quinta-feira, julho 11, 2013

Avanço do mar no Açu

As fotos da orla do balneário do Açu são de hoje, com exceção da última que é do verão deste ano e está incluída para facilitar a comparação.

O avanço e recuo do mar no litoral sanjoanense até o Farol é fenômeno cíclico e mais visível próximo à foz em Atafona, onde já houve grandes avanços e um relativo recuo ultimamente.

O fenômeno do avanço do mar também já atingiu no passado o balneário do Açu levando parte do asfalto da via litorânea, no caminho onde hoje está sendo instalado o porto.

É possível, mas, não se sabe se o quebra-mar e as instalações portuárias causam alguma interferência neste processo.

O avanço deste ano alcança cerca de 25 metros como pode ser estimado pela comparação entre as fotografias enviadas por um colaborador do blog. Confiram as imagens:













































Foto do Verão de 2013














PS.:  Atualizado às 00:52: Para postar comentário enviado por email do geólogo e jornalista Everaldo Gonçalves que redigiu um texto em que emite sua opinião, sobre o movimento do mar no Açu, as condições a seu ver inadequadas para instalação dos terminais do Porto do Açu. Confira:

"Prezado Roberto Moraes,

Seu post de hoje é interessante e mostra as fotos da realidade do presente e passado da praia do Açu, que foi cortada pelo canal de 300 metros do TS-2, que impede o transito na praia.

Esta orla que é complicada, sem enseada num mar aberto, praia grande que o índio na sabedoria deu o nome, é um formação geológica ativa, ainda não consolidada. As restingas são o crescimento da costa que intercala com períodos deposicionais com ciclos erosivos. Atafona é um exemplo bem conhecido de erosão que tem levado a praia e aumentado as dunas. Este processo esta ligado aos processos erosivos e deposicionais da costa e o afluxo de sedimentos que chegam pelo Rio Parnaíba e a corrente Atlântico-sul carreia e joga no litoral.

O Porto Açu em si afeta o equilíbrio frágil desse sistema? Sim!

De que maneira? Várias maneiras, uma delas é estar alteando a costa com o “aterro” com material dragado nas áreas de interesse do canal do porto, que inclusive já provocaram a salinidade dos aquíferos da região ocupada.

Outra é que qual um trabalho de sísifo, quanto mais retira areia do canal, a corrente mais deposita e as dragas podem não dar conta ou não ser econômico. Este canal no inicio foi avançado antes das obras da ponte e quebra-mar do TS-1 e certamente a batimetria vai indicar o quanto já assoreou.

As dunas costeiras são outro problema, pois são moveis e dependem de muitos fatores e como se observa na costa em direção as obras do Porto Açu aparecem de um dia para outro novas dunas. Parece que as dunas já estão surgindo nas instalações ora em execução.

Desafiar Netuno e Éolo e todas as divindades da natureza ao mesmo tempo é complicado.

A área do Açu, eu tenho dito, que não é adequada para construção que um grande porto, tipo MIDAs, pois quem quer fazer um porto procura pelas cartas de batimetria, uma enseada e nos dias de hoje uma boa retroárea e infraestrutura de estrada de rodagem e principalmente ferroviária. A logística já deveria estar pronta ou chegar junto, mas até o momento nem o Porto está definido e também não há uma definição das obras de duplicação da estrada de rodagem e de acesso ferroviário. Em mapas apontam uma nova ferrovia que viria de Brasília, cruza Minas e espírito Santo para chegar ao Rio de Janeiro, no Açu. Quando estará pronta a ferrovia? De que valeria um porto sem a logística?

O Açu não tem calado, por isso o TS-1, porto offshore, precisou de uma ponte de 3.000 metros para chegar a 18 metros; para chegar aos 26 metros para navios de 380.000 t. precisa dragar um canal de 300 m de largura e 7.000 m e extensão, que está sujeito a forte assoreamento. Já o Porto TS-2, onshore, precisa ser dragada de calado zero até 18 m, mas também sofre assoreamento. A vantagem de dispor uma grande retroárea, que foi conseguida por meio de desapropriações complicadas, não é interessante, pois há muitos problemas de salinização e de fundação em um mangue aterrado.

Em suma meu caro Roberto Moraes a erosão da praia Açu não é um fenômeno geológico localizado e isolado dos demais, uma vez que está num conjunto ambiental ativo e frágil e com o porto pode piorar, inclusive no plâncton marinho. Isto, sem contar com os problemas portuários que vão desde a eliminação da praia, da pesca e de poluição com a operação com carvão, pó de minério, com óleo, gás, Usinas Siderúrgicas e Térmicas, fábricas de cimento, tantas outras atividades desse projeto mirabolante.

