segunda-feira, março 31, 2014

O transporte por contêineres: vantagens e "novos" riscos

A chamada conteinerização ficou conhecida como a "espinha dorsal" da globalização. O uso do contêiner inventado pelo empresário do ramo do transporte rodoviário, Malcom Mc Lean, em 1956, só ganhou uso amplo no final da década de 80, início dos anos 90.

Sua intermodalidade, com uso fácil para transporte pelos três diferentes modais (navios, trens e caminhões) reduziu os preços dos fretes, mudou a logística dos portos que passaram a se automatizar, dividir-se em terminais e assim agilizar, como nunca, o fluxo de materiais mundo afora.

O fato coincidiu com a massificação da produção industrial do Japão, depois China e outros países asiáticos transformando a reestruturação produtiva num fenômeno global, através da expansão das fronteiras do capital e da produção industrial. As facilidades da era informacional com a internet, celular e outros, ampliou e potencializou a dimensão do fenômeno.

Países ricos em matéria primas encontraram estas facilidades para o transporte de suas commodities, ao mesmo tempo, que a produção industrial nos países centrais passou a ter clientes, onde jamais se imaginou. Assim, a Teoria de Dependência dos países periféricos em relação às nações centrais (mesmo que estas tenham se mudado de continente) ganhou novos argumentos.

Os dinheiros do capital financeiro, sob a forma dos fundo de investimento foram e continuam seguindo atrás de novas bases de infraestruturas que criem facilidades para esta "troca desigual e combinada" (no Brasil, em especial).

Este processo aos poucos foi sendo aliado ao chamado capitalismo tardio das nações periféricas que assim foram se tornando presas fáceis e sem capacidade para controlar as novas e chamadas tradings fazendo aquilo que se conhece desde à antiguidade: o comércio por intermediação entre produtor consumidor.

Desta forma, estas tradings instaladas em paraísos fiscais, isentas (ou quase, de pressões judiciais e tributárias) passaram a intermediar produtos dos dois lados desta ponta. Assim, passaram a formar preços e moldar toda a cadeia de valor, seguindo seus interesses, manipulando, especulando e controlando estoques em áreas juntos aos portos, em grandes armazéns de estocagem.

Ao longo deste quarto de século, quase um "ciclo longo", este processo avançou de uma forma colossal. Os contêineres, além de ser usado para o transporte de produtos industrializados, passou a ser experimentado para transporte que antes era a granel como é o caso de açúcar e soja.

Ainda é pequena a proporção deste transporte de produtos agrícolas em grandes sacas (bag, big-bag) comparada ao transporte feito em navios graneleiros, mas, a experiência por exemplo, no Porto de Santos vem sendo considerada bem sucedida, por conta da velocidade de embarque e desembarque entre outras vantagens logísticas comparada ao sistema a granel. (*Sobre o assunto veja matéria do Valor em 01-04-2014. P.B2: "Santos Brasil vai elevar uso de contêiner para grãos - Volume deve subir de 37 mil para 195 mil contêineres até 2016". Reportagem fala sobre transporte de açúcar e soja usando contêineres e modal ferroviário articulado com caminhões "multitrailer" que servem para serem manobrados ao longo da via férrea e podem transportar até quatro contêineres de até 20 pés cheios)

Diante de todo este processo que vem acelerando a privatização de portos e terminais em todo o mundo, os operadores portuários já mandam bem mais que a gestão pública das nações envolvidas e acabam pressionando por decisões sobre investimentos portuários.

Fatos novos e repetidos, não apenas em portos brasileiros, mas, em outras partes do mundo chamam cada vez mais a atenção para o fato de que os terminais são privados (TUP - Terminais de Uso Privado) e os contêineres são fechados e assim, permitem o transporte de mercadorias muitas vezes diferentes daquelas constantes nos documentos e notas.

A fiscalização é por amostragem e os contêineres são às vezes lacrados em aduanas instaladas em pontos distinto do terminal portuário, como é cada vez comum com a interiorização do terminais com a instalação dos terminais chamados portos-secos.

Em menos de uma semana dois fatos chamaram a atenção. Ambas acontecidas no Porto de Santos. O primeiro um carregamento de substâncias tóxicas (lixo) em oito contêineres vindo dos EUA e México. (Veja aqui).

O outro caso divulgado há pouco (veja aqui) sobre a apreensão de 3,7 toneladas de cocaína  que eram acondicionadas em mochilas e colocadas dentro de contêineres sem que o donos das cargas soubessem (ou que soubessem). Os criminosos clonavam os lacres dos contêineres nos espaços "privados" chamados pela Receita Federal como Recintos Alfandegários de Exportação (Redex).

Os dois casos parecem paradigmas e acendem a luz sob a forma de contrabando que deve estar sendo utilizada de forma ampla. Esta maneira pode justificar a enorme presença de produtos importados a preços "em conta" (certamente sem tributação) que ficam disponíveis para a comercialização, não apenas através de camelôs, mas cada vez mais em lojas formalizadas e shoppings, onde mercadorias "quentes" escondem as demais.

Assim, funciona o sistema. Uma mudança de processo e/ou tecnologia alavanca enormemente a produtividade, tampona os poros e reduz os tempos mortos do processo de produção - e seu caminho até o consumo - , gerando excedentes econômicos que acabam recolhidos, pelos mesmos de sempre.

Estes como se vê, cada vez misturam mais dinheiro lícito e ilícito "lavados" por outros que completam a "cadeia de valores". Como não poderia deixar de ser eles enxergam (como parte da mídia) o Estado como seus inimigos, permitindo ganhos extraordinários a uns em detrimentos de outros que precisam de equipamentos públicos que só podem ser erguidos com recursos dos impostos.

É interessante ainda lembrar que as cidades portuárias (antigas ou não, como a vizinha SJB e Macaé) percebam a realidade que devem passar a conviver. Importante que a gestão pública (em suas três esferas de governo) se articulem e planejem para reduzir os problemas para a comunidade.
PS.: Atualizado às 12:04 de 01/04/2014 para breves correções e ajustes no texto.
*PS.: Atualizado às 21:20 de 01/04/2014 para acrescentar as informações da edição desta data do Valor sobre o assunto.

Democracia exige vigilância!

Postei esta mensagem no facebook e resolvi fazer o caminho inverso ao postá-la também aqui no blog. Relembrando que o Golpe Militar de 1964 só amanhã (1 de abril) completa 50 anos. É bom ter a história como aliada. A nota informa que estou descendo do perfil no facebook sem nenhum sentimento aqueles que não merecem espaço:

"Defender o golpe militar que só amanhã completa 50 anos é demais para permanecer em minha lista. "Vixe" até a Globo está repetindo seguidamente (mesmo que na cara de pau) que errou ao dar apoio ao golpe e ainda tem seus aliados defendendo o golpe e a tortura com marcha? A tolerância tem que ter limites, sob pena, dela se tornar inócua. A democracia exige vigilância".

Exploração de petróleo rende R$ 50 bilhões ao país em 2013

A conta que rendeu R$ 49,5 bilhões é fruto da arrecadação em atividade de exploração e produção de petróleo no Brasil, em participações governamentais - royalties, participações especiais, bônus de assinatura e taxa de ocupação e retenção de área no valor de R$ 31,8 bilhões e foi acrescido de 17 bilhões, em bônus de assinatura pela realização dos três leilões de blocos exploratórios de petróleo. Os números são Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Não está considerada entra nesta conta, as arrecadações de impostos geradas pelas empresas industriais e de serviços que atuam na economia arrastadas pela enorme cadeia produtiva do óleo & gás.

A cadeia do óleo & gás, movimenta a economia, gera empregos, produz inovação, mobiliza regiões, faz crescer a escolaridade, mas, também gera problemas de diversas ordens (ambiental e social, como segregação) para as cidades e suas comunidades.

Ajustar oportunidades e reduzir ameaças é a grande tarefa que se tinha antes, se tem no presente e continuará no horizonte e no cenário nacional que aponta para um enorme crescimento desta atividade no país para as duas (ou três) próximas décadas.

Leitor se manifesta contra a transferência da UO-Rio na Petrobras

Em comentário na nota sobre o tema abaixo (veja aqui) um leitor-colaborador expõe e detalha a questão da transferência da base de apoio da UO-RIO de Macaé para o Rio de Janeiro. O blog considerando a importância do tema resolveu trazer este comentário para este espaço.

Ainda sobre o assunto, o blog publicará um texto sobre o aumento vertiginoso das operações de apoio offshore nos portos do Rio e Niterói que juntos já ultrapassam a movimentação do Porto de Imbetiba em Macaé. Confira abaixo as informações e os questionamentos sobre a transferência:

"O programa que se chama Integra UO-RIO, diz que está integrando essa unidade operacional, que já nasceu desmembrada.

