foram abordados no presentes texto:<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-left: 0cm; mso-list: l7 level1 lfo8; tab-stops: list 0cm; text-align: justify; text-indent: 0cm;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;">a)<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><!--[endif]--><b>Nossos dados são a chave para soluções
adotadas </b>pelas PDE, Ed Techs, com uso dos BD, ML, IA e ChatGPT. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">b) O <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Aprendizado de Máquina (<span style="mso-bidi-font-weight: bold;">ML), a
Inteligência Artificial e os aplicativos tipo ChatGPT e similares tendem a
avançar </span></b>na linha de atender às <b>necessidades individuais </b>–
princípio o neoliberalismo – em <b>ritmos próprios </b><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">de aprender a ler, contar<b> </b></span>(matemática) e de maior acesso a
conhecimentos gerais e flexibilidade de lugar e hora para aprender.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">c) <b>Tendência de ampliação da gamificação
</b>(simuladores, jogos) como modelo para a Escola e para a vida em sociedade
incorporando a <b>lógica da competição </b>e redução da autonomia. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">d) <b>Avanço das startups EdTechs</b> (já são 1º em crescimento entre as
startups) com transformação digital da sala de aula através da </span>Plataformização
paulatina da escola e da Educação. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">e) <b>EdTechs tendem a crescer como instrumento do discurso sobre o
empreendedorismo </b></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">na formação
do <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">aluno como sujeito que se faz por si
próprio</span></b><span style="mso-bidi-font-weight: bold;"> – fábrica do sujeito
neoliberal (DARDOT e LAVAL, 2017) [23] – acompanhado de cursos e </span>instruções
de educação financeira, saúde, etc.; <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">f) <b>EdTechs vão passar a entrar
nos ambientes virtuais</b><span style="mso-bidi-font-weight: bold;"> </span>– <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Metaverso</span> – <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Realidade Aumentada (RA) e Virtual (RV) com<b> a</b></span>ulas em
viagens ao redor do mundo; viagens especiais e setoriais coma promessa de
oferta de habilidades cognitivas complementares aos alunos.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">g) <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Tendência de ampliação da mistura entre Educação e treinamento
corporativo</b> apresentadas como qualificação para o Trabalho como já define
as questionadas diretrizes do Ensino Médio; Tendência da <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">lógica de educação mais empresarial e não do trabalho como princípio
educativo</b>;<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">h) <b>Maiores pressões para o aumento das terceirizações e contratações
de Ed Techs</b> com tutorias em substituição ao professor;</span> <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">i) <b>Tendência paulatina de que algumas escolas possam se transformar,
quase que apenas, em centros de certificação</b> de títulos, cursos e níveis de
ensino; </span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">j) <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Ampliação do modelo de e<span style="mso-bidi-font-weight: bold;">nsino
híbrido, com fragmentação do ensino</span></b><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">; tendência de guetificação de grupo de alunos; maior individualismo,
competição, gamificação, skinnerização e meritocracia que seguem o ideário
neoliberal. Ao inverso, tendência para uma <b>maior d</b></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">ificuldade para formação coletiva,
sociabilidade e organização social e comunitária.</b> <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">k) Tendência de <b>des-reponsabilização
da escola a partir do ensino-aprendizagem</b> mais centrado numa lógica do
aprendizado contínuo (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Lifelong Learning</i>)
também fora da sala de aula. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Estes riscos e tendências,
evidentemente, não são processos inexoráveis. Os questionamentos e as
resistências à lógica produtivista de uma Educação desvinculada da preocupação
real pela melhoria da Educação está se ampliando, assim como a disposição para
se construir uma formação cidadã que nos leve a percorrer caminhos diferentes
em nossa sociedade.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 0px;"><span style="text-indent: -18pt;">9 - </span><b style="text-indent: -18pt;">O que
fazer diante dessa realidade?</b></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;">O contexto em que vivemos no Brasil em 2023, após superar os
momentos duros da Pandemia e de ameaças mais forte e concretas do fascismo e do
desmonte das políticas públicas, executadas pela extrema-direita em todas as
áreas no país, em especial da Educação e, diante das tendências, ameaças e
riscos ainda presentes e, em parte listadas acima, é necessário pensar,
discutir e apontar, ao menos, alguns caminhos. Não apenas para resistir, mas ir
adiante, também formulando e colocando em movimento, ações críticas e
contra-hegemônicas, a favor dos trabalhadores e da maioria da nossa sociedade.
Assim, esse ensaio será finalizado com a indicação de algumas sugestões
iniciais, para que elas possam ser discutidas no âmbito da organização dos
trabalhadores da educação enquanto estratégias e mobilizações: </p><p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 21.3pt; mso-add-space: auto; mso-list: l8 level1 lfo10; text-align: justify; text-indent: -21.3pt;"><!--[if !supportLists]--><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;">a)<span style="font: 7pt "Times New Roman";">
</span></span></span></b><!--[endif]--><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Acompanhamento,
análise e avaliação crítica do processo de plataformização da educação com a
implantação e uso crescente das Plataformas Digitais Educacionais nas escolas. </b>O
mecanismo de monitoramento pode envolver educadores, pais e alunos (em especial
do Ensino Médio) e deve seguir levantando dados sobre os tipos de plataformas
educacionais utilizadas no Paraná, outros sistemas de educação estaduais,
escolas privadas e outros níveis e tipos de ensino (EaD, Ensino Tecnológico e
Profissionalizante, etc.). Reunir depoimentos, registros e avaliação dos
educadores, pais e alunos sobre a implantação e utilização das PDEs em escolas
de diferentes regiões e municípios por tipos de direção, gestão da escola
(período integral e parcial) e ensino: Fundamental e Médio e por vinculação às
diferentes disciplinas. Constituir banco de dados sobre as empresas (e seus
donos) proprietárias das PDEs (as EdTechs) por tipo e valor dos contratos,
feitos junto à Secretaria Estadual de Educação. Acompanhamento dos valores
efetivamente gastos pelo poder público para a contratação, licenciamento (assinatura)
para uso das PDEs. Organizar banco de dados sobre problemas e soluções
identificadas para o uso sistemático destas PDEs, assim como os mecanismos de
by-pass adotados por professores e alunos para fugir ao controle dos sistemas e
algoritmos sobre o trabalho docente e rendimento dos alunos. Identificar e
registrar de forma clara os processos de precarização e espoliação do trabalho
educativo decorrentes do uso das PDEs. </p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 21.3pt; mso-add-space: auto; mso-list: l8 level1 lfo10; text-align: justify; text-indent: -21.3pt;"><!--[if !supportLists]--><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;">b)<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Constituição
de um acervo gerado a partir deste levantamento permanente de dados e
indicadores referentes à plataformização poderão compor uma espécie de
Observatório da Plataformização da Educação</b>, coordenado por um comitê ou,
até eventualmente, por uma institucionalidade mais robusta tipo fundação ou
instituto a partir de avaliação da categoria e direção do sindicato. </p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 21.3pt; mso-add-space: auto; mso-list: l8 level1 lfo10; text-align: justify; text-indent: -21.3pt;"><!--[if !supportLists]--><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;">c)<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Ampliação
do conhecimento dos educadores, pais e alunos, sobre o que representa o avanço
da plataformização da educação</b>, da forma como vem sendo conduzida, para
todas as partes envolvidas. O objetivo deste trabalho poderá ser o aumento da
mobilização para uma maior pressão junto à gestão do sistema de educação
estadual, no sentido de garantir mecanismos de auscultação permanente e participação
dos educadores, pais e alunos nas decisões sobre a implantação destas
plataformas digitais educacionais na rede pública.<span style="text-align: left;"> </span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 21.3pt; mso-add-space: auto; mso-list: l8 level1 lfo10; text-align: justify; text-indent: -21.3pt;"><!--[if !supportLists]--><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;">d)<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span></b>Definir como premissa das pesquisas, investigações
e dos registros, a identificação da <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">hipótese
do crescimento da fragmentação,</b> <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">individualismo
ou individualização, skinnerização e</b> redução da capacidade <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">de reflexão na avaliação do processo de
plataformização</b>. Nessa linha também ter como direção a observação do avanço
dos gastos com a plataformização, a terceirizações e privatizações do trabalho
(mentoria e tutoria), serviços e estruturas das escolas do sistema.<span style="text-align: left; text-indent: -21.3pt;"> </span></p>
<p class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-left: 21.3pt; mso-add-space: auto; mso-list: l8 level1 lfo10; text-align: justify; text-indent: -21.3pt;"><!--[if !supportLists]--><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;">e)<span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Trabalhar
com a hipótese de desenvolver plataformas educacionais sustentadas em direções
e perspectivas distintas da maioria dessas que estão sendo disponibilizadas</b>.
Que projetem a perspectiva alternativas de uma <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">educação por projetos transdisciplinares e multidisciplinares e com uso
de formas e fórmulas</b> <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">de integrar e
não dispersar e fragmentar a construção do conhecimento</b>; e <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">também com a perspectiva de ampliar a
sociabilidade consorciada</b> (digital e presencial ou fidigital) e a <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">organização comunitária</b>.<span style="text-align: left;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Para fechar, em síntese, uma
sugestão bastante interessante feita pelo professor Cleiton Denez, secretário
executivo de Formação Pública Sindical e Cultura, no curso do debate no
seminário da APP Sindicato, para lema da estratégia de mobilização e de superação
da realidade atual e constatada. Parodiando o geógrafo Milton Santos, num dos
seus livros “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Por outra globalização</i>”
[24], Denez sugeriu um excelente mote de campanha: “Outra plataformização é
possível!”. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">10 – Considerações finais: “outra plataformização é possível!”<o:p></o:p></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Pelo exposto aqui nesse ensaio, é
possível sustentar que o processo de Plataformização da Educação tem
similaridades com aqueles que estão se desenvolvendo noutros campos de
atividades entre causas e consequências diversas, mas também algumas particularidades.
A análise sobre a dimensão do trabalho e sua organização diante do incremento do
uso das plataformas digitais, necessita ser melhor estudada e aprofundada, em
especial no que diz respeito às consequências para a classe trabalhadora que está
sendo fortemente impactada com o avanço da digitalização e da financeirização no
mundo contemporâneo. O trabalho e o trabalhador estão sendo deslocados e
enormemente pressionados, para uma condição de extração de ainda mais valor.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O campo da Educação não pode ser
investigado apenas como atividade econômica e/ou como um tipo específico de
serviço que agora se utiliza das plataformas digitais como instrumento, mas
como um trabalho vinculado ao processo civilizatório e ideológico de grande interesse
da classe trabalhadora. Os educadores dependem do seu trabalho para sobreviver,
enquanto classe, mas também enquanto trabalhadores, são aqueles que constroem o
conhecimento e têm responsabilidades para a formação das novas gerações de
trabalhadores. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Ao levantar e analisar os
movimentos ligados às PDEs que produzem o fenômeno da Plataformização no campo
da Educação, é importante que se identifique as EdTechs como negócios de
tecnologia digital na área de educação que vendem o discurso da modernização,
da otimização da aprendizagem e da redução de custos e do papel do Estado.
