segunda-feira, agosto 31, 2015

Estoques de petróleo aumentam com o preço baixo

A estocagem de petróleo é um problema dos países produtores e consumidores, desde o início do ano, quando o preço do barril de petróleo despencou.

Mesmo com os aumentos de hoje, e da última quinta e sexta-feira, o preço do petróleo brent estava agora há pouco em US$ 53, contra mais de US$ 100 no 1º semestre do ano passado.

O maior problema de estocagem acontece para os dois maiores consumidores mundiais, os EUA e a China. Nos EUA, o maior polo de armazenamento fica em Cushing, Oklahoma. Já na China, é a cidade costeira de Dalian que guarda os estoques estratégicos de petróleo.

Com o petróleo mais barato, a China, o maior importador do mundo - na frente dos EUA - é a maior beneficiada com o baixo preço. Assim, as importações crescem e mais tanques de armazenamento vão sendo demandados e construídos, especialmente, agora com os baixos preços no mercado mundial.

As nações não dão informações concretas sobre os seus estoques de reservas. Esta informação afeta o valor da commodity no mercado global e por isto há estudos das traders (empresas que fazem a intermediação desta commodity) e que muitas vezes se encarrega também do transporte.

A Agencia Internacional de Energia (AIE) sugere aos países que são membros da organização que mantenham reservas de petróleo equivalente a 90 dias de consumo. O objeto é preventivo para que as nações tenham capacidade melhor para lidar com problemas internos, quando da interrupção no abastecimento, por conta de problemas e conflitos neste complexo mercado.

Não é difícil intuir que com os preços baixos, não apenas a China, mas outras nações que possuem produção inferior aos seus consumos, se aproveitem deste momento, para aumentar os seus estoques. O problema é a decisão dos países sobre o melhor momento de realizar esta compra.

O aumento da capacidade de estocagem de petróleo dos países tornam o mercado e o preço dos produtos ainda mais difíceis de serem estimados, porque uma compra grande para estocagem por exemplo. a dos últimos dias, pode elevar o preço, para em seguida reprimi-lo por redução da demanda.

Assim como a China, os EUA, que juntos são os maiores países consumidores do planeta precisam de grandes bases de armazenagem. No caso dos EUA, o fato se dá porque por lei, o país é proibido de exportar a maior parte do seu petróleo. Desta forma, com a maior produção do óleo e gás de xisto (shale gas), os EUA passou a demandar maiores espaços de estocagem.

Quem faz isto com alguma periodicidade são os departamentos de estudos econômicos dos maiores bancos. No Brasil, pelo menos dois grandes bancos fazem acompanhamento destas informações com regularidade.

Além dos pools de tanques, hoje, cada vez mais, o petróleo é armazenado também em navios e em cavernas subterrâneas, criadas a partir da dissolução com água de formações naturais de sal.

As cavernas são impermeáveis, sendo que algumas servem até para armazenagem de gás, tamanha a sua impermeabilidade e custos de armazenagem inferiores ao da construção de grandes reservatórios.

Nos EUA, a Fairway Energy Partners LLC usa cinco destas cavernas que estão localizadas em Houston, no Texas e têm capacidade de armazenas cerca de 19 milhões de barris de petróleo.
Caverna subterrânea da Jurong Rock (JRC), Cingapura, sob a bacia do
Banyan Jurong, utilizada pelas petrolíferas Chevron, ExxonMobil e Shell.

Na China, no final de 2014, a petrolífera CNPC maior produtora de petróleo chinês encheu um total de 47 navios, equivalente a 23,5 milhões de barris de petróleo, aproveitando já a redução que havia naquela época da redução do preço do barril.

Além disso, o governo chinês, mesmo atuando reservadamente, já informou sobre o início da construção de dez instalações de armazenagem, com planejamento de ficarem prontas até 2020.

Estes pools de armazenagem teriam o objetivo de ampliar os estoques e assim reduzir a vulnerabilidade do país, que assim se aproximaria da orientação da AIE de manter estoques de petróleo na quantidade equivalente a 90 dias de consumo, o que segundo informações, a China ainda estaria distante.

Justiça Federal (TRF-2) acata agravo do MPF sobre salinização no Açu

O Tribunal Regional Federal 2ª Região concedeu Agravo de Instrumento ao MPF-RJ reformando decisão da 1 ª Vara Federal de Campos dos Goytacazes, nos autos da Ação Civil Pública nº 0000133-13.2013.4.02.5103 (2013.51.03.000133-3), movida pelo MPF em face de GRUPO EMPRESARIAL EBX, LLX, OSX e Inea por conta de danos ambientais decorrentes da salinização do Canal do Quitingute, no Município de São João da Barra/RJ, objeto da mesma delimitação fática do Inquérito Civil Público nº 1.30.002.000224/2012-59.

O agravo foi concedido pela Oitava Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, por maioria, no último dia 20/08/2015 e teve como relator o desembargador federal Guilherme Diefenthaeler.

No texto da decisão da concessão do Agravo constam as medidas:

"1- A insurgência do MP Federal se dá em face da Decisão de recebimento parcial da petição inicial da Ação Civil Pública nº 2013.51.03.000133-3, entendendo o Juízo a quo que o delineamento fático é mais abrangente do que aquele objeto do Inquérito Civil Público (ICP) nº 1.30.002.000224/2012-59, ao qual se reporta a inicial, com o objetivo de verificar eventual salinização do Canal do Quitingute, São João da Barra/RJ, em razão do aterro feito com areia retirada do mar, objetivando elevar a área para erguer o Distrito Industrial do Açu, empreendimento levado a efeito pelos grupos EBX, LLX e OSX.

2- Ocorre que, em observância ao Princípio da Independência entre as Instâncias Administrativa e Judicial (art. 5º, inciso XXXV da CF/88), o esgotamento do Inquérito Civil Público não é condição necessária e limitada ao ajuizamento de Ação Civil Pública, constituindo sim o ICP, nos termos do art. 8º, § 1º, da Lei nº 7.347/85, procedimento administrativo facultativo ao Ministério Público, órgão legitimado em defesa do meio ambiente e de outros interesse difusos e coletivos (art. 129, III da CF/88 - art. 37, II, da Lei Complementar nº 75/93), com o propósito de colher elementos com lastro probatório à formação de sua convicção para, juntamente com outros meios hábeis de prova, embasar a petição inicial com livre conveniência de ampliação de objeto para a propositura da demanda.

3- A petição inicial da Ação Civil Pública in casu descreve claramente os fatos configuradores, em tese, do dano ambiental e da área atingida, apontando os fundamentos fáticos e jurídicos do pedido, de modo suficiente para se judicializar a questão e permitir o pleno exercício do contraditório e do direito de defesa.

4- Agravo de Instrumento provido."

Este processo data de 2013 e surgiu após realização de ICP (Inquérito Civil Público) nº 1.30.002.000224/2012-59, instaurado em 21/11/2012. Agora, com a decisão do TRF-2 ele segue adiante. As partes agravadas estão sendo notificadas. A decisão da Justiça Federal é clara sobre a necessidade de restauração ambiental. Até onde o blog entende a decisão cria problemas para o funcionamento normal do Porto do Açu, a não ser que nova decisão judicial seja tomada ou os danos recuperados. 

Observem a petição inicial do MPF que o Agravo concedido pelo TRF-2 concedeu. Nele o MPF solicitou que: 

"(a) seja determinado aos grupos empresariais EBX, LLX e OSX: (a.1) "a cessação das obras que causaram a degradação ambiental na região do 5º Distrito de São João da Barra/RJ, com fins de instalação do Complexo Logístico Industrial do Açu", bem como (a.2) "o adiamento do início das atividades de operação do Porto do Açu, enquanto não restar comprovada a restauração ambiental e a ausência de ameaças exponenciais à vida, à fauna, à flora e ao equilíbrio ambiental na área afetada", sob pena de multa diária, para cada réu, de R$ 100.000,00 (cem mil reais), em caso de descumprimento da decisão liminar; 

(b) seja determinado ao Instituto Estadual do Ambiente (INEA) "a suspensão imediata de operação que tenham relação com as obras degradantes em questão, emitidas ou por emitir, em favor dos grupos empresariais EBX, LLX e OSX, enquanto não restar comprovada a restauração ambiental e a ausência de ameaças exponenciais à vida, à fauna e ao equilíbrio na área afetada", sob pena de multa diária de R$ 100.000,00 (cem mil reais), em caso de descumprimento da decisão liminar; 

No mérito, postula: (a) a citação dos réus, (b) "a condenação dos grupos empresariais EBX, LLX e OSX na obrigação de fazer, consistente na recuperação do solo e dos recursos hídricos afetados, em conformidade com o nível de desenvolvimento e tecnologia (...)", 

(c) "a condenação do Instituto Estadual do Ambiente (INEA) na obrigação de fazer, consistente em realizar auditoria ambiental na área afetada, em prazo não superior a 15 (quinze) dias", 

(d) a condenação do IBAMA na obrigação de fazer, consistente na elaboração de análise ambiental do ambiente afetado, com relatório contendo indicação de medidas a serem efetuadas para a reparação do dano, em prazo não superior a 15 (quinze) dias, 

(e) "a cominação, a cada réu, ao pagamento de multa cominatória diária, no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), para cada eventual descumprimento da decisão proferida em caráter liminar ou pelo descumprimento da sentença transitada em julgado".

