terça-feira, julho 14, 2015

Moradores do Açu reclamam acesso à portaria do porto

Hoje estive junto com outros professores em mais uma visita ao entorno do empreendimento do Porto do Açu. Por mais de seis horas percorremos as diversas comunidades do entorno do empreendimento, conversando com moradores, trabalhadores, gerentes, comerciantes e outras pessoas da comunidade.

A conversa pessoal é sempre uma troca interessante de informações que vai bem para além das informações corporativas e isoladas. Elas permitem uma compreensão mais real do fenômeno e dos impactos da implantação de um empreendimento neste processo que já tem quase sete anos de duração.

São muitas e variadas as observações a cada visita e a cada conversa. Porém, hoje, vou aqui mais uma vez expor uma reclamação dos moradores das localidades de Mato Escuro e Açu com relação às dificuldades de acesso à única portaria que o empreendimento permite o acesso dos trabalhadores que atuam no porto e nas empresas que atuam no distrito industrial.

Quem mora ou trabalha no Açu sente que o empreendimento vê a localidade que empresta o nome ao porto, como uma espécie de quintal, já que a portaria fica no extremo oposto numa volta de cerca de 27 quilômetros*.

Há um portaria na Estrada da Figueira bem próximo a estas localidades, mas seu acesso está fechado há quase dois anos. Só em ocasiões especiais o acesso por ela é permitido. Veja ao lado a portaria já montada e desativada, em imagem feita na tarde desta terça-feira.

Os moradores já solicitaram à direção da Prumo, à Diretoria de Sustentabilidade e outras gerências e sequer receberam resposta sobre a solicitação.

Diante de tantos bilhões de investimentos que o empreendimento divulga e de tantos impactos sobre a comunidade, é difícil crer que o caso se trata de uma brevíssima economia de custos com equipes de segurança.

* PS.: Atualizado às 20:53: A distância a mais é de 27 km e não de 15 km.

10 comentários:

Anônimo disse...

Prof o sr esqueceu de mencionar que o empreendimento é privado!

Roberto Moraes disse...

Não esqueci não. Pensei que não fosse necessário repetir isto para todos que acompanham o blog.

Porém, se o objetivo do comentário é dizer que tendo dono ele faz o que quiser, a nota do blog ganharia ainda amais sentido, por poder na prática comprovar que os discursos de "responsabilidade social" e "sustentabilidade ambiental" presentes nos documentos de marketing corporativo e nome de funções de gerência do empreendimentos, seriam apenas decorativos e enganadores.

E neste caso, mais uma vez a falta de inteligência e a arrogância estariam imperando junto com os impactos e a forma de lidar com a comunidade regional.

Inacreditável de "almeida" como diria Nelson Rodrigues.

Anônimo disse...

Faz muito bem a Prumo em não pertubar a comunidade com um trânsito infernal e poluição sonora. A tranquilidade e o bucólico sossego seguem preservados. Movimentação de carretas transportando cargas pesadas e o entra e sai de pessoas estranhas à comunidade acontecem longe dali porque carinhosamente construíram outra portaria.

Roberto Moraes disse...

Com todo o respeito, este parece ser mais um comentário de quem pretende enganar quem não conhece o entorno do empreendimento.

O comentário se refere ao uso desta outra portaria na estrada da Figueira. O uso solicitado diz respeito à movimentação de pessoas, basicamente.

Mesmo se fosse o caso de movimentação de algumas cargas os caminhões não precisavam passar pelo interior da localidade do Açu, podendo sair pela estrada da Figueira, em direção aos acesso hoje já existentes e usados para as demais cargas do porto.

Interessante que quando de sua utilização maior com a instalação do estaleiro da OSX tudo podia ser feito, agora, ao contrário. É o que se diz que o uso do território para fins unicamente corporativos pouco se importando a comunidade.

É um engôdo falar sobre problemas de passagem de cargas pesadas em direção ao porto pelas comunidades do Cajueiro, de Campo da Praia, Barcelos e mesmo das ruas de Campos, com os veículos que transportam pedras há sete anos para o porto.

Agora, usar como argumento que o fechamento de um acesso à passagem de trabalhadores que moram no Açu e redondezas, teria a função de proteger as ruas destas comunidades é, minimamente, se desafazer da inteligência alheia.

Repito, não será desta forma truculenta, autoritária e pouco inteligente que o empreendimento deveria estar lidando com a comunidade que vive no seu entorno.

Difícil identificar em situações idênticas tamanho pouco caso e intolerância.

Espera-se do empreendimento maior capacidade para lidar com a realidade local/regional.

Anônimo disse...

Pois é, um morador da Praia do Açu, Mato Escuro, Água Preta, Sabonete e todas comunidades no entorno do empreendimento que trabalha a pouco mais de 2, 3 km do mesmo tem que da uma volta de quase 30 km para entrarem e saírem todos os dias por conta de uma portaria fechada e assim como a Prumo faz com suas responsabilidades sociais/ambientais, usando o marketing corporativo para alto benefício, o famoso para inglês ver!

