quinta-feira, julho 25, 2013

Janela política: riscos e oportunidades

Diante da movimentação da sociedade por mudanças e melhorias na gestão pública, a janela que se abriu como já cometei aqui (em breve nota no dia 14 de julho: "Tudo junto, misturado e com fortes ligações diante da janela histórica") vale para os dois lados.

Hoje, o Valor traz a opinião de analistas que dizem "temer políticas populistas" diante deste novo cenário, para os próximos 14 meses antes das eleições de outubro do ano que vem. Estes analistas e consultores são de grandes grupo econômicos e banqueiros.

O blog pinçou uma destas opiniões, a do Mark Mobius, da Consultoria Templeton: "a preocupação está na mudança que distancie o país de um modelo de economia de mercado e com privatizações para outro com mais intervenção nas empresas privadas".

Não por coincidência, porque em políticas elas não existem, nas páginas de política do mesmo jornal, o ex-governador e eterno candidato a presidente, José Serra diz:
"o governo federal não avança nas parcerias com o capital privado. É um absurdo o governo querer colocar um teto na taxa de retorno das empresas para a concessão de estradas. Procurou-se regulamentar taxa de lucro [...] É a negação do capitalismo. A percepção dos riscos regulatórios aumentou, por culpa do governo, por intervenções com as do setor elétrico e pelas manifestações. Não se aproveitou a conjuntura dos juros baixos para facilitar as concessões. É preciso ter um novo padrão político".

Mais claro impossível. A quem estes senhores falam? O que sinalizam? O que farão com as reservas do pré-sal? Lembram do que Serra disse para o pessoal da Chevron logo depois das eleições? "Em breve nos reencontraremos". Para entender a conjuntura política em que vivemos não se pode deixar de observar estas movimentações.

Defendem um Estado completamente desregulado, entregue. O caso não é nem de defesa das parcerias é de reclamação contra a regulação, a favor dos lucros, sem regulação, sem nada. Assim, como lidarão com as demandas da população?

Bom que estejamos atentos. Há muito a ser modificado e aperfeiçoado. Gente a ser trocada. Melhoria a ser implementada na gestão. Acordos políticos a serem reavaliados, em novas bases. É preciso ouvir os reclamos e trabalhar para avançar em diversas áreas. Porém, não percamos a capacidade de enxergar as diferenças de posições e interesses que estão em jogo em nossa sociedade, na atual conjuntura.

6 comentários:

Matheus Pepe Crespo disse...

Roberto, encaminho texto com com uma sábia lição do presidente Evo Moralles sobre "dívida externa" diante da comunidade europeia.

http://www.dialogosdosul.org.br/websul/evo-explica-a-verdadeira-divida-externa/

Leia e veja se vale a pena publicar para seus leitores.
Abs, Matheus.

Anônimo disse...

O PT particou estelionato em seus eleitores .
Prefiro um ladrão autentico que outro de rouba de mocinho!
Fora Pt, voce não nos representa mais!

Roberto Moraes disse...

Ao Mateus,

O conteúdo do discurso é muito interessante, mas parece que ele
foi proferido na conferência dos chefes de estado da União Européia, Mercosul e Caribe, realizada em Maio de 2002, em Madri, por
Guaicaípuro Cuatemoc, cacique de uma nação indígena da América Central.

É possível que tenha sido repetido pelo Morales. A primeira leitura teria surpreendido os chefes de Estado europeus.

Valeu.
Abs.

Roberto Moraes disse...

Ao anônimo das 04:08,
percebe-se que prefere regurgitar sua raiva a rebater o conteúdo da nota que expõe as intenções do que que ele defende e chama de ladrão.

Há ideologias para todos.

Bom que elas sejam expostas com ou sem raivas que fazem mal ao fígado, à política e ao debate que se pretenda democrático.

Matheus Pepe Crespo disse...

Muito bem Roberto, descobri agora que esse texto é de autoria do jornalista venezuelano Luis Britto García, no qual ele projeta uma fictícia explanação do cacique Guaicaipuro Cuatemoc (que realmente existiu), aos líderes europeus sobre a dívida externa que eles nos cobram.

Ele estava sendo atribuído equivocadamente ao presidente Morales pela internet.

Dado os créditos corretos. De qualquer forma, uma grande leitura.

Abs, Matheus

Roberto Moraes disse...

Sim Matheus,

Eu me recordava por alto de ter lido este documento. Melhor ainda a pesquisa sobre o verdadeiro autor.

Sem dúvida um ótimo texto. Ele remete a uma discussão interessante, de civilizações numa perspectiva temporal maior e num concepção de relações entre povos para além da comercial.

Além disto, ela remete à discussão sobre imperialismo e dependência.

Tenho lido as produções do professor Theotonio dos Santos, com quem estou tendo o prazer de ser aluno, no doutorado da UERJ, que é um dos formuladores da Teoria da Dependência e que remete discussões nesta linha.

Eu há dias postei o link do blog dele aqui neste espaço. Ele é o coordenador da