sábado, julho 18, 2015

Atingidos do projeto Rio-Minas apresentam "O grito de dor dos povos das minas" no Vaticano

O coletivo REAJA - Rede de articulação e justiça dos atingidos do projeto Minas Rio, referência de luta e resistência de Conceição de Mato Dentro/MG, foi convidada pelo PONTIFÍCIO CONSELHO DE JUSTIÇA E PAZ e está participando deste encontro no Vaticano "O grito de dor dos povos das minas", que teve início ontem (17/07) e vai até o dia 19/07.

Ontem, em entrevista no Vaticano, Patrícia Generoso líder dos atingidos no município de Conceição de Mato Dentro, MG, divulgou as violências sofridas por todos os atingidos pelo Projeto Minas Rio, onde destacou Conceição de Mato Dentro/MG e o Açu/RJ.

A rede de notícias do Vaticano divulgou: "O Papa Francisco solicita uma mudança radical de paradigma para todo o sector - O grito de dor dos povos das minas".

"2015-07-17 L’Osservatore Romano":

"Um convite a «fazer ressoar o grito das numerosas famílias que sofrem por causa das consequências das actividades mineiras» foi dirigido pelo Papa Francisco aos representantes das comunidades concernidas por estes problemas, reunidos em Roma a partir de hoje, 17 de Julho, para um encontro sobre o tema «Unidos a Deus ouvimos um grito».


Organizados pelo Pontifício Conselho Iustitia et pax em colaboração com a rede latino-americana Iglesias y Minería, os trabalhos têm lugar no Salesianum até domingo 19. Na sessão inaugural, durante a qual foi lida a mensagem pontifícia, o cardeal presidente de Iustitia et pax proferiu também uma conferência na Sala de imprensa da Santa Sé, animada pelos testemunhos de alguns protagonistas.

Na mensagem pontifícia é dada ênfase ao grito dos povos em questão «devido aos terrenos perdidos; à extracção de riquezas do solo que paradoxalmente não produziu riqueza para as populações locais que continuam pobres»; o “grito” de dor como reacção às violências, às ameaças e à corrupção; de indignação e de ajuda pelas violações dos direitos humanos, clamorosa ou discretamente espezinhados no respeitante à saúde, às condições de trabalho, por vezes à escravidão e ao tráfico de pessoas que alimenta o trágico fenómeno da prostituição»; um grito «de tristeza e de impotência devido à poluição das águas, do ar e dos solos; de incompreensão pela ausência de processos inclusivos e de apoio por parte daquelas autoridades que têm o dever fundamental de promover o bem comum». E a este propósito Francisco solicita, em linha com a Laudato si', que o inteiro sector mineiro faça «uma mudança radical de paradigma para melhorar a situação». Não só, auspicia também que para isso possam «contribuir os Governos nos países de origem das sociedades multinacionais e daqueles nos quais elas trabalham, os empresários e os investidores, as autoridades locais que vigiam o andamento do trabalho mineiro, os operários e os seus representantes, as redes de fornecimento internacional com os vários intermediários» e quantos «trabalham no mercado destas matérias» e os próprios consumidores."

Clicando aqui é possível ler a mensagem na íntegra do Papa Francisco sobre o assunto.

Aqui é possível acessar diversos depoimentos na reunião do Vaticano sobre o assunto. Mais especificamente aqui é possível ver o depoimento da Patrícia Generoso do movimento dos Atingidos pelo Sistema Minas-Rio/Porto do Açu no Vaticano.

Como se pode ver atingidos por projetos minerários da Índia, Chile e do Brasil fizeram pronunciamentos sobre os impactos que sofrem por conta da atuação de empresas transnacionais para a exploração de recursos minerais que favorecem às grandes traders. As comunidades originárias assim ampliam a sua voz, agora com o apoio do Vaticano.

PS.: Atualizado às 14:00.

Um comentário:

Souza disse...

E deplorável e humilhante a falta de interesse no trato da coisa pública em nosso país pelas autoridades competentes e pelos poderes constituídos, deixando órfãos e desassistidos os integrantes da parte fraca desse progresso ao contrário.
São todos corruptos, vendilhões de nossas riquezas, passivos e inoperantes, coniventes e ausentes.
Não existe freio para as maldades que estão sendo cometidas contra a natureza e contra o estupro da dignidade humana.
A devastação ambiental e moral que esse maldito porto vem causando não tem como ser mensurada.
Infelizmente acho que nem o Papa vai sensibilizar os malfeitores que só pensam no lucro e que se danem as pessoas e o meio ambiente.
O porto já está em plena atividade e gerando recursos, no entanto a contrapartida para os munícipes, de todos os municípios envolvidos, parece que não vai chegar nunca.
Não é só minério que está sendo sugado das minas gerais. Também muita água, já tão escassa e limitada, está sendo utilizada para transportar o minério e depois descartada.
Quanta insensibilidade, quanta falta de humanidade.
Precisamos de água para viver, não precisamos de minério para viver.
É preciso por um freio em todas essas atrocidades.
Socorro.