Em seu recurso de Agravo, informa o MPF/Agravante, às fls. 02/31, em síntese, que ajuizou Ação Civil Pública para fim de coibir supostos danos ambientais decorrentes da salinização ocorrida no 5º Distrito de São João da Barra/RJ em razão de obras dos grupos empresariais EBX, LLX e OSX para a construção do Complexo Logístico Industrial Portuário do Açu (CLIPA), empreendimento por outorga da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), salientando que a inicial foi recebida apenas em relação ao objeto do Inquérito Civil Público nº 1.30.002.000224/2012-59, instaurado em 21/11/2012 com o objetivo de verificar eventual salinização do Canal do Quitingute, em São João da Barra, em razão de aterro feito com areia retirada do mar para fins de construção do Distrito Industrial do Açu.

Assevera inexistir restrição para que atue fora do campo delimitado em objeto de inquérito civil público. Entende que, se o dano grave é admitido em uma questão pontual - Canal Quitingute -, constitui medida necessária e inafastável a realização de novas análises para afastar qualquer possibilidade de dano irreparável à saúde e ao meio ambiente na localidade do 5º Distrito. Aduz que os danos ambientais são evidentes, apresentando aspectos de alcance territorial além dos limites pretendidos pelas Rés, com repercussão/dano relativamente à fauna e à flora, bem como diminuição da fertilidade do solo, aumento de erosão, início de processo de desertificação, entre outros."

Mais detalhes sobre o assunto veja aqui postagem do blog repercutindo matéria da FSP em 18 de dezembro de 2012.

O "buraco negro das finanças globais"

Confira abaixo a resenha release do livro "The Public Bank Solution: from Austerity to Prosperity" de Ellen Brown feita pelo professor Ladislaw Dowbor e publicada originalmente aqui no ótimo portal "Outras Palavras".

Dowbor diz que a publicação revela como bancos organizam, dia a dia, apropriação da riqueza social. Sua alternativa: reinventar um sistema bancário público. O livro é de 2013, editora Third Millenium Press, Baton Rouge, 2013, 471p. e está disponível (em inglês) na Amazon ou (diversos capítulos) no site da autora.

"Ellen Brown vai direto ao ponto: “Os bancos são de propriedade e controle privados, com o mandato de servir aos interesses limitados dos seus acionistas; e esses interesses e o interesse público frequentemente entram em conflito. O que é bom para Wall Street não é necessariamente bom para a economia…O edifício bancário privado constitui uma máquina massiva cujo objetivo principal é o de se manter a si mesmo. O que está sendo preservado é uma forma extrativa de atividade bancária que está se provando ser insustentável, e que atingiu os seus limites matemáticos. Um parasita que devora a sua fonte de alimentação e que perecerá junto com a sua fonte de alimentação”.(419) Quando vemos no Brasil o Banco Itaú aumentando em 22% nos últimos 12 meses os seus lucros já fenomenais, numa economia parada, temos de prestar atenção. Este enriquecimento vem de onde?

O caos planetário gerado pelos sistemas financeiros privados, tal como existem desde a desregulação a partir dos anos 1980, só não vê quem não quer. E também – isto é crucial – quem não tem acesso a informações sobre como funcionam, e isto significa a imensa maioria da população. Professores, advogados, engenheiros, políticos dos mais variados tipos, com algumas honrosas exceções, simplesmente não entendem. Na realidade, não há tanto mistério nisto, pois apesar do dinheiro sob suas diversas formas ser na era moderna o principal vetor de organização da sociedade, por alguma razão os seus mecanismos não figuram em nenhum currículo escolar. Mesmo nos cursos superiores, simplesmente não figura, a não ser em economia, e ainda assim na versão assexuada, ou seja, aquela que não implica entender quem efetivamente se apropria do dinheiro e de que maneira, pois isso já seria política.

Depois de ter deixado a sua forma material – ouro ou outra expressão que tem valor em si – e depois de ter abandonado até o papel-moeda que hoje tem importância marginal, o dinheiro passou a ser apenas uma notação magnética, imaterial, com imensa volatilidade, podendo ser criada e transferida na velocidade da luz. Os mecanismos deste universo planetário são dominados por grandes corporações, em particular os 28 bancos “sistemicamente significativos”, onde trabalham especialistas que estes sim entendem tudo deste novo universo, onde o enriquecimento não se atinge produzindo riquezas, como no bom velho capitalismo, mas gerando sinais magnéticos que dão aos seus detentores direitos sobre o produto dos outros.

Joseph Stiglitz chamou justamente a atenção para a importância desta “assimetria de informação”. Um número crescente de instituições hoje trabalham para cobrir o fosso, como o Tax Justice Network, o Global Financial Integrity e muitas outras, além de pesquisadores como o hoje indispensável Thomas Piketty. O sucesso deste último, aliás, não se deve a qualquer genialidade particular, mas ao fato de ter explicitado como o sistema funciona. E quem leu, passa a entender, e esta coincidência entre a explicação e o universo que vemos é que gera o sucesso. Passamos a entender. Isto é boa ciência.

Piketty explica uma dimensão global: quando os ricos, em vez de investir, passam a fazer aplicações financeiras, ganhando dinheiro com dinheiro e não com a produção de sapatos, e quando esta forma de ganhar dinheiro permite inclusive se apropriar do lucro de quem produz, o sistema se desequilibra. É a tal da financeirização. A importância de entender os mecanismos não se deve a um preciosismo intelectual, mas ao fato de que deveremos cedo ou tarde por ordem no sistema. Hoje 85 famílias detêm (essencialmente sob forma de sinais magnéticos que são “direitos”) mais riqueza do que a metade mais pobre da humanidade, 3,5 bilhões de pessoas que labutam seriamente. Não é mais possível não ver o elefante no meio da sala.

O aporte de Ellen Brown é diferente do de Thomas Piketty: ela destrincha o funcionamento concreto dos bancos, de como se organiza no dia a dia esta apropriação de riqueza por quem não produz. A orientação dela é clara: o setor público tem de recuperar o controle da emissão desses “direitos”, e assegurar que o financiamento sirva a financiar o desenvolvimento. Subversivo? O artigo 192 da nossa constituição determina que o sistema financeiro nacional seja “estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e servir aos interesses da coletividade”, fixando ainda um limite às taxas de juros reais, sendo que “a cobrança acima deste limite será conceituada como crime de usura, punido, em todas as suas modalidades, nos termos que a lei irá determinar.” A lei, evidentemente, não determinou nada, pois as eleições são financiadas livremente pelas corporações, segundo lei de 1997, aliás rigorosamente inconstitucional.

Nesta era de caos financeiro, o livro de Ellen é muito bem-vindo. A primeira parte é um resgate do processo histórico, de Wall Street a Beijing, o que ajuda a entender como se articulam as instituições criadas e os grandes grupos de interesses. Os inúmeros exemplos tanto das iniciativas de regulação como da organização diferenciada segundo os países – a Alemanha com os seus sparkassen, a Polônia com as suas cooperativas de crédito, a China com os seus sistemas descentralizados de gestão financeira, o próprio papel da nossa Caixa Econômica Federal e muito outros – ajudam a entender que este universo pode sim ser resgatado aplicando soluções de comprovada eficiência. O estudo fecha com propostas de uma nova teoria monetária, o que ajuda muito.

Uma belíssima leitura, tapando um imenso buraco negro de informação não só na academia como na população instruída em geral. Um amplo glossário dos termos técnicos ajuda muito. Não é um livro para economistas, e sim para qualquer pessoa com boa formação que queira entender para onde vamos."

sábado, agosto 29, 2015

Dois livros, três sugestões

Com alguma frequência o blog faz sugestões neste espaço. Assim, de uma só vez, salpico três sugestões. Primeiro, a leitura do bom livro "O pão nosso de cada dia - Processos produtivos no Brasil" do professor Ladislaw Dowbor.

A publicação que pode ser baixada e/ou lida aqui tem cerca de 140 páginas e demonstra de forma simples, como a dimensão da economia está presente em nossas vidas. Melhor, o texto mostra como ela é mais simples do que tentam passar aqueles comentaristas que abraçaram a tese dos especuladores do ganho fácil.

Trata-se de um ensaio de leitura atraente, recheada de informações que sem ser chato, liga as pontas de várias coisas e sistemas que nos cercam. Interessante, que mesmo sendo exposto de forma simples e direta, ele não deixa de ser profundo, provocativo e que estimula novas reflexões, independente do sistema que se quer analisar, porque trabalha com a noção de totalidade.

Dowbor procura fugir do dualismo comum do debate econômico e/ou político, no campo da ideologia, ou da simples bipolaridade entre estatismo e privatização que, em toda e qualquer circunstância, tende a ser inibidor de uma diálogo mais produtivo. Penso que poderia uma ser uma sugestão de leitura para qualquer cidadão, independente da escolarização formal, desde que tenha interesse em entender a verdadeira dimensão da cidadania.

Ignacy Sachs outro economista polonês apresenta assim o ensaio do professor Dowbor:
"As economias mistas público-privadas, caracterizadas por modelos diferentes de articulação entre as dimensões econômica, social e ambiental do desenvolvimento, constituem uma categoria central para a compreensão do funcionamento do mundo contemporâneo. Por muito tempo ainda, estamos condenados a viver em economias mistas público-privadas, divergindo com respeito às formas de articulação entre essas duas esferas da vida social. 

O ensaio de Ladislau Dowbor propõe alternativas de desenvolvimento para a economia brasileira, que, pelo seu tamanho e dinamismo, há de influenciar o futuro das demais sociedades latino-americanas, africanas e asiáticas. 