Nesse sentido, a lógica da plataformização agiliza e disponibiliza os fluxos de
informações, mas não garante interação e a formação dos sujeitos. Essa lógica
tem levado à fragmentação que ao contrário do desejado, tem reforçado as
dificuldades de aprendizagem. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Tratam-se de processos que podem
servir bem aos negócios do e-commerce/marketplace, a alguns serviços, mas não
servem como solução única, ao processo que exige interação social como é o caso
da Educação. A fragmentação amplia as dificuldades para a reflexão e elaboração
do pensamento reflexivo e crítico que exige múltiplas atenções, conexões e
capacidade de formulação para interpretação e inter-relação entre os
fatos.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Conhecimento é o inverso da fragmentação</b>. O ser humano não pode ser
meio e sim o sujeito com capacidade de leitura, reflexão e interpretação. Até a
etapa do Ensino Médio, como parte da Educação Básica, é difícil aceitar e
imaginar o processo educacional apartada ou com reduzida sociabilidade pessoal.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Após a Pandemia, se percebe que a
Educação vem sendo empurrada, diuturnamente, para o modelo híbrido, quase que
como discurso único e sem alternativas. A pandemia ajudou a nos encaminhar para
um modo mais individualista de ser e de viver com menos interações sociais
presenciais. Porém, a Escola precisa permanecer sendo um Espaço em que se
aprende mais com o convívio no ambiente de aprendizagem do que com o conteúdo e
apenas através da relação professor-aluno ou aluno-máquina cibernética. É
preciso enfrentar com todas as forças, a fragmentação, a dispersão e o
sentimento de distopia. As PDEs podem servir de auxílio a esse processo, como
complemento, mas nunca de substituição.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">As máquinas cibernéticas têm mais
habilidades para analisar e processar enormes volume de dados. Elas podem dar
ao sujeito opções de escolhas, para os quais os educandos precisam ser preparados
para decidir e escolher caminhos. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Ninguém quer ser comandado por
aplicativos e algoritmos, muito menos os professores e os nossos alunos. Os
donos de plataformas e startups estão em sua maioria desenhando sistemas para
extrair mais valor de interfaces cibernéticas que incluem o ML, IA e ChatGPT
como modelos sofisticados de linguagem.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Além de tudo isso, não é
admissível a covardia em submeter os estudantes desta mesma geração, que acabou
de sair de um longo período de isolamento e com diversos problemas de
aprendizagem, socialização e pressões mentais e transforma-los num depositário
de experimentos tecnológicos a serviço do capital. Deve-se ter a clareza que os
aplicativos e as plataformas digitais não são um problema em si. Não se deve
repetir os ludistas que tentaram quebrar as máquinas no início da revolução
industrial, a saída agora também não é quebrar os computadores e jogar fora os
celulares. O grande problema é o uso da tecnologia controlado por grupos
empresariais e financeiros que sob uma lógica neoliberal, passam a querer
dirigir os sistema de educação.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O papel da ESCOLA tem que ser
cada vez mais, o de preparar o SUJEITO para desenvolver o pensamento crítico.
Pensamento crítico significa conhecimento e habilidades para manter o
protagonismo e a capacidade de escolhas do ser humano (educando). Os sujeitos
podem receber e se interagir com as máquinas cibernéticas e com os algoritmos,
em vez de apenas receberem ordens destes. Assim, coletivamente é possível
entender que ao contrário do que se pode imaginar, o papel do ESCOLA se amplia e
deve ser ainda mais essencial, ao invés dessa visão de descarte paulatino do
educador e da escola, quase que apenas para certificação. Outra plataformização
inclusiva, participativa e com ideário coletivo, solidário e transformador é
possível, assim como um outro mundo também é possível. Sigamos na luta e em
frente!<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Notas e referências</b>: <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">[1] Encontro temático “<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Tempos Digitais</b>" com mesa-redonda
intitulada “<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Plataformização na Educação</b>”,
organizado pelo Laboratório Formação em Docências no Ensino Superior
(GIZ-PROGRAD-UFMG) e Pró Reitoria de Graduação da UFMG, em 21 de maio de 2021.
O encontro temático teve a abertura da pró-reitora de Graduação, professora
Benigna de Oliveira e a mesa-redonda foi mediada pelo educador Marcos Vinícius
Tarquínio (UFMG), coordenador do LabDocências-UFMG e contou com a minha
participação e dos professores-pesquisadores, Marcos Alves (UFMG) e Leonardo da
Cruz (UFPA). A gravação do evento pode ser vista neste link: <a href="https://www.youtube.com/watch?v=vOYlyQWbfF4">https://www.youtube.com/watch?v=vOYlyQWbfF4</a><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">[2] Um texto com a síntese da
minha participação e título <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Plataformização
da Educação</b> foi publicado no meu blog e no Portal 247 no dia 25 de maio de
2021. Disponível em: <a href="http://www.robertomoraes.com.br/2021/05/plataformizacao-da-educacao.html">http://www.robertomoraes.com.br/2021/05/plataformizacao-da-educacao.html</a><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">[3] PESSANHA, Roberto
Moraes. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Inovação, financeirização e
startups como instrumentos e etapas do capitalismo de plataformas</b>. In.
Geografia da Inovação: territórios, redes e finanças. P.433-468. Rio de
Janeiro. Consequência, 2020.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">[4] CASTELLS, M. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">A
sociedade em rede</b>. Paz e Terra: São Paulo. 2002.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">[5] A expressão “<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">vampirismo digital</b>” representa a
substantivação de fenômenos observados em que se pretende apreender e debater
os significados desses processos e fenômenos em curso e não a construção de
conceitos e/ou categorias para uma análise teórica mais profunda, embora
igualmente válida. A expressão “vampirismo digital” aparece no ensaio como
símbolo da extração de renda e valor exercida pela tecnologia digital. O termo é
mais comentado num outro texto:<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">PESSANHA, Roberto Moraes. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Commoditificação de dados, concentração
econômica e controle político como elementos da autofagia do capitalismo de
plataforma</b>. Revista ComCiência do Laboratório de Estudos Avançados em
Jornalismo da Unicamp e SBPC. Disponível em:
<http://www.comciencia.br/commoditificacao-de-dados-concentracao-economica-e-controle-politico-como-elementos-da-autofagia-do-capitalismo-de-plataforma/>.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">[6] PESSANHA, R.M. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Disputa no e-commerce de varejo no Brasil:
entre o intangível do digital e a materialidade da infraestrutura de logística</b>.
In: Marcas da Inovação no Território, Vol. II (P.45-71). Editora Letra Capital.
Rio de Janeiro. 2020.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;">[7] GROHMANN,
Rafael. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Plataformização do trabalho:
características e alternativas</b>. In: Uberização, trabalho digital e
indústria 4.0. BoiTempo. São Paulo, 2020. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 11.5pt; line-height: 107%;">[8] SRNICEK, N. <b><i>Valor, renda e capitalismo de
plataforma. </i></b><span style="mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;">Revista Fronteiras – estudos midiáticos. Vol. 24 Nº 1. Janeiro-abril
2022. Disponível em: </span></span><a href="https://revistas.unisinos.br/index.php/fronteiras/article/view/24920"><span style="font-size: 11.5pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;">https://revistas.unisinos.br/index.php/fronteiras/article/view/24920</span></a><span style="font-size: 11.5pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">[9] THOMPSON, E. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Costumes em comum: estudos sobre cultura
popular tradicional</b>. Companhia das Letras. São Paulo, 1998<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">[10] HARVEY, D. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Condição pós-moderna</b>. São Paulo:
BoiTempo, 2005.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;">[11] Artigo
de Giuseppe Luca Scafiddi publicado em 17 fev. 2020, no portal Outras
Palavras. Cronofagia: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">O roubo do
tempo, sono e ideias</b>. Disponível em: <a href="https://outraspalavras.net/mercadovsdemocracia/cronofagia-o-roubo-do-tempo-do-sono-e-das-ideias/">https://outraspalavras.net/mercadovsdemocracia/cronofagia-o-roubo-do-tempo-do-sono-e-das-ideias/</a><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">[12] CRARY, Jonathan. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">24/7: Capitalismo tardio e os fins do sono</b>.
Ubu. São Paulo, 2016.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;">[13] CRARY,
Jonathan. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Terra arrasada: Além da era
digital rumo a um mundo pós-capitalista</b>. Ubu. São Paulo, 2023.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 6pt; text-align: justify;">[14] MOROZOV,
Evgeny. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Big Techs: A ascensão dos
dados e a morte da política</b>. Ubu Editora. São Paulo, 2018.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">[15] ABSTARTUPS. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Associação Brasileira de Startups</b>.
Disponível em: <a href="https://abstartups.com.br/">https://abstartups.com.br/</a><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">[16] Distrito. Consultoria em
startups. Disponível em: <a href="https://distrito.me/startups">https://distrito.me/startups</a><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">[17] Pesquisa da UFMG/CNTE sobre
o trabalho docente da rede pública pela via digital aponta precariedades,
intensificação e baixa participação dos estudantes. Divulgada no Portal 247, em
16 de julho de 2020 com o título: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Ensino
digital na pandemia: precariedades e baixa participação dos estudantes</b>. Disponível
em: <a href="https://www.brasil247.com/blog/ensino-digital-na-pandemia-precariedades-e-baixa-participacao-dos-estudantes">https://www.brasil247.com/blog/ensino-digital-na-pandemia-precariedades-e-baixa-participacao-dos-estudantes</a>.
Em meu blog, 16 de julho de 2020, comentei alguns dados e indicadores dessa
pesquisa com um texto com o título: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Pesquisa
da UFMG/CNTE sobre o trabalho docente da rede pública pela via digital aponta
precariedades, intensificação e baixa participação dos estudantes</b>.
