domingo, junho 15, 2014

Estaleiro na Bahia, movimentação da indústria naval e possíveis conseqüências na região

A Bahia é estado brasileiro com a maior extensão de litoral com 932 quilômetros. Por conta disto é quase natural que se apresente para disputar a instalação de projetos portuários e base para a indústria naval. Assim, nasceu o projeto ainda em fase de licenciamento do Porto Sul em Ilhéus.

Além disso, está em fase adiantada de implantação um grande estaleiro: Estaleiro Enseada Paraguaçu (EEPSA) do consórcio Enseada Indústria Naval. O projeto formado pelas empresas Odebrecht, OAS, UTC e Kawasaki Heavy Industries do Japão. Está orçado em R$ 2,6 bilhões que tem financiamento do Fundo de Marinha Mercante (FMM) de R$ 1 bilhão e que aguarda uma parcela complementar de R$ 400 milhões.

O estaleiro está sendo instalado em uma área de 1,8 milhão de metros quadrados, sendo 400 mil destinado à unidade de conservação ambiental, na cidade baiana de Maragogipe, na enseada do Rio Paraguaçu, na Baía de Todos os Santos que fica a 140 quilômetros de Salvador.

Hoje, já há cerca de 4 mil trabalhadores atuando na construção do estaleiro. A expectativa é que comece a operar em março do ano que vem. A primeira encomenda, como não poderia deixar visa atender as demandas do setor de petróleo offshore, será a construção de seis navios sonda. Basicamente o cliente do Enseada é a Petrobras, diretamente ou através da Sete Brasil.

O consórcio do Enseada está também instalada na cidade do Rio de Janeiro, no bairro do Caju, às margens da Baía de Guanabara, onde o Enseada reformou as instalações que já foi, na década de 70, do estaleiro japonês Ihsikawagima.

Unidade Inhaúma, Caju, Rio do Consórcio Enseada
Identifica-se o mesmo do lado direito do final da Ponte Rio-Niterói (na direção do Rio). Lá o Enseada opera o Estaleiro Inhaúma, na área arrendada pela Petrobras. Além de revitalizar as suas instalações, o Enseada faz a conversão de quatro navios petroleiros nos cascos das futuras plataformas P-74, P-75, P-76 e P-77, para a Petrobras.

A instalação de mais um estaleiro em outro estado serve para mostrar a disputa entre as regiões brasileiras para a instalação de projetos portuários e de construção naval. Os primeiros têm no ERJ e ES a disputa pela hegemonia. Já a construção naval que antes tinha como base o ERJ como hegemônico, agora já tem Pernambuco (SUAPE) e Rio Grande do Sul, junto ao Porto Rio Grande projetos de construção naval como concorrentes.

Percebe-se em todas estas extensões a participação de estaleiros com experiência adquirida no ERJ. O caso da Bahia é o UTC que tem base em Niterói. O mesmo acontece com o projeto do Estaleiro EISA no estado de Alagoas (veja nota aqui do blog em 20 de maio de 2014). Em Suape é o Estaleiro Atlântico Sul e o Promar.

A busca por outras áreas leva em conta as vantagens oferecidas por outros governos estaduais. Além disso, os empresários do setor levam a expertise de construção, mas, também, a experiência sobre a obtenção de financiamentos do Fundo de Marinha Mercante (FMM), já que se sabe que os projetos de construção naval sempre tiveram a sua maior parte financiados por fundos públicos. Aliás, como acontece em quase todo o mundo.

Nesta linha é bom observar a movimentação do setor. Esta semana, veio à tona as negociações em que o dono do Eisa , empresário German Efromovich que tem acordo para vir para Barra do Furado, estaria negociando seus projetos de construção naval com um grupo norueguês.

Por estas e outras que já comentamos aqui no blog, se percebe que o projeto em Barra do Furado pode estar sendo deixado de lado, por empresários antes interessados. No Açu, o projeto do estaleiro da OSX está com as obras paralisadas e sem notícia de acordos.

Sobre construção naval, o que se tem hoje na região é o Consórcio Integra (OSX e Mendes Jr.) que inicia com cerca de trezentos trabalhadores, montagens de módulos para serem depois integrados em plataformas.
PS.: Atualizado às 19:37.

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