segunda-feira, junho 10, 2013

Anglo American confirma novo adiamento para operação do Sistema Minas-Rio

A primeira previsão para operação do Sistema Minas-Rio foi para 2010, depois 2011, depois 2013, agora 2014.

Acervo do blog - Foto da unidade de filtragem e correias
transportadoras instaladas no Porto do Açu, SJB
O Sistema Minas-Rio envolve quatros unidades: a mina, em Conceição do Mato Dentro, MG; uma unidade de beneficiamento de minério, para transformação em polpa; para exportação pelo mineroduto de 525 quilômetros, passando por 32 municípios; até a unidade final de desidratação (através de grandes filtros) da polpa para retorno à condição de minério, para embarque por correias transportadoras para embarque e exportação através do Porto do Açu, em SJB.

Este sistema estruturado em 2006, foi vendido pela MMX, do grupo EBX, para a Anglo American em 2007, por cerca de US$ 6 bilhões. Foi com este dinheiro que o grupo EBX entrou no setor de petróleo & gás, estruturou a OGX (alugou sondas, fez encomendas de plataformas, lançou ações na Ibovespa, etc.),  depois projetou o estaleiro OSX para fazer suas embarcações, e assim, formalizou a holding EBX, no ano de 2008.

A Anglo American logo depois de aquirir o projeto do Sistema Minas-Rio reclamou do seu preço e dos gastos para implantá-lo, em função de sua complexidade, que exige a obtenção de cerca de 300 licenças e autorizações, das quais, ainda restam doze, além dos diversos processo judiciais que o sistema responde. Assim, o orçamento do projeto cresceu de para US$ 8,8 bilhões, ao mesmo tempo que se ampliava o prazo de início de operação do mesmo.

Depois disto, a Anglo American já declarou por diversas vezes, que, mesmo com todos os problemas, o negócio é altamente lucrativo. Entre as justificativas está a do baixo custo de logística para exportação do minério de ferro.

O uso do mineroduto, comparativamente ao transporte do mesmo por ferrovias, como acontece para o transporte do minério de Carajás, PA, pelo Porto de Itaqui, MA, é de R$ 1,50 por tonelada para o mineroduto para R$ 25 pela ferrovia, pela Vale, entre o Pará e o Maranhão. Os dados são do Instituto Brasileiro de Mineração.

Os impactos da implantação de todo o projeto são maiores em sua extremidades na serra e no Complexo do Açu, embora, haja, problemas em diversos pontos deste trajeto de mais de 500 quilômetros.

Ainda há muitos problemas pendentes com negociações e desapropriações de áreas. Os maiores problemas e impactos sociais e ambientais acontecem próximo à lavra (mina), com preocupações com os recursos hídricos, assim como destruição das produções agrícolas, atividades historicamente desenvolvidas pro aquelas comunidades do interior mineiro.

A Anglo estima que hoje 65 % de todo o projeto estaria executado e que o restante dos 35 % possam ser concluídos, em um pouco mais de um ano.

Por partes a situação atual é de 94% da terraplanagem da unidade de beneficiamento concluída e 76% das obras civis executadas em Conceição do Mato Dentro, MG. O mineroduto tem 252 quilômetros de seus 525 quilômetros enterrados e boa parte do restante já abertos, enquanto no porto a unidade de filtragem e estrutura para embarque estaria com cerca de 52% das etapas instaladas.

Acompanhemos pois, os desdobramentos.

4 comentários:

Anônimo disse...

Na minha opinião de outsider o problema aí é dinheiro. Com o superávit de aço no mundo devido à desaceleração chinesa, como exportar matéria prima em preços "altamente lucrativos"?
Está sobrando aço no planeta e o próprio blog já publicou um excelente post sobre o assunto. Logo, a matéria prima para fazer o aço tem menor procura.
Se a demanda estiver alta, não há licença ou processo judicial que segure.

Anônimo disse...

300 (TREZENTAS) licenças!!!

Isso é um ABSURDO!!!!

Só no Brasil mesmo. Esse é um país que não sai do lugar!

Enquanto isso os EUA a China vão longe, muito longe, porque não tem essas idiotices!

Seria para criar dificuldades para vender facilidades?

Anônimo disse...

Dr. Roberto, expert no assunto. Tenho uma grande dúvida que já abordei em vários sites e ninguém responde. Tudo leva a crer que o Porto de Açu não irá funcionar, por questões operacionais, técnicas e ambientais. Se isto ocorrer por onde a Anglo American escoará sua produção de minério de ferro e que já enterrou de US$ 2,9 bi iniciais até agora já está em US$ 8,8 bi, sem produzir uma tonelada sequer. Dá para esclarecer no meu e-mail, em linhas gerais? Obrigado.

Roberto Moraes disse...

Expert no assunto é um exagero.

Apenas estudioso do assunto relacionando os fatos e os agentes em suas diversas escalas.

Eu não diria que o Porto do Açu não vai operar. Em meio aos muitos problemas ele pode sim se tornar operacional, embora a custos financeiros, ambientais e sociais maiores do que os inicialmente projetados. O esforço para que assim seja está em curso.

Quanto ao escoamento da produção na hipótese do não funcionamento, o primeiro grande problema seria o que fazer com o mineroduto. Este talvez, não seja, um grande problema.

Porém, quanto ao escoamento, a outra via que a Ferrous já anunciou como sua hipótese mais provável, adiando ou suspendendo a ideia do porto em Presidente Kennedy, ao sul do ES, é o uso da ferrovia. Embora seja um custo muito maior de transporte. No mineroduto o custo para transporte de uma tonelada de minério é de R$ 1,50, pela via ferroviária R$ 25.

No caso da Ferrous a saída que agora está sendo projetada seria pela ferrovia e pelo porto Sudeste. Talvez isto explique o investimento pesado que o grupo holandês Trafigura fez junto do fundo árabe Mubadala ao pagar US$ 4,5 bi pelo Porto Sudeste em Itaguaí e ainda absorver US$ 3,6 bi de dívidas da MMX para ficar com o controle deste porto.

Enquanto isto o grupo americano EIG pagou US$ 1,3 bi pelo Porto do Açu.

Estas são as possibilidades com as informações que se tem hoje, porém, muita coisa ainda está em curso e dependerá de novas análises.