Agora que as equipes formadas em Macaé já estão integradas e ambientadas a cidade, a empresa toma medidas como essa, informando que os funcionários não serão prejudicados.

Como não? Mais de 600 pessoas, que em suma maioria não tem anseios de ir para o Rio, serão espalhados por outros setores da companhia. ISSO É INTEGRAÇÃO??

Lembrando que isso vale para 1/3 da mão de obra, o restante, que são terceirizados ou assumem o custo e o caos de ir morar no Rio ou voltam para o mercado de trabalho, entenda-se ESTÃO DESEMPREGADOS!


Sem contar, o caos que a capital do Rio vive, onde moradores se encontram totalmente insatisfeitos.
O transporte público no Rio não funciona e está fadado a piorar com a prolongação de seu sistema linear.

A companhia desconsidera os altos preços de moradia no Rio e não vê impactos negativos para os envolvidos.

Essa empresa é a responsável pelo lançamento da ISO 26000 no Brasil. Piada...

Será que ela sabe do que se trata?

Essa isso trata da “Responsabilidade de uma organização sobre os impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente através de comportamento transparente e ético que contribua para o desenvolvimento sustentável, incluindo saúde e o bem estar da sociedade, leve em conta a expectativa das partes interessadas, esteja de acordo com as leis aplicáveis e consistente com as normas internacionais de comportamento, e esteja integrada através da organização e praticada nos relacionamentos desta”.

Deixando de lado o impacto social, pelo lado empresarial da coisa, vale lembrar que essas gerências que estão em Macaé são o suporte mais imediato as plataformas. Perder a maior parte desse efetivo não terá impacto negativo na atividade da empresa? A empresa diz que não, porém desconsidera a possibilidade de 90% dessas equipes não terem interesse de ir para o Rio."

domingo, março 30, 2014

Imobiliárias & lojas de móveis planejados em Campos.

Relacionada ao tema da nota abaixo sobre valorização imobiliária, em Campos, não é preciso recorrer às estatísticas da Junta Comercial (Jucerja) para identificar que estes são os dois ramos que mais crescem em termos proporcionais no município.

Não é difícil compreender que este fenômeno tem relação com o crescimento dos negócios imobiliários no município. Na região central e na Pelinca, quase que em cada quarteirão você vê uma imobiliária (ou agora como é moda: consultoria imobiliária) e/ou uma loja de móveis planejados, de diversos tipos, fabricantes e praticando variados preços e "descontos" .

No mundo capitalista em que a concorrência embora elogiada, é sempre vista com reservas, o grande números de empresas de um único setor leva a disputas e a uma certa canibalização que tenta tirar do "consumidor" as vantagens que o fato tende a gerar. É bom observar a movimentação que estes setores terão daqui para a frente.

sábado, março 29, 2014

Valorização dos imóveis diminuiu

Pela primeira vez em fevereiro, desde 2008, a variação média mensal dos preços dos imóveis anunciados ficou a abaixo da inflação: 0,57% x 0,69% do IPCA, segundo o índice FipeZap. O índice é medido em 16 grandes cidades do país. É uma diferença muito pequena, mas, uma mudança.

Há expectativa de que a especulação finalmente caia e os preços possam retornar aos preços aceitáveis e não os absurdos que temos vistos, não apenas nas capitais, mas, também nas cidades do interior, sem nenhuma relação direta entre procura e demanda, e sim, com a pura especulação e uso do argumento de venda que os preços vão continuar subindo.

A grande oferta de crédito, da existência de grande quantidade de imóveis desocupados nas cidades e as várias e novas construções não justificam a subida exponencial, verificada, especialmente, nos quatro últimos anos. A conferir!

Até Cesar Maia identifica elitismo de Aécio e Campos

Em uma entrevista ao jornalista Fernando Rodrigues da Folha de São Paulo, o vereador e ex-prefeito, Cesar Maia fala dos erros de Aécio, mostra que Campos está indo para o mesmo lado, só fala com os ricos, questiona liderança de FHC, a aberração da contratação de agências para fazer campanha nas redes sociais diz ainda que os “erros'' do tucano e a até agora baixa competitividade de Eduardo Campos (PSB) podem levar a uma vitória de Dilma Rousseff no primeiro turno da disputa pelo Planalto em outubro".

A entrevista traz muito mais. Pode-se acusar Cesar Maia de muita coisa menos que seja bobo em estratégia eleitoral. Além disso, há que se notar que pela forma como Cesar Maia fala nesta entrevista, entre ela na passagem que diz que "aos 68 anos não tem mais idade para entrar em eleição vendo coisas erradas e ficar calado" também não parece ser de quem é candidato ao governo do estado do Rio de Janeiro. Isto teremos que conferir adiante.

Veja abaixo alguns trechos da entrevista que pode ser lida na íntegra aqui.

“Você vê fotografia deles em vários lugares. Não vê em nenhuma favela, por exemplo. Por que não? A gente não vê essa marca de nenhum deles. A gente vê com a Fiesp, com a Firjan, com a associação dos bancos, com o agronegócio'', reclama Maia. Para ele, o PSDB está “patinando ali naquela centro-elite brasileira, do Sudeste –a sudestina''.

"Há um ruído sobre o ressurgimento do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na linha de frente da campanha eleitoral dos tucanos. “Eles tinham que ter coragem de fazer uma pesquisa para saber se a impopularidade de Fernando Henrique continua a mesma. Se ele dá voto ou se ele tira. Tem que saber. Para saber se o Aécio tem que ter um mentor guardado, oculto, ou se tem que ter um mentor na linha de frente''.

"A estratégia tucana de contratar 9.000 militantes digitais é uma iniciativa de “antirrede social'. “Essa forçação de agências, de marketing de guerrilha e internet é um fracasso completo''

sexta-feira, março 28, 2014

OGX adia divulgação de resultados de 2013 e faz mais testes no campo Tubarão Azul

As informações foram divulgados nesta sexta-feira pelo Valor Online:

OGX adia divulgação de resultado de 2013

Por Tatiane Bortolozi | Valor SÃO PAULO  -  
A Óleo e Gás Participações, nova denominação da OGX, petroleira em recuperação judicial do grupo EBX, do empresário Eike Batista, adiou a divulgação das demonstrações financeiras de 2013, aguardadas para esta noite.
A empresa ainda não recebeu o parecer dos auditores independentes sobre seu resultado, o que impede que os dados sejam disponibilizados aos acionistas.
Em comunicado, a petroleira diz que estima receber o parecer dos auditores até quarta-feira, 2 de abril. Então, poderá submeter o balanço à apreciação do conselho de administração e, posteriormente, divulgá-lo aos investidores.

OSX e OGX ampliam período de testes em 


Tubarão Azul

Por Tatiane Bortolozi | Valor
SÃO PAULO  -  A empresa de estaleiros OSX e a petrolífera OGPar (antiga OGX), empresas do grupo EBX, do empresário Eike Batista, estenderam mais uma vez o período de testes do campo de Tubarão Azul, até o dia 4 de abril.

Em comunicado, a OSX informa que a retomada da produção em Tubarão Azul permanece sujeita a certos precedentes, “como o estabelecimento de condições operacionais e financeiras entre todas as partes envolvidas”.

Tubarão Azul é o projeto que pode ajudar na recuperação de ambas as companhias. Após devolver à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) os campos de Tubarão Gato, Tubarão Areia e Tubarão Tigre, restou à OGX a produção apenas em Tubarão Martelo, que se iniciou em dezembro.

"Dentro d´água" em Campos

Renato Siqueira manda par ao blog a realidade na área urbana de Campos com a chuva desta tarde. Renato enviou junto 11 fotos. Escolhemos algumas abaixo. Vejam que se trata de ruas na área central, imaginem o quadro nos bairros mais afastados do centro:

"Olá, boa tarde.
Acabo de retornar das ruas, ou "rios" - ao que parecem - desta cidade, onde após breve chuva o trânsito ficou quase inviável. O importante para dizer, é que já é rotineira, infelizmente, a situação e neste primeiro teste do ano o quadro continua inalterado em relação aos anos passados, a despeito de os pontos alagáveis serem os mesmos, havendo casos em que a acumulação de água presenciado, foi entorno dos 0,40m (quarenta centímetros).

Campos, minha cidade, minha água!

Abç.,
Renato César Arêas Siqueira - arquiteto e urbanista - perito técnico - professor bolsista UENF."










Açu há mais de 4 horas sem energia elétrica

O balneário do Açu está desde o meio dia sem energia elétrica. Aquela região é abastecida por uma subestação da Ampla na localidade de Mussurepe na Baixada Campista.

A nova linha de transmissão e subestação junto ao Porto do Açu ainda não foi concluída. A previsão é para o segundo semestre. Assim, os empreendimentos e as obras no local vivem do abastecimento de energia elétrica fornecida por geradores de empresas contratadas.

