quarta-feira, dezembro 11, 2013

Grupo americano EIG que passou a controlar o Porto do Açu participa de outro projeto de exportação de minério com porto no ES

Como todos já sabem, o fundo de investimentos americano EIG assumiu o controle da LLX que hoje anunciou a mudança de seu nome para Prumo Logística S.A.

Recentemente foi anunciado (veja aqui) que a EIG teria entrado com um aporte de R$ 1,3 bilhões como aumento de capital. Assim o grupo teria hoje 52,82% e desta forma o controle da empresa de logística criada pelo empresário Eike Batista (que teria ficado com 20,9%), sob o guarda-chuva de sua holding a EBX.

Este mesmo processo aconteceu com a transferência do controle acionário da MPX para a empresa de energia alemã E.ON.

Este blog informou aqui que na audiência pública do dia 13 de novembro de 2013, da Comissão Especial sobre o Porto do Açu, o vice-presidente da EIG no Brasil Kevin Corrigan e o membro do Conselho da Administração da LLX, Sr. Luiz Reis que as obras e a operação do Porto do Açu ficariam por conta dos próprios gerentes da LLX.

Há quem veja em toda esta transação de papéis algo ainda a ser explicado.

Pois bem, o blog resolveu aprofundar sua análise sobre negócios do grupo EIG no Brasil. Assim, levantamos que fundo norte americano EIG Holding possui investimento em projetos de energia e infraestrutura em outros continentes.

No Brasil, o fundo EIG tem participação acionária (11,5%) no projeto de exploração de minério de ferro da empresa Manabi S.A. A holding Manabi S.A. por coincidência ou não tem na sua participação acionária o fundo canadense OTPP (Fundo de Pensão dos Professores de Ontário, Canadá) com 17,7% e EIG Holding com 11,5%.

Interessante observar que o fundo canadense OTPP foi o primeiro investidor estrangeiros nos negócios do empresário Eike Batista no Brasil, relativos aos empreendimentos da EBX e da LLX. O fundo OTPP era conhecido de Eike antes dele retornar ao Brasil no início dos anos 2000.

No momento anterior, Eike Batista foi presidente (CEO) de uma mina de ouro no Canadá que era controlada pelo fundo OTPP. Outros aportes deste fundo (OTPP) foram feitos além do primeiro nas empresas EBX e inclusive chegou a negociar assumir o controle da LLX antes da EIG.

Interessante ainda observar que no dia 7 de novembro de 2013, o fundo canadense ("Ontário Teacher´s Pension Plan" OTPP - Fundo de Pensão dos Professores de Ontário, Canadá) questionou publicamente a negociação fechada da EBX com a EIG, através de aumento de capital (R$ 1,3 bilhão). (Veja aqui informação sobre o assunto)

Na audiência do dia 13 de novembro na ALERJ, este blogueiro questionou o assunto diretamente ao membro do Conselho de Administração da LLX, Luiz Reis e ao vice-presidente da EIG Kevin Corrigan. Na oportunidade, eles informaram não saber sobre os motivos dos questionamentos do fundo OTPP que ameaçava entrar com ações judiciais e questionamentos junto ao Ibovespa.

Ou seja, sócios em outros empreendimentos a OTPP e EIG demonstravam publicamente o descontentamento com as negociações sobre a LLX e mais especificamente, sobre o seu mais importante ativo que é o Porto do Açu.

Veja na imagem abaixo o organograma dos acionistas e as três empresas do projeto Manabi em que o fundo OTPP é o principal acionista apesar de não se dispor a assumir o controle, segundo análise de algumas atas de assembleias feita pelo blog:







A holding Manabi S.A. controla três empresas: Morro do Pilar S.A.; Manabi Logística S.A. e a Dutovias do Brasil S.A. A primeira Morro do Pilar S.A. tem ativos estimados junto à Bovespa de R$ 1,4 bilhões e possui os projetos de exploração das minas de Morro do Pilar e Morro Escuro no centro do estado de Minas Gerais, no quadrilátero ferrífero, com reservas estimadas em R$ 1,5 bilhões, com o projeto de produzir 31 milhões de toneladas por ano, sendo 25 milhões para exportação e 6 milhões para o mercado brasileiro.