Não resta dúvida de que os conceitos da economia mista público-privada, dos mecanismos de regulação e do planejamento democrático do desenvolvimento têm um futuro rico à sua frente, como demonstra de maneira tão persuasiva este livro, que busca armar os cidadãos com ferramentas indispensáveis à melhor compreensão e transformação do mundo em que vivemos."

A outra sugestão de leitura é do livro "A nova sociedade do trabalho: para além, de centro e periferia?" do professor Fabrício Maciel da UcamCampos. O livro é resultado de sua tese de doutorado. Ainda não li o livro, mas, a sinopse disponibilizada pela editora sintetiza assim, a publicação:

"O grande mérito de Fabrício neste livro é a tentativa de pensar a sociedade do trabalho em sua globalidade. Para além do simples fato de se discutir se ainda vivemos em uma sociedade do trabalho ou não, como faz boa parte do marxismo dominante entre nós, a grande questão que recebe atenção em sua empreitada é que a produção e a reprodução da desigualdade social, agudizada pela precariedade do trabalho tanto no centro quanto na periferia, não pode mais ser pensada apenas na dimensão das sociedades nacionais. Ainda que as desigualdades internas a cada Estado nacional resguardem as suas especificidade, o grande desafio enfrentado aqui é tentar mostrar como algumas mudanças profundas das condições e nas relações de trabalho se apresentam agora como universais."

A última sugestão faz parte das seções sobre filmes do bom site do professor Dowbor que pode ser acessado aqui. Trata-se do documentário "Chomsky & Cia" que ele apresenta desta forma:

"Um documentário (longa) de primeira importância sobre como se modelam os comportamentos e as visões da sociedade, no quadro do que se chamou de "fábrica do consenso". Apresenta, com entrevistas de Noam Chomsky e outros, como foram sendo popularizadas ou deformadas as grandes visões que a sociedade passou a aceitar como naturais ou evidentes. Isto envolve desde as campanhas para popularizar o cigarro entre mulheres em nome da sua libertação, até as justificativas da guerra (do Vietnã ao Iraque), e as campanhas mais recentes para travar o acesso universal à saúde e outras campanhas, hoje coordenadas por grandes empresas de opinião pública. Nesta era da comunicação, é um documento fundamental para entender o que acontece no mundo". Vale assistir e o filme segue abaixo:


sexta-feira, agosto 28, 2015

Fiori: "A crise no Brasil esconde um impasse estratégico". "Há uma nova bipolarização mundial"

Eu já cansei aqui neste espaço de de dizer que o professor José Luís Fiori é hoje uma dos melhores pensadores que fazem a leitura do Brasil diante do mundo. 

Ao olhar o presente, ele sempre resgata o processo histórico, sem deixar de observar as oportunidades de construção inclusiva e democrática de nosso país no futuro imediato.

Este texto em especial é primoroso. Cirúrgico e detalhista e ao mesmo tempo sintético sobre o impasse da política nacional diante do "momento que o mundo está atravessando de uma transformação geopolítica e geoeconômica gigantesca, e seus desdobramentos determinarão os caminhos e as oportunidades do século XXI".

Muito do que está escrito neste seu artigo publicado hoje no Valor (P.A15) tem sido comentado e discutido aqui, até com certa exaustão, usando entre outros pensadores as próprias ideias do Fiori. Assim, encerro o estímulo que ofereço para a sua leitura deste texto:

"Sincronia e transformação"

                  José Serra: "Partamos nesse instante para uma ofensiva e não fiquemos na defensiva porque a defensiva será a                   vitória de fato dessas forças reacionárias que hoje investem contra o povo brasileiro". Pronunciamento ao vivo                   na Rádio Nacional do RJ, feito na madrugada do dia 1º de abril de 1964.

Apesar de sua aparente instabilidade, a história política da América do Sul apresenta uma surpreendente regularidade, ou "sincronia pendular". Alguns atribuem ao acaso, outros à conspiração política e a grande maioria, aos ciclos e às crises econômicas. Mas na prática, tudo sempre começa em algum ponto do continente e depois se alastra com a velocidade de um rastilho de pólvora, provocando rupturas e mudanças similares nos seus principais países. Esta convergência já começou na hora da independência e das guerras de unificação dos Estados sul-americanos, mas assumiu uma forma cada vez mais nítida e "pendular", durante o século XX.

Foi assim que na década de 30 se repetiram e multiplicaram por todo o continente as crises e as rupturas de viés autoritário; da mesma forma que na década de 40, quase todo o continente optou simultaneamente pelo sistema democrático que durou até os anos 60 e 70, quando uma sequência de crises e golpes militares instalou os regimes ditatoriais que duraram até os anos 80, quando a América do Sul voltou a se redemocratizar. Mas agora de novo, na segunda década do século, multiplicam-se os sintomas de uma nova ruptura ou inflexão antidemocrática - a exemplo do Paraguai - com o afastamento parlamentar e/ou judicial do presidente eleito democraticamente.

Neste momento, até o mais desatento observador já percebeu esta repetição, em vários países do continente, dos mesmos atores, da mesma retórica e das mesmas táticas e procedimentos. Sendo que no caso brasileiro, estes mesmos sinais se somam a um processo de decomposição acelerada do sistema político, com a desintegração dos seus partidos e seus ideários, que vão sendo substituídos por verdadeiros "bandos" raivosos e vingativos, liderados por personagens quase todos extremamente medíocres, ignorantes e corruptos que se mantém unidos pelo único objetivo comum de destroçar ou derrubar um governo frágil e acovardado.

Mas a história não precisa se repetir. Mais do que isto, é possível e necessário resistir e lutar para reverter esta situação, começando por entender que esta crise imediata existe de fato, mas ao mesmo tempo ela está escondendo um impasse estratégico de maior proporção e gravidade que o país está enfrentando, e que não aparece na retórica da oposição, nem tampouco na do governo. Neste exato momento, o mundo está atravessando uma transformação geopolítica e geoeconômica gigantesca, e seus desdobramentos determinarão os caminhos e as oportunidades do século XXI.

E ao mesmo tempo a sociedade brasileira está sentindo e vivendo o esgotamento completo dos seus dois grandes projetos tradicionais: o liberal e o desenvolvimentista. Por isto mesmo soam tão velhas, vazias e inócuas as declarações propositivas do governo, tanto quanto as da oposição mais ilustrada. O mundo bipolar da Guerra Fria acabou há muito tempo, mas também já acabou o projeto multipolar que se desenhara como possibilidade, no início do século XXI.

Esta mudança já vem ocorrendo há algum tempo, mas ficou plenamente caracterizada na reunião realizada na cidade de Ufa, na Rússia, no mês de julho de 2015, do grupo Brics, e logo em seguida, da Organização de Cooperação de Xangai (que já conta com adesão, como observadores, da Índia, do Irã, e Mongólia) configurando uma nova bipolaridade global entre regiões e civilizações, e não entre países de uma mesma cultura europeia e ocidental.

É neste contexto que se deve situar e entender a crescente colaboração militar entre a Rússia e a China, a nova "guerra fria" da Ucrânia, a reaproximação dos EUA com Cuba e Irã e vários outros movimentos em pleno curso neste momento, ao redor do mundo. Da mesma forma que se deve entender a extensão do impacto mundial da crise da Bolsa de Xangai e sua sinalização de que está em curso uma mudança da estratégia nacional e internacional da China, envolvendo também sua decisão de entrar na disputa - de longo prazo - pela supremacia monetário-financeira global. A mesma pretensão e disputa que já derrubou vários outros candidatos nestes últimos três séculos.

Mas seja qual for o resultado desta disputa, a verdade é que o mundo está transitando para um patamar inteiramente novo e desconhecido, e o Brasil precisa se repensar no caminho deste futuro. Neste contexto, atribuir apenas ao Fisco a causa ou a solução do impasse brasileiro é quase ridículo, e tão absurdo quanto restringir a discussão sobre o futuro do Brasil a um debate macroeconômico, ou sobre uma agenda remendada às pressas contendo velhas reivindicações libero-empresariais, dispersas e desconectadas.

O Brasil está vivendo um momento e uma oportunidade única de se "reinventar", redefinindo e repactuando seus grandes objetivos e a própria estratégia de construção do seu futuro e de sua inserção internacional, com os olhos postos no século XXI.

Mesmo assim, nesta hora de extrema violência e irracionalidade, se o Brasil conseguir vencer e superar democraticamente a crise imediata, já terá dado um grande passo à frente, rumo a um futuro que seja pelo menos democrático. Mas atenção, porque este passo não será dado se o governo e suas forças de sustentação não passarem à ofensiva, começando pela explicitação dos seus novos objetivos e de sua nova estratégia, uma vez que seu programa de campanha caducou. Hoje, como no passado, a simples defensiva "será a vitória de fato das forças reacionárias que hoje investem contra o povo brasileiro".

José Luís Fiori professor titular de economia política internacional da UFRJ, é autor do livro "História, estratégia e desenvolvimento" (2014) da Editora Boitempo, e coordenador do grupo de pesquisa do CNPQ/UFRJ.

O transporte da cana há 57 anos

Muito interessante este registro fotográfico do arquivo do IBGE mostrando "Cambonas e carroças puxadas por bois, carregando cana para a Usina São João", no município de Campos (RJ), em 1958. Fotografia de Guerra, Antonio José Teixeira.