A comunidade do Açu que possui aproximadamente mil consumidores de energia elétrica, apesar da presença do empreendimento do porto sofre constantemente com problemas de fornecimento interrompido por longos períodos de tempo, como hoje.

PS.: Atualizado às 17:06: A interrupção de energia elétrica também acontece em parte da Baixada Campista e no balneário do Farol de São Tomé, provavelmente o mesmo ramal que abastece o Açu.

PS.: Atualizado às 17:40: A energia elétrica foi reativada para o Açu depois de mais de 5 horas de interrupção.

Terminal da Intermoor no Açu tem previsão de operação em julho

Um porto pode ter um ou mais terminais. O Porto do Açu, a princípio tinha previsão de dois terminais o 1 e o 2 (antes TX-1 e TX-2).

Com as modificações no projeto ao longo do tempo, o canal do antigo terminal TX-2 foi dando espaço aos terminais específicos por empresa, os TUPs (Terminais de Uso Privado). Os TUPs, assim como os Portos dependem de autorização de instalação e operação da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).

Pois bem, no canal do terminal 2, no início deste ano, a Technip recebeu autorização da Antaq. A empresa tem previsão de iniciar suas atividades no próximo mês de abril.

Vista aérea do Canal do Terminal 2 da Prumo (ex-LLX) e as instalações
que estão sendo concluídas das empresas Technip, NOV e Intermoor.
Foto da Prumo.
Em fevereiro foi a vez do Terminal de Uso Privado (TUP) da empresa Intermoor do Brasil Serviços Offshore recebeu a autorização.

A empresa que iniciou suas obras em maio de 2013 teria hoje cerca de 80% da construção executada. A Intermoor no Porto do Açu está voltada para o canal, assim como o da Technip. (Foto ao lado)

A Intermoor possuirá um cais de 90 metros de largura com calado de 10 metros de profundidade. Ocupa uma área de 52, 3 mil m², onde diz ter investido R$ 15,2 milhões, com previsão de início de operação em julho próximo.

A Intermoor atuará como uma base de apoio às operações de embarcações de apoio para embarque e desembarque de materiais para exploração de petróleo (perfuração e produção com sondas e plataformas respectivamente) nas Bacias de Campos e Espírito Santo.

Pesos & medidas - blindagem midiática

O mensalão mineiro-tucano foi fatiado e nunca é julgado no STF, mesmo os ministros sabendo do golpe dado com a renúncia do Azeredo. O trensalão-tucano-paulista só tem executivo das empresas indiciado. Parece que os executivos que denunciaram o esquema fizeram tudo sozinhos. Os gestores e os políticos tucanos que montaram o esquema em vigência há décadas até agora continuam ilesos. CPI em São Paulo para investigar o escândalo nem para inglês ver. Há quem julgue, com ou sem plim-plim, tudo isto normal, mesmo em ano de eleição, em meio a esta enorme e clarividente articulação: poder econômico-político-midiático. Você pode não querer ouvir, mas estão gritando na rua que você é bobo. Investigação é necessária, mas precisa ser ampla, geral e irrestrita. O resto é campanha eleitoral seu bobo.

Prumo (ex-LLX) continua tentando trazer a Petrobras para o Porto do Açu

A matéria é do Francisco Goés na edição do Valor, na edição desta quinta-feira. O novo presidente da Prumo (ex-LLX) Eduardo Parente que um dos objetivos da empresa continua sendo atrair a Petrobras. "O uso do Açu pela estatal terá o efeito de atrair para o porto uma segunda onda de fornecedores da indústria do petróleo depois da chegada da Technip, NOV e Intermoor". Parente citou ainda que "a Petrobras abriu processo licitatório para contratar dois berços para atracação de embarcações de apoio que fazem o transporte de carga para a Bacia de Campos e do Espírito Santo".

A reportagem de página inteira no caderno Empresas P.B2 também fala sobre a paralisação (que continua) nas obras da Unidade de Construção Naval (UCN) da OSX, junto ao Terminal-2 do Porto do Açu.

Ainda sobre o assunto é interessante lembrar que nesta quinta-feira, em Campos, na Regional da Firjan foi bem discutido, na Oficina de Planejamento Estratégico de Logística e Cargas do ERJ - PELC-RJ 2040 - os problemas do acesso ao porto, seja por via rodoviária, seja por ferrovia. A chegada de materiais para abastecer e desembarcar equipamentos das sondas e plataformas das Bacias de Campos e Espírito Santo dependem se acesso ao porto que é estrangulado, seja pela BR-356, ou pela RJ 216.

Prumo corre para concluir as principais obras do 

Açu 


ra  Por Francisco Góes | De São João da Barra (RJ)