Acho que não deveria ter começado. Agora que começou muito mal e está sendo provado com o fechamento da OSX e os demais problemas com a MMX, OGX e com a Anglo American que caiu numa roubada, não sabemos qual será a solução. Não é possível colocar mais dinheiro público nos projetos da EBX.

O Brasil precisa mudar, não podemos mais fazer obras faraônicas, com recursos públicos via BNDES, Caixa Federal, Banco do Brasil e Fundo da Marinha, FAT, FGTS, sem viabilidade. Os portos atuais bem ou mal suportam a grande operação de entrada e saída de mercadoria. Se todos os portos em estudo forem feitos não haverá mercadoria para os mesmos, assim como se todos os projetos de desenvolvimento de minas de ferro entrar em operação o preço vai voltar a proporção praticada no século passado, que variou entre 14 a US$18,00/t.

Um abraço,
Everaldo Gonçalves ."

11 comentários:

Anônimo disse...

Quanta besteira.

Anônimo disse...

Não podemos mesmo permitir distribuir dinheiro ao Sr X, pois nos simples mortais que pagamos as contas no final.

Anônimo disse...

Muito bom o comentário do Everaldo.
Eu já tinha dito isso aqui, sobre a inviabilidade de se fazer um porto em praia de mar aberto.
Esse porto nunca irá se prestar para os maiores navios em calado, salvo se usar todo o dinheiro ganho dos arrendamentos das áreas para uma permanente dragagem.

Anônimo disse...

Esse Geólogo não sabe sequer onde é Açú, pow que mangue é esse que foi aterrado, e que raio de fundação direta e essa que pode ser feita para cargas, Roberto?

Anônimo disse...

Anônimo das 4:06 PM, antes de dizer que alguém não entende de nada, tenha ciência que vc muito menos. Alias, vc não conhece nem seu próprio idioma.
Não sou geólogo, mas imagino que ele se refere a um antigo mangue aterrado naturalmente pela natureza ao longo de milhares, talvez milhões de anos.
Ele não quis dizer que a LLX aterrou mangue.

Anônimo disse...

Anônimo das 06:07 PM Você cometeu um classo erro: Este anônimo não escreveu que alguém "não entende nada", leia o que escrevi e se conhecer engenharia civil entenderá o que etá escrito - Grande sábio de boteco.

Anônimo disse...

Aos "anonimos" de plantão: O rio Paraíba, em todo inverno perde vazão e consequentemente perde a força de expulsão que gerou por eras a bendita planície, por isso ano após ano acontece o avanço do mar, e ainda há os degelos nos polos que estão aumentando o nível dos oceanos...Sintetizando é claro.

Anônimo disse...

É por isso que em grandes construções o trabalho deve ser multidisciplinar. O geólogo tem razão em alguns pontos, mas tudo serve de premissas para os engenheiros projetarem.

Ou seja, o geólogo indica por exemplo o risco de assoreamento, o engenheiro calcula um quebra mar que impeça isto; o geólogo alerta sobre o calado ruim da região, o engenheiro propõe uma ponte de 3km para resolver. Tudo em engenharia tem solução, basta ser economicamente viável. Ele expôs apenas o lado dele, mas esqueceu que quem trabalhou no projeto ouviu geologos como ele e acharam soluções a esses problemas.

Anônimo disse...

Prezados internautas do blog do Roberto Moraes dei minha opinião técnica sobre uma postagem interessante que há tempo venho denunciando que o ambiente de restingas e a orla da praia do Açu não podem ser ocupadas, com vantagens, para fazer um porto para navios de grande calado. Pior, quando em vez de um são dois. Um offshore (em alto-mar) vendido como o maior do Brasil e uns dos melhores do mundo e logo depois surge um puxadinho onshore (em terra), quando um tira a vantagem do outro, pois ambos não possuem calado para navios do tipo chinamax ou para tonelagem da ordem de 400 mil toneladas. É necessário dragar continuamente. Os internautas podem falar o que quiserem, pois estão anônimos e eu estou exposto. Mas, por elegância e respeito ao blogueiro, vou responder, inclusive agradecendo ao internauta que já fez a defesa parcial. Um primeiro diz que só falei besteira e outro que não há mangue aterrado e “fundação direta” é essa que pode fazer por carga e que não conheço o Açu. É o tipo de questionamento feito por troca de choque ou de bate-pau. Tenho enfrentado esse tipo de anônimos e em geral não respondo. Então, em deferência ao blog do professor Roberto Moraes, vamos lá.