PS.: Atualizado às 21:44: Para incluir duas observações que o registro fotográfico de 1958, um ano antes de meu nascimento acabou por remeter:

1) Além do trabalho em si, as duas linhas de trem chamaram a minha atenção.

2) Neste período a produção material era visível. Hoje, a riqueza é monetária e oriunda da renda do petróleo em mar distante e em usos e abusos que não faz a desigualdade ser menor que antes.

Emissão de passaporte pela Polícia Federal em Campos passa para posto em shopping

O Boulevard Shopping no município de Campos visando ampliar a movimentação de pessoal no seu circuito comercial, a exemplo do que já acontece nas capitais, ofereceu espaço e mobiliário para que a Polícia Federal pudesse montar no shopping, o setor de emissão de passaportes e de imigração.

A novidade está na parte de notícias da Assessoria de Comunicação Social da Polícia Federal e prevê que o novo local de atendimento já começa a funcionar na próxima segunda-feira 31 de agosto, com a previsão de atendimento de até sessenta passaportes por dia de atendimento e com o o horário de atendimento entre 9 e 18 horas. Confira no release abaixo:



Erosão continua a levar o que resta da orla do Açu

O blog já informou sobre o problema nos dois últimos dias (aqui e aqui). Hoje o problema é ainda mais acentuado. Veja na imagem (abaixo) desta manhã, o caminhão da Prefeitura de SJB coletando os paralelepípedos que o mar está retirando da avenida da orla fortemente atingida pelas ondas do mar.



Vale ainda registrar o comentário que este blog encontrou nos debates sobre a erosão no Açu, surgido em diversos perfis do Facebook, a partir das informações e notas do blog sobre o assunto.

Em especial o blog separou o comentário do Luiz Carlos Rocha Macedo (veja abaixo) que segundo apurou o blog, é engenheiro e atuou liderando equipes pelo Consórcio das empresas ARG e Civil Port, que foram as responsáveis pelo início das obras do terminal 1 do Porto do Açu.

Desta forma, penso se tratar de uma opinião especializada sobre o assunto e que reforça a tese (aliás, vale repetir já prevista no EIA/Rima do empreendimento) sobre a responsabilidade do Porto do Açu sobre a erosão que atinge a Praia do Açu, que o empreendimento, ainda insiste em negar:



Comunidade do Isepam se manifesta contra fim do curso Normal Médio

Nesta sexta-feira pela manhã, alunos e servidores do Instituto Superior de Educação Aldo Muylaert (Isepam), em Campos, fizeram uma manifestação paralisando parcialmente, o trânsito na avenida 28 de março, nos dois sentidos.

O movimento registrou a indignação contra decisão da direção da Faetec, sem consulta à comunidade, paras encerrar o curso Normal de Nível Médio e também o curso Médio na instituição.

A comunidade deseja debater o assunto e sustenta que o curso é previsto na LDB, tem qualidade e bons resultados em termos de empregabilidade, mesmo com as deficiências oriundas especialmente da falta de mais estrutura e servidores.















PS.: Atualizado às 14:44: O blog pensando em melhor esclarecer às pessoas acerca dos problemas arguidos pela comunidade do Isepam, resolveu trazer para este espaço, os comentários e debate sobre as questões entre o Isepam e a Faetec que foram postados na nota anterior divulgada pelo blog aqui, no dia 26 de agosto sobre a mobilização e questionamento de alunos e servidores. O blog como sempre faz abre espaço para que a direção da Faetec possa se posicionar sobre a questão:


Mais uma fusão entre as mega empresas de petróleo: Schlumberger compra Cameron

Antes já havíamos comentado aqui a fusão das gigantes de serviços no setor de petróleo entre a Halliburton e a Baker que ainda está sendo julgada como possível pelo órgão de regulação dos EUA.

Depois foi o caso da petrolífera inglesa BG ser adquirida pela Shell. Agora é a Schlumberger que compra a americana Cameron por cerca de US$ 12,74 bilhões. A Schlumberger originalmente era francesa, hoje, talvez mais americana.

E ainda se pensa em falar em concorrência num setor tão oligopolizado. Para isso, também servem as crises no sistema capitalista, ajustar lucros e acumulações resgatando os excedentes produzidos quando o ciclo estava no pico da produção, preços e lucros.

Quer saber sobre a Cameron? Clique aqui. A Cameron atua no setor de engenharia submarina e processamento, setor que está se hierarquizando enormemente, reduzindo a quantidade de empresas.

Interessante que nos meus estudos, eu ando elaborando uma listas das players do setor de petróleo que atuam no Brasil e, mais especificamente no ERJ. À medida que avanço neste trabalho, eu vou percebendo mais e mais incorporações e fusões no setor.

quinta-feira, agosto 27, 2015

Erosão na Praia do Açu segue e Justiça Federal determina elaboração de plano de recuperação ambiental

O avanço do mar segue nesta quinta-feira aumentando a erosão na orla do balneário de Barra do Açu, como já havíamos comentado ontem aqui no blog.

Abaixo é possível ver uma foto e um novo vídeo com da realidade desta erosão hoje (27/08). Aprofundando sobre o assunto, o blog obteve a informação que a Justiça Federal há uma semana acatou o pedido do Ministério Público Federal (MPF-RJ) questionando a empresa responsável pela implantação do Porto do Açu sobre os impactos socioambientais.

Ainda segundo a informação, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região, no Rio de Janeiro, teria acatado grande parte da petição do MPF em Campos e concedido um prazo para que a empresa controladora do Porto do Açu, elabore e execute um plano de recuperação ambiental e ainda definindo prazo, com multa de R$ 100 mil por dia pelo seu descumprimento. 

O blog está apurando mais detalhes sobre a decisão da Justiça Federal e voltará ao assunto.

















PS.: Atualizado às 16:52: Para inserir novas fotos que estão sendo postadas no FB em perfis de moradores do Açu. As duas postadas abaixo são da Maiara:

 

Ainda mais abaixo a imagem deste mesmo litoral em janeiro de 2013. Ou seja, há apenas dois anos e meio atrás publicada aqui mesmo no blog.


Petrobras diz na Alerj que investirá US$ 2 bi na conclusão de unidades do Comperj

Os diretores de Engenharia, Tecnologia e Materiais e de Abastecimento da Petrobras, em reunião nesta manhã na (CPI) da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) que investiga as possíveis perdas que o ERJ sofreu nos últimos anos, por influência da empresa, deram uma série de novas informações sobre as intenções da empresa.

Dados novos sobre o andamento e conclusão das obras, sobre a contratação de mais trabalhadores, fechamento de acordo com novo sócio e a suspensão do projeto do  2º trem de refino foram feitas pelos diretores Roberto Moro e Jorge Celestino. Estas informações são diferentes das que vinham até aqui circulando. Veja abaixo reportagem do Valor sobre o assunto:

Petrobras investirá US$ 2 bi na conclusão de unidades do Comperj
“O diretor de da Petrobras, Roberto Moro, disse que a companhia está buscando sócio para concluir os investimentos na refinaria do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí, Região Metropolitana do Rio, e que o novo parceiro terá que entrar no projeto com cerca de US$ 2,3 bilhões. Até o momento, cerca de 85% das obras na refinaria já foram executadas. A expectativa da companhia é que o novo sócio fique responsável pelos 15% restantes. “Pode ser que a gente leve alguns meses para formalizar o negócio, não é fácil”, admitiu Moro, que depõe na reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) que investiga as possíveis perdas econômicas, financeiras e sociais que sofreu o Estado do Rio, nos últimos dez anos, por influência da gestão da estatal.

Já a Petrobras, com capital próprio, deve investir cerca de US$ 2 bilhões para concluir as unidades as unidades de processamento de gás natural (UPGN) e a central de utilidades do Comperj. “Esses recursos [para a UPGN e central de utilidades] já estão previstos no plano de negócios 2015-2019”, disse o diretor de Engenharia.
Obra do Comperj em Itaboraí visto da área Urbana.
Fonte: 
El País - Nota do blog aqui em 06/08/15.

De acordo com Moro, a previsão é que a geração de empregos no Comperj deve subir do atual patamar de 11 mil trabalhadores para 15 mil pessoas durante as obras de conclusão da UPGN e central de utilidades, que devem ser concluídas em 2017.

Também presente na reunião, o diretor de Abastecimento da estatal, Jorge Celestino, afirmou que a conclusão do primeiro trem da refinaria deve levar cerca de dois anos, assim que a companhia encontrar um novo sócio para o projeto. Com capital próprio, a Petrobras não tem perspectiva de concluir o projeto no horizonte do plano 2015-2019. Celestino comentou, ainda, sobre os planos de construção do segundo trem da refinaria e disse que o projeto já não é mais necessário, tendo em vista a atual desaceleração no ritmo de vendas no mercado de combustíveis.”

PS.: Atualizado às 13:54: Sobre o mesmo assunto a agência Reuters informou há pouco:

"Petrobras prevê US$4,3 bi para concluir obras no Comperj; busca parceiro"

"RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras prevê necessidade de investimento de 4,3 bilhões de dólares para concluir obras da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) e o trem 1 de refino do Comperj, disse nesta quinta-feira o diretor de Engenharia da estatal, Roberto Moro, durante uma audiência na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

Segundo o diretor de Abastecimento da Petrobras, Jorge Celestino, o trem 1 do Comperj pode ficar para 2020, se não houver parceiros. Ele acrescentou que a empresa busca sócios para concluir o projeto, visando antecipar cronograma."

