quarta-feira, julho 10, 2013

O MIDAs da mitologia grega à realidade no Norte Fluminense!

MIDAs significa (Maritime Industrial Development Areas), também chamado de ZIP (Zona Industrial Portuária), ou comumente chamado de Porto-indústria.

No Brasil, o tipo porto-indústria (MIDAs) caracteriza-se pela quinta geração de portos, onde se busca  ganhos de logística em função da proximidade entre fornecedores de insumos, a produção industrial e o escoamento da produção pelo porto.

Considera-se hoje que no Brasil estamos vivendo atualmente a quinta geração de portos. Usa-se para efeito de explicação das cinco gerações de portos no Brasil uma classificação conforme a tipologia de uso:
1ª Geração: 1900-1920 – Rio e PE; 2ª Geração: Pós 2ª Guerra – CSN; 3ª Geração: IIº PND – Refinarias – Montadoras; 4ª Geração: Década 70: Contêneirização exige + áreas e + calado para atracação; 5ª Geração: Porto-Indústria – MIDAs - (MIDAs- Maritme Industrial Development Areas).

No Brasil, o 1º projeto de MIDAs é do governo federal em Suape/PE, na década 70/80. Suape se situa no município de Cabo de Santo Agostinho, próximo à zona metropolitana de Recife. O projeto porto-indústria (MIDAs), em Suape só efetivamente deslanchou com a decisão do governo Lula no ano de 2004, em implantar a refinaria Abreu e Lima, em área junto ao porto.

Hoje, além do projeto do Açu, pode-se afirmar que os portos de Pecém, no Ceará e Itaqui, no Maranhão foram também incorporando projetos industriais em suas retroáreas e assim se transformando também em MIDAs, mais relacionados a projetos de internacionalização dos fluxos de materiais e da economia.

No mundo, as experiências mais avançadas de MIDAs acontece no Porto de Roterdã na Holanda, em Hamburgo na Alemanha e no continente asiático em Cingapura e Xangai na China.

Midas também é um personagem da mitologia grega muito usado para transmitir lições, num processo histórico, das antigas para as novas as novas gerações.

Interessante, ou melhor oportuno, se conhecer a origem desta figura mitológica que ficou mais conhecida pela passagem do chamado "Toque de Midas".

Além do mais, é preciso recordar que a lembrança do Rei Midas que a tudo que tocava se transformava em outro, foi por um bom período simbolicamente muito usada, no auge da explosão dos lançamentos das empresas e da holding EBX do empresário Eike Batista, no período entre 2008 e 2010.

Assim, a associação do MIDAs (referenciado a porto-indústria) ao do "toque de ouro" da mitologia serviu ao marketing dos negócios do empresário, sem atentar que esta associação explorava apenas uma parte da origem e trajetória do personagem mitológico.

Parece que agora vivemos a segunda fase do personagem da mitologia que relembraremos abaixo.

Quando de todo alvoroço pela constituição da holding EBX com as diversas empresas X, a mídia corporativa, alçou-o a condição de "self-made-man" e de um empreendedor de sucesso, atribuindo ao mesmo a condição de Midas, em que tudo que tocava se transformava em ouro, tal qual as ações com preços em evolução vertiginosa até o seu pico máximo no ano de 2010.

Pois bem, a semelhança da mitologia grega com o empresário em dificuldade, não se encerra aí.

Desta forma, vale aprofundar o restante da mitologia do MIDAs.

Há variações sobre a mitologia grega, mas todas, trazem a mesma essência da crítica ao Rei Midas

Midas é um personagem da mitologia grega, rei da cidade turca de Frígia na região da Anatólia. Diz-se que havia sobre esse rei dois conhecidos mitos. Tinha um filho chamado Litierses, que servia a ele como protetor, por ser conhecido como "Ceifador de homens", devido à sua fama de decapitar os inimigos. Porém, o principal mito atribuído a Midas é o de transformar em ouro tudo o que tocava. Isto o faz adquirir um caráter simbólico na atualidade, Assim, a mitologia passar a ser conhecida como: "Complexo de Midas".

O que diz a mitologia: certa vez Baco (ou Dionísio, deus do vinho e dos bacanais) deu por falta de seu mestre e pai de criação, Sileno. O velho andara bebendo em farras e bacanais. Assim, tendo perdido o caminho de volta, acabou encontrado por alguns camponeses que o levaram ao seu rei, Midas.

Midas reconheceu Sileno tratou-o com hospitalidade, conservando-o em sua companhia durante dez dias, no meio de grande alegria. No décimo-primeiro dia, levou Sileno de volta e entregou-o são e salvo ao Rei Dionísio. Baco agradecido ofereceu, então, a Midas o direito de fazer o pedido de uma graça a sua escolha.

Assim, Midas depois de pensar fez então seu pedido, que daquela hora em diante, tudo em que tocasse imediatamente se transformasse em ouro. Baco consentiu, atendeu prontamente o pedido de Midas, mesmo que pesaroso e temerário de que ela fosse de fato uma boa escolha.