A área onde está sendo implantado o Distrito Industrial do Açu e os portos TS-2 e a retroárea do TS-1 estão na planície marinha do período Quaternário recente, constituída de sedimentos costeiros, com predominância dos arenosos e argilosos, fluviais e marinhos. São o resultado de sucessivas ingressões (transgressões) e regressões marinhas. Era uma área alagadiça, um charco. Portanto a vegetação da área alagadiça original dessa planície foi modificada na maior parte, pois foi feito um sistema de drenagem que vai ser ampliado, com base no canal de Quitingute e o de Campos-Açu, com inúmeras lagoas de água doce e salgada.

A quem não saiba restinga e um termo geológico da sedimentologia para depósitos costeiros marinhos ou fluviomarinhos. São cordões arenosos, com fácies argilosa e lagunas doce ou salgada. A vegetação que se desenvolve neste ambiente passou a ser denominada de “vegetação de restinga”. O mangue é usado para definir ambiente marinho-fluvial nas desembocadores ou deltas de rios, portanto em zonas costeiras com restingas elas localmente se misturam, com zonas de alagamento e influência das marés. É um ecosistema frágil, com alagamentos, erosão e dunas móveis.

Uma vez que a planície costeira da região do Açu foi formada por processos de regressão e ingressão marinhas há uma enorme planície ao sul do delta do rio Parnaíba que afogou (soterrou mangues, restingas, dunas e lagunas pretéritas). A largura é superior a 30 km e a profundidade não foi bem definida. A superfície atual esta desconfigurada. Antes era uma região pantanosa com lagunas de água doce e salgadas, agora devido às obras de saneamento e drenagem (projetadas pelo sanitarista Saturnino Brito, que dá nome a uma localidade), pela abertura por dragagem do canal de Quitingute, houve a ocupação agrícola das terras, muitas pelo abandono da agricultura canavieira transformadas em pastagens. Portanto, o distrito industrial do Açu está sendo feito em áreas pantanosas, c om possibilidade de existir em profundidade níveis argilosos que são impróprios ou mais complicados para fundação de grandes edificações como usinas siderúrgicas, térmicas e fabricas de cimento. Por um lado há a vantagem de a área ser plana, mas por outro, com lençol freático aflorante e eventuais problemas de fundação das construções, drenagem, abastecimento de água podem tirar o interesse comercial do local. Para não deixar dúvida vou dar informações de meus colegas e do amigo Kenitiro Suguio (Suguio et all,1997) que estudou estes depósitos de idade geológica muito recente: período Holoceno tardio ( ao redor de 5 mil anos apenas).

Continua no outro comentário...

Everaldo Gonçalves.

Anônimo disse...

Continuando...

De acordo com SOUZA (2008), o termo “restinga” é classificado como depósito arenoso subaéreo, produzido por processos de dinâmica costeira atual (fortes correntes de deriva litorânea, podendo interagir com correntes de maré e fluxos fluviais), formando feições alongadas e paralelas à linha de costa. Essas feições são relativamente recentes e instáveis e não fazem parte da planície costeira quaternária propriamente dita. Se houver estabilização da feição por longo período de tempo, ou acréscimo lateral de outras feições (feixe) formando uma “planície de Restinga”, poderá ocorrer ali o desenvolvimento de vegetação herbácea e arbustiva principalmente, e até arbórea baixa. Quanto às faixas de transição entre os biomas, LIGNON (2005) r eporta que a compreensão da transição entre a funcionalidade do mangue e o comportamento ecológico da restinga deve ser analisada sob a perspectiva da dinâmica da paisagem, isto é, sob a perspectiva das inter-relações da biota com o ambiente, do pujante movimento formador da “entidade visual e espacial total do espaço vivido pelo homem” (TROLL; 1971).

Outro anônimo, mais cordial, diz que aponto os problemas e os engenheiros as soluções. É verdade, mas devemos procurar as mais econômicas e viáveis que não estão sendo confirmadas no Complexo do Açu. A ponte de três quilômetros vai dar calado para 18 metros e para 26 m vai ser preciso dragar continuadamente igual ao TS-2, com calado próximo de 18 m. A estudos de Geologia, um mal costume de Eike Batista, não foram feitos a contento para as obras da ponte que previam estacas de 50 m, passou para 70 m e depois de movimentação foi preciso reforços e há estacas com 90 metros e não há divulgação por parte da empresa se todos os problemas de fundação, sedimentação, movimentação de dunas e erosão estão resolvidos. Mudou o quebra-mar de enrocamento par a misto, com os caixões de areia, mas não sabemos se foi modificado o EIA-Rima e qual o novo impacto ambiental com tal quebra-mar, com um paredão de concreto vertical impermeável. No EIA-Rima do Distrito Indutrial não reconheci nenhum geólogo assinando.