Disponível em: <a href="http://www.robertomoraes.com.br/2020/07/pesquisa-da-ufmgcnte-sobre-o-trabalho.html">http://www.robertomoraes.com.br/2020/07/pesquisa-da-ufmgcnte-sobre-o-trabalho.html</a><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">[18] A expressão <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">skinnerização</b> é a leitura de um
processo deriva das ideias do psicólogo behaviorista americano Burrhus Frederic
Skinner. B. F. Skinner foi professor na Universidade Harvard de 1958 até sua
aposentadoria, em 1974. Skinner considerava o livre arbítrio uma ilusão e ação
humana dependente das consequências de ações anteriores. Para Skinner a
educação devia ser planejada passo a passo, de modo a obter os resultados
desejados na "modelagem" do aluno. Em síntese, Skinner
acreditava na possibilidade de controlar e moldar o comportamento humano.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">[19] CGI. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL – CGI.br. </b>Núcleo de Informação
e Coordenação do Ponto BR - NIC.br. Centro Regional de Estudos para o
Desenvolvimento da Sociedade da Informação – Cetic.br. Disponível em: <a href="https://cgi.br/publicacao/pesquisa-sobre-o-uso-das-tecnologias-de-informacao-e-comunicacao-nas-escolas-brasileiras-tic-educacao-2021/">https://cgi.br/publicacao/pesquisa-sobre-o-uso-das-tecnologias-de-informacao-e-comunicacao-nas-escolas-brasileiras-tic-educacao-2021/</a><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><o:p></o:p></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><a href="https://cgi.br/media/docs/publicacoes/1/20220929112852/educacao_em_um_cenario_de_plataformiza%25C3%25A7ao_e_de_economia_de_dados_problemas_e_conceitos.pdf">https://cgi.br/media/docs/publicacoes/1/20220929112852/educacao_em_um_cenario_de_plataformiza%25C3%25A7ao_e_de_economia_de_dados_problemas_e_conceitos.pdf</a><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><a href="https://cgi.br/media/docs/publicacoes">https://cgi.br/media/docs/publicacoes</a><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>[20] <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Mapeamento
das Ed Techs 2022</b>: <a href="https://abstartups.com.br/wp-content/uploads/2022/11/MAPEAMENTO-EDTECH-1.pdf">https://abstartups.com.br/wp-content/uploads/2022/11/MAPEAMENTO-EDTECH-1.pdf</a><u><span style="color: #0563c1; mso-themecolor: hyperlink;"><o:p></o:p></span></u></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">[21] BRITO, Carina. Revista
Pequenas Empresas e Grandes Negócios (PEGN), em 05 Julho 2023. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Edtech Teachy capta R$ 8 milhões em rodada
pré-seed. Investimento foi liderado pela NXTP e teve participação da Roble
Ventures. Plataforma lançada neste ano tem o objetivo de facilitar o trabalho
dos professores</b>. Disponível em: https://revistapegn.globo.com/startups/noticia/2023/07/edtech-teachy-capta-r-8-milhoes-em-rodada-pre-seed.ghtml<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">[22] <span style="font-size: 11.5pt; line-height: 107%;">DOWBOR, L. <b>O capitalismo se desloca: novas arquiteturas
sociais</b>. Ed. Sesc. São Paulo, 2020.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">[23] DARDOT, P.; LAVAL, C. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">A nova razão do mundo</b>: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">ensaio sobre a sociedade neoliberal</b>.
São Paulo: BoiTempo, 2017.<o:p></o:p></p>
<span face=""Calibri","sans-serif"" style="font-size: 11pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[24] SANTOS, Milton. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Por uma outra globalização</b>: do pensamento único à consciência
universal. Record. Rio de Jan</span>
<div style="mso-element: footnote-list;"><!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/Caico/Desktop/Plataformiza%C3%A7%C3%A3o%20da%20Educa%C3%A7%C3%A3o%20-%20um%20debate%20necess%C3%A1rio%20-%20Roberto%20Moraes%20-11-07-2023.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span face=""Calibri","sans-serif"" style="font-size: 10pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> Pesquisador
e professor titular aposentado do Instituto Federal Fluminense, doutor pelo
Programa de Políticas Públicas e Formação Humana, PPFH-UERJ.<o:p></o:p></p>
</div>
</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7918161.post-71479566390796900912023-05-29T15:22:00.002-03:002023-05-29T15:22:32.468-03:00"A Margem Equatorial Brasileira: uma região em disputa", por Francismar Cunha<p style="text-align: center;"> </p><p style="text-align: center;"><b style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">A
Margem Equatorial Brasileira: uma região em disputa</span></b></p><p>
</p><p align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Francismar Cunha
Ferreira<a href="file:///C:/Users/Caico/Downloads/A%20Margem%20Equatorial%20e%20suas%20reverbera%C3%A7%C3%B5es%20geoecon%C3%B4micas%20e%20geoambientais%20(1).docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span></span></span></a></span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-align: center;"> </span></p>
<div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Um debate que vem sendo pautado nas últimas semanas consiste na nova fronteira petrolífera brasileira na região da chamada Margem Equatorial do Brasil. Uma região que parte do litoral do Amapá até ao Rio Grande do Norte formada pelas bacias Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar (ver mapa abaixo) indicada como o “novo pré-sal brasileiro” em função das possíveis volumosas reservas de petróleo.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A exploração de Petróleo e gás na Margem Equatorial não é nova, desde a década de 1970 tem-se o desenvolvimento de atividades exploratórias na região. Foram centenas de perfurações em águas rasas (profundidade d´água entre 0 (zero) e 300 metros) realizadas pela Petrobras e também por petroleiras privadas como BP, Esso (ExxonMobil), Devon Energy, entre outras. Com exceção das bacias do Ceará e Potiguar, as demais não apresentaram descobertas de petróleo em escala comercial e com isso, muitos poços acabaram sendo abandonados.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Entretanto, novas pesquisas exploratórias, agora em águas profundas (águas oceânicas situadas em áreas com lâmina d’água, em geral, entre 300 metros e 1.500 metros) e ultraprofundas (águas oceânicas situadas em áreas com lâmina d’água, em geral, acima de 1.500 metros), indicam a possibilidade de novas descobertas na região. Essa hipótese é reforçada com a descoberta feita em 2013 pela Petrobras na bacia Potiguar no chamado poço Pitu (o poço atingiu a profundidade final de 5.353 metros e constatou uma coluna de hidrocarbonetos de 188 metros) bem como as descobertas recentes em águas profundas na Guiana, Suriname e Guiana Francesa.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Por outro lado, no interior da Margem Equatorial tem-se uma série de ambientes vulneráveis e singulares como o grande sistema de recifes da Amazônia, o Atol das Rocas, Fernando de Noronha, manguezais nas áreas costeiras, além de grande diversidade marinha e de proximidade com terras indígenas, em especial no Amapá e no Ceará (ver mapa abaixo). Toda essa singularidade e vulnerabilidade ambiental e territorial acaba, de certo modo, sendo ameaçada pelos avanços da indústria petrolífera na região.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Pelo fato se tratar de uma região ambientalmente frágil é que os processos de licenciamento ambiental na região voltados para a exploração de petróleo e gás são complexos e cercados de acalorados debates acerca da viabilidade ou não de exploração de petróleo na região. É nesse contexto que se tem a discussão recente entre Petrobras e IBAMA acerca do processo de licenciamento para a perfuração exploratória na bacia Foz do Amazonas. Essa discussão parte de duas frentes básicas, uma primeira ligada a dimensão econômica que parte do princípio do aumento das reservas brasileiras o que seria estratégico para o país bem como acarretaria em rendas petrolíferas destinadas a Estados e Municípios da região. A segunda dimensão é a ambiental que indica que a exploração na região é inviável em função da preservação de um ambiente singular e vulnerável e também que não se justifica a busca por mais petróleo em um contexto em que o mundo acena para a transição energética, menos dependente do petróleo.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O que se tem até o momento é o indeferimento do processo de licenciamento ambiental da Petrobras por parte do IBAMA para a realização de perfurações na bacia da Foz do Amazonas. O órgão indicou, dentre outras coisas, que a Petrobras não teria apresentado garantias suficientes de atendimento adequado em caso de acidentes com derramamento de petróleo. Decisão semelhante, em certa medida, já havia sido realizada pelo órgão em relação à petroleira francesa Total Energies que também operava blocos exploratórios na região até 2020.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A Petrobras manifestou, no último dia 24/05, que irá recorrer da decisão do IBAMA e que irá buscar protocolar ‘medidas adicionais’ para tentar a liberação da exploração junto ao órgão e assim realizar perfurações nas águas profundas e ultraprofundas no litoral do Amapá (ver mapa a seguir). Contudo, o que chama a atenção é que a Petrobras não é a única operadora presente na região. Na Margem Equatorial encontra-se atualmente além da Petrobras, outras sete operadoras que são: as multinacionais Shell, BP, Murphy e Chariot, além das brasileiras Prio (antiga PetroRio), Enauta e 3R Petroleun (Ver mapa a seguir). Além dessas petroleiras, tem-se ainda outras que compõem consórcios com as operadoras citadas que são: Total Energies que possuiu percentual de participação em blocos operados pela Petrobras na bacia da Foz do Amazonas, a Galp que detém participações em blocos operados pela Petrobras na Bacia de Barreirinhas, a Sinopec que possui participações em blocos operados pela Petrobras na Bacia Pará-Maranhão e por fim, a Mitsui e a Aquamarine Exploração que compõem parceria em blocos operados pela Shell na bacia de Barreirinhas.</div><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsW3pNOoNhsAVpZkf5qfAsLl31Q-huazZQ6c-q9OZsKN6TsBTwC2l0xkh6zsUu7xGFuZKIb1lCn7tDdsXuqualNMOUnhXc7LMAx1BLD1kwpVHc27GfDYzEuGNM6OfOiIDKUKn07QqnbqRILUQzlB5V5XsHAUHcojUUD0iUj9MIICNSzyE/s10530/corais.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="7193" data-original-width="10530" height="438" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsW3pNOoNhsAVpZkf5qfAsLl31Q-huazZQ6c-q9OZsKN6TsBTwC2l0xkh6zsUu7xGFuZKIb1lCn7tDdsXuqualNMOUnhXc7LMAx1BLD1kwpVHc27GfDYzEuGNM6OfOiIDKUKn07QqnbqRILUQzlB5V5XsHAUHcojUUD0iUj9MIICNSzyE/w640-h438/corais.jpg" width="640" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-left: -49.65pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-language: PT-BR; mso-no-proof: yes;"><v:shapetype coordsize="21600,21600" filled="f" id="_x0000_t75" o:preferrelative="t" o:spt="75" path="m@4@5l@4@11@9@11@9@5xe" stroked="f">