Leo Pinheiro/Valor / Leo Pinheiro/ValorEduardo Parente, presidente, que assumiu o cargo há pouco mais de um mês: "Tentamos entender as necessidades da Petrobras e mostrar o potencial do porto"
Caminhões carregados com pedras transitam de um lado a outro, homens trabalham na construção de quebra-mares e o cais para atracação de navios vai ganhando a forma final. Nas águas calmas do porto, as dragas não param. Ali perto, mais de uma centena de torres de transmissão se espalha em fila à espera da conexão com o sistema elétrico nacional. Esse conjunto de obras no porto do Açu, no norte fluminense, vai consumir quase todo o investimento de R$ 1,72 bilhão previsto para este ano pela Prumo Logística Global, antiga LLX, controlada, desde outubro de 2013, pela gestora americana EIG Global Energy Partners.
O investimento da Prumo em 2014 é quase o dobro dos R$ 885,1 milhões aplicados em 2013, quando as obras no porto foram paralisadas como resultado das dificuldades financeiras do empresário Eike Batista, o antigo controlador. Foi um período de incertezas em que o porto correu risco de ficar inacabado. Sob nova administração e com novo presidente, o engenheiro Eduardo Parente (ex- MRS), a Prumo está acelerando investimentos para concluir obras prioritárias no Açu, complexo portuário idealizado por Batista no município de São João da Barra (RJ). "O Açu é um projeto visionário de Eike [Batista]", disse Parente.
Um dos objetivos de Parente é atrair a Petrobras para o porto: "Tentamos entender as necessidades da Petrobras e mostrar o potencial do porto", disse o executivo. O uso do Açu pela estatal terá o efeito de atrair para o porto uma segunda onda de fornecedores da indústria de petróleo depois da chegada de empresas como Technip, NOV e Intermoor. A Petrobras disse que abriu processo licitatório para contratar dois berços para atracação de embarcações de apoio que fazem o transporte de carga para a Bacia de Campos e o Espírito Santo. "Para essa licitação, que tem previsão de conclusão nos próximos meses, a Petrobras convidou operadores logísticos especializados, alguns dos quais apresentaram o Porto do Açu, pertencente à Prumo, como alternativa", disse a Petrobras em nota.
Ontem a Prumo divulgou os resultados de 2013, quando registrou prejuízo de R$ 135,8 milhões, bem acima dos R$ 36,6 milhões de perda de 2012. O que mais pesou para o aumento do prejuízo no ano passado foi a provisão R$ 45,9 milhões para perdas de ativos da LLX Brasil. Dessa forma, a empresa baixou como prejuízo opções de compra de um terreno em Peruíbe (SP), onde Batista tinha planos de desenvolver o Porto Brasil. A Prumo não tem interesse de levar esse projeto adiante. A companhia está concentrada em entregar o Açu.
Parente disse que o orçamento de investimentos de 2014 inclui a realização de obras necessárias para o escopo atual do porto e iniciativas capazes de permitir que o Açu gere caixa rapidamente. Em 2013, a Prumo teve receita líquida de R$ 56 milhões com o aluguel de áreas para seis empresas no Açu: Technip, NOV, Intermoor, Wartsilla, OSX e Eneva.
A fábrica da Technip no Terminal 2 do Açu (T2) deve começar em abril a primeira fase de produção comercial de tubos flexíveis usados em poços de petróleo. Breno Barcellos, superintendente de projetos da Technip Brasil, disse que a empresa escolheu o Açu em função da proximidade geográfica com a Bacia de Campos (RJ) e pela possibilidade de expandir a fábrica no futuro. Também pesou a existência de um canal no T2 com saída direta para o mar. O T2 tem áreas em terra para instalação de empresas e nasce com vocação para atender a indústria de petróleo. Esse canal, com 300 metros de largura, terá 6,5 quilômetros de extensão e 13 quilômetros de cais, mas ainda precisa ser sinalizado e ter a profundidade homologada pela Marinha para permitir a navegação de embarcações offshore.
Parente disse ao Valor que existem três áreas com potencial de geração de caixa para a empresa no Açu. Essas atividades representam uma fatia pequena em termos de aluguel de áreas, negócio que vem garantindo a receita da Prumo até agora. No total, o Açu está pensado como um complexo de 130 quilômetros quadrados, dos quais 40 quilômetros quadrados correspondem à uma reserva.
As três áreas com potencial de aumentar a geração de caixa da Prumo são: um terminal de transbordo de petróleo, um centro de reparo naval para plataformas que poderão ser ancoradas a 18 metros de profundidade e o desenvolvimento do negócio de energia via instalação de termelétricas no porto ou mediante um terminal de gás natural liquefeito (GNL).
O terminal de transbordo foi pensado para o Terminal 1 (T1) do Açu, onde até o fim do ano a Anglo American começará a embarcar minério de ferro, operação que vai garantir receita de US$ 95 milhões por ano à Prumo. Mas no T1 a Prumo vai aproveitar o quebra-mar que protege o berço do minério para criar um píer para receber petroleiros que precisam fazer transbordo para barcos maiores. Esse terminal terá capacidade de se interligar a uma unidade de tratamento de petróleo com capacidade de 1,2 milhão de barris/dia.
Parente disse que há discussões entre a Prumo e operadores de petróleo interessados em dispor de áreas para fazer transbordo, mas ainda não há acordos e nem se chegou a uma fase de detalhar os projetos. Na área de energia, a prioridade é atrair um parque térmico. No mercado comenta-se que a Eneva, antiga MPX, poderia desistir dos dois projetos que tem no Açu, mas a empresa negou. Em nota, reiterou o interesse em desenvolver os projetos térmicos a carvão e a gás no Açu, tão logo as condições apresentadas para os leilões de energia sejam favoráveis. A empresa recorreu contra o indeferimento da renovação da licença de instalação do projeto a carvão.
A Eneva confirmou que renegocia preços com a Prumo no contrato de aluguel de uma área no Açu. Hoje, o porto recebe energia elétrica de geradores a diesel, mas ainda este ano terá uma subestação ligada ao sistema elétrico nacional.
Em recuperação judicial, OSX para obra 
de  estaleiro
Leo Pinheiro/Valor / Leo Pinheiro/Valor
Terreno de 3,2 milhões de m2 pertencente à OSX ocupa
uma área nobre no porto, mas as obras estão
paralisadas - Foto Leo Pinheiro - Valor
Uma área nobre no porto do Açu, um terreno com 3,2 milhões de metros que tem saída direta para o mar, encontra-se com as principais obras paralisadas. Essa área pertence à OSX Brasil, a empresa de construção naval criada por Eike Batista que entrou, em novembro de 2013, com pedido de recuperação judicial na Justiça do Rio.
Na visita que o Valor fez ao porto do Açu, na terça-feira, foi possível constatar que os grandes galpões industriais construídos pela OSX não tinham movimento de trabalhadores. Só há atividades em uma parte do terreno da OSX em que a Integra, sociedade da empresa com a Mendes Junior, constrói módulos para duas plataformas da Petrobras: P-67 e P-70.
O presidente da OSX, Eucherio Rodrigues, negou, porém, que as instalações da empresa no Açu estejam abandonadas. "Temos um custo alto de manutenção no Açu", disse o executivo, sem citar os valores gastos. Parte do material comprado para as obras de construção do estaleiro, porém, não poderá mais ser aproveitado. É o caso de vergalhões de aço carbono que encontram-se depositados no terreno a céu aberto. Para Rodrigues, essa é uma parte muito pequena do material comprado para as obras do estaleiro. Ele afirmou que a estrutura inacabada da OSX no Açu faz parte de um projeto de estaleiro que será modificado. Rodrigues afirmou que há várias alternativas sobre a mesa para encontrar uma solução para o estaleiro da OSX.
Segundo a OSX, a empresa tem prazo até 19 de maio para apresentar o plano de recuperação à justiça. Hoje a principal fonte de receita da OSX vem do aluguel e operação das plataformas OSX1 e OSX3. A diretoria da OSX conversa com potenciais parceiros interessados em utilizar a área do Açu para desenvolver atividades de construção naval, disse Rodrigues. Um dos focos da OSX é utilizar a área para fazer reparo e construção naval. A Prumo, dona do porto, também quer desenvolver a atividade de reparo no Açu. Mas segundo Eduardo Parente, presidente da Prumo, as duas empresas não vão concorrer diretamente na atividade de reparo naval, uma vez que foco da Prumo será o reparo de plataformas atracadas a 18 metros de profundidade no Terminal 2.
OSX e Prumo anunciaram acordo segundo o qual o estaleiro concordou em devolver metade da área à dona do Açu. A implementação do acordo depende das partes chegarem a um acerto. A OSX está inadimplente com a Prumo. É considerada ainda a sublocação de parte da área para terceiros.

PS.: Atualizado às 22:38: Por conta da sinalização da possibilidade do Porto do Açu, agora controlada pela Prumo (ex-LLX) poder ter como cliente, a estatal Petrobras, fizeram os papéis da companhia hoje controlada pelo fundo de investimento americano EIG subirem 9,78%, na Ibovespa, apenas de um dia para outro. Resta saber o que é real e o que poderia ser apenas mais uma especulação.

quinta-feira, março 27, 2014

Feira de Responsabilidade Social e Empresarial da Bacia de Campos

Martinho Santafé solicita e o blog mais uma vez atende, divulgando a realização da VII Feira de Responsabilidade Social e Empresarial  da Bacia de Campos, em Macaé, entre os dias 6 e 8 de maio.


Transferência da UO-Rio na Petrobras de Macaé para o Rio confirma o processo de reconcentração econômica na metrópole

O blog tem manifestado sua opinião, inclusive aqui em entrevista à revista Ururau, no final de fevereiro, sobre o processo de reconcentração econômica que o estado vive em direção à região metropolitana.

As informações veiculadas em Macaé e que pode ser lida aqui no site do jornal O Debate do último dia 22 de março, é apenas mais um indicador da reconcentração econômica, que o setor de petróleo está ajudando a produzir na economia fluminense.

A reportagem fala sobre a desativação de um setor inteiro chamado de UO-Rio (Unidade de Operacional Rio) que tem a função de dar apoio logístico e administrativo às atividades da Unidade de Negócios Rio.

É oportuno recordar que as Unidades de Negócio (UN) foram criadas em 2000, na gestão de FHC, com o objetivo de fatiar a empresa e prepará-la para a privatização, logo depois que a quebra do monopólio já havia sido aprovada no Congresso Nacional.

Na ocasião foram criadas as unidades de negócio do Rio e do Espírito Santo, além da Bacia de Campos. A decisão tinha também como objetivo reduzir o peso da gestão da Bacia de Campos dentro da estrutura da estatal, por diversos motivos, inclusive para a quebra da resistência sindical.

Os efeitos deste processo caminha na lógica contrária que o estado do Rio de Janeiro vinha vivendo, desde a segunda metade da década de 90 com uma certa inflexão da economia da metrópole em direção a regiões do interior, reduzindo a macrocefalia da capital fluminense, ex-capital federal.

Uma década depois, parece que o processo volta a inverter sua mão. A decisão pela localização do Comperj em Itaboraí é um outro forte indicativo também na cadeia produtiva do setor petróleo & gás. Outro importante fator que se soma a esta cadeia são os dois grandes eventos mundiais, da Copa do Mundo este ano e das Olimpíadas, em 2016.

Mesmo que muitos neguem o processo de centralização dos negócios do petróleo é uma característica do setor e não apenas da Petrobras. A expansão da exploração, produção e refino com a descoberta do pré-sal no litoral da metrópole em direção à São Paulo reforça esta situação ainda em dois outros aspectos, o uso dos terminais portuários e a retomada e ampliação do setor de construção naval para dar conta das encomendas para esta atividade, seja em plataformas ou outras embarcações de apoio.

Enfim, há que se avaliar outros dados e indicadores que podem confirmar a hipótese da reconcentração econômica fluminense. Ela não parece uma consequência boa para o estado como um todo, onde se vê um enorme e crescente adensamento populacional e econômico na região metropolitana.

Tirando o velho e discurso bairrista e interiorano, o desenvolvimento econômico menos concentrado e feito a partir de um Planejamento Territorial urge ser feito em nosso estado.

Vocações e os chamados arranjos produtivos locais, aliado a outros projetos podem trazer dinâmica econômica a regiões afastadas e ao estado como um todo, de forma integrada e vinculada a um projeto de transportes inteligente e articulado.