A formação geológica da planície do Açu é tão jovem que os nossos índios conviveram com ela. Por isso é preciso tomar cuidado com as intervenções antrópicas na área. Por força de expressão vamos admitir que a ponte de 3.000 no sentido transversal à costa e os berços na paralela, acompanhados pelo quebra-mar possam servir de anteparo e desvio dos sedimentos suspensos na água do mar, para onde irão se depositar? E o fitoplâncton e zooplâncton e toda a vida marinha como vai se comportar? Assim como os pescadores e ocupantes da orla marinha o que vão fazer? Os problemas de erosão e movimentação de dunas de Atafona e na praia do Açu, com a ocupação maciça e alteamento da área por aterro hidráulico poderá ser afetado ou afetar o processo de avanço erosivo e mobilidade das dunas? No conjunto da obra digo que sim e estamos num ciclo erosivo com avanço local do mar. Desculpas por ter de explicar o óbvio. Gostaria que este e outros projetos do Grupo EBX dessem certo para o bem do Brasil, mas há mais de dois anos tenho divulgado os problemas e agora que a situação econômica das empresas está ruim ficou muito difícil resolver a situação.

Atenciosamente,
Everaldo Gonçalves.

Anônimo disse...

Prezado Roberto,

Acho que pensamos da mesma maneira, pois a democracia deve ser praticada nos diferentes níveis da sociedade, inclusive no pessoal. Quem escreve acha ou espera que alguém possa ler e se houver comentário, ainda que anônimos ou escondido em nomes falsos é interessante responder ao internauta real ou não e aos demais.

O Projeto do Açu e demais do Grupo EBX precisam ser criticados tecnicamente e sem paixão. Não tenho nada pessoal contra o Eike Batista e alguns projetos poderiam e podem dar certo com outro tipo de atuação, que o pessoal do BTG está obrigando mudar. Tomara que não seja tarde. A OSX se fechar o que será da sua área no Distrito Industrial junto ao TS-2 que pode tb parar. O TS-1 tantas vezes teve por parte da Anglo American a conclusão adiada que não se sabe o que vai virar. É muito improviso que a engenharia não permite. Imagine os core-logs se não forem usados na totalidade dos que estão feitos o que fazer com eles? E se esses caixotes para o TS-2 primeiro e agora tb no TS-1 não derem certo, mesmo as empresas tendo tecnologia, pois são mais caros que o enrocamento e a quantidade de cimento que usam é algo, segundo o site da LLX, descomunal. A preparação, li mpeza e ajuste dos caixões, em base de sustentação areno-argilosa ou argilo-arenosa é possível mas muito difícil. Temo muito pela dragagem do canal de acesso aos terminais TS-! e Rs-2 e a realimentação, com assoreamento do mesmo, pois o Rio Parnaíba do Sul e a corrente costeira carrega uma grande quantidade de sedimento que decanta nos fundos abertos. O problema de Atafona com a erosão contínua e avanço do mar e agora identificado por você na praia do Açu é muito sério e precisam de estudos multidisciplianr, No Porto de Pecem no Ceará e outros locais costeiros essas interferências antrópicas são graves e de difícil controle. Os ventos e deslocamento de dunas também são problemáticos, pois a planície costeira do Açu, historicamente, num curto período de tempo, sofre modificações na sua configuração e não estão estabilizadas. Quem sabe dizer como as ondas quebradas nos anteparos vão se comportar, uma desviadas quando arrebentarem na praia?

São preocupações que já deveriam ter sido pensadas e procuradas as soluções, se é que existem. O Eike escolheu o Porto Sudeste a partir da prospecção por rocha para o quebra-mar do Açu e achou o local ideal para um porto. Agora está tendo problema de derrocamente, pois a pedreira abanbonada, o granito-gnaisse, continua por baixo d´água do mar e vai até a Ilha da Madeira. Achavam era caso de aumentar o calado dragando areia.

O motivo de escolher o local do Açu para um grande porto qual teria sido? Não tem infraestrutura nem calado. Ora, faz a ponte em mar aberto e usa a retroárea, mas era um terreno alagadiço e as obras de infraestrura chegam junto. Monta um moto continuo a partir do minério de ferro, com usinas em série, com carvão e petróleo farto. Não foi isso que aconteceu. Como resolver? Não sabemos.

No papel tudo tudo é fácil, mas na prática nós sabemos que precisa projeto de engenharia e direção competente.

Bom domingo.
Ab.

Everaldo