domingo, maio 25, 2014

A difícil construção dos píeres e quebra-mar no Porto do Açu

Nesta última semana, mais especificamente na quinta-feira (22/05/2014) o mar do Açu, como é comum nesta época do ano, revolto criou embaraços na construção dos píeres e quebra-mar no Porto do Açu.

Veja nas imagens (fotos e vídeo) abaixo que um caixão feito pelos equipamentos ("Mar del Plata" e Mar del Aneto") da construtora espanhola FCC.

O caixão das imagens teve que ser amarrado para não tombar diante das fortes ondas. Não se sabe se houve algum dano ao caixão que serve de píer depois de enchido de pedras e areia.

Como se vê e sabe não é simples e nem barato a construção de terminais em locais de mar aberto como acontece no Açu, onde se necessita de quebra-mar dos dois lados (ao norte e ao sul), e ainda assim, se fica sujeito às pressões e movimentações das ondas no mar.

É oportuno ainda observar que o custo é maior não apenas na construção, mas, também para a manutenção dos píeres e do calado dos terminais para que a movimentação das cargas possa ser realizada no terminal portuários, seja, para, as atividades de apoio offshore quanto para embarque de minério e outras cargas.





 PS.: Atualizado às 17:22: para acrescentar importante comentário do professor e ecologista Arthur Soffiati sobre o tema:

 "Em 1688, o Capitão José de Barcelos Machado percebeu o que era energia oceânica ao abrir a vala do furado para que a água acumulada escoasse mais rápido para o mar e vê-la fechada por este pouco tempo depois. Todos os engenheiros com mais tirocínio sempre notaram as dificuldades de lidar com o mar na planície norte fluminense. Hildebrando de Araujo Góes, um dos grandes fundadores do DNOS e seguidor de Francisco Saturnino Rodrigues de Brito, outro grande engenheiro, escreveu, em 1934, que o Estado do Rio de Janeiro conta com quatro baixadas: a de Sepetiba, a de Guanabara, a de Araruama e a do Norte-Fluminense. As três primeiras protegidas da violência do mar. A última exposta a ela. E Lamego afirmou, em 1940: transferir água do Paraíba do Sul para uma lagoa e desta para outra e consecutivamente para outra não é muito difícil. O difícil é lançar água do continente ao mar."

Segundo comentário:

"Caro Roberto, só não poetei meu comentário no seu blog por não saber lidar muito bem com ele. Mas, esteja à vontade. Se emitiu minha opinião no Face, também posso emiti-la no blog. Sexta-feira, na minha disciplina no curso de especialização em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional, da UFF, eu passei em revista as experiências de enfrentar o mar entre os Rios Itapemirim e Macaé, costa em que a energia oceânica é muito alta e sabota as obras de engenheiros que não estudam a natureza, achando que seu conhecimento sempre domará as forças naturais. Na figura que lhe envio, Dieter Muehe e Enise Valentini, dois especialistas em ecologia costeira, mostram, em verde, os trechos com baixa energia e, em vermelho, os com alta energia. Veja aonde está o complexo do Açu."























PS.: Atualizado às 00:12: Abaixo outros comentários no meu perfil do FB, a partir da nota aqui no blog:

Luiz André da Silva Então o Porto do Açú foi projetado em um litoral de baixo índice de mobilidade Horizontal!
Arthur Soffiati Pelo contrário, de alto índice.
Luiz André da Silva Professor, acho que a faixa vermelha fica na região da Praia de Farol de São Tomé e Xexé. Como o Porto do Açú fica mais próximo de Grussaí, acho que fica na faixa verde. certo ou errado?
Arthur Soffiati Talvez as marações no mapa não tenham a precisão das palavras dos autores no livro que escreveram juntos. Segundo eles, entre Barra do Furado e a Praia de Gruçaí, ocorre uma corrente forte de sul para norte, que encontra com outra, fraca, de norte para sul. Daí o engordamento da Pria de Gruçaí. Daí a erosão na foz do Paraíba do Sul. Assim, os complexos de Barra do Furado e do Açu foram construídos em locais de risco, aumentando os impactos ambientais e causando altos custos de implantação.