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<div style="text-align: justify;">Sendo a região uma nova fronteira petrolífera, as pressões de caráter econômico, político e até mesmo geopolítico deverão ser intensas a fim de possibilitar a exploração na região. Abrir para uma petroleira que venha identificar grandes reservatórios poderá ser o caminho para outras também se aventurarem nessa empreitada, o que aumenta os riscos de impactos irreversíveis na região uma vez que se trata, conforme indicado, de uma área ambientalmente singular e vulnerável.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Nesse contexto, não se trata somente de permitir ou não a exploração na região, o debate necessita ser maior por parte de todos os agentes envolvidos na região da Margem Equatorial que são basicamente a Petrobras, o Estado, as petroleiras privadas, as comunidades locais, os pesquisadores, entre outros.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Por parte da Petrobras o que seria mais viável no momento? Buscar mecanismos para remontar a companhia após a desintegração da mesma promovida pela privatização de ativos estratégicos (transporte, refino e distribuição) de modo que a torne novamente uma companhia integrada de energia ou buscar novas reservas e reafirmar a condição direcionada pela gestão anterior em fazer da Petrobras somente uma exploradora de petróleo? Por parte do Estado (governo Federal, ANP, IBAMA e outros órgãos e instituições públicas) deve ser debatido se o atual aparato regulatório ambiental e do setor de petróleo e gás é adequado e seguro o suficiente para ser utilizado em uma área que é ambientalmente singular e sensível. Além disso, faz-se necessário garantir que decisões e ações de fiscalização e controle que crivam sobre as atividades petrolíferas na Margem Equatorial não tenham exceções e flexibilizações que possam eventualmente beneficiar as petroleiras e colocar em risco as riquezas ambientais, territoriais e até mesmo culturais da região. Cabe ainda por parte do Estado, não somente deliberar acerca da exploração de petróleo na região, mas desenvolver um plano robusto para alavancar a transição energética.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Por fim as petroleiras privadas que se encontram na região, muitas multinacionais inclusive. Essas empresas realmente possuem preocupação com o meio ambiente ou apenas querem acesso às possíveis reservas para valorizar seus capitais? A segunda possibilidade parece ser, em um primeiro momento, prioridade, afinal, se essas empresas tivessem reais preocupações com o meio ambiente e o território, buscariam atender minimamente as condicionantes determinadas pelo IBAMA nos processos de licenciamento, por exemplo. Entretanto, o que foi percebido ao longo do tempo é que elas acabam cedendo o direito de exploração para outras petroleiras ou até mesmo devolvendo os blocos exploratórios para a ANP, pois até o momento, se mostram incapazes de apresentar em um processo de licenciamento as condições que garantam a proteção ao ambiente em geral. Esse movimento pode ser exemplificado pelos casos da BHP, Total Energies e a BP que desistiram da condição de operadoras em blocos exploratórios na região por não atenderem as condições determinadas no processo de licenciamento junto ao IBAMA, além disso, têm-se os casos da antiga OGX e da colombiana Ecopetrol que acabaram devolvendo seus blocos porque não conseguiram licenciar as áreas.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Em resumo, trata-se de um processo amplo e complexo que faz da Margem Equatorial uma região em disputa. Seu debate não pode se restringir ao campo discursivo restrito a dualidade pode ou não explorar. Existem múltiplas dimensões ambientais, políticas, econômicas, energéticas, territoriais, culturais que carecem de aprofundamento. É uma equação de difícil equilíbrio e que sua resolução não deve ser resolvida de maneira apressada. De todo modo, o que se espera é que não ocorram flexibilizações e exceções de nenhuma natureza que possibilitem a exploração na região de maneira irresponsável, que possa comprometer o meio, seja em favor das petroleiras privadas que buscam somente se apropriar de rendas petrolíferas, seja para Petrobras. Aliás, essa última, apesar de ter uma gestão empresarial, ainda é majoritariamente controlada pelo Estado, esse que deve ter, no mínimo, compromisso com seu povo, seu território e seu meio, logo, necessita considerar toda a complexidade e sensibilidade envolvida no contexto da Margem Equatorial bem como o contexto econômico, político e ambiental em que estamos inseridos atualmente.</div><div style="mso-element: footnote-list;"><!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/Caico/Downloads/A%20Margem%20Equatorial%20e%20suas%20reverbera%C3%A7%C3%B5es%20geoecon%C3%B4micas%20e%20geoambientais%20(1).docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Doutor em Geografia pela Universidade Federal do Espírito Santo. Desenvolve
pesquisas na área de geografia econômica com ênfase na indústria do petróleo.</p></div></div><p></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7918161.post-45050424494732648452023-05-24T16:33:00.001-03:002023-05-24T16:37:04.627-03:00 As artérias digitais escancaradas da América Latina<p>Estou fechando uma etapa de pesquisa (com texto encomendado) que analisa a infraestrutura digital no Brasil e AL, especialmente, entre cabos submarinos e datacenters, cujos indicadores contribuem para reforçar a interpretação sobre a potência da materialidade da digitalização e sua ação sobre a construção social no território.</p> Aquilo que no senso comum acaba sendo mais conhecido por uma falsa virtualidade imaterial da conectividade e sociabilidade digital das redes sociais, com informações online, entretenimentos com usos de streamings; fake news que geram a manipulação política, etc. há uma colossal e potente infraestrutura material controlada por grandes corporações e capitais de riscos dos fundos financeiros.<div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjThAsiJK0VsVOOYxyZzZN2Pv5arjgYVHk9XhyrpIVrWcBq2Cmc_LX_Iq-CvKtZKePfuUkfXry3XDEh_www-PIM4v-yZNrFvvgj0CqUhtynVxPgAhzAZgH3XHgUcjKSY0xcgSAUGE_fq1Yc0CYygPp4BMVO5-hAQMwRXqQtFo_KJgro2M/s568/Mapa%20cabos%20fibra%20%C3%B3tica%20pelo%20mundo.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="375" data-original-width="568" height="211" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjThAsiJK0VsVOOYxyZzZN2Pv5arjgYVHk9XhyrpIVrWcBq2Cmc_LX_Iq-CvKtZKePfuUkfXry3XDEh_www-PIM4v-yZNrFvvgj0CqUhtynVxPgAhzAZgH3XHgUcjKSY0xcgSAUGE_fq1Yc0CYygPp4BMVO5-hAQMwRXqQtFo_KJgro2M/s320/Mapa%20cabos%20fibra%20%C3%B3tica%20pelo%20mundo.jpg" width="320" /></a></div><div>É nesse campo que tem se desenvolvido o fenômeno, que junto a outros pesquisadores, tenho chamado de dominação técnico-digital em aliança à hegemonia financeira e sob a égide do neoliberalismo, como "tripé do capitalismo contemporâneo".</div><div><br /></div><div>Hoje, o mundo tem cerca de 5 centenas de ramais de cabos ópticos submarinos que hoje duram em torno de 25 anos, após instalados. Há quase 3 décadas 50% da comunicação e transmissão de dados era 50% por satélites e 50% por cabos. Hoje, esse percentual de uso dos cabos subiram para 95%.<br /><br />Sobre a expressiva infraestrutura digital que controla esse processo de dataficação na AL, existem atualmente quase 7 dezenas de sistemas (ou ramais) de cabos submarinos, a maioria interligando aos EUA. 40% do tráfego da AL é internacional sendo 90% para os EUA, enquanto a conectividade inter-regional na AL é de apenas 20% e na Europa e Ásia de cerca de 50%.<br /><br />Espanta ainda, o fato que entre 15 ramais de cabos submarinos que atendem o Brasil, 8 entraram em operação últimos 6 anos, metade tem destino dos EUA e seus donos são Big Techs (Google e Facebook). Um 16º ramal do cabo Firmina de propriedade da Google terá 14,5 mil km de extensão interligando Brasil, Argentina e Uruguai aos EUA e entrará em funcionamento até o final desse ano. Processo e estratégias de um colonialismo digital e de um extrativismo Hi-Tech.<br /><br />A centralidade dos EUA só não é maior por conta da decisão da Dilma, depois do caso da espionagem digital da NSA, denunciada por Snowden, que fez surgir 3 ramais de cabos diretos para Europa, passando pela África.<br /><br />Outro destaque nessa pesquisa (com texto sendo finalizado) é a condição de Fortaleza, no litoral do Ceará como o principal hub nacional de cabos submarinos, que em função de sua localização, está servindo de base (território de passagem) para 11 dos 15 ramais de cabos ópticos que hoje atendem o Brasil e dali segue para outros países e continentes. <br /><br />Extrativismo Hi-Tech, apropriação, dependência e subordinação que se expandem com a digitalização e a dataficação e se somam ao extrativismo anterior dos minerais e recursos da natureza, repetindo a leitura feita pelo grande escritor Eduardo Galeano, há mais de meio século, agora, não mais pelos portos, mas através das "artérias digitais escancaradas da AL".</div></div><div><br /></div><div>PS.: Em breve estará disponível o texto na íntegra.</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7918161.post-21738832581481979822023-05-05T19:09:00.006-03:002023-05-05T20:58:02.819-03:00O caos na acessibilidade, trânsito e transporte público de Campos,RJ tem história<p>Fiquei cerca de três meses fora de Campos, RJ e voltei há uma
semana. Ao retornar encontrei o trânsito nas ruas da cidade ainda bem mais
tumultuado que antes. A origem não parece simplesmente os problemas de recapeamento
de algumas ruas principais, incluindo 28 de março e da interrupção prolongada
do trecho da avenida 15 de novembro ou Beira-Rio. Vai também bem para além dos
horários de pico e de regiões da área central. Há claramente questões
estruturais acumuladas ao longo de décadas na questão urbana que cada vez produzem
mais desgastes e cobram uma conta maior.</p><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiV0wAW7_lCmKMkxafnMfSI1fvFXpgJTOA_Z_8J1VfvhFeFxjI5VsI1wMiv1uOeMY9FzB3QMPLfq5wCjAu_wIerZxWMxsxhhPk3delOpkapEJPxkkUY06NbjUvOW8puWX-jM5x-uJgjD5UL-3qEDdv-2uWHRA92OKN0ond6xJC7wPi0l4/s435/Foto%20Av%2028%20de%20mar%C3%A7o%20PMCG.jpg" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="203" data-original-width="435" height="149" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiV0wAW7_lCmKMkxafnMfSI1fvFXpgJTOA_Z_8J1VfvhFeFxjI5VsI1wMiv1uOeMY9FzB3QMPLfq5wCjAu_wIerZxWMxsxhhPk3delOpkapEJPxkkUY06NbjUvOW8puWX-jM5x-uJgjD5UL-3qEDdv-2uWHRA92OKN0ond6xJC7wPi0l4/s320/Foto%20Av%2028%20de%20mar%C3%A7o%20PMCG.jpg" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Avenida 28 de Março. Crédito: PMCG.</td></tr></tbody></table><p>Tudo isso me fez recordar o longo ano de 2005. Na ocasião,
estive por um período como vice-presidente do Conselho Municipal de Meio Ambiente
e Urbanismo (CMMAU) do município, como representante da sociedade civil. Nessa
condição os membros do CMMAU foi conversar com o prefeito, recém-eleito, Carlos
Alberto Campista em seu gabinete.</p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">A pauta envolvia várias questões de planejamento urbano e
ambiental, preocupações de curto e médio prazo e necessidades, tanto de revisar
alguns arcabouços legais que cabem ao município, quanto propor uma intervenção
mais corajosa do Executivo usando recursos dos royalties, para dar conta
daquilo que parecia não estar sendo percebido pelas autoridades. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Um desses pontos apresentados era sob o fato que no
município de Campos dos Goytacazes, naquele distante ano de 2005, já sofria um
aumento anual no número de carros registrados da ordem de 5 mil novos veículos
e tinha acabado de superar a marca dos 100 mil licenciados junto ao Detran para
transitar. Os números espantavam. Eu já havia tratado dessa estatística num dos
artigos que escrevia semanalmente em jornal local. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">O prefeito Campista, como era de seu costume, sempre muito
direto e objetivo, me indagou de chofre: Roberto, de onde você tira esses
números? Eu respondi, ora, prefeito se tratam de dados oficiais do Detran-RJ que,
já naquela época, como órgão público estadual, tinha começado a disponibilizar
suas estatísticas, a despeito de outros problemas. Era um período, em que a
economia do país começava a crescer e deslanchar, o que indicava que o problema tendia
a aumentar.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Na ocasião falei que esses números de veículos registrados
em Campos não conseguiam alcançar os carros novos vendidos nas concessionárias
e que saíam emplacados (na maioria das vezes de forma irregular) no estado
vizinho do Espírito Santo, por conta da alíquota menor do IPVA. Na época, em
pesquisa informal, em algumas concessionárias, gerentes me diziam que quase 70%
dos carros novos eram emplacados no ES.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">No diálogo com o prefeito Campista, falamos de forma geral e
numa espécie de tempestade cerebral de várias alternativas possíveis. Aberturas
de vias de escoamento nos entornos (perimetrais do núcleo urbano mais central),
a necessidade de aperfeiçoar o transporte coletivo e público que não era bom,
mas estava longe do caos que vem tombando nesses últimos anos no município e
ainda a abertura de ciclofaixas nas avenidas urbanas, para além daquela
primeira e única - infelizmente no canteiro central - da avenida 28 de março. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Campos, já vivia uma espécie de dupla centralidade comercial
e bancária: a área histórica e outra na região da Pelinca. Assim, já se intuía que
elas se interligariam, tendo a rodoviária e o antigo mercado municipal ao meio.