O apetite da China e as consequências para o Brasil

O infográfico publicado em matéria ontem, do Wall Street Journal, mostra a pujança e o tamanho da economia chinesa. ao detalhar a participação da China no consumo mundial de diversas matérias-primas (commodities). O quadro impressiona por si só.


Nos últimos dias muito se tem dito e escrito sobre a China, mas há muitas discordâncias e desencontros sobre análises e prognósticos. Eu não em sinto em condições de aprofundar análises, porém arrisco a dizer que para o Brasil, os riscos podem ser menos drásticos do que alguns tentam argumentar.

É evidente que, em qualquer cenário a demanda por alimentos (soja, carne e outros) e energia permanecerá. Isto alivia os impactos. Além disso, a China é a maior beneficiada com a redução do preço do barril de petróleo.

A China nos últimos anos vinha conseguindo burlar os esquemas e controles que a grandes traders de commodities vinham até então fazendo no sentido de controlar os fluxos e consequentemente os preços das matérias-primas e produtos agrícolas.

Para fazer isto a China ampliou enormemente seus estoques de commodities, inclusive de petróleo, o que foi paulatinamente tirando das traders (que passaram a investir em infraestrutura de portos) a capacidade de entre elas (em suas sedes em paraísos fiscais) controlar os preços mundiais.

Assim, a China foi aos poucos interferindo nestes preços e hoje é responsável por estas baixas de preços mundiais que se dá, ainda sem redução  das demandas, e mais pelo aumento de extração e/ou produção destas commodities minerais ou do agronegócios.

Além disso, a China passou a ser incorporada aos centros mundias negociadores de commodities. A própria matéria do WSJ (aqui) diz que os bancos e fundos por toda a Europa estão reconhecendo o aumento da atividade da China na negociação direta das commodities.

Também se registra que a China continua ampliando em bilhões de dólares, os investimentos em infraestruturas no Canadá e na Austrália, assim como mostrou disposição em fazer o mesmo o Brasil.

Do Canadá recebe especialmente petróleo e gás. Da Austrália, minério e outros metais. Do Brasil importa soja, outros alimentos, assim como petróleo a partir das petroleiras chinesas aqui instaladas, ou da Petrobras, em troca dos empréstimos feitos. Por isso, os investimentos em portos, ferrovias e extração de petróleo estão entabuladas.

Enfim, vale continuar observando este processo. As mudanças que a China promove em sua economia não é algo simples, considerando que o gigante asiático hoje detém a maior parte da dívida pública americana.

Há sinais claros de esgotamento de um ciclo. Os ciclos econômicos mais uma vez são lembrados, entre períodos de acumulação, estagnação e investimentos, mas o futuro não é algo dado e sim construído. O capitalismo de Estado ou este modelo híbrido ainda gera muitas dúvidas.

É certo que o avanço da China no setor financeiro internacional é um grande risco tanto para si, como para as demais nações. Acima de tudo gera reações, bem maiores que a exportação de produtos.

O sistema financeiro efetivamente é o grande nó do atual ciclo do capitalismo mundial. Foi, por ele que o Japão deixou de ser alternativa em termos de liderança mundial.

A China tem ainda de forma similar, um enorme desafio no âmbito interno.  Não é simples a adequar sua economia para o aumento do consumo interno com a ampliação do poder de compra dos chineses, diante dos ajustes das exportações e da articulação cada vez maior com o sistema-mundo. Enfim, vale continuar acompanhando!

PS.: Atualizado às 01:42: Para acrescentar um outro infográfico sobre o Comércio Brasil-China entre os anos 2000-2015. Fonte Mdic, Valor, P.A14, 26/08/15. Sobre o volume total de comércio entre os dois países, pode-se referir ao pico em 2014, quando o fluxo de importações e exportações entre China e Brasil atingiu US$ 77,9 bilhões, com superávit brasileiro de US$ 3,27 bilhões, conforme mostra o gráfico abaixo:















PS.: Atualizado às 01:56: Ainda sobre o assunto leia aqui o texto "A lição chinesa que o Brasil precisa aprender (para lidar com a própria China)" publicado no Brasil Debate -
Centro de Altos Estudos Brasil Século XXI.

quarta-feira, agosto 26, 2015

Comunidade do Isepam se mobiliza conta decisão da Faetec

O blog recebeu o pedido de divulgação do panfleto de mobilização de alunos e servidores do Instituto Superior de Educação Aldo Muylaert de Campos, contra a extinção do curso Normal de nível médio e a favor da continuidade da Formação Geral na instituição.

A comunidade luta ainda contra decisão da direção da Faetec pela realização de concurso para suprir carência de servidores e em defesa da manutenção das vagas e matrículas no Ensino Superior desta tradicional escola do município de Campos dos Goytacazes.


PS.: Atualizado às 20:00: Uma manifestação está convocada para a próxima sexta-feira (28/08) 11 horas em frente ao próprio Isepam.

Empregos no ERJ entre janeiro e julho

O professor Mauro Osório preparou junto com seu grupo de pesquisas na UFRJ, um conjunto de tabelas sobre a movimentação dos empregos no ERJ. Abaixo o blog publica a tabela desta movimentação em 43 municípios fluminenses, junto de outra, exclusiva da indústria naval que surpreende.

O professor Osório faz um breve comentário sobre estes dados do emprego e desemprego divulgado pelo Caged/MTE. Abaixo das tabelas o blog complementa com outros comentários:

"Como sabemos o país vive uma crise política e econômica e o desemprego tem aumentado. Na periferia metropolitana do Rio de Janeiro, os seguintes municípios apresentaram, no período de janeiro a julho, uma perda de empregos formais superior a mil: Itaboraí, Niterói, Duque de Caxias, Itaguaí, Nova Iguaçu, São Gonçalo, São João de Meriti.

Ainda encontram-se no campo positivo de geração de empregos, embora em um pequeno número, os municípios de Japeri, Seropédica e Rio Bonito.

Na cidade do Rio de Janeiro, no período de janeiro a julho, ocorreram 45.335 perdas de emprego. No comércio, a perda foi de 16.698 vagas.

Especificamente na construção naval, no conjunto do estado, foram realizadas 5.320 demissões entre janeiro e julho. No entanto, foram realizadas também 2.392 admissões, gerando um saldo negativo de 2.937.

Na contramão do atual cenário, no mês de julho o resultado de emprego da construção naval, no estado do Rio de Janeiro, foi positivo, com um saldo de 112 novas vagas de trabalho.
"















Sobre os municípios da região as maiores perdas de emprego neste ano, até julho, se verificou em Macaé com menos 5.482 vagas, sendo a maior perda na área de serviços , que como sabemos é a primeira a ser arrastada pela redução da economia do petróleo.

Em Campos, a redução no estoque de empregos no ano até julho foi de menos 996 vagas, sendo a maior perda no setor de comércio com menos 886 vagas, fruto do enfraquecimento da Economia dos Royalties com a redução desta receita. O destaque positivo e já conhecido é sazonal, na área agrícola e agropecuária com mais 936 vagas. O estado como um todo perdeu neste período 494 mil vagas. 

Reforço o destaque do Mauro Osório sobre os números da construção naval que a despeito de toda a crise com a redução das demandas do setor de petróleo e das consequências da Operação Lava Jato ainda mantém um estoque de empregos significativos no estado. Falta ainda listar o número e a movimentação de empregos no geral do município de São João da Barra que também tem uma pequena base de indústria naval com o Consórcio Integra junto ao Porto do Açu.

Erosão começa a levar o que resta da orla do Açu

Os moradores da comunidade da Barra do Açu sabem que este período, que vai de agosto até novembro, tende a ser o mais impactante e assim temem pelo avanço ainda maior do mar, sobre as vias da localidade.

Com o mar mais agitado e a reduzida faixa de areia, consequente das seguidas erosões que se intensificaram desde a construção dos quebra-mares do Porto do Açu, previstos inclusive nos Estudos e Relatórios de Impacto Ambiental (EI/Rima) do empreendimento, estão apreensivos com os desdobramentos de mais avanço do mar na Praia do Açu.

Veja abaixo uma imagem e um pequeno vídeo feito esta manhã mostrando que a erosão tende a levar o que ainda restou da imensa orla do balneário do Açu. A fiscalização do Inea e do Ibama continuam a ignorar o problema, assim como as demais autoridades.

Na semana passada, o blog postou aqui problemas similares que o Ministério Público Federal de São Paulo (MPF-SP) entrou com ação civil pública contra a administração do Porto de Santos, por conta da erosão das praias, por conta da dragagem do canal de atracação do porto, lembrando que lá se trata de uma baía e um estuário, onde os impactos contra os balneários vizinhos tendem a ser menores do que em caso de mar aberto em linha reta, como é o caso do Açu.




terça-feira, agosto 25, 2015

"Falar em escassez hídrica é um erro, assim como culpar a falta de chuvas pela crise"

Vale conferir esta entrevista com o professor e geógrafo da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, Luis Antonio Bittar Venturi.

Venturi diz aqui nesta ótima entrevista à USP Online que "falar em escassez hídrica é um erro, assim como culpar a falta de chuvas pela crise... não há base empírica nem conceitual que sustente a hipótese da guerra da água, por mais que a mídia e muitas vozes reforcem essa perspectiva malthusiana".

"É absurdo dizer que a crise hídrica de São Paulo é causada pela falta de chuva, sendo que temos enormes reservatórios subutilizados. Como uma metrópole como São Paulo, com a pujança econômica que tem e toda a tecnologia disponível, fica a mercê da chuva, como se fôssemos povos primitivos?"

