quarta-feira, junho 19, 2013

"O que as ruas falam e todo democrata deveria ouvir..."

O professor Hélio Gomes Filho encaminhou ao blog um breve texto com uma análise interessante, neste momento, em que muita coisa é dita, mas, nem todas coerentes com o momento que vivemos. Confira:

"O que as ruas falam e todo democrata deveria ouvir..."

“... E, no entanto, é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade...”
(Vinícius de Moraes e Carlos Lyra)

"A nossa frágil democracia (representativa) não está muito habituada ao diálogo. O sistema político que experimentamos, desde a revolução francesa, avançou pouco ou, melhor dizendo, quase nada. Apesar de passados mais de dois séculos.

Criamos um sistema de representação tripartite onde os poderes: executivo, legislativo e judiciário monologam para dentro e ignoram que “todo poder emana do povo”.

As elites, sobretudo a classe dirigente, pensam saber o que fazer e negociam as soluções pros problemas que afligem a população sem escutar precisamente suas reais e inquietações.

Há muito que se ouve falar em democracia direta e participativa, solenemente ignorada pelos gabinetes dos palácios, pelos plenários legislativos e pelas cabeças de magistrados.

Como diria o geógrafo Milton Santos, porém: “...quem está à frente é o povo...”

Cansados de serem ignorados e de dialogar com governantes “surdos”, pelo menos para suas reivindicações, uma parte expressiva da população do país, sobretudo os jovens, estão nas ruas dizendo que pensam e o que querem de sua nação.

Cabe aos políticos sérios e preocupados com os rumos do país, e não com os seus mandatos, criarem mecanismos de negociação efetivos com essas pessoas.

Não dá mais para postergar. Os verdadeiros estadistas precisam conversar com as massas de uma maneira direta e honesta."

Um comentário:

douglas da mata disse...

Espera aí, e o que seria a eleição de Lula e Dilma, uma expressão do monólogo dos três poderes ou da falsidade representativa democrática?

E por que deram o golpe em 64? Não bastava controlar estas variáveis?

E o povo nas ruas da Alemanha em 33, 36 e 39, eram expressões legítimas da vontade popular contra o sistema?

E a omissão do povo em 64, que afinal, ao contrário do que gostamos de acreditar, não foi um golpe militar, pois estes não se aventurariam a tanto sem uma base sólida e civil de apoio?

Esta "estilização" do "poder das ruas", sem organicidade, sem pauta, sem direção é tão ou mais perigosa que a desacreditação da política que experimentamos (e sofremos) todos os dias.

É só dar uma olhada na Espanha...povo na rua, e depois, mais trozoba da direita no fiofó deste povo!