Áreas ligadas por ruas estreitas e difícil de serem ampliadas. A nova
ponte para Guarus, já tinha começado e jogar o trânsito de boa parte de Guarus também
nesse centro nevrálgico e como imaginado o atravancamento do tráfego foi se
adensando.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Duas décadas depois perdemos
oportunidades e ampliou-se o problema <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></b></p>
<p class="MsoNormal">Pois bem, muitas coisas se passaram nesse ínterim de quase
duas décadas. O prefeito Campista, se mostrou disposto a tentar avançar em alguns
destes desafios, mas logo depois foi retirado do cargo. Deu tempo de dar início
à revisão do Plano Diretor, com debates públicos, mas o plano foi depois muito
retalhado, a partir de instruções do Executivo da época e acabou bastante alterado
na Câmara Municipal. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Nesse período o município recebeu mais de R$ 30 bilhões de royalties
do petróleo. Algumas iniciativas saíram das intenções, como a da ligação da
perimetral da avenida Artur Bernardes entre o trevo do índio, cruzando a
avenida 28 de março e indo até à Uenf. Os prolongamentos das ruas Saldanha
Marinho (Caldas Viana) e Formosa – Tte. Cel. Cardoso – Raul Escobar que ligaram
os bairros do Turfe e Jóquei como alternativas paralelas à estratégica 28 de
março. Uma nova ponte foi construída sobre o Rio Paraíba do Sul. Novas
demarcações de ciclovias para além do centro urbano, mesmo que algumas
limitadas e estreitas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Porém, nada disso, está dando e dará conta, diante do
crescimento do número de carros que circulam no município e que não para de crescer.
Em abril de 2023, esse número em Campos já passou dos 254 mil, embora quase 30%
disso sejam de motocicletas, o que reduz um pouco os impactos. Mas, de outro
lado, o transporte público piorou demais ao longo desse tempo em Campos. Se
formos considerar só o número de automóveis, exceto, ônibus, vans e caminhões,
esse número é de cerca de 1 para cada 3 moradores do município. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Além disso, cresceu muito o número de vans, que se por um
lado atende à demanda de transporte público, nas ausências absurdas e criminosa
dos ônibus (um assunto que há muito vem sendo apontado). As vans também circulam
de forma desordenada e em número crescente, assim como surgiram e circulam por
todo o canto da cidade, os carros de aplicativos que também não param de
crescer e entopem as vias centrais, reproduzindo demandas não atendidas do
transporte público, mas também drenando uma renda local para uma
empresa-aplicativo fora do país.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Quem sofre mais com tudo isso é a população mais pobre que
precisa chegar às áreas centrais. Esses moradores foram sendo empurrados para
morar em lugares cada vez mais distantes do trabalho e do estudo, que geralmente está localizado no miolo central da cidade. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Se, em 2005, esses trabalhadores, estudantes e moradores
levavam 30 minutos para chegar ao centro dessa cidade de médio porte, hoje
levam em torno de uma hora. Se moram nos distritos, muitos chegam a gastar uma
hora e meia ou mais para vir e outra tanta para voltar. Sofrem também os
moradores dos bairros mais próximos a essa região central caótica que deixam no
trânsito o tempo que seria dedicado ao convívio da família, ao estudo, ao
lazer, etc.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">A melhoria do recapeamento nessas vias centrais e
estratégicas, pode ser necessária, mas não enfrenta o problema crucial que
depende de várias ações que ao longo do tempo - e ainda hoje -, vai sendo
empurrada, a despeito do novo crescimento das receitas dos royalties do
petróleo nesse município petrorrentista. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">A Pandemia, escondeu durante dois ou três anos esses
problemas. Porém, o desejado fim da Pandemia trouxe à tona - de forma ampliada
e com mais vigor - o nosso grave problema da acessibilidade, do transporte
público e do quase insuficiente planejamento urbano num município situado em região
de planície e com uma longa história de vida na urbe. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Não sou e nem nunca fui técnico e especialista na área, mas
ouvia sugestões de quem estudava o assunto e gostava de acompanhar soluções de
políticas e planejamento urbano em outros municípios. Com o tempo, passei a me
dedicar a estudos sobre outros temas, menos locais e/ou regionais, mas mesmo em
que apenas nesse texto e no contexto de uma sociedade muito fragmentada (mais
que polarizada), como cidadão resolvi provocar o assunto. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Penso que a sociedade em sua totalidade precisa pressionar com maior veemência o poder público, para produzir ações estruturais e também aquelas mais urgentes. Essas devem
atender prioritariamente à população que mais precisa dos governos, ou seja, às
populações de baixa renda. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Não sei se o Conselho Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo
ainda funciona. Há outras institucionalidades, organizações e movimentos
sociais que poderiam atuar e se aprofundar nesse tema, saindo apenas da atuação
em suas áreas de interesse, na medida que esse é um tema que, mesmo que de
forma assimétrica, atinge a todos os setores e moradores do município. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Trata-se de um problema que afeta a economia, o ambiente e a
sempre falada e relegada “qualidade de vida”, sendo, portanto, um problema de
todos. O que faz também me recordar das duas conferências da cidade, realizadas
com grande energia, debates e ainda um quê de utopia, no município de Campos dos
Goytacazes em 2003 e 2005, sob o slogan “Uma cidade para todos” estipulado pelo
Ministério das Cidades que tinha à frente Olívio Dutra e a professora Ermínia
Maricato. Há que se enfrentar esse o desafio. Com a bola, os movimentos da sociedade, as universidades e as autoridades do município.<o:p></o:p></p>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7918161.post-18099545601722584132023-04-28T16:53:00.004-03:002023-04-29T14:06:57.994-03:00Perspectivas energéticas dos EUA, análise da consultoria Rystad Energy A consultoria norueguesa, Rystad Energy, uma das mais conceituadas do setor global de O&G disponibiliza mensalmente um boletim com análise sobre a área. O review do mês de abril foi enviado hoje (28/04/23) e se trata de um artigo de autoria dos especialistas Claudio Galimberti e Emily McClain.<div><br /></div><div>Os autores analisam o cenário do setor para os EUA e traz elementos interessantes para a compreensão da questão da transição energética em meio aos combustíveis fósseis (óleo e gás natural, o <i>shale</i> - xisto), a energia renovável e a re-eletrificação, os impactos na questão climática e o imbricamento financeiro global desta chamada transição energética.</div><div><br /></div><div>Abaixo o blog disponibiliza o texto traduzido automaticamente.<br /><br /><br /><div style="text-align: center;"><b>Perspectivas energéticas americanas enquanto Biden busca um segundo mandato</b></div><br />A indústria de energia americana se encontrava na frente e no centro da corrida presidencial anterior. Com base em mercados de petróleo e gás muito mais calmos e equilibrados, o então candidato presidencial Joe Biden propôs reformas abrangentes que visavam afastar os EUA dos combustíveis fósseis para tornar o país um líder em fontes mais limpas e renováveis. Poucos meses depois de assumir o cargo, os mercados mundiais viraram de cabeça para baixo quando a Rússia invadiu a Ucrânia, colocando em questão a confiabilidade das rotas de abastecimento tradicionais em vigor há décadas.<div>Como o presidente Joe Biden anunciou formalmente seu plano de buscar a reeleição, o setor será novamente uma questão central, já que o Partido Republicano destacará o aumento nos preços da gasolina na bomba e tentará vinculá-lo às políticas do atual governo para o setor. Faltam aproximadamente 20 meses para as eleições federais, e a Rystad Energy acompanhará e analisará de perto as políticas econômicas de cada candidato líder à medida que a temporada de campanha começar. Mas, por enquanto, é muito seguro presumir que as mensagens de Biden sobre o setor serão muito mais sutis, dado o papel fundamental que o setor desempenhou em ajudar a equilibrar a oferta e a demanda globais, já que a Europa evitou os volumes russos.</div><div><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://www.jornaldocomercio.com/_midias/jpg/2020/04/21/021157_01_02-9040842.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="478" data-original-width="800" height="191" src="https://www.jornaldocomercio.com/_midias/jpg/2020/04/21/021157_01_02-9040842.jpg" width="320" /></a></div><div>A candidatura de Biden para um segundo mandato nos ofereceu o cenário perfeito para destacar nossa apresentação na recente audiência do Senado dos EUA sobre energia, na qual fomos convidados como peritos. Abaixo está um resumo do testemunho apresentado ao comitê, reaproveitado para a REview deste mês, nossa série mensal de liderança de pensamento.