Midas seguiu seu caminho, alegre com o poder recém-adquirido, que se apressou a pôr em prova. Mal acreditou nos próprios olhos quando viu um ramo de flores se transformar em ouro em suas mãos. Segurou uma pedra e ela também virou ouro, assim como um pedaço de terra, um fruto da macieira, etc.

Sua alegria era sem limites e logo que chegou a casa, ordenou aos criados que servissem um magnífico repasto. Então verificou, horrorizado, que, se tocava o pão, este enrijecia em suas mãos; se levava comida à boca, seus dentes não conseguiam mastigá-la. Tomou um cálice de vinho, mas a bebida desceu-lhe pela boca como ouro derretido, sua filha o encostou e se transformou em ouro.

Consternado e apavorado com essa aflição sem precedentes, Midas lutou para livrar-se daquele poder.

Tudo em vão, porém; a morte por inanição parecia aguardá-lo.

Assim, Midas ergueu os braços, reluzentes de ouro, ajoelhou-se numa prece a Baco e implorou que o livrasse daquela destruição fulgurante.

Baco, o Rei Dionísio, divindade benévola, ouviu e novamente consentiu o retorno à condição anterior dizendo: "a água corrente desfaz o toque. Mergulhas o que tocastes num rio e os objetos em que tocaste voltarão a ser o que eram``.

Assim, Midas correu a cumprir o que dissera o deus do vinho e, com a água do rio Pactolo, que correu num jarro, foi banhando todos os objetos em que tocara, restituindo-lhes a natureza primitiva, a começar pela própria filha, que ele, então, pôde voltar a abraçar sem perigo de torná-la de ouro.

Finda a lembrança da mitologia do Complexo de MIDAs retornemos ao Eike e a seu grupo EBX, tentando linkar as duas histórias: será que o Midas conseguirá reencontrar Dionísio (Baco) para lhe salvar e retornar o Açu às condições originais?

É certo que a resposta são é simples e nem curta e o blogueiro deixará você responder.

Se desejar aprofundar um pouco mais sobre o processo de constituição da holding, no período de 1999 a 2009 acesse aqui um artigo científico, produzido por este blogueiro, junto com os professores Helio Gomes Filho e Luiz de Pinedo de Quinto Junior, professores do IFF e também pesquisadores do NEED (Núcleo de Estudos em Estratégias e Desenvolvimento).

Do artigo original elaboramos outras versões. O texto descreve fatos, interpreta e relaciona-o à economia e à política relativos à gênese do então chamado Complexo do Açu.

Observe que diferentemente das notas e análise feitas aqui no blog, a partir das informações diárias e quase online, o artigo se dedica a descrever o período de uma década. Como sempre, a análise histórica, tende a ter maior potencial de contribuição para uma melhor compreensão das ocorrências do presente.

Certamente, o momento presente está impondo a necessidade de realizar a descrição da segunda parte deste processo,. agora não mais no período de uma década e sim do quinquênio entre 2009 e 2013.

Na descrição desta segunda parte, haverá a necessidade de relacionar e tentar interpretar, o processo de constituição do megaempreendimento com capitais nacionais como parte do esforço do país em surfar na onda da internacionalização dos fluxos globais, diante do esforço, em sentido contrário, do capital global em ingressar e capturar o mercado emergente deste país-continente, na área de infraestrutura, para além do que hoje já é feito hoje, no setor dos agronegócios e da indústria.

O primeiro texto teve como título: "Complexo Logístico Industrial Porto do Açu: Impactos do Toque de Midas". Esta primeira versão da análise e pesquisa foi apresentada no 1º Seminário de Desenvolvimento Regional, Estado e Sociedade acontecido no Rio de Janeiro entre 29 e 31 de agosto de 2012.

A segunda versão com algumas alterações e com o título "Complexo Logístico Industrial Porto do Açu: O Midas perde poder" foi apresentado no XII Seminário da Red Iberoamericana de Investigadores sobre Globalización y Territorio (RII2012), que foi realizado pelo CEDEPLAR, na UFMG, entre 30/09 e 3/10 de 2012, na cidade de Belo Horizonte.

A terceira versão "Complexo Logístico Industrial Porto do Açu: O Midas tentando renascer no Norte Fluminense" foi apresentado e debatida na XV Reunião da Associação Nacional de Pós Graduação em Planejamento Urbano e Regional - ANPUR, realizada em entre 20 e 24 de maio de 2013, em Recife, Pernambuco.

Para tornar mais leve o tema, sem deixar de exercer a necessária crítica postamos abaixo um desenho  animado de Walt Disney do distante ano de 1935, intitulado "Toque Dourado" que de uma forma universal e simbólica reproduz a história da mitologia do Rei Midas que ajuda a questionar o momento a crise do momento atual em todos os seus simbolismos:

Um comentário:

Anônimo disse...

kkkkkkkkkkkkk
O MIDAS do NF, se não bastasse nossa politica por tantos e tantos anos, agora também as empresas do senhor X, que após tudo se transformar em ouro , ou melhor "ouro de tolos", só podemos torcer para este nosso governo não distribuir dinheiro a ele, pois mais que o Sr. X tenha que manter seu staus que seja com seu dinheiro próprio.