Qualquer caminho fora daí, que merece ser esmiuçado e debatido nas regiões é chover no molhado com gastos crescentes em políticas de segurança, saneamento e habitação na metrópole, sem observar o estado como um todo. O debate sobre o assunto é urgente, mas, infelizmente, tem sido apenas pontual, fluido e sem, ou com poucos resultados.

quarta-feira, março 26, 2014

Prumo divulga relatório explicando investimentos de 1,4 bilhão no Porto do Açu em 2013

Através de email enviado ao blog, a Assessoria de Comunicação da Prumo (ex-LLX) controladora do Porto do Açu em fase de construção expondo alguns dados sobre investimentos no empreendimento:

"A Prumo Logística divulgou hoje que o Porto do Açu recebeu R$ 1,4 bilhão em investimentos em 2013. Deste total, R$ 820,1 milhões (R$ 1,038 bilhão incluindo juros capitalizados) foram aplicados no T2 (terminal onshore) e adequação do quebra-mar do T1 (terminal offshore) para movimentação de petróleo. Outros R$ 642,1 milhões (R$ 743,1 milhões contabilizando juros capitalizados) foram aplicados no desenvolvimento do projeto de minério de ferro.
Porto do Açu - Construção do Terminal-1 - Prumo em 06-03-2014

Para 2014, a companhia prevê que sejam realizados investimentos de R$ 1,9 bilhão no empreendimento. Destes, R$ 1,494 bilhão serão aplicados no desenvolvimento do Terminal 2, como finalização do canal, construção de linha de transmissão, construção do quebra-mar, desenvolvimento do Terminal Multicargas (TMULT), dragagem dos terminais e adequação do quebra-mar do T1 para movimentação de petróleo. O restante será investido no desenvolvimento do projeto de minério de ferro.

Os dados constam da divulgação dos resultados de 2013 e confirmam a retomada do ritmo das obras do porto, que tem início de operação previsto para junho deste ano.

No relatório, a empresa informa também que de 2007 a 2013 foram investidos R$ 5,2 bilhões no empreendimento, contabilizando os juros capitalizados. Deste montante, R$ 2,6 bilhões foram investidos pela LLX Açu (subsidiária da Prumo Logística) e o restante pela LLX Minas-Rio (parceria entre a Anglo American e a Prumo) e pela Anglo American.

Entre os destaques de 2013 estão a obtenção de Licença de Instalação do INEA para InterMoor para a instalação de uma unidade que oferecerá apoio logístico e serviços especializados à indústria de óleo e gás; a assinatura de um contrato com a BP para a constituição de uma joint venture com o objetivo de importar, exportar, vender e distribuir combustíveis marítimos e a assinatura de contrato com a Wartsila para aluguel de área no canal do T2.

O ano de 2013 também se destacou no aspecto financeiro. A Prumo assinou com BNDES a renovação do empréstimo-ponte firmado em fevereiro de 2012 no valor de R$ 518 milhões. Os recursos já desembolsados foram utilizados para financiar as obras do aterro hidráulico, dragagem e construção do quebra-mar. Em dezembro foi concluído o processo de aumento de capital na qual o grupo americano se tornou o novo controlador da Prumo com participação de 52,8% do total de ações da Companhia. No mesmo mês, também foi realizada a mudança de nome da empresa, que passou a se chamar Prumo Logística.

Resultados
Em 2013, a Prumo apresentou uma receita líquida de R$ 56 milhões, referente ao aluguel de área a seus clientes Technip, NOV, Intermoor, Wartsila, OSX e ENEVA. As despesas administrativas somaram R$ 152,2 milhões contra R$ 165,6 milhões registrados em 2012. O resultado financeiro líquido consolidado de 2013 foi R$ 4,6 milhões. As despesas financeiras somaram R$ 83,1 milhões, compostas principalmente de despesas com pagamentos de juros relativos a empréstimos bancários.

A Prumo terminou o quarto trimestre com um saldo em caixa de R$ 928,4 milhões. Os financiamentos da companhia no período somaram R$ 2,25 bilhões, considerando principal e juros. Em 2013, conforme previsto por ser uma companhia pré-operacional, a Prumo registrou prejuízo líquido de R$ 135,8 milhões."

Tipos de cargas movimentadas nos portos brasileiros em 2013

Para uma região que tem portos sendo construídos com expectativa de serem em breve operacionais (mesmo que prioritariamente voltados para apoio às atividades offshore de exploração de petróleo) é importante começar a compreender que tipo de cargas andam sendo movimentadas nos portos brasileiros.

Os gráficos abaixo da Agência Nacional de Transportes Aquaviário (Antaq), refletem os dados do ano de 2013. O primeiro referente aos portos organizados públicos. O segundo dos Terminais de Uso Privativo (TUP-privados). Em números absolutos foram movimentados 330 milhões de toneladas de minério de ferro; 192 milhões de combustíveis e 96 milhões de contêineres e 50,3 milhões de toneladas de soja.

A terceira imagem é uma tabela que mostra uma série histórica do quadriênio (2010-2013) de exportações brasileiras para a China que mostra (embora a tabela seja de volume de cargas e não de valores) a preponderância das exportações minério de ferro e de soja. Pelo que se vê, a relação entre as exportações de commodities e importação de produtos industrializados precisa se inverter, sob pena de mantermos a dependência.



Técnicos administrativos da Uenf em greve entregam na Alerj pauta de reivindicações com correção de distorção do PCV e reposição de 86,7%

O Comando de Greve dos Servidores Técnicos Administrativos da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), ligado à Delegacia Sindical do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Pública do Estado do Rio de Janeiro (Sintuperj), esteve nesta quarta-feira (26) na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).

Na oportunidade, os servidores técnicos administrativos da UENF, que estão em estado de greve, entregaram a pauta de reivindicações, que inclui a correção da distorção do Plano de Cargos e Vencimentos (PCV) e a reposição salarial de 86,7% dos servidores técnicos administrativos da UENF. A pauta de reivindicações foi protocolada na Comissão de Educação e Cultura, presidida pelo deputado Comte Bittencourt (PPS), que esteve presente à reunião.

Consumo chinês de minério de ferro e sua relação com o Brasil

As siderúrgicas chineses são hoje, as maiores consumidoras globais de minério com cerca de 60% da demanda mundial (63% em 2013). A China tem minério de baixa qualidade e alto custo de produção.

Ainda assim, segundo a Associação de Minas e Metalurgia da China o país pretende extrair mais minério para reduzir sua dependência dos fornecedores internacionais da commoditiy. A meta seria produzir 50% de seu consumo, com impacto direto no Brasil, especialmente sobre a Vale.

Atualmente, a China produz entre 20% e 30% de sua necessidade de minério, considerando o minério de ferro com concentração de 62% de ferro - usado como referência no mercado internacional.

A produção chinesa em 2014 está projetada para 320 milhões de toneladas que corresponde a 27% do total do consumo estimado. Segundo o governo chinês a importação de minério prevista para 2014 é de 870 milhões de toneladas, o que totaliza um volume de 1,1190 bilhão de toneladas do consumo interno.

Para 2016 a previsão é de importação de 949 milhões de toneladas, ou 77% da previsão do seu consumo. Seus maiores e tradicionais fornecedores são da África, Brasil e Austrália (Rio Tinto, Vale SA e BHP Biliton).

Certamente o Brasil está no meio destas contas. Mais como exportador, porém, cada vez mais como importador do aço produzido nas siderúrgicas chinesas que está com custos mais baixos que os produzidos aqui. As siderúrgicas brasileiras estão atualmente com capacidade ociosa entre 30% e 40%. O fato inibe a existência de qualquer novo projeto de construção de siderúrgica no território nacional.

Para o Brasil a consequência econômica é sobre o impacto na balança comercial (importação x exportação), onde vai produto in-natura e volta produto semi-acabado. Há ainda outro grande e antigo impacto sobre as populações e sobre o ambiente onde estão instaladas as minas e, mais recentemente os gerados pela instalação de minerodutos nos estados do Rio, Minas e ES com desapropriações de pequenos produtores rurais, transformações brutais de áreas rurais com poluição de solo e água

Pelo lado da China, ela amplia os problemas da poluição do ar. Assim, a China é cada vez mais obrigada a conviver e ter de gastar altas somas com programas de despoluição do ar, inclusive mudança das instalações para o interior e para locais distantes dos maiores adensamentos populacionais.

Muitas siderúrgicas da China dão prejuízo, mas, funcionam bancados por governos locais/regionais para manterem os empregos da população. O aço é usado em grande parte na indústria da construção, automobilística e bens manufaturados em geral.

Atualmente, os chineses se espantam com o que chamam de "excesso de capacidade da indústria do aço" e pretendem ter maior controle sobre ela para evitar preços muito baixos, a volatilidade do mercado e os impactos ambientais. O porte de tudo na China é muito grande, mas, na indústria de aço parece avassalador, diante do consumismo global.

Marco Civil da internet é aprovado na Câmara: valeu a mobilização popular!

Apesar das ameaças a Câmara Federal aprovou na noite desta terça-feira, depois de quase três anos, o projeto que cria o marco civil da internet no Brasil. O PPS foi contra dizendo que o projeto fruto de um grande esforço de negociação representa uma interferência do Estado na cidadania. Lamentável posição.

