quinta-feira, abril 30, 2015

Projeto da Repsol Sinopec poderá levar gás ao Açu

Em matéria de capa no caderno "Empresa" da edição de hoje do Valor, o presidente da Repsol Sinopec (consórcio ou joint-venture, entre a petrolífera espanhola Repsol e a chinesa Sinopec), Tomás Blanco anunciou que o desenvolvimento da produção de uma descoberta gigante de gás nas águas ultraprofundas da Bacia de Campos, com investimentos que deverá ficar entre US$ 5 bilhões e US$ 6 bilhões.

Na reportagem da Cláudia Schuffner, é informado que trata-se três campos descobertos no bloco BM-C-33 chamado de Pão de Açúcar. As estimativas são de reservas superiores a 700 milhões de barris de petróleo e 3 trilhões de pés cúbicos) de gás, se contabilizadas também as reservas dos campos de Seat e Gávea. Segundo a empresa essa "seria a primeira grande reserva de gás que de se tornar comercial no Brasil operada por empresa estrangeira".

O potencial de produção de 15 milhões de m³/dia de gás informado é espantoso. Ele seria equivalente à metade daquilo que o Brasil importa por dia da Bolívia. Assim, vamos vendo que aos poucos o potencial petrolífero e gasoso da costa brasileira vai se mostrando cada vez mais significativo para se entender a disputa geopolítica e que nosso país se envolveu. O projeto, segundo o CEO da empresa pode ajudar o Brasil a popular US$ 25 bilhões com importações.

Porém, o que interessa da matéria é a parte que o presidente da Repsol Siopec Tomás Blanco fala sobre os estudos com os sócios para decidir sobre o destino gás extraído do litoral: "ele chegará ao continente por meio de um gasoduto até Cabiúnas ou até o Porto do Açu, hoje da Prumo".

Considerando a informação que publicamos aqui abaixo, sobre o Fato Relevante da Prumo, dando conhecimento sobre o memorando de entendimentos com a empresa Bolognesi Energia S.A. para "avaliar em conjunto oportunidades de investimentos, para desenvolver projetos de gás natural, no Porto do Açu ("Hub de Gás do Açu")" a estratégia fica mais fácil de ser compreendida.

Ambos os projetos são de longa maturação e os entendimentos comerciais ainda terão que ser feitos. É comum nessas oportunidades, o empreendedor construir alternativas de localização do negócio visando barganhar preços em contratos e consequentemente maiores lucros. 

É evidente que a base portuária amplia enormemente as chances de uso do porto e da retroárea do Açu. O campo do Pão de Açúcar fica distante um pouco mais de 200 km até o Açu e junto aos terminais portuários há áreas disponíveis. Veja mapa da Repsol acima.

Esses fatos reforçam a interpretação de que o Porto do Açu tende a se consolidar como "novo hub de serviços e produtos da indústria do petróleo" no estado do Rio de Janeiro. Daqui a pouco falarei um pouco mais sobre esse assunto.

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