... "A crise hídrica, ou seja, quando se abre a torneira e não sai água, é sempre gerencial, e não natural. Há exemplos de países com muito menos recursos hídricos que o Brasil onde não falta água, como na própria Síria."

..."a mídia mostra represas secando para ilustrar a ideia de que a água vai acabar. Pode até acabar na sua torneira, mas não por falta dela, e sim por incapacidade de se assegurar o abastecimento. Essa ideia de fim da água é muito malthusiana e é obrigação da academia superar o senso comum fatalista e tão fortemente difundido pela mídia...."

Professor Luis Venturi, no rio Eufrates, próximo à fronteira com o Iraque: 
“não se pode educar pelo medo, propagando uma visão fatalista”
Foto: Arquivo pessoal
..."É incorreto classificar a água como um recurso renovável, como muitos livros didáticos de Geografia ainda fazem. Recurso renovável é aquele que, ao ser utilizado, tem a capacidade de se recuperar seus estoques por mecanismos naturais, como no caso das florestas. Este conceito não se adéqua à água, já que as suas quantidades são estáveis no Planeta. A molécula de água não se destrói com o uso e sempre acaba voltando para o sistema, ainda que em outro estado, de modo que sempre apenas “emprestamos” água do ciclo hidrológico. Só que ao mesmo tempo em que os livros didáticos classificam a água como renovável, fala-se que se trata de um recurso finito, o que é um contrassenso. Aqui mesmo na USP há uma campanha de ótimas intenções para o uso racional da água, mas que pecou quando afirmou que água é um “recurso finito”, quando o correto seria dizer: “captar, tratar e distribuir água é caro: economize”, ou então: “a capacidade da sociedade de tratar e distribuir água é finita: economize”.

..."Sempre que sou convidado a falar em escolas e faculdades alguém me pergunta isso, se não é perigoso afirmar que a água é infinita. Mas não se pode educar pelo medo, propagando uma visão fatalista. É uma obrigação da academia superar o senso comum. As pessoas têm que conhecer, sim, os riscos de ficarem sem água e, se isso acontecer, ter consciência das reais razões deste fato, do papel de cada um, inclusive delas mesmas pelo uso racional."

A entrevista na íntegra você pode ler aqui no link da USP Online onde a matéria tem destaque.Por mais que o tema exija muitos debates, veja que este é outro consenso (de novo Chomsky) que foi sendo produzido dia-a-dia, sem maiores questionamentos.

Geração eólica cresce 114% no 1º Semestre de 2015 e sai de 1,4% para 3% da matriz nacional

Do site PetroNotícias:

“O Brasil vem aumentando bastante a participação de fontes renováveis na sua matriz energética. A energia eólica é vem recebendo bastante investimento e a participação dessa fonte aumentou 114% no primeiro semestre deste ano. Os dados são da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, que aferiu 1.840 MW médios gerados entre janeiro e junho, frente aos 860 MW médios alcançados no mesmo período de 2014.

O Nordeste é a região que mais se destaca na geração eólica, com o Rio Grande do Norte sendo o principal produtor. Somente no primeiro semestre, as usinas do estado produziram 650 MW médios, quantidade 142,6% maior que a do mesmo período do ano passado. A Bahia vem logo arás, com 406 MW médios, crescimento de 297%, seguida do Cerá com 362 MW completando o top três de geração eólica brasileira.

A presença da fonte na matriz brasileira também cresceu, sendo responsável por 3% de toda a energia produzida. No ano passado, ao fim do primeiro semestre, a energia gerada a partir de vento era responsável por 1,4% do total gerado no Sistema Interligado Nacional.”

Drones cada vez mais usados também nas inspeções das plataformas

Usando drones com câmeras térmicas de alta definição a empresa inglesa Sky Futures passou a atuar na inspeção das plataformas e de suas estruturas que ficam em locais de difícil acesso.

A inspeção por câmeras nestas instalações, de certa forma, guarda semelhança com o que já se faz há um bom tempo com os (ROVs) nas instalações submarinas, nos cascos das plataformas, nas cabeças de poços, onde as conhecidas árvores-de-natal estão localizadas com inúmeras válvulas controlando as pressões e vazões.

Os drones agora passaram a fazer o trabalho que eram antes realizados por trabalhadores. As empresas alegam que assim, as inspeções economizam tempo, dinheiro e não colocam em riscos os trabalhadores que tinham que atuar em áreas de risco e à grandes alturas.

As inspeções de plataformas petrolíferas instaladas em alto mar são feitas para identificar as condições das estruturas, vigas, chaminés, etc. que sofrem a ação do tempo e da agressão da maresia.

A demanda por este trabalho e inspeção com drones para as empresas petrolíferas cresceu muito desde o ano passado (2014) para cá. As inspeções exigem assim apenas o trabalho de um operador de drone e um engenheiro.

Com as imagens do drone (veículo aéreo) se constitui imagens em modelo tridimensional que podem mapear as estruturas e identificando anormalidades que podem ser analisadas em computador. A Sky Futures tem entre os seus clientes as petroleiras Shell, Chevron, Total, Maersk, Statoil, BG, BP, etc.

O uso de drones para substituir o trabalho humano em atividades de risco e insalubres é sempre bem-vinda e distinta do uso dos drones para atividades de monitoramento, vigilância e militar como comentamos aqui, repercutindo na semana passada reportagem do Wall Street Journal.

O assunto merece acompanhamento, porque o uso de robôs e drones em produção material tende a crescer rapidamente, com repercussões sobre o trabalho humano, independente das fronteiras.

segunda-feira, agosto 24, 2015

Preocupação dos bancos nacionais

Os bancos nacionais estão apavorados não apenas com o tensionamento da política nacional. Hoje, a maior preocupação mesmo destes bancos é com os empréstimos que que possui com as grandes empresas de engenharia que faziam cartel para obter e garantir obras e serviços com as gestões públicas.

São bilhões emprestados. O pior é que estas empresas não possuem "ativos" (ou patrimônios) para honrar estes compromissos, porque o dinheiro nestas empresas servem com investimentos para obras e serviços.

Só a Odebrecht tem dívida bruta de R$ 88 bilhões. As outras grandes possuem dívidas também na cada das dezenas de bilhões.

Tocar fogo neste circo nem Nero faria. Acabar com o cartel, sobrepreços e financiamentos eleitorais será bem-vindo. Hoje, entre apavoramentos e quase desespero, se passou a perceber que garantir a institucionalidade política é a melhor forma de corrigir rumos, para enfrentar também a crise econômica internacional, que hoje mostrou suas garras nas bolsas de valores de todo o mundo. A conferir!

Japonesa NEC instala sistema integrado de monitoramento no TMult do Porto do Açu

A empresa NEC está instalando no Terminal Multicargas (TMult) do Porto do Açu, circuito fechado de monitoramento por TV (CFTV), com 58 câmeras, controle de acesso, além de rede wireless em ambiente externo que deverá estar funcionando até outubro próximo.

A Prumo, controladora do Porto do Açu informa que prepara o TMult que possui dois berços instalados em 500 metros de cais, para movimentar quatro milhões de toneladas por ano (entre granéis sólidos e carga geral).

Pelo projeto do TMult com profundidade de 14,5 metros irá operar movimentação de contêineres e veículos (roll on - roll off). Dependendo das negociações para a sua operação, o TMult tem possibilidade de expansão para 1.200 metros de cais.

A expansão do TMult está vinculada ao acesso ferroviário que depende de licitação da ANTT e construção do trecho Rio-Vitória, passando no Porto do Açu, que não ficará pronto antes de 2023.

Situação econômica dos 23 principais clubes de futebol do Brasil

Os dados forma divulgados por especialistas em estudos econômicos e balanços do BBA, ligado ao Itaú foi registrado em matéria do João J. Oliveira do Valor.. Na média, as receitas reduziram e as dívidas se ampliaram, mas há exceções na lista.

As maiores receitas do clubes de futebol do Brasil com j[a se sabe são dos direitos de TV (38,9%) que junto com publicidade e patrocínio (16,5%) alcançam 55,4% de todo o dinheiro arrecadado. A bilheteria e os programas de sócio-torcedor são responsáveis por apenas 18,3% da receita total. Na divisão das despesas a folha de pagamento ficam em 69,7%.



Entre os principais clubes a maior receita é do Flamengo com R$ 312 milhões, seguido do Corinthians com R$ 245 milhões, seguido do Cruzeiro com R$ 196 milhões. Hoje, o Flamengo é o clube com o melhor resultado entre receitas e despesas do futebol brasileiro com R$ 64 milhões.

A maior despesa é do Corinthians com R$ 218 milhões. Já quanto as dívidas, a maior é do Atlético, PR com R$ 316 milhões, seguido do Atlético, MG, com R$ 174 milhões e do São Paulo com R$ 137 milhões.




Redução da demanda de apoio offshore

Uma matéria neste domingo, aqui na FSP, falou das atividades de apoio à exploração offshore no Brasil e estimou, como já comentamos aqui, a demanda em torno de 3 a 5 de embarcações de apoio, para cada unidade em alto-mar, incluindo plataformas e sondas.

Embarcações fundeadas na baía de Guanabara (RJ)
Fonte FSP - Ricardo Borges
A reportagem do jornalista Nicola Pamplona fala que por conta da redução das atividades, houve uma redução da frota atualmente no Brasil, de 500 para 488. E ainda, que outras 20-25 estariam paradas por falta de contrato para prestação de serviços.