É triste ver uma empresa que tantos danos causou para as comunidades que foram afetadas, pela erosão, salinização, desapropriações, etc, em nome de um desenvolvimento que pouco se vê no entorno ainda ficam sujeitas a uma coisa tão banal quanto essa.

Não precisa-se falar que o empreendimento é privado, mas com milhares de Reais em incentivos fiscais, além de financiamento público! Não da para tirar o porto de SJB e colocar em MG, o mínimo é ações que integrem as comunidades ao empreendimento e não o contrário!

Anônimo disse...

Prof. O empreendimento é privado! É um conceito classificatório. O srº é uma pessoa com formação.

Nada contra que o sr levante uma bandeira política com faz. Mas daí a distorcer as diferenças entre os direitos públicos e privados não é coerente.

Não é falta de inteligência e nem arrogância e sim preservação do patrimônio privado. Ali é uma área que precisa de um controle rígido de pessoas. Devido a movimentação de equipamentos e material.

Roberto Moraes disse...

Interessante o esforço em apresentar e distinguir o público do privado só quando um brevíssimo interesse comunitário é lembrado e fácil de ser atendido, sem argumentos simplórios (travestidos das falsas complexidades que o dono do dinheiro que fazer crer).

Volto a dizer como voltamos para a época das cavernas apenas por conta de uma portaria onde se pretende que as gentes da comunidade possam passar sem ter que circular e queimar combustível em mais 27 km.

Sim, o público serviu para entregar o projeto inicial do porto. Serviu para refazer ainda pela primeira vez o Plano Diretor de SJB para permitir que o privado tornasse aquela área um zoneamento industrial. Para buscar o financiamento público do BNDES. Para apelar ao governo estadual para expulsar os camponeses de suas terras. O público para dizer que a salinização feita pelo aterro hidráulico das areias trazidas do fundo do mar, num erro de engenharia e de manobras (disse erro e não intenções) foi apenas um probleminha pontual. O público para mexer novamente no plano diretor e fazer valer o interesse das terras ocupadas privadamente, por uma desapropriação pública. O público para dizer que a erosão da praia do Açu é "natural" e não tem nada a ver com o porto.

Sim, desta forma, o privado negando o que se confirma com falso discurso da responsabilidade ambiental e social (ou seria irresponsabilidade) significa na prática que direito privado e sugar o público para mim e chamar de bandeira política um simples interesse social do trabalhador (que chamam de colaborador) que constrói com mãos e ementes o empreendimento a se virar de qualquer forma.

Sim não é qualquer "colaborador" que mora no Açu ou em Mato Escuro. Apesar deles ajudarem a construir a riqueza privada (mesmo que com as breves ajudas públicas citadas acima) eles são invisíveis. Sim invisíveis na sociedade divida por classes.

Meu Deus quanta torpeza apenas para não pagar mais alguns trabalhadores como segurança para uma portaria num empreendimento que diz controlar 90 km². A Petrobras em Macaé, numa base bem pequena em termos de ocupação de área (100 vezes menor) e com milhares de "coisas mais valiosas em seu fluxo em terra o no terminal portuário de Imbetiba possui duas portarias.

Confesso que arrogância, prepotência e "falta de jeito" na relação com a comunidade em tal nível só se consegue enxergar na época da casa grande e da senzala. É lamentável ver ideia, pensamento e prática dos gestores do empreendimento com este torpor.

Interessante que a nota do blog tinha um objetivo simples. O seu conteúdo foi ouvido de interlocutores que defendem o empreendimento, mas, imagino que nenhum de nós poderia pensar que a estreiteza fosse tamanha.

Nem os senhozinho dos engenhos que também aportaram neste território de nossas baixadas, no século passado tratavam desta forma as comunidades que lhe rodeavam e atendiam com seu trabalho.

Dizer que estou pasmo seria um pleonasmo simples demais para esta realidade.

Lamentável.

douglas da mata disse...

Roberto, corta o lenga-lenga com este tipo de cretino: A CRFB/88 é clara, o direito privado à propriedade é SEMPRE limitado pelo interesse público e o interesse coletivo.

É só o imbecil ler o artigo 5º e o rol que ali se encontra.

O problema que o comentário cretino esconde é que neste caso, na grilagem oficial de terras promovidas pelas empresas antecessoras e suas sucessoras, o interesse privado subverteu o público, e se fez a reforma agrária ao contrário: Em nome de um suposto "interesse público", concentrou-se a terra em mãos de poucos, que agora não hesitam em mandar todos do entorno à merda.

Lembra ao cretino que o Judiciário já vem anulando a "desapropriação", justamente para recolocar as coisas nos trilhos e coibir os abusos, embora um pouco tarde demais...

Como sempre, pérolas aos porcos, meu caro amigo, pérolas aos porcos vira-latas...

douglas da mata disse...

PS: lembra, enfim ao cretino, que "o controle" dos portos privados, ou das partes privadas de portos públicos, é justamente o que os transforma em territórios sem-lei, e acima da soberania dos países, servindo como entrada e saída de drogas, armas e outras coisas além dos minérios...

É assim em Singapura, Amsterdã ou no Açu.

Anônimo disse...


se não está satisfeito, peça as contas.

cuspir no prato que come é muito feio.