Além disso, a holding Manabi S.A. desenvolve um projeto do Porto Norte Capixaba, para o qual já possui área de 1.150 hectares no litoral de Linhares, ES. O projeto do terminal portuário tem custo estimado em R$ 1,75 bilhão.

No projeto do porto no litoral capixaba está previsto: construção de píeres e berços de atracação; terminal ferroviário; mineroduto entre Colatina, ES, onde se liga à ferrovia já existente desde o quadrilátero ferrífero
onde estão as minas; terminais de armazenamento de minério, grãos, fertilizantes e líquidos.

Um protocolo de intenções entre a mineradora Manabi e o governo do estado do Espírito Santo foi assinado em junho do ano passado no Palácio Anchieta. Como já se conhece muitas promessas de emprego foram feitas: 1.200 empregos durante as obras e mais 320 vagas diretas e 850 indiretas na operação dos terminais, teria projeto para ser iniciado em 2016. O projeto inclui um mineroduto e um ramal ferroviário ligando Linhares a Colatina, por onde passa a Vitória-Minas.

O grupo Manabi na ocasião informou ainda que que este complexo teria capacidade para armazenar até 2,5 milhões de toneladas de minério, 300 mil toneladas de carvão, 240 mil toneladas de grãos, 180 mil toneladas de fertilizantes e 480 mil metros cúbicos de líquidos.

Na primeira fase, o porto em Linhares, ES, tem como projeto 21 berços de atracação, incluindo os terminais de minério de ferro, de suprimento de plataformas de petróleo, de grãos, carvão, fertilizantes e de líquidos. O projeto inclui a construção de dois estaleiros, com sete berços e dois diques secos e capacidade para armazenar 2,5 milhões de toneladas de minério, 250 mil toneladas de carvão, 240 mil toneladas de grãos, 180 mil toneladas de fertilizantes e 480 mil metros cúbicos de líquidos.

Veja abaixo alguns detalhes esquemáticos no projeto do grupo Manabi com participação do fundo canadense OTPP e do fundo americano EIG.























Percebam a conexão que pode haver entre os projetos e o jogo concorrencial que os investidores fazem para ter aporte de capital e isenções fiscais e facilidades dos governos em seus três níveis, de forma mais específica do do estado e dos municípios.

Vale ainda observar como as empresas são criadas no papel buscam aportes de recursos que já nascem grande no papel e nas composições acionárias e depois tentam virar realidade. Dentro de toda esta realidade não é difícil supor o alinhamento dos projetos independente das vontades dos municípios e dos estados, por interesses exclusivos dos seus idealizadores.

Impressiona-me ainda o fato de que nem a mídia especializada em economia se disponha a buscar informações como esta e tantas outras que o blog vem se esforçando em trazer para a compreensão da comunidade, dos gestores, pesquisadores e outros interessados. O que explica esta realidade?

Como sempre faz o blog abre espaço para que dirigentes (ou assessorias de imprensa) das empresas e gestões públicas citadas possam se manifestar sobre o assunto.

Ainda antes de concluir vale observar a movimentação do estado do Espírito Santo em termos de logística portuária, ampliando a atuação no apoio às atividades offshore e também na exportação de minério, que já é feito há décadas, no município de Anchieta, através da empresa Samarco.

O estado do Espírito Santo tem 417 quilômetros de litoral e por conta disto está se credenciando a ampliar sua estrutura de logística portuária para além dos atuais sete portos já instalados. O governo do estado do Espírito Santo informou no final de novembro que cerca de R$ 13,3 bilhões serão investidos pelo governo federal, até 2017, em portos no litoral capixaba.

4 comentários:

Edison Correa da Rocha disse...

Professor, eu não me espantaria nem um pouco se no decorrer do tempo, digo alguns meses ou até mesmo alguns anos, não vier a tona que o próprio Eike Batista, seja um dos sócios majoritários desse fundo EIG. Tô falando alguma besteira?
Depois das descobertas dessas falcatruas de alguns políticos com contas fantasmas, de empresários laranjas no Panamá, nada mais me surpreende.