Este assunto interessa especialmente ao ERJ e também comenta o temor de que novas reduções poderiam ocorrer. O blog avalia que esta redução de 500 para 463 (488-25 é inferior a 10%, para ser mais exato 7%) é bem menor do que se está vendo a nível internacional nas atividades produtivas do setor de petróleo em todo o mundo. Esta previsível redução é decorrente da manutenção do baixo valor do barril de petróleo no mercado internacional e ao vencimento neste 2º semestre de 2015 de 147 contratos com a Petrobras.

 Este blogueiro tem uma leitura mais ampla sobre esta redução da demanda de embarcações de apoio. Ela está vinculada à redução das sondagens e perfuração mais que à produção. Além disso há um crescente aumento do processo de automação na produção e também à ampliação da produção nas reservas do pré-sal, com menos poços com maior produtividade que os do pós-sal.

Ainda assim, é possível deduzir que a redução do uso de embarcações significará a redução da demanda de uso de instalações portuárias, especialmente, no litoral fluminense que hoje utiliza seis diferentes terminais portuários para esta finalidade.

Sobre o assunto leia aqui nota do blog no dia 3 de julho de 2015 e esta outra aqui no dia 2 de abril de 2014.

domingo, agosto 23, 2015

"Dilma e seus dilemas..."

Muito boa a análise do Douglas da Mata em seu blog, de onde peguei emprestado. A análise feita pelo texto não faz propaganda e nem procura esconder a realidade. Ao contrário usa como materialidade do diagnóstico do que se entende por real. Sem a falácia da cretina neutralidade, sempre alegada, por quem não tem segurança para sustentar seus argumentos. Vale ser lida e replicada:

"Dilma e seus dilemas..."

Circunstâncias históricas não podem ser comparadas com a mesma régua, por outro lado, não devem ser relativizadas ao extremo...

Explico...

O PT e o Governo Dilma não podem reclamar (muito) dos ruídos golpistas da oposição midiática...De certo modo, quando estávamos na oposição saímos às ruas com o "FORA fhc"...

Mas as semelhanças param por aí...

O cinismo escroto da mídia, e seus asseclas, não pode esconder um fato histórico:

Os movimentos políticos da década de 80 e 90 se levantavam contra os governos estabelecidos , mas tinham caráter contra-hegemônico, ou seja, buscavam destituir uma ordem estabelecida...isto é, construir uma ordem onde o governo representasse os interesses da maioria, enfim, buscavam aproximar a representatividade formal da representatividade orgânica da sociedade...

Já os movimentos recentes, que mostram a cada evento perder força, com o minguar de gente que foi às ruas, buscam restabelecer esta ordem hegemônica, onde a reprsentação formal do governo seja restrita ao critério quantitativo eleitoral, afastando a manifestação dos interesses e demandas majoritários da gestão do Estado.

A manutenção dos aspectos meramente formais da representação visa garantir que os interesses de poucos prevaleçam sobre os de muitos...

Se é verdade, portanto, que dos dois movimentos pedindo a destiuição de presidentes são, formalmente, contra-constitucionais, por outro lado, é impossível não perceber, apesar dos esforços cavalares da mídia comercial, que os movimentos têm origens e pretensões políticas distintas...

Cada facção política legitima sua presença como melhor lhe convém, mas não podemos permitir que todos sejam considerados a mesma coisa, como se essa "igualdade" concedesse um salvo conduto às forças reacionárias para a defesa de interesses que NUNCA são explicitamente colocados...

É estranho, e quase sempre imperceptível como os golpistas nunca se chamem pelo nome, nunca digam que são de direita ou conservadores...Buscam sempre apelidos ou bandeiras políticas convenientes...auto-denominam-se liberais, modernizações, eficiência, democratas, patriotas ou apartidários ou apolíticos...

Essa "discrição" não é acidental...

Quando junto com outras forças, o PT foi às ruas pedir a saída de fhc, a agenda estava claríssima: Queriam que o país e seu patrimônio não fosse vendido a preço de banana, sob a falsa justificativa de que os poucos bilhões de dólares serviriam ao incremento da qualidade dos serviços públicos destinados aos mais pobres...

Junto a isso, PT e aliados desejavam a redução das desigualdades, o aumento do emprego, a melhor distribuição de renda e dos serviços públicos...

Quando vão às ruas hoje, psdb e aliados desejam justamente destruir essas conquistas, retomando o processo de desmonte do que restou de Estado...

7% de desemprego é uma taxa alta nesses dias? Pois é, na octaéride tucana o desemprego nunca esteve abaixo dos 9%, e ainda assim a mídia e o estamento ideológico conservador alardeavam um sucesso absoluto na gestão econômico demotucana...

Inflação de 9%?

A "equipicona" do psdb entregou o país em 2002 com 13% de inflação e taxa de juros média acima dos 20% ao ano...

Eu aceitaria satisfatoriamente que os tucanos e seus lacaios da mídia (local e nacional) fossem às ruas dizendo a verdade: Queremos entregar a Petrobras de bandeja, queremos mais juros ao capítal, salários e direitos menores, diminuição dos investimentos e programas sociais, restrição dos recursos da saúde e da educação, etc...

Eu aceitaria de bom grado as manifestações golpistas, ainda que não concorde com elas, se dissessem que o almejado "fim da corrupção" é algo mais ou menos como o desejo pela "paz mundial" que as candidatas à miss, expresso nas entrevistas ensaiadas aos jurados...

Democracia não é só bater panelas ou vociferar palavras chulas e/ou de baixo calão, mas explicitar verdadeiramente o que se deseja, para que as escolhas sejam honestas, ou o mais próximo disso...

É uma diferença sutil, mas crucial...É a diferença entre ruptura e reacionarismo...

Conservadores, em um ambiente democrático, não devem temer expor suas bandeiras (as verdadeiras)...

Assim como os petistas e governistas não devem temer a cobrança de que foram às ruas para pedir a queda de um presidente eleito (fhc)...

Ao contrário, devem revelar que o fizeram, e fizeram sem o apoio massivo da mídia comercial, e muito menos sem o conluio com as forças reacionárias que se instalaram no Judiciário...

É bem verdade que o PT também se beneficiou do protagonismo macartista do MP naquelas décadas, e hoje paga caro por isso...Parte do capital político que amealhou na epóca foi tomado de volta, como um empréstimo de juros extorsivos...

No entanto, a (cor)relação de forças é totalmente distinta...Naquela época, recém agraciados com (super) poderes constitucionais que hoje os equiparam a Santa Inquisição, alguns poucos promotores e procuradores ousaram utilizar estas prerrogativas para desafiar o establishment...

Hoje, com a institucionalização do moralismo hipócrita e seletivo, o Parquet, com raras e honrosas exceções, funciona como correia de transmissão das hostes fascistas nacionais...

Por isso, procuradores como aquele de Brasília, Luiz Francisco, juízes como De Sanctis, ou policiais como Protógenes Queiroz ou Paulo Lacerda, foram ridicularizados e trucidados, enquanto que outros são elevados ao panteão dos "heróis nacionais"...

Ué, todos não lutavam contra a corrupção?

Pois é, mas uns lutavam contra a corrupção da revista "óia" e suas relações com a "cachoeira" de crimes organizados, ou contra banqueiros-fiadores da privataria demotucana, e outros dizem lutar contra aquela que parece ser a única forma de corrupção que merece atenção: A petista!

Mensalão, petrolão? Uai, a globo sonegou uns três ou quatro petrolões e até hoje quase ninguém ouviu falar disso, e apesar disso, ainda tem gente que envia dinheiro para a chantagem emocional chamada "criança esperança"...

Esperança para quem? Para os "eleitos" e "escolhidos" pela globo e pela "unicef"? 'Tá bom, me engana que eu gosto...

Então, ainda que tudo pareça igual, cada caso é um caso...

Dilma padece de um dilema, que não é só dela, e sim de todas as forças de esquerda que apostam na via institucional e creem na reforma gradual do Estado:

Acreditam que a outorga (formal) conferida pelas urnas, em seu aspecto quantitativo (maioria), confere uma legitimidade que se auto-impõe e será sempre respeitada pelos adversários...

Logo, quando Dilma se defende reivindicando ser a portadora dos votos da maioria, ela "esquece" o seu passado...

Esse "esquecimento" é necessário para afastar dela o sentimento revanchista imobilizador, que a impediria de ter se tornado o que é: Um exemplo de respeito à constitucionalidade e a ação política racionalizada...

Mas, paradoxalmente, esse "esquecimento" apaga de sua memória política um traço que deveria ser constante em sua práxis, a de que os adversários só respeitam regras que lhes convêm, e pior:

Seus inimigos da oposição não querem sua cabeça porque ele "ganhou" as eleições, querem a sua cabeça porque o PT e o seu governo moveram (ainda que levemente) o mandato formal obtido nas urnas para próximo das demandas da maioria da população, e atacou os interesses de quem lucrava com o "estado das coisas" em passado recente...

É preciso que os golpistas da direita digam à população o que realmente querem...

Também é preciso que Dilma e o PT digam realmente porque estão sob ameaça de golpes iminentes, desde 2002...