O governo teve que ceder em mais alguns pontos para garantir o essencial no projeto. As concessões, foram na natureza do decreto que a presidente Dilma Rousseff deverá usar para regulamentar as exceções à neutralidade da rede depois que a lei do marco civil estiver em vigor. A outra mudança foi a supressão do artigo que, se aprovado, permitiria ao governo, também por decreto, obrigar empresas a terem, em território brasileiro, centros de dados para armazenamento de informações dos internautas.

Dois pontos importantes, mas, que foram melhor abrir mão deles do que do essencial. É importante se lembrar que este resultado é fruto de uma ampla mobilização da sociedade civil, para impedir que a privacidade e a liberdade de acesso ficasse por conta de interesses privados, como eram das operadoras. Agora há que se conferir o Senado, onde se espera a confirmação do resultado da Câmara.

terça-feira, março 25, 2014

Belluzzo: "classificação das agências de risco é coisa de estelionatários"

Quem acompanha a economia sem deixar de olhar a política, sua irmã siamesa, já sabia que este ano, as agências de risco internacionais estavam decididas a cumprir o papel que o sistema financeiro mundial passaram a lhe confiar: ameaçar politicamente em anos de eleição os governos que não rezam em suas cartilhas. 

Essas agências fizeram vistas grossas na crise americana de 2008 e agora voltam a tentar interferir nas economias nacionais. A entrevista do conceituado economista da Unicamp, Luiz Gonzaga Belluzzo, coloca os "pingos nos is". Sua a opinião é clara e sem sofismas. Destaquei a parte abaixo em que ele identifica a classificação das agências como estelionato. Clicando aqui você pode ter acesso à entrevista na íntegra publicada hoje no Estadão:

"A dívida brasileira é de 60% do Produto Interno Bruto (PIB), a dívida líquida de 30%. O Brasil teve superávit todos os anos, caiu um pouco agora, para 1,9% do PIB. Mas ainda assim somos um dos poucos países com superávit. O que vem a ser isso, essa decisão das agências? Que significado tem? Isso é coisa de estelionatários. Eles, na verdade, participaram de um estelionato na crise de 2008. É inacreditável ter que dar um opinião sobre uma coisa tão evidentemente inexpressiva, todo mundo acredita na S&P, na Moody's, mas esse pessoal das agências nem formação econômica decente tem."

Estácio S.A.

O blog gosta de acompanhar como seus leitore(a)s e colaboradore(a)s sabem, a movimentação de grupos econômicos nacionais ou estrangeiros com repercussão em nosso estado e país. De forma especial tem interesse sobre a área de educação.

Assim, desde que a Universidade Estácio de Sá passou a ser uma empresa controlada por grupo de investidores, com ações na Bolsa de Valores e fazendo aquisições de outras faculdades país afora, o interesse aumentou.

Em março de 2011 publicamos aqui alguns dados dos Resultados de 2010 da Estácio S.A.

Hoje, três anos depois fazemos o mesmo com os dados do resultado da Estácio Participações S.A., publicado na última sexta feira, 21 de março de 2014.

A empresa tem hoje, uma universidade, 4 centros universitários, 35 faculdades e 52 polos de educação a distância, onde estudam 315,7 mil alunos, sendo 255 mil nos cursos presenciais e 60 mil no ensino à distância (EaD). Em 2010, há três anos tinha 210 mil alunos. Ou seja, um aumento de mais de 50% de matrículas.

Em 2013 a Estácio S.A. teve faturamento de R$ 1,731 bilhão, um aumento de 25% em relação a 2012 e cerca de 70% maior que os R$ 1 bilhão de 2010.

O lucro líquido em 2013 ele foi de R$ 244,7 milhões. 123% maior que em 2012 e três vezes maior do que em 2010 quando o lucro líquido foi de R$ 80 milhões. A mensalidade média na Estácio em 2013 foi de R$ 504,00.

A Estácio S.A. tem hoje um total de 12.283 funcionários, sendo 7.719 professores e 4.564 técnicos administrativos. Em 2010 eram 10.769 funcionários, sendo 7.072 professores e 3.697 administrativos.

Comparando os resultados (2013 com 2010) se vê que enquanto o número funcionários cresceu cerca de 10%, as matrículas aumentaram mais de 50%, o faturamento 70% e o lucro líquido 300%. A Estácio S.A. possuía em caixa no dia 31 de dezembro de 2013 a quantia de R$ 739 milhões. A despesa com a folha de pagamento foi de R$ 862 milhões, aproximadamente 50% do faturamento de R$ 1,7 bilhão.

Com estes números a relação professor-aluno foi de 40,8 considerando o total de alunos. Se contabilizados apenas as matrículas dos alunos presencias a relação seria de 33. Em 2010 era de 26. Nas universidades públicas de qualidade esta relação é aproximadamente a metade, estando situada na faixa entre 15 e 20.

As atividades de pesquisa e extensão existem, mas são ínfimas considerado o total de matrículas.

Pela CF o ensino privado é alternativa ao ensino público. O ProUni é um incentivo do governo federal às instituições privadas que atua junto do FIES (Financiamento Estudantil) que não é pequeno. Em 2010, a Estácio S.A. tinha 11 mil alunos com matrícula pelo ProUni e 7 mil com FIES. No balanço de 2013 estes dados não foram identificados.

Deve haver uma preocupação crescente com a qualidade. Atualmente, o MEC controla a qualidade do ensino superior, através da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres). Há ainda um projeto de criação de uma agência de regulação do Ensino Superior desvinculada do Ministério da Educação. A Estácio S.A. diz ter indicadores de melhora de qualidade e avaliação em seus cursos na avaliação do Sinaes e Enade.

A Estácio S.A. diz em seu planejamento para 2014, ter como objetivo captar novas faculdades e adquirir novas autorizações de matrículas. No início deste ano, já teve autorização para receber a grande maioria (cerca de 10 mil alunos) oriundos da Universidade Gama Filho/UniverCidade, recentemente fechada pelo MEC. Além disso, entrou na área de oferta de cursos técnicos e de qualificação com financiamento do MEC, onde obteve autorização para ofertar 24 mil matrículas.

Com estas ampliações, na área de medicina (considerada "a cereja do bolo" matéria do Valor, 26/02/2014, P. B5, "Estácio ganha alunos e investe até R$ 18,5 milhões") a Estácio S.A. abriu mais 170 vagas e passa a ser dona do maior curso de medicina do país.

Atualmente, a Universidade Estácio de Sá tem 240 vagas de medicina, no Rio de Janeiro e outras 60, no estado do Ceará. Desta forma acrescidas às 170 vagas, a oferta passa a ser de 470 vagas no Brasil, o que permite a instituição se aproximar de 3 mil alunos de medicina, nos seis anos de duração do curso. Com este quantitativo de alunos, só a medicina passa a ter um potencial de receita anual de R$ 162 milhões, considerando a mensalidade deste curso, o mais caro da universidade, na faixa dos R$ 4,5 mensais.

O ensino privado é uma realidade e uma alternativa no Brasil há algum tempo, onde faculdades particulares, junto das instituições comunitárias convivem com o ensino público universitário.

O que é novo e se deve ter cuidado e controle é o avanço das grandes universidades particulares, sobre as instituições menores e sobre as comunitárias, ao mesmo tempo, em que se transformam em S.A. (Sociedade Anônima) com participação de fundos de investimentos e ações na bolsa.

A pressão do alunos sobre a qualidade tende a ser menor tendo em vista que o dono tem cara, ao contrário dos fundos de investimentos e acionistas. Neste caso, a relação já complexa e conflituosa entre lucro x investimentos e qualidade tende a se ampliar.

Além da regulação pela secretaria do MEC (Seres) ou por agência reguladora, outros mecanismos deveriam ser criados, como o limite de lucros, a obrigação de percentuais de investimentos e, talvez, o mais importante, seria a exigência de conselho deliberativo de alunos e professores para discutir indicadores de qualidade, balanços e investimentos.

O assunto é complexo, tendo em vista a ampliação enorme da participação do setor privado neste tipo de serviço, mesmo que as universidades e institutos públicos também estejam ampliando seus campi e suas ofertas.

Porém, a realidade criada pelo ProUni e pelo FIES garantindo receitas e matrículas de alunos, faz com que a participação do público na receita privada seja grande o que amplia suas obrigações de controle em nome da sociedade.

Finalizando, porque o texto já está grande demais, é importante falar da presença da Estácio S.A. na região.

Para além da capital, a Universidade Estácio de Sá está presente quatorze municípios: Angra dos Reis; Resende; Nova Iguaçu, Duque de Caxias; Queimados; São João de Meriti; Niterói; São Gonçalo; Teresópolis; Petrópolis (19 cursos); Friburgo (16 cursos); Cabo Frio (14 cursos); Macaé (12 cursos) e Campos (15 cursos). Em Campos, estima-se que a Estácio S.A. tenha hoje cerca de 10 mil alunos.