</div><div><br /><br /><b>Uma abordagem pragmática para a transição</b><br />A indústria global de energia está em um ponto de virada. Uma transição está ocorrendo em muitos de seus setores. Em algumas áreas – como veículos elétricos, energia solar fotovoltaica, energia eólica e baterias – o ritmo da mudança foi rápido e está ganhando força. Em outros, ainda não surgiram alternativas comercialmente competitivas ao petróleo e ao gás. O efeito líquido é que ainda não sabemos quão rápido e profundo será o processo de transição energética. Mas de uma coisa sabemos com certeza: a mudança já em andamento é implacável e não será como sempre.<br /><br />Quinze anos atrás, a revolução do xisto levou a um ressurgimento da produção americana de petróleo e gás, desempenhando um papel crucial na satisfação da demanda doméstica e global de hidrocarbonetos. Isso ajudou a manter a oferta estável e, como resultado, os preços sob controle durante convulsões geopolíticas, como a Primavera Árabe. Nos últimos tempos, a invasão da Ucrânia pela Rússia foi talvez a ilustração mais poderosa de como as rotas de abastecimento de petróleo e gás podem ser interrompidas em questão de dias. Mais uma vez, o petróleo e o gás dos EUA têm sido essenciais para manter o mercado equilibrado e os preços sob controle.<br /><br />De maneira semelhante, quando o petróleo começou a substituir o carvão como principal fonte de energia no século XX, os avanços tecnológicos foram lentos, mas seguramente integrando fontes de combustíveis renováveis e não fósseis nos EUA e nos sistemas de energia globais. Assim como o carvão foi substituído pelo petróleo e pelo gás, as energias renováveis e as tecnologias limpas emergentes estão posicionadas para retirar grande parte da pressão dos combustíveis fósseis nos próximos anos e décadas.<br /><br />A transição energética é uma oportunidade única em uma geração para os EUA. Com movimentos estratégicos, como a Lei de Redução da Inflação – com seus incentivos direcionados para acelerar a formação de indústrias-chave de tecnologia limpa, como hidrogênio e CCUS – os EUA podem consolidar sua posição como uma superpotência energética. Inovações de ponta que fornecem energia limpa, acessível e confiável a residências e fábricas também contribuem para as metas líquidas zero dos EUA. Acreditamos que este é o momento para a América apostar na próxima evolução energética, impulsionada por energias renováveis, captura, armazenamento e utilização de carbono, hidrogênio e bateria e armazenamento de energia.<br /><br />No entanto, a demanda por petróleo e gás não vai desaparecer no curto prazo. O estoque de capital associado ao consumo de energia leva tempo para ser reposto, enquanto os países emergentes buscam aumentar seu consumo per capita de energia com base em sua urbanização e industrialização. Os EUA são atualmente o maior produtor mundial de petróleo e gás, respondendo por 16% da oferta mundial de petróleo e 20% do gás natural. É também um dos fornecedores mais limpos e baratos. A produção dos EUA está no quartil inferior da intensidade de carbono <i>upstream</i> globalmente e na metade inferior em termos de custos de equilíbrio.<br /><br />Portanto, se desinvestíssemos muito rapidamente no petróleo e no gás, o preço de ambos aumentaria. Ao focar nos EUA, também é essencial pensarmos nas implicações do mercado global. A Rystad Energy desenvolveu três cenários de transição usando modelagem proprietária: uma transição rápida, chamada –Sigma/1,6 DG, que limitaria o aumento da temperatura global a 1,6 DG; uma transição lenta, +Sigma/2.2 DG; e um meio-termo, Mean/1.9 DG.<br /><br />Qualquer um desses cenários ainda é possível. A rápida implantação de energias renováveis e VEs nos últimos cinco anos pode nos levar a pensar que estamos em uma transição rápida. No entanto, a extrapolação de tendências pode não conseguir compreender as restrições da cadeia de suprimentos, a necessidade de aperto regulatório para atingir essas metas e os prováveis custos mais altos associados à transição rápida. Além disso, o domínio atual da China em alguns nós da cadeia de suprimentos de energias renováveis pode ser um fator de risco se ocorrer uma redução drástica no comércio global. Da mesma forma, a atual falta de alternativas competitivas ao petróleo em setores-chave de demanda, como petroquímico, transporte rodoviário pesado e aviação, pode nos levar a pensar que o petróleo está em lenta transição, enquanto o avanço tecnológico pode rapidamente derrubar essas suposições.<div><br /></div><div>Atualmente, pensamos que o cenário Médio talvez seja aquele com maiores chances de se concretizar para o petróleo. Nesse caso, o xisto dos EUA continuará sendo uma fonte de energia essencial pelos próximos 10 a 15 anos, mantendo os níveis atuais de produção de petróleo e aumentando o gás natural. Na transição lenta, a produção de xisto precisaria aumentar drasticamente para atender à demanda global. No entanto, se ocorrer uma transição rápida, a produção de xisto diminuirá rapidamente em resposta aos baixos preços de mercado.<br /><br />Em conclusão, a transição é altamente incerta e as perspectivas para o petróleo e gás dos EUA podem ser drasticamente diferentes após 2030, dependendo do ritmo de desenvolvimento tecnológico e aceitação. Assim, agora é a hora de os EUA adotarem uma abordagem pragmática para a política energética, que aproveite a flexibilidade do óleo e do gás de xisto, ao mesmo tempo, em que defendem as energias renováveis, os prováveis vencedores na futura ordem energética. Ao fazer isso, os EUA podem manter seu lugar como líder mundial da energia.<br /><br /><br />PS.: Este artigo mensal é conduzido por dois de nossos principais especialistas regionais, Claudio Galimberti e Emily McClain. Juntos, eles trazem <i>insights</i> profundos sobre os mercados de petróleo e gás para fornecer uma visão macro holística do setor e dos associados a ele. Claudio, Head of Americas Research, é especialista em previsão de demanda de petróleo, modelagem de preços de petróleo e transição energética, com mais de 20 anos de experiência em empresas como S&P Global Platts e Shell. Emily, vice-presidente de mercados de gás, oferece um profundo conhecimento dos mercados e preços de gás norte-americanos e globais. Sua experiência técnica em cargos anteriores na IHS Market, Williams e Shell oferece um histórico abrangente para nosso artigo de opinião mensal. Esta peça é apoiada pelos dados abrangentes e poderosos da Rystad Energy, mas os pontos de vista e opiniões são dos autores. Um de nossos principais autores, Claudio, foi acompanhado por um autor colaborador na edição deste mês:<br /><br />Manash Gosvami<br />Vice-presidente, Analytics da Rystad Energy.<br /></div></div></div><div><br /></div><div>PS.:. Atualizado<span style="color: #2b00fe;"> às 14:04 de 29/04/23</span>.</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7918161.post-21143763284332177832023-04-08T20:07:00.005-03:002023-04-09T23:26:16.774-03:00 Além da era digital? Por Jonathan Crary.<p>Conheci o crítico americano Jonathan Crary em 2020, a partir do conceito de “cronofagia” como roubo do tempo de sono realizado pelas plataformas digitais com seus inúmeros aplicativos. Essas e outras reflexões do Jonathan já estavam no seu livro “<i>24/7: Capitalismo tardio e fins do sono</i>” que citei em alguns dos meus textos, sobre a plataformização no mundo contemporâneo. Crary é um crítico radical do uso indiscriminado da internet.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYcxyWfOxYP_1N4ecxJ-U4rBflqxf_BaNMwmoeoEC1_AhkSv6vBkn8yeoB382mkdPB8Ote5ilAbj7ZJtteWUu40pdkLDNxoZCJp4Ll1tub7UpORxnTsQbeVu27a3QvyOReRkztRYXlh9PoOHF3_pjeqe4VYK9ScFZ-QakiFDMFbJHoZOk/s1343/IMG_20230408_181252.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="1343" data-original-width="925" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYcxyWfOxYP_1N4ecxJ-U4rBflqxf_BaNMwmoeoEC1_AhkSv6vBkn8yeoB382mkdPB8Ote5ilAbj7ZJtteWUu40pdkLDNxoZCJp4Ll1tub7UpORxnTsQbeVu27a3QvyOReRkztRYXlh9PoOHF3_pjeqe4VYK9ScFZ-QakiFDMFbJHoZOk/s320/IMG_20230408_181252.jpg" width="220" /></a></div><p>Na introdução de seu novo livro “<i>Terra arrasada: Além da era digital rumo a um mundo pós-capitalista</i>”, Jonathan defende um mundo off-line e a retomada da sociabilidade que não envolva a mercantilização em quaisquer de suas formas. Crary contesta a suposição generalizada de que as tecnologias de rede que dominam e deformam nossas vidas vieram para ficar e insiste no fato de que a chamada era digital e o capitalismo tardio são sinônimos e nenhum dos dois pode ser concebido sem o outro”.</p><div>Crary afirma mais: “uma ´internet socialista´ é tão impossível quanto o oximoro do ´capitalismo verde´... muitos esquecem que o socialismo de verdade depende do florescimento de relações não monetizadas ou instrumentalizadas entre as pessoas, ele não pode existir em meio às formas de separação, isolamento, competitividade e individualismo tóxico que são estimuladas on-line".