Luiz André da Silva Desde quando eu trabalhei no Porto do Açu, enfrentar o meio ambiente foi um problema. No começo, os engenheiros não conseguia ficar as estacas na praia e pensaram em desistir. Hoje, vejo que o porto irá funcionar, mais trará consigo muitos problemas no futuro! Particularmente, acho uma pena. A região norte fluminense precisa se desenvolver!

Roberto Moraes "Enfrentar o meio ambiente". Esta informação sobre as estacas volta e meia vem à tona. O que Luiz André da Silva tem para acrescentar? Diz-se que dobraram o tamanho das estacas para poder fixá-las. Outra questão importante que os moradores do Açu começam a identificar é que com o Terminal 2 que com seu quebra-mar começa a reduzir a faixa de areia no balneário do Açu. Antes, ao longo do ano a faixa de areai era engordada e depois retornava. Agora com o quebra-mar não teria como este movimento se dar. Isto procede? Como tentar alterar e reduzir estes impactos?

Luiz André da Silva Minha mãe nasceu na Praia do Açu. Desde que me entendo como gente, frequento aquele lugar. Sou testemunha do processo de erosão da praia. Esse impacto é sem duvida consequências do Porto. Estive vendo recentemente um documentário sobre a construção das ilhas artificias de Dubai, e acontece a mesma coisa. Para minimizar o impacto, periodicamente um navio (parecido com o que fez o canal do TX2), retorna com a areia que foi "levada pelo mar".

Roberto Moraes Sim, Luiz André da Silva. Só que ao que se saiba, isto não está previsto no Açu. Não é Denis Freitas Toledo?

Denis Freitas Toledo De fato, nas audiências foi mostrado pela própria empresa que isso poderia ocorrer, mas quando se questionava onde iria ocorrer, eles diziam que não ia interferir no Açu, o que não vem ocorrendo...

Denis Freitas Toledo Essas fotos foram tiradas nesse fim de semana, não sei se da para identificar bem, mas enquanto há o avanço do mar na faixa de areia da praia, quase na mesma proporção há um recuo no mar perto do Terminal 2 (T2), onde a faixa de areia já engordou quase 300 metros. É fato que isso sempre ocorreu em época de correntes vindas do sul, mas quase sempre boa parte da areia voltava quando as correntes eram do norte/nordeste, agora essas correntes mais próximas a praia perdem força com a construção do quebra mar do T2, isso é visível, o processo natural fui interrompido... Resta sabermos como isso se dará ao longo dos anos e como que a comunidade irá ser afetada com esse avanço, nesse caso a natureza não pode ser a única culpada. Segue algumas fotos dessa semana sobre essa questão em particular.



Denis Freitas Toledo



Denis Freitas Toledo



Roberto Moraes Este processo precisa ser discutido. Trata-se de fatos reais e não conjecturas. As equipes de técnicas de análise e de "controle" do processo ambiental foram drasticamente reduzidas. Os órgãos de fiscalização municipal, estadual e federal têm responsabilidade em acompanhar e fiscalizar este processo.

Roberto Moraes Este processo precisa ser discutido. Trata-se de fatos reais e não conjecturas. As equipes de técnicas de análise e de "controle" do processo ambiental foram drasticamente reduzidas. Os órgãos de fiscalização municipal, estadual e federal têm responsabilidade em acompanhar e fiscalizar este processo.

Marcio Rocha Roberto Moraes, vai acontecer o mesmo fenômeno que ocorreu em Barra do Furado e Farol. De um lado acumulo de areia, do outro erosão. Acho que a solução será prever sistemas de By Pass, semelhantes aos previstos pra Barra do Furado.
PS.: Atualizado às 10:48: A postagem com os comentários do FB teve que ser reformatada pois estava impedindo que as postagens na sequência anterior.

Um comentário:

Anônimo disse...

E em Ubú, no Espírito Santo?
A movimentação poderia ser considerada alta ou baixa?