Como se percebe a atuação no interior fluminense é grande e tende a crescer inclusive avançando sobre outras universidades particulares e instituições públicas, de olho também no financiamento garantido por algumas prefeituras para seus moradores. Esta é uma demanda de setores da sociedade incentivada pela universidade, interessada nos financiadores, o que garante a receita e a redução da evasão por falta de pagamentos.

Outro risco que se tem com esta tendência é a formação do oligopólio (quase um monopólio) com a absorção de concorrentes diretos o que permitiria uma ampliação do seu poder, tanto sobre os custos da mensalidade quanto do relaxamento da qualidade dos cursos.

Enfim, estes dados sintetizados e organizados pelo blog estão aqui expostos ao debate, inclusive para a participação da própria Estácio S.A., dos professores, alunos e técnicos e suas representações de classes, assim como para gestores de outras instituições e pesquisadores sobre temática educacional.

segunda-feira, março 24, 2014

Criador do ambiente web em carta defende marco civil da internet e diz que Brasil será exemplo para o mundo

A votação prevista no Congresso Nacional para amanhã coloca de um lado os que defendem as operadoras de telefonia e internet (Vivo, Oi, TIM e Claro) e parte da mídia comercial e de outro a sociedade brasileira.

O comunicado do Tim Berners-Lee, criador da World Wide Web, há 25 anos, divulgado hoje favorável à aprovação do Marco Civil da Internet no Brasil é a confirmação de que a aprovação é de interesse coletivo, não apenas de brasileiros, mas, de outros povos no mundo.

O texto foi publicado no site da World Wide Web Foundation, nele Berners-Lee diz que no aniversário de 25 anos da web, pessoas de todo o mundo estão exigindo que seus direitos sejam protegidos online. "Se o Marco Civil for aprovado, sem mais atrasos ou alterações, esse seria o melhor presente de aniversário possível para os brasileiros e usuários globais da web."

Berners-Lee disse ainda que espera que a lei a ser aprovada no Brasil pode ajudar a inaugurar uma nova era, onde os direitos dos cidadãos em todo mundo serão protegidos por leis sobre o mundo digital. Além disso, Lee defendeu que o Marco Civil da internet no Brasil foi construído da mesma forma que a web, por seus usuários, a partir de um processo participativo e que, em sua base, a lei define que a internet deve ser aberta, neutra e descentralizada.

WebTV Campos satiriza custos da Pátio Norte em Campos

O Márcio Rios da WebTV Campos enviou ao blog um clipe de 2 minutos com uma sátira sobre os custos da concessionária de serviços municipais de reboque e guarda de veículos aprendidos em Campos:



Razões para o tiroteio contra a Petrobras

Abaixo o artigo do Saul Leblon publicado no Portal Carta Maior. Ele levanta questões que devem ser observadas ao analisar os bastidores que parecem também querer encobrir o "Trensalão tucano paulista" e o "mensalão mineiro", ambos na pauta. Os problemas devem ser corrigidos, erros e responsáveis punidos, mas, a nação precisa ser construída, apesar dos interesses nefastos de sempre.

Abaixo o artigo:

"O jogo pesado: tirar a Petrobras de campo"
"O caso Pasadena pode ser tudo menos aquilo que alardeia a sofreguidão conservadora. O alvo é: espetar na Petrobras a prova da presença do Estado na economia."
por: Saul Leblon

"O caso Pasadena pode ser tudo menos aquilo que alardeia a sofreguidão conservadora.

Pode ser o resultado de um ardil inserido em um parecer técnico capcioso. Pode ser fruto de um revés de mercado impossível de ser previsto, decorrente da transição desfavorável da economia mundial; pode ser ainda –tudo indica que seja-- a evidência ostensiva da necessidade de se repensar um critério mais democrático para o preenchimento de cargos nas diferentes instancias do aparelho de Estado.

Pode ser um mosaico de todas essas coisas juntas.

Mas não corrobora justamente aquela que é a mensagem implícita na fuzilaria conservadora nos dias que correm.

Qual seja, a natureza prejudicial da presença do Estado na luta pelo desenvolvimento do país.

Transformar a história de sucesso da Petrobrás em um desastre de proporções ferroviárias é o passaporte para legitimar a agenda conservadora nas eleições de 2014.

Ou não será exatamente o martelete contra o ‘anacronismo intervencionista do PT’ que interliga as entrevistas e análises de formuladores e bajuladores das candidaturas Aécio & Campos? (Leia neste blog ‘Quem vai mover as turbinas do Brasil?’)

Pelas características de escala e eficiência, ademais da esmagadora taxa de êxito que lhe é creditada – uma das cinco maiores petroleiras do planeta, responsável pela descoberta das maiores reservas de petróleo do século XXI-- a Petrobrás figura como uma costela de pirarucu engasgada na goela do mercadismo local e internacional.

Ao propiciar ao país não apenas a autossuficiência, mas a escala de descobertas que encerram o potencial de um salto tecnológico, capaz de contribuir para o impulso industrializante de que carece o parque fabril do país, a Petrobrás reafirma a relevância insubstituível da presença estatal na ordenação da economia brasileira.

Estamos falando de uma ferramenta da luta pelo desenvolvimento. Não de um conto de fadas.

Há problemas.

A empresa tem arcado com sacrifícios equivalentes ao seu peso no país.

Há dois anos a Petrobrás vende gasolina e diesel por um preço 20% inferior ao que paga no mercado mundial.

Tudo indica que a cota de contribuição para mitigar as pressões inflacionárias decorrentes de choques externos e intempéries climáticas tenha chegado ao limite.

Mas não impediu que a estatal fechasse 2013 como a petroleira que mais investe no mundo: mais de US$ 40 bilhões/ano: o dobro da média mundial do setor.
Ademais, ela é campeã mundial no decisivo quesito da prospecção de novas reservas.

Os números retrucam o jogral do ‘Brasil que não deu certo’.

O pré-sal já produz 405 mil barris/dia.

Em quatro anos, a Petrobras estará extraindo 1 milhão de barris/dia da Bacia de Campos.

Até 2017, ela vai investir US$ 237 bilhões; 62% em exploração e produção. Em 2020, serão 2,1 milhões de barris/dia.

Praticamente dobrando para 4 milhões de barris/dia a produção brasileira atual.

O conjunto explica o interesse dos investidores pela petroleira verde-amarela que está sentada sobre uma poupança bruta formada de 50 bilhões de barris do pré-sal.

Mas pode ser o dobro disso; os investidores sabem do que se trata e com quem estão falando.

Há duas semanas, ao captar US$ 8,5 bi no mercado internacional, a Petrobrás obteve oferta de recursos em volume quase três vezes superior a sua demanda.

O marco regulador do pré-sal --aprovado com a oposição de quem agora agita a bandeira da defesa da estatal–- instituiu o regime de partilha e internalizou o comando de todo o processo tecnológico, logístico, industrial, comercial e financeiro da exploração dessa riqueza.

Todos os contratados assinados nesse âmbito passam a incluir cláusula obrigatória de conteúdo nacional nas compras, da ordem de 50%/60% , pelo menos.

Esse é o ponto de mutação da riqueza do fundo do mar em prosperidade na terra.

Toda uma cadeia de equipamentos, máquinas, logística, tecnologia e serviços diretamente ligados, e também externos, ao ciclo do petróleo será alavancada nos próximos anos.

O conjunto pode fazer do Brasil um grande exportador industrial inserido em cadeias globais de suprimento e inovação –justamente o que falta ao fôlego do seu desenvolvimento no século XXI.

É o oposto do projeto subjacente ao torniquete de manipulação e engessamento que se forma em torno da empresa nesse momento.

Para agenda neoliberal não faz diferença que o Brasil deixe de contar com uma alavanca industrializante com as características reunidas pela Petrobrás.

Pode ser até bom.

O peso de um gigante estatal na economia atrapalha a ‘ordem natural das coisas’ inerente à dinâmica dos livres mercados, desabafa a lógica conservadora.

A verdade é que se fosse depender da ‘ordem natural das coisas’ o Brasil seria até hoje um enorme cafezal, sem problemas de congestionamento ou superlotação nos aeroportos, para felicidade de nove entre dez colunistas isentos.

Toda a industrialização pesada brasileira, por exemplo –que distingue o país como uma das poucas economias em desenvolvimento dotada de capacidade de se auto-abastecer de máquinas e equipamentos— não teria sido feita.

Ela representou uma típica descontinuidade na ‘ordem natural das coisas’.

A escala e a centralização de capital necessárias a esse salto estrutural da economia não se condensam espontaneamente em um país pobre.