Gustavo Gazzinelli disse...

Prezado Roberto Moraes, ótima análise. Sabia bem da linha cruzada Manabi-Prumo (via EIG), mas desconhecia a relação de Eike Batista com a OTPP. Fico me perguntando, se não haveria algum acordo entre o fundo canadense e o governo brasileiro para, poupando o alarde contra a EBX, o fundo beneficiar-se de outros negócios, a exemplo desta pré-operacional Manabi. Um abraço,

Roberto Moraes disse...

Caro Gustavo,

Não sei se exatamente esta relação com o governo, mas, entre o fundo da OTPP e os negócios de Eike são maiores que até então conhecido. O fundo EIG que hoje controla a Prumo e o Porto do Açu não fica distante disto.

Anônimo disse...

Professor vc pode nos ajudar?
Grussaí pede socorro...
Boa noite,
Sou Professora e venho como representante de um grupo de moradores do Bairro de Grussaí pedir encarecidamente que nos ajude juntamente com os representantes legais deste Município, pois como é do vosso conhecimento houve um crescimento desordenado da população devido a vinda de trabalhadores das Empresas do Porto do Açu de outros estados, trazendo um alto índice de assaltos, brigas, estupros causando assim um enorme Impacto Social.., pois se não é do vosso conhecimento estes trabalhadores por virem de outros estados para trabalhar nas empresas estão se agrupando/ morando em pequenas casas com 15 à 20 pessoas, onde nós moradores não temos mais paz nem sossego neste local que era considerado seguro...Tenho duas filhas adolescente as quais foram assediadas esta semana por um grupo de homens que trabalham para uma empresa no Porto do Açu, o que me fez faltar quatro vezes o serviço para leva-las ao colégio em Grussaí por questões de segurança , e não tenho paz, informo que, várias casas foram alugadas por grupos próximo a minha casa, onde consomem bebidas alcóolicas, drogas ,brigam entre eles, e hostilizam os vizinhos, há de convir que não havia assalto e assassinatos e agora as manchetes dos jornais comprovam o grande aumento e assaltos, estupros e assassinatos todos os dias! Sugiro que tenha um local apropriado que concentrem estas pessoas e que sejam monitorados, a fim de dar paz e sossego aos moradores local, vale lembrar que quando a Empresa era de Eike Batista os trabalhadores do Açu moravam em alojamento que a OSX e OLX ofereciam trazendo tranquilidade e segurança aos moradores, pois as empresas tinham controle quanto ao comportamento desses trabalhadores, assim como, se responsabilizavam por eles, lembro ainda que os alojamentos eram em locais próprios e não tínhamos problemas! Procuramos o Sindicato da Construção Civil levando tal situação, e os mesmos nos informou que por questões de economia as empresas resolveram dar uma pequena ajuda de custo para que os trabalhadores se virassem quanto a moradia e alimentação e, tb não terem responsabilidade qto aos mesmos, porém , ao questionar os funcionários do sindicato e pedir ajuda, os mesmos falaram que nada podem fazer nem fiscalizar, pois trata-se de economia das empresas que contratam os trabalhadores, mas temos conhecimento que o sindicato pode e deve fiscalizar como era feito na época da OSX e OLX , e queremos saber porque não o fazer, se o próprio sindicato sabe que estes trabalhadores vivem em condições sub-humanas!
Segue alguns questionamentos:
- Por que o Sindicato da Construção Civil não fiscaliza?
- Cadê o Prefeito de São João da Barra que tem conhecimento e não cobra dos Sindicatos?
- Será que teremos que chamar novamente a Record para fazer os mesmos questionamentos que os moradores?
- Por que o Sindicato sabendo de todos os erros das empresas não denunciam ao Ministério Público?
- Cadê o Ministério do Trabalho?
Somos a favor do desenvolvimento do Município, mas com controle e responsabilidade social das empresas que estão atuando no Porto do Açu!