Sem esse esclarecimento, nossa Democracia permanecerá interditada...

sábado, agosto 22, 2015

"Löwy: quando o capitalismo não rima com democracia"

"Outra Europa é possível — um continente democrático, ecológico e social. Mas não será alcançado sem uma luta comum das populações europeias, que ultrapasse as barreiras étnicas e os limites estreitos do Estado-nação. Em outras palavras, nossa esperança para o futuro é a indignação popular, e os movimentos sociais, que estão em ascensão, particularmente entre os jovens e mulheres, em muitos países."

O parágrafo acima é parte do artigo do cientista social brasileiro, hoje radicado na França, Michel Lowy. Vale conferir na íntegra seu artigo publicado originalmente no ótimo site "Outras Palavras", nele alguns importantes "pingos"  são colocados nos devidos "is" sobre a financeirização da vida e sobre os limites da política controlada pela economia. Nesta linha é instigante o questionamento sobre o que ainda se chama de democracia no continente de sua origem, a Europa.

"Löwy: quando Capitalismo não rima com Democracia"

Vamos começar com uma citação de um ensaio sobre a democracia burguesa na Rússia, escrita em 1906, após a derrota da primeira revolução, de 1905:

“É profundamente ridículo acreditar que existe uma afinidade eletiva entre o grande capitalismo, da maneira como atualmente é importado para a Rússia, e bem estabelecido nos Estados Unidos (…), e a ‘democracia’ ou ‘liberdade’ (em todos os significados possíveis da palavra); a questão verdadeira deveria ser: como essas coisas podem ser mesmo ‘possíveis’, a longo prazo, sob a dominação capitalista?” [1]

Quem é o autor deste comentário perspicaz? Lenin, Trotsky ou, talvez, Plekhanov? Na verdade, ele foi feito por Max Weber, o conhecido sociólogo burguês. Apesar de Weber nunca ter desenvolvido essa ideia, ele está sugerindo aqui que existe uma contradição intrínseca entre o capitalismo e a democracia.

A historia do século XX parece confirmar essa opinião: em muitos momentos, quando o poder da classe dominante pareceu ameaçado pelo povo, a democracia foi jogada de lado como um luxo que não pode ser mantido, e substituída pelo fascismo — na Europa, nos anos 1920 e 1930 — ou por ditaduras militares, como na América Latina, entre os anos 1960 e 1970.

Por sorte, esse não é o caso da Europa atual, mas temos, particularmente nas últimas décadas, com o triunfo do neoliberalismo, uma democracia de baixa intensidade, sem conteúdo social, que se reduziu a uma concha vazia. É claro que ainda temos eleições, mas elas parecem ser de apenas um partido, o PMU, Partido do Mercado Unido, com duas variantes que apresentam diferenças limitadas: a versão de direita neoliberal e a de centro-esquerda social liberal.

O declínio da democracia é particularmente visível no funcionamento oligárquico da União Europeia, onde o Parlamento Europeu tem muito pouca influência, enquanto o poder está firmemente nas mãos de corpos não eleitos, como a Comissão Europeia ou o Banco Central Europeu. De acordo com Giandomenico Majone, professor do Instituto Europeu de Florença, e um dos teóricos semioficiais da UE, a Europa precisa de “instituições não-majoritárias”. Ou seja, “instituições públicas que, propositalmente, não sejam responsáveis nem diante dos eleitores, nem de seus representantes eleitos”: essa é a única maneira de nos proteger contra “a tirania da maioria”. Em tais instituições, “qualidades tais quais expertise, discrição profissional e coerência (…) são muito mais importantes que a responsabilidade democrática e direta” [2]. Seria difícil imaginar uma desculpa mais descarada da natureza oligárquica e antidemocrática da UE.

“Os ‘experts’ que comandam a ‘salvação’ da Europa foram funcionários
de um dos bancos diretamente responsáveis pela crise iniciada
nos Estados Unidos, em 2008″
Com a crise atual, a democracia decaiu a seus níveis mais baixos. Em um recente editorial, o jornal francês Le Figaro escreveu que a situação é excepcional, e explica por que os procedimentos democráticos não podem ser sempre respeitados; apenas quando voltarmos aos tempos normais, poderemos restabelecer sua legitimidade. Temos, então, um tipo de “estado de exceção” econômico/político, no sentido que descreveu Carl Schmitt. Mas quem é o soberano que tem o direito de proclamar, de acordo com Schmitt, o estado de exceção?

Por algum tempo, entre 1789 e a proclamação da República Francesa, em 1792, o rei teve o direito constitucional de veto. Não importavam as resoluções da Assembleia Nacional, ou quaisquer que fossem os desejos e aspirações do povo francês: a última palavra pertencia Sua a Majestade.

Na Europa de hoje, o rei não é um Bourbon ou Habsburgo: o rei é o Capital Financeiro. Todos os atuais governos europeus — com a exceção do grego! — são funcionários deste monarca absolutista, intolerante e anti-democrático. Quer sejam de direita, “extremo-centro” ou pseudoesquerda, quer sejam conservadores, democratas cristãos ou social-democratas, eles servem fanaticamente ao poder de veto de Sua Majestade.

O soberano absoluto e total hoje, na Europa, é, no entanto, o mercado financeiro global. Os mercados financeiros ditam a cada país os salários e aposentadorias, os cortes em despesas sociais, as privatizações, a taxa de desemprego. Há algum tempo, eles nomeavam diretamente os chefes de governo (Lucas Papademos na Grécia e Mario Monti na Itália), escolhendo os chamados “experts”, que eram servos fiéis.

Vamos olhar mais atentamente a alguns desses tais todos-poderosos “experts”. De onde eles vêm? Mario Draghi, chefe do Banco Central Europeu, é um antigo administrador do banco internacional de investimentos Goldman Sachs; Mario Monti, ex Comissário Europeu, também é um antigo conselheiro da Goldman Sachs. Monti e Papademos são membros da Comissão Trilateral, um clube muito seleto de políticos e banqueiros que discutem estratégias internacionais. O presidente desta comissão é Peter Sutherland, antigo Comissário Europeu, e antigo administrador no Goldman Sachs; o vice-presidente, Vladimir Dlouhr, antigo Ministro da Economia tcheco, é agora conselheiro na Goldman Sachs para a Europa Oriental. Em outras palavras, os “experts” que comandam a “salvação” da Europa da crise foram funcionários de um dos bancos diretamente responsáveis pela crise financeira iniciada nos Estados Unidos, em 2008. Isso não significa que existe uma conspiração para entregar a Europa à Goldman Sachs: apenas ilustra a natureza oligárquica dos “experts” de elite que comandam a UE.

Os governos da Europa estão indiferentes aos protestos públicos, greves e manifestações maciças. Não se importam com a opinião ou os sentimentos da população; estão apenas atentos — extremamente atentos — à opinião e sentimentos dos mercados financeiros e seus funcionários, as agências de avaliação de risco. Na pseudodemocracia europeia, consultar o povo em um referendo é uma heresia perigosa, ou pior, um crime contra o Deus Mercado. O governo grego, liderado pelo Syriza, a Coalizão da Esquerda Radical, foi o único que teve coragem para organizar tal consulta popular.

O referendo grego não tinha apenas a ver com questões fundamentais econômicas e sociais, foi também e acima de tudo sobre democracia. Os 61,3% de gregos que disseram não são uma tentativa de desafiar o veto real das finanças. Esse poderia ter sido o primeiro passo em direção à transformação da Europa, de monarquia capitalista a república democrática. Mas as atuais instituições da oligarquia europeia têm pouca tolerância à democracia. Imediatamente puniram o povo grego por sua tentativa insolente de recusar a austeridade. A “catastroika” está de volta à Grécia com uma vingança, impondo um programa brutal de medidas economicamente recessivas, socialmente injustas e humanamente insustentáveis. A direita alemã fabricou este monstro, e forçou ao povo grego com a cumplicidade de falsos “amigos” da Grécia (entre outros, o presidente francês, François Hollande, e o primeiro-ministro da Itália Matteo Renzi).

* * *

Enquanto a crise agrava-se, e o ultraje público cresce, existe uma crescente tentação, por parte de muitos governos, de distrair a atenção pública para um bode expiatório: os imigrantes. Deste modo, estrangeiros sem documentos, imigrantes de países não-europeus, muçulmanos e ciganos estão sendo apresentados como a principal ameaça aos países. Isso abre, é claro, enormes oportunidades para partidos racistas, xenófobos, semi ou completamente fascistas, que estão crescendo, e já são, em muitos países, parte do governo — uma ameaça muito séria à democracia europeia.

A única esperança é a crescente aspiração por uma outra Europa, que vá além das políticas de competição selvagem e austeridade brutal, e das dívidas eternas a serem pagas. Outra Europa é possível — um continente democrático, ecológico e social. Mas não será alcançado sem uma luta comum das populações europeias, que ultrapasse as barreiras étnicas e os limites estreitos do Estado-nação. Em outras palavras, nossa esperança para o futuro é a indignação popular, e os movimentos sociais, que estão em ascensão, particularmente entre os jovens e mulheres, em muitos países. Para os movimentos sociais, está ficando cada vez mais óbvio que a luta pela democracia é contra o neoliberalismo e, em última análise, contra o próprio capitalismo, um sistema antidemocrático por natureza, como Max Weber já apontou, cem anos atrás.


[1] Max Weber, «Zur Lage der bürgerlichen Demokratie in Russland»,Archiv für Sozialwissenschaft und Sozialpolitik, Band 22, 1906, Beiheft, p. 353.

[2] Citado in Perry Anderson, Le Nouveau Vieux Monde, Marseile, Agone, 2011, pp. 154,158.