<div><br />Independente de concordar - no todo ou em parte - com a radical crítica de Crary, a leitura deste livro vale muito. Estou ainda no início, mas garanto que suas análises e reflexões permitem ir mais a fundo na interpretação em várias dimensões e escalas sobre o fenômeno da digitalização e do capitalismo de plataformas.</div><div> <br />Digitalização de quase tudo como nova etapa da reestruturação produtiva em que a ´fábrica´ no on-line do celular e/ou do notebook segue invadindo nossas casas e, de forma crescente e agressiva, vai tomando conta de nossas vidas. Entrelaçada e imbricada à financeirização (hegemonizada) e baseada no neoliberalismo, passam a constituir as três bases daquilo que tenho chamado, junto com outros pesquisadores, de “tripé do capitalismo contemporâneo”.</div><div><br />PS.: imagens: capa do livro editado pela UBU e (abaixo) entrevista com o autor publicada na P.1 e 2 do 2ª Caderno de <i>O Globo</i>, 08/04/2023. Para ver as imagens em tamanho maior clique sobre elas.</div></div><div><br /></div><div>PS.: <span style="color: #2b00fe;">atualização às 23:24 de 09/04/2023</span>:</div>Eu não comentei para ser uma breve resenha, mas o livro anterior do Crary, além da cronofagia, as análises radicais dele, me fizeram pensar no avanço que o capitalismo produz na apropriação do "tempo morto", conceito de Marx. A captura de dados (dataficação do extrativismo high tech) realizada durante o tempo de lazer (não trabalho), ou mesmo do sono (controlado pela supervisão digital dos smarphones), representa uma maior apropriação de valor e de acumulação, que só são possíveis pelo "regime 24/7 online" dos sujeitos. Nesse sentido, a cronofagia, possibilitada pelo capitalismo de plataformas (Appficação) é parte do processo de maior acumulação que se amplia com a digitalização de quase tudo, etapa contemporânea da reestruturação produtiva (em que a fábrica adentra nossas casas, lazer e vida), e que não deve ser analisada desgarrada da financeirização (que também amplia sua hegemonia), sob a égide da concepção neoliberal.<div><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqfKSR8ENnP0kfRMCl86Jti89yPAPZQPwdJZhdK_51Y7p5n18GidzghB0VBIsBqzD33az60qP-SO7XdCh999tIu9p3leb1iVHtoLfgRLYd5OimxW-BbOXLIBl3bcB1lF3oubBq8yVDFflrI4rhJtB2sSdb-6nanEPJD6DICFyH4ZUjQMw/s1809/IMG_20230408_162503.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1809" data-original-width="1080" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqfKSR8ENnP0kfRMCl86Jti89yPAPZQPwdJZhdK_51Y7p5n18GidzghB0VBIsBqzD33az60qP-SO7XdCh999tIu9p3leb1iVHtoLfgRLYd5OimxW-BbOXLIBl3bcB1lF3oubBq8yVDFflrI4rhJtB2sSdb-6nanEPJD6DICFyH4ZUjQMw/w382-h640/IMG_20230408_162503.jpg" width="382" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOCPxeLpIDZtMqFYDU1NFd-_v-nvzF3IDLf5Cj9C_7BN8IV9OAKUsbb92LKYaNTqHY9D8doVj1FOxf9lWLBu5WAlVf4Gtp59D3NhEKAXNubJG7Chax7_8jz4DvyUr1Wt_BLeQy3CeLxoS38Io2wekTkjtHvyiG9-IM4OHrO5YmoDqsmx0/s1044/IMG_20230408_162529.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="422" data-original-width="1044" height="258" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOCPxeLpIDZtMqFYDU1NFd-_v-nvzF3IDLf5Cj9C_7BN8IV9OAKUsbb92LKYaNTqHY9D8doVj1FOxf9lWLBu5WAlVf4Gtp59D3NhEKAXNubJG7Chax7_8jz4DvyUr1Wt_BLeQy3CeLxoS38Io2wekTkjtHvyiG9-IM4OHrO5YmoDqsmx0/w640-h258/IMG_20230408_162529.jpg" width="640" /></a></div><br /><div><br /></div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7918161.post-71649115055623903482023-03-28T11:45:00.007-03:002023-03-28T11:51:03.235-03:00 Globo S.A. um grupo cada vez mais financeiro Os resultados da Globo S.A. 2022 confirmam que o grupo não retomou resultados de antes do golpe e continua uma holding financeira: lucro líquido=R$ 1,2 bi, inferior aos R$ 1,8 bi de 2017. Receita financeira=R$ 2,1 bi - Despesas financeiras R$ 1,48 bi= Resultado financeiro R$ 627 milhões.<div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQ2K3kVu5yneNwx6VUWkZH-RNtBr1o8vhwSGg&usqp=CAU" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="169" data-original-width="299" height="169" src="https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQ2K3kVu5yneNwx6VUWkZH-RNtBr1o8vhwSGg&usqp=CAU" width="299" /></a></div><div>Receita de publicidade cresceu 5%, ancorada publicidade digital e streaming Globoplay (+27% assinantes +30% receitas)+ R$ 2,7 bi de direitos exibição e transmissão. A Globo S.A. Reduziu o nº trabalhadores de todo o grupo para 13 mil (já teve 15 mil); pagou total de R$ 1,1 bi de salários e encargos, apenas 6% acima de 2021.<br /><br />Evolução de resultados (lucro ou prejuízo) da Globo Comunicação e Participações S.A. entre os anos de 2017 e 2022:</div><div><br />2017 R$ 1,8 bi;<br />2018 R$ 1,2 bi;<br />2019 R$ 752 milhões;<br />2020 R$ 167 milhões;<br />2021 - R$ 173 milhões (prejuízo)<br />2022 R$ 1,2 bilhão.</div></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7918161.post-59224090416669072062023-03-19T17:28:00.001-03:002023-03-19T18:38:54.590-03:00Esquerda francesa tem chances de polarizar com Macron que radicalizou rigor fiscal<p>O embate político francês merece um olhar atento. A radicalização
de Macron embutida na decisão de mexer nas regras da Previdência Social passando
por cima das representações políticas eleitas tende a uma polarização.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://static.poder360.com.br/2023/03/protesto-franca4-848x477.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="800" height="181" src="https://static.poder360.com.br/2023/03/protesto-franca4-848x477.jpg" width="320" /></a></div><p>Polarização diferente das que temos assistido, ultimamente,
em diversas outras partes do mundo, puxada por uma extrema-direita que tende a
um ultraliberalismo, mas antes de tudo levada por ressentimentos e por uma orientação
antissistêmica, pautada mais por valores conservadores que por questões econômicas
que ficam em plano inferior isolando a esquerda. </p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Assim, parece que a chave [para um usar uma expressão em
voga] da atual questão da França é que a decisão do Macron trouxe de volta, como
essência e para o centro do debate, a pauta econômica e dos direitos sociais,
abrindo um espaço enorme espaço para a esquerda. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">A extrema-direita mundial, puxada pela <i style="mso-bidi-font-style: normal;">alt-right</i> americana, nesses últimos anos veio ganhando adeptos de
forma crescente, basicamente, pela pauta dos valores que se vincula mais a um
sentimento antiestrutural e antipolítica que atribui, de forma genérica, tudo de
muito ruim ao sistema político, que por isso precisa ser alterado, gerando uma
polarização assimétrica com a esquerda que passou a perder espaços.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">A luta pelos direitos previdenciários e contra o arrocho dos
direitos sociais é uma pauta concreta, fácil de explicar, e dá potência às
forças progressistas, em especial no caso francês, quando nas últimas eleições,
a direita alcançou "cerca de 57% dos votos dos assalariados e 67% dos
votos dos trabalhadores braçais".<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Nesse, sentido, numa primeira e ainda superficial leitura, a
atual disputa na França, que deve chegar ao clímax nessa semana, tende a colocar
novamente, frente a frente – e de forma polarizada - o discurso único do
mercado e do neoliberalismo conservador e do outro lado a esquerda, deixando
num plano secundário, a extrema-direita.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Sim, de um lado, os neoliberais que já internalizaram o
dogma neoliberal de que os governos podem (ou devem) sacrificar a população
para manter a questão fiscal, ao considerar que o problema crucial se trata do
equilíbrio econômico, mesmo que as pessoas percam direitos e sofram mais. No
outro lado e num embate coletivo e menos assimétrico, a esquerda com a defesa
da proteção dos direitos dos trabalhadores e do estado de bem-estar. Ao
contrário do que muitos dizem e pensam, essa polarização não é ruim, só rejeitado
pelos neoliberais. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">Nesse atual embate, a esquerda francesa será testada em sua capacidade
de polarizar, junto à população, com o debate e o “discurso econômico único e
sem alternativa”, algo que a extrema direta vinha assumindo não com a pauta
econômica – até aderindo a ela e indo além em defesa de um ultraliberalismo -, mas
ganhando adeptos com a pauta conservadora, argumentando que todos os problemas
econômicos estavam na conquista de direitos das minorias, imigração, da
igualdade de gênero, LGBTQIA+, cotas, etc., permitida pelos governos. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">O discurso da extrema-direita, emulado pela tecnopolítica das
plataformas digitais e mídias sociais, vem sendo o que esses “novos direitos permitidos”
pelo sistema político, seriam a causa principal da deterioração das condições
da classe média trabalhadora (sua base principal) que leva à redução de seus
direitos em direção à base da pirâmide e não à ampliação da captura de renda e os
ganhos crescentes dos bilionários e trilionários do andar de cima das finanças.
<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal">A esquerda francesa terá que ter a habilidade para, no
interior do sistema político, trabalhar essa pauta econômica concreta, sem deixar
de lidar com essas outras questões contemporâneas presentes em suas bases, mas
fundamentalmente se diferenciando da extrema-direita, enfrentando e buscando
soluções para as causas principais das desigualdades sociais atuais: a
financeirização desregulada e desenfreada e a lógica neoliberal que busca o controle
total do mercado.<o:p></o:p></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7918161.post-44325144544767913682023-03-12T14:00:00.008-03:002023-03-12T19:27:19.690-03:00 A quebra do banco americano (SVC) é uma ironia antes de ser um paradoxo: feitiço e feiticeiro!A quebra deste banco americano (Silicon Valley Bank) é uma ironia antes de ser um paradoxo. Como grande financiador de startups de tecnologia, não conseguiu usar a Inteligência Artificial (IA) e outras tecnologias digitais para identificar os riscos de suas intermediações financeiras.<div><div><br /></div><div><div class="separator"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheagbYL5K2HskALrtfPbrqdZ8vVoKQE9QYkujPFYifUejYpUJegszaqQ4FOJf1m5mkgd9Rs3REIxqrVfcvCEEgCc5ZJJjoVKvyK2ByiZ2wJUQZu-l6qvjmkr0gpiC7cMRny83XAPa_q-TojnH2RAYMl8buhsOC8ASfQhL_Yw1qE57m7ng/s976/IMG_20230312_145459.jpg" style="clear: right; display: inline; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="456" data-original-width="976" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheagbYL5K2HskALrtfPbrqdZ8vVoKQE9QYkujPFYifUejYpUJegszaqQ4FOJf1m5mkgd9Rs3REIxqrVfcvCEEgCc5ZJJjoVKvyK2ByiZ2wJUQZu-l6qvjmkr0gpiC7cMRny83XAPa_q-TojnH2RAYMl8buhsOC8ASfQhL_Yw1qE57m7ng/s320/IMG_20230312_145459.jpg" width="320" /></a></div>O uso de IA pelos grandes fundos e bancos têm exatamente foco em complexa infraestrutura (TIC e dados) para, entre outras funções, exatamente, identificar e calcular riscos de seus movimentos de capitalização, especialmente a pirâmide de capital fictício. Usam simulações, modelagens, modelagens sobre modelagens, etc., mas, os algoritmos falharam! (sic)<div><div><div><br />O comentário de que os algoritmos falharam é uma ironia, porque os algoritmos seguem a direção de quem os programa. Mal ou bem. <br /><br />De outro lado, o grau de abstração dessas modelagens tendem afastar, cada vez mais, a programação desses algoritmos e plataformas digitais, da gestão dos fundos financeiros e bancos no mundo real. Tudo isso se dá por conta do grande número de "inovações financeiras-tecnológicas" (papéis, títulos, derivativos, etc.). <br /><br />Esses processos e estratégias usados pelos grandes financistas (donos dos dinheiros) aumenta a distância entre as bases da pirâmide do capital, sobre o que restou de economia real e o andar superior das altas finanças, exatamente onde se acumula o capital, hoje, em sua maioria, fictício.<br /><br />Na prática, mais uma contradição do capitalismo que lembra a fábula entre o feitiço e o feiticeiro, nesses tempos em que está em curso, o "Tripé do capitalismo contemporâneo": reestruturação produtiva (fase da digitalização de tudo); a financeirização (já hegemonizada) e o neoliberalismo (avançando suas garras) com ampliação do controle do mercado sobre a política e a economia.</div></div></div></div></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7918161.post-19371536960832096762023-01-23T21:11:00.012-03:002023-03-31T21:57:54.810-03:00O ciclo de desemprego nas Big Techs: tecnologia, plataformização e captura do valor do trabalho<p></p>Ao contrário do que muitos pensam, a redução expressiva de funcionários das Big Techs que deve superar uma centena de milhares em todo o mundo, não retirará delas, o poder que exercem como empresas de infraestrutura digital. A Forbes fala (23/01) em quase 60 mil demitidos e diz que "as demissões nas big techs afetam mais de 200 mil pessoas nos Estados Unidos". [1]<div><br /><div>Como tudo no capitalismo, trata-se de um ciclo que alterna suas fases de expansão (<i>boom</i>) e colapso. Nestas ocasiões ocorrem fenômenos que já são mais ou menos conhecidos, em especial me refiro aos Ciclos Sistêmicos de Acumulação (CSA) explicado por Giovani Arrighi desde 1997, a partir da Economia Política. [2]<div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://www.kinea.com.br/wp-content/uploads/2022/05/304_347_RCKT_ap_kinea_post_instagram_insights_v4_BANNER_1200x627.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="418" data-original-width="800" height="167" src="https://www.kinea.com.br/wp-content/uploads/2022/05/304_347_RCKT_ap_kinea_post_instagram_insights_v4_BANNER_1200x627.jpg" width="320" /></a></div>Os altíssimos investimentos que as Big Techs receberam nos últimos anos, oriundos, em sua maioria, de grandes fundos financeiros, possibilitaram a expansão que a digitalização vista de forma mais clara na Pandemia. <br /><br />O aumento do valor de mercado, que se quintuplicou neste curto período, antecipou a fase de sobrevalorização e sobreprodução dos serviços que elas oferecem a todos os setores da economia e à sociedade na totalidade. <br /><br />Nesta virada de fases do ciclo da "indústria tech", essas “big companies” mantiveram e ampliaram a sua hegemonia em relação às demais, até porque elas conseguiram concentrar os aportes de capital dos investidores, sobre possíveis concorrentes, ampliando a concentração e o processo de dominação que exercem em todo o ocidente. <br /><br />A partir desta fase de corte de investimentos, as Big Techs enxugarão seus custos (farão a famosa reengenharia, sic), mas certamente, manterão, ou até ampliarão, as suas taxas de lucro, mesmo que com isso estejam levando milhares de trabalhadores superqualificadas ao desemprego. Além das Big Techs, os setores de tecnologia da informação (TIC) de grandes corporações também estão sofrendo fortes demissões. Um corte transversal e similar à atuação deste setor na economia.<br /><br />No médio prazo, a tendência é que parte desse pessoal de alta qualificação em TIC, desenvolva outras ideias (não nas garagens, sic) para lá adiante (nem tanto assim, pois os ciclos hoje são mais curtos) atraírem novos investidores de risco (venture capital), dentro dos processos hoje chamados de startupização. Aí estaremos seguindo o vaticínio do Lampedusa que dizia que algo precisava ser mudado para que, ao final, tudo permaneça do jeito que está. <br /><br />O caso da "indústria" tech tem especificidades, em relação a outros setores da economia, mas no geral obedecem aos movimentos cíclicos do regime capitalista. Não esqueçamos disso.</div><div><br /></div><div><br /></div><div><b>A intensa relação entre dominação tecnológica-digital e a hegemonia financeira</b> <br />A tecnologia é transversal e com a digitalização de tudo, a demanda por essa infraestrutura continuará a crescer, mas em velocidade um pouco menor. Esse capital, que agora tende a ser atraído para outros setores, de alguma forma continuará a depender dessa gigante infraestrutura digital e assim voltará a puxar a "indústria tech" para nova fase de expansão, em um novo ciclo. <br /><br />A valorização e a capitalização das empresas de tecnologia já cresciam e se multiplicaram, mas foi com a Pandemia, que houve uma explosão, que acelerou no tempo o ciclo de expansão levando a um pico sequer imaginado. No final de 2021, nove das dez corporações globais com maior de mercado, nove eram do setor de tecnologia e apenas uma do setor petróleo. [3] <br /><br />Assim, na média, nos últimos cinco anos se pode dizer que o valor de mercado delas se quintuplicou, número aproximadamente igual ao fator multiplicador observado na contratação de empregados. Neste mesmo período, nas maiores Big Techs o número de trabalhadores do setor digital aumentou cerca de 600% e hoje estaria entre 150 mil e 200 mil funcionários em todo o mundo. <br /><br />No atual "freio" de contratações derivado da redução de investimentos e do valor de mercado destas corporações, já se contabiliza que suprimirá mais que seis dezenas de milhares de empregos. Algo superior a um terço da mão de obra (ou braços e mentes de tecnologia), hoje, a serviço de todo o setor. <br /><br />É um erro tentar investigar esse fenômeno desgarrado de outros no processo histórico e sem a leitura da Economia Política. Porém, é um equívoco ainda maior - e hoje cometidos por muitos – analisar esse processo sem considerar, a relação entre o desenvolvimento da tecnologia e a financeirização. A utilização do instrumento dos fundos financeiros (capital de risco e startupização, ou capitalismo sem risco) e numa lógica individualista, meritocrática e neoliberal. [3] [4] <br /><br />Essa leitura mais totalizante permite que se compreenda melhor o que passei a chamar de dominação tecnológica que contribui para o avanço da hegemonia financeira e do ideário neoliberal. <br /><br />Para aqueles que desejarem entender um pouco mais esse processo da intensa relação entre o avanço das Big Techs e a financeirização e as estratégias dos donos dos dinheiros nessa hegemonia, vou sugerir três séries que estão aí nos <i>streamings</i>, também empresas- plataformas e com dinheiro de investidores. <br /><br />Em que pese o ar triunfalista dos roteiros - e às vezes caricatural -, mesmo com alguma crítica, os roteiros dão pistas claras de como foi se construindo essa relação entre a inovação, startupização e financeirização, em especial, a partir do Vale do Silício nos EUA: 1) Super Pumped: a batalha pela Uber (roteiro a partir do livro "A guerra pela Uber" de Mike Isaac, 2019, Intrínseca); 2) Som na caixa: a história do Spotify; 3) Batalha Bilionária: o caso do Google Earth. <br /><br /><br /></div><div><b>Plataformização, IA e captura rentista do valor do trabalho</b></div><div>A redução do número de empregos nas grandes corporações de tecnologia e empresas-plataformas de mídias sociais é expressivo, e seus controladores seguem testando limites de cortes. O Twitter recentemente comprado pelo polêmico e direitista, Elon Musk, já está trabalhando com menos de um terço do número anterior de empregados, sem que ainda se perceba alterações maiores, a não ser no direcionamento feito pelos seus algoritmos que agora seguem novas orientações ideológicas. <br /><br />Muito do trabalho dos trabalhadores demitidos é hoje executado pelas máquinas que eles mesmo programaram. O aprendizado de máquina e a Inteligência Artificial (IA) reprogramam os sistemas e exigem menor número de trabalhadores reais nestas empresas-plataformas. Aqui vale lembrar que tudo isso não deixa de ser criação e trabalho humano, porque as tecnologias sempre têm origem a partir do trabalho humano. <br /><br />O desenvolvimento destas tecnologias, incluindo o “<i>machine learning</i>” (aprendizado de máquina) ou, o “<i>deep learning</i>” (aprendizado profundo), na prática, são forças produtivas e relações de produção "recheadas de geleias de trabalho humano" (Grohmann, 2020). [5] <br /><br />Observando esse desenvolvimento em termos sistemas e numa perspectiva de totalidade, é possível afirmar que a plataformização do trabalho e das empresas vieram para ficar, independente da velocidade da implantação da tecnologia e de seus efeitos. Porém, o que não mudará será a necessidade de organização de quem a desenvolve, de forma a similar a quem dirige esse processo a partir do capital. Só a organização dos trabalhadores poderá fazer algum enfrentamento a esse processo e as estratégias nele embutido.<br /><br />Ao dono do capital (investidores, donos dos dinheiros) e destas empresas-plataformas interessa a extração e captura do maior valor possível de todo esse trabalho desenvolvido pelo humano (trabalhador), que nos faz relembrar da existência permanente das classes sociais, dividida entre os proprietários e os trabalhadores. <br /><br />Isso na essência não se transformou, a despeito do uso que todos fazemos da tecnologia como Infraestrutura transversal que atravessa as várias dimensões da vida em sociedade, assim como da economia e da política, como partes do regime que nos aprisiona. <br /><br /><br /><b>Referências</b>:</div><div><br /></div><div>[1] Forbes em 23 jan. 2023. <b>Quase 60 mil demitidos pelas bigs techs e os cortes continuam</b>. Disponível em: https://forbes.com.br/forbes-money/2023/01/demissoes-pelas-bigs-techs-e-os-cortes-continuam/ </div><div><br />[2] ARRIGHI, G. <b>A ilusão do desenvolvimento</b>. Petrópolis, Editora Vozes, 1997.</div><div><br /></div><div>[3] Pessanha, Roberto Moraes. <b>Inovação, financeirização e startups como instrumentos e etapas do capitalismo de plataformas</b>. In: GOMES, M.T.S., TUNES, R. H. OLIVEIRA, F.G. <b>Geografia da Inovação: território, redes e finanças</b>. Consequência. Rio de Janeiro. 2020. P.433-468. <br /><br />[4] MACIEL, Fabrício (org.) <b>Ficção meritocrática: executivos brasileiros e o novo capitalismo</b>. Eduenf. Campos dos Goytacazes. 2022. <br /><br />[5] GROHMAN, Rafael. <b>Plataformização do Trabalho: características e alternativas</b>. In: ANTUNES, Ricardo. <b>Uberização, trabalho digital e indústria 4.0</b>. BoiTempo. São Paulo. 2020. <p></p></div></div></div>Unknownnoreply@blogger.com1