sexta-feira, março 11, 2016

O que vale para Chico, não vale para Francisco: caso dos subsídios à indústria do petróleo na Argentina

O governo gastou (R$ cerca de R$ 40 bilhões) no ano passado para sustentar os preços do petróleo e do gás e evitar que as empresas de petróleo reduzam ainda mais as suas atividades demitindo milhares de trabalhadores.

A indústria petrolífera "opera dentro de uma bolha de subsídios estatais".

A informação acima é sobre a Argentina e foi publicada hoje no jornal americano The Wall Street Journal e diz ainda que o barril de petróleo lá na Argentina é vendido a quase o dobro do preço nos EUA. O objetivo seria o de isolar os produtores de petróleo local das oscilações do mercado.

A medida usada para desconectar o preço dos combustíveis da Argentina desconectado dos mercados globais foi tomada pelo governo da Cristina Kirchner,mas mantido e ampliado pelo atual presidente Maurício Macri. 

O presidente da estatal petrolífera argentina, Miguel Galuccio, que foi nomeado por Kirchner, mantido por Macri e que nesta semana anunciou que sairá em abril disse que isso é muito importante estrategicamente". Na Argentina o preço do barril está vale US$ 67 e do gás natural a US$ 7,50 por milhão de BTU. Enquanto isto nos EUA, o preço do barril está em torno de US$ 40 e do gás a menos de US$ 2.
Trabalho num poço de gás de xisto na Patagônia,
Argentina que já elevou artificialmente o preço do barril
em US$ 10.
 PHOTO: TAOS TURNER/THE WALL STREET JOURNAL

Agora você imagine se esta medida tivesse sendo feita neste volume no Brasil? O que não estaria interpretando a mídia comercial? Veja que é uma medida que o atual governo argentino, considerado ideal pelos mercados brasileiros está fazendo. 

Uma intervenção estatal para proteger empregos e a sua indústria de óleo e gás. Este valor do petróleo acima do mercado internacional é pago pelos consumidores de gasolina e diesel que assim, junto com os governos protege o setor e os empregos que ele gera.

Pois bem, em volume bem menor, até porque nossa indústria do petróleo nacional é hoje, bem mais competitiva para enfrentar o dumpig mundial que levou os preços do barril a menos de US$ 30, a regra do preço flutuante dos combustíveis, praticados pela Petrobras faz exatamente o mesmo. Assim, a medida compensa o período em que o petróleo esteve na faixa acima dos US$ 100, o barril e o preço da gasolina e diesel nas bombas não acompanhou esta evolução.

As mídias comerciais têm se cansado de fazer matérias reclamando que a gasolina deveria estar mais barata não vai se interessar por divulgar este movimento na Argentina, mantido mesmo pelo governo neoliberal do Macri na vizinha Argentina.

A expectativa da Argentina, que aqui não se deseja levar em conta, defendendo entregar vários ativos da Petrobras, neste momento crítico da fase de baixa dos preços do barril de petróleo, é que novo ciclo do petróleo será estabelecido adiante com preços mais altos, levando o governo a abandonar os subsídios e assim "seremos grandes vencedores", disse o presidente da YPF SA, a petrolífera estatal argentina.

Escondendo fatos reais como este, os "colonistas políticos e econômicos" da mídia comercial vai construindo em você interpretações que lhes interessam pelos motivos que já sabemos. Assim, a verba compra a pauta e os verbos.

Abaixo o link para a matéria do Wall Street Journal na íntegra:

http://br.wsj.com/articles/SB12508889533645284896604581591540434478826?tesla=y

3 comentários:

Anônimo disse...

Brasil ainda é melhor...

http://economia.uol.com.br/noticias/bloomberg/2016/03/11/gadfly-b-volta-aos-brics-por-enquanto-mas-asia-ainda-chama.htm

Manoel Ribeiro disse...

Não esqueca-se que a maior causa da falta de caixa da Petrobras hoje foi vender gasolina abaixo do custo do barril entre 2013 e 2014. Agora não baixa-se o preço da gasolina na bomba para cobrir esse rombo de caixa...

Roberto Moraes disse...

Caro Manoel,

É exatamente sobre isto que versa a nota e que repete o que a Argentina faz buscando proteger as empresar a indústria nacional das volatilidades do mercado global cheio de especulações. Na média, a empresa se protege, compensando uma fase com a outra, e de certa forma o consumidor. Não pagamos gasolina mais cara quando estava o barril de petróleo a US$ 140, ou em outros valores acima de US$ 100, mas também agora não recebemos as vantagens no preço da gasolina, por estar o barril de petróleo mais baixo.

É provável que esta conta nunca feche e sempre penda um pouco para um lado ou outro, mas ainda assim, parece melhor do que deixar tudo ao sabor das especulações do mercado global.

Tanto é verdade que dois governos na Argentina com diferentes orientações políticas mantiveram o mecanismo, que aqui tanto se combate.