quarta-feira, junho 18, 2014

Fundo dos Brics

Está praticamente fechado o acordo sobre os aportes, a constituição e regras para uso do Fundo dos Brics.

O acordo será o ponto alto do anúncio do encontro da cúpula do bloco, em julho (14 a 16) dos presidentes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, formando o acrônimo criado pelo americano Jim O´Neil para estes países chamados de emergentes.

O fundo será no valor de US$ 100 bilhões com aportes de US$ 41 bilhões por parte da China, Brasil, Rússia e Índia, cada um com US$ 18 bilhões cada e a África do Sul com US$ 5 bilhões.

Este fundo de reservas tem a função de dar apoio e alívio às contas de um destes países em caso de crise. É uma espécie de FMI sem a ingerência dos EUA e, de certa forma, para evitar ataques especulativos do mercado e de bancos centrais dos países centrais da economia mundial.

As regras para saque será de uso de uma vez e meia o aporte feito para Brasil, Rússia e Índia. Duas vezes para a África do Sul e só metade (R$ 20,5 bilhões) pela China. O acordo necessita ainda ser ratificado pelo Congresso Nacional.

O próximo passo do bloco é a constituição de um Banco de Investimentos, uma espécie de BNDES que poderá apoiar projetos de investimentos nestes, e em outros países, desde que seja do interesse destes, por conta de comércio, venda de equipamentos e/ou serviços.

Não há como negar a importância que este fato tem no sistema econômico mundial. Além disso, também formaliza o processo de integração entre o continente da América Latina, a África e a Ásia.

Além da alternativa aos esquemas até aqui vigentes em que os mercados controlam os governos nacionais, o fato representa a possibilidade de muitos outros desdobramentos comerciais, sem que seja necessário fechar relações com nenhum outro bloco. Ao contrário, até pode cacifar ainda mais estas cinco nações, em outras negociações, especialmente com a Europa e EUA.

PS.: Atualização às 16:38: Vejam como é importante um fundo como este. Hoje, o banco americano J.P. Morgan disse que "a eleição vai determinar destino da bolsa brasileira. Em relatório o banco estima um avanço de 19% no mercado acionário doméstico caso medidas favoráveis sejam adotadas pelo governo eleito, mas também prevê uma retração de 38% se o presidente vier a enfrentar uma crise de confiança".

Mais claro e interesse do poder econômico e do mercado influenciar a política brasileira é impossível. Também fica evidente a relação de como funciona esta estratégia de pressão com uso da mídia comercial que é bem remunerada para fazer o seu papel.

Atualização às 17:12: Outro exemplo. Aliás, é só ver a mídia comercial que se vê inúmeros exemplos de como ela atua como correia de transmissão deste processo. Confesso que sempre soube disto, mas nunca tive a dimensão de seu peso e da interferência na vida política nacional. Hoje, a AIE (Agência Internacional de Energia) em matéria no Valor Online faz críticas pesadas à política nacional da área de petróleo de conteúdo nacional. A AIE com os interesses que conhecemos criticam o endividamento da Petrobras como se fosse possível avançar e investir sem buscar créditos. Isto vale tanto para a exploração quanto para o refino e a distribuição. Assim, a AIE, como o J.P.Morgan faz projeções aterrorizadores para o país e a Petrobras se tocarem os projeto de refino como do Comperj, no ERJ,  Abreu e Lima em Pernambuco e Premium I e II no Maranhão e no Ceará. A AIE cita a distribuição geográfica da capacidade de refino e prevê para a América Latina um destino de dependência dos EUA.

Enfim, trata-se de um jogo pesado e estes setores identificam que estas próximas eleições no Brasil são indispensáveis para estes setores interessados em ver o Brasil continuar a ser dependente.

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