Num mercado mundial já dominado por grandes corporações monopolistas nessa área e em outras, esse passo, ou melhor, essa ruptura, seria inconcebível sem forte intervenção estatal no processo.

Do mesmo modo, sem um banco de desenvolvimento como o BNDES, demonizado pelo conservadorismo, a indústria e a economia como um todo ficariam comprometidos pela ausência de um sistema financeiro de longo prazo, compatível com projetos de maior fôlego.

Do ponto de vista conservador, o financiamento indutor do Estado, a exemplo do protecionismo tarifário à indústria nascente –implícito nas exigências de conteúdo nacional no pré-sal-- apenas semeiam distorções de preços e ineficiência no conjunto da economia.

É melhor baixar as tarifas drasticamente; deixar aos mercados a decisão sobre quem subsistirá e quem perecerá para ceder lugar às importações.

O corolário dessa visão foi o ciclo de governos do PSDB, quando se privatizou, desregulou e se reduziu barreiras à entrada e saída de capitais.

A Petrobrás resistiu.

Em 1997, até um novo batismo fora providenciado para lubrificar a operação de fatiamento e venda dos seus ativos aos pedaços.

Não seu.

Dez anos depois, em 2007, essa resistência ganharia um fortificante ainda mais indigesto aos estômagos conservadores, com a descoberta e regulação soberana das reservas do pré –sal.

Num certo sentido, a arquitetura de exploração do pré-sal avança um novo degrau na história da industrialização brasileira.

Mais que isso, esboça um modelo.

Se a empresa privada nacional não tem escala, nem capacidade tecnológica para suprir as demandas do desenvolvimento, uma estatal pode –como o faz a Petrobras - instituir prazos e definir garantias de compra que de certa forma tutelem a iniciativa privada deficiente.

Dando-lhe encomendas para se credenciar ao novo ciclo de expansão do país –e até mesmo operar em escala global, inserindo-se nas grandes cadeias da indústria petroleira.

A outra alternativa seria bombear a receita petroleira diretamente para fora do país, vendendo o óleo bruto.

E renunciar assim aos múltiplos de bilhões de dólares de royalties que vão irrigar o fundo do pré-sal e com ele a educação pública das futuras gerações de crianças e jovens do Brasil.

Ou então vazar impulsos industrializantes para encomendas no exterior , sem expandir polos tecnológicos, sem engatar cadeias de equipamentos, nem elevar índices de nacionalização em benefício de empregos e receitas locais.

A paralisia atual da industrialização brasileira é um problema real que afeta todo o tecido econômico.

Asfixiada durante três décadas pelo câmbio valorizado e pela concorrência chinesa, a indústria brasileira de transformação perdeu elos importante, em diferentes cadeias de fornecimento de insumos e implementos.

A atrofia é progressiva.

O PIB cresceu em média 2,8% entre 1980 e 2010; a indústria da transformação cresceu apenas 1,6%, em média. Sua fatia nas exportações recuou de 53%, entre 2001-2005, para 47%, entre 2006-2010 .

O mais preocupante é o recheio disso.

Linhas e fábricas inteiras foram fechadas. Clientes passaram a se abastecer no exterior. Fornecedores se transformaram em importadores.

Empregos industriais foram eliminados; o padrão salarial do país foi afetado, para pior.

É possível interromper essa sangria, com juros subsidiados, incentivos, desonerações, protecionismo e ajuste do câmbio, como está sendo feito pelo governo.

Mas é muito difícil reverter buracos consolidados.

O dinamismo que se perdeu teria que ser substituído por um gigantesco esforço de inovação e redesenho fabril, a um custo que um país em desenvolvimento dificilmente poderia arcar.

Exceto se tivesse em seu horizonte a exploração centralizada e soberana, e o refino correspondente, das maiores jazidas de petróleo descobertas no século 21.

Esse trunfo avaliza a possibilidade de se colocar a reindustrialização como uma resposta política do Estado brasileiro à crise mundial.

Nada disso pode ser feito sem a Petrobrás.

Tirá-la do campo em que se decide o futuro do Brasil: esse é o jogo pesado que está em curso no país."

28% do consumo das famílias acontecem via cartões. E aí?

Em 2013, 28% do consumo das famílias passaram por meios eletrônicos, segundo estimativa feita pela operadora de cartões Cielo, em matéria publicada no Valor.

O maior percentual de uso dos cartões, como se pode imaginar, se dá na região Sudeste com 33%. Com 16%, o menor é no Norte. O setor financeiro vibra com esta alternativa que a tecnologia informacional lhe trouxe de presente, ampliando os ganhos dos intermediários da sociedade em detrimento daqueles que produzem.

O uso dos cartões de crédito é uma forma relativamente barata de recolher os excedentes da economia. Ele vem junto dos meios eletrônicos de uso cada vez mais amplo. Assim, seu “dinheiro”, que cada vez você vê e toca menos, fica no banco, dormindo e gerando filhos, que se transformam em lucros para os banqueiros.

Os donos das bandeiras operadoras do cartão que trabalham articulados com o sistema bancário também ganham, e como, sem nada produzir, é bom que se lembre. Sempre.

Os produtores e consumidores são pressionados por “razões de ampliação de mercado” a entrar no sistema, por conta do gasto de 4% a 5% cobrado pelas operadoras pela administração da intermediação.

Em época de redução permanente das margens de lucro sobre produtos para enfrentar a concorrência dos “mercados” ter que entregar 5% para esta intermediação, não é pouco.

Os órgãos de fiscalização, controle e arrecadação também gostam porque assim monitoram a circulação da riqueza, podendo cruzar informações e impedir sonegações que aconteciam fora do conhecido imposto na fonte.

As operadoras estão se organizando para avançar pelo interior do país, quebrando o que eles chamam de “inércia do hábito de uso do dinheiro”.

De outro lado, como uma reação ou resistência a este processo, já se começa a perceber o aumento do número de comerciantes que passam a oferecer descontos entre 5 e 10% para quem paga em dinheiro. O setor que mais avança neste processo é o de alimentação e da refeição "self-service". Penso que agem desta forma para fugir da taxa de administração dos cartões e dos impostos ligados ao seu faturamento.

É interessante ainda, identificar esta época maluca em que ter dinheiro às mãos virou suspeita. (sobre o assunto leia mais aqui outro texto do blog sobre o tema: "A ditadura do dinheiro mudou a forma como vivemos"). Em outras postagens aqui, eu já estimei que em famílias de classe média, menos de 20% da renda com o salário, deve passar mensalmente pelas mãos de seus donos, sendo movimentado exclusivamente, pela via bancária e pelos cartões.

Para quem nunca ligou uma coisa a outra, nesta lógica, é que as operadoras destes cartões te enchem de propaganda e “ofertas” de consumo, porque é sobre estas compras que eles ganham 5%, sem produzir, nem se preocupar com a logística de entrega.

Os ganhos das operadoras se dão apenas sobre a movimentação de bytes, ou seja, informação, para o sistema financeiro. Além disso, você também paga para ter o cartão e dar ao banco o direito de usar seu dinheiro para obter juros, enquanto você não compra, ou depois nos juros, caso sua compra tenha sido parcelada.

Há que se admirar toda esta engenhosidade utilizada para o sistema faturar e arredondar as pontas de um regime que permite mais e mais acumulação e, mais que isto, um conhecimento como nunca se teve de quem são as pessoas reais e concretas deste tal e abstrato mercado.

Porém, conhecer e refletir sobre esta realidade pode permitir que você possa construir formas de enfrentar esta realidade que como o rio caminha para o mar, também neste caso aniquila pequenos e fortalece os grandes, na luta que tem o oligopólio e o monopólio como objetivos.

PS.: Atualizado às 18:24 de 25/03/2014: Informações do Valor Online hoje sobre o tema:
"Os consumidores das classes C, D e E já possuem 60% dos cartões de crédito ativos no Brasil, ante 50% em 2010, segundo pesquisa do Itaú sobre o mercado de cartões.

A classe B responde por participação de 37%, ante 42% há quatro anos. A participação da classe A também foi reduzida, de 7% para 3%, no período.

Segundo Milton Maluhy, diretor executivo da área de cartões do Itaú Unibanco, o uso de dinheiro ainda é grande no país, principalmente nas classes mais baixas.

O mercado de meios de pagamentos no Brasil movimenta R$ 41 trilhões, com o dinheiro respondendo por 43%, ante 33% na média mundial. Os cheques respondem por 6%, ante 17% no mundo.

“Há uma grande oportunidade de migração de dinheiro para cartões”, diz Maluhy.

O Itaú estima que o volume de faturamento do mercado de cartões cresça a uma média anual de 17% até 2016.

A participação do cartão no consumo das famílias atingiu 28% no ano passado mas, segundo o executivo, esse percentual chegou a 30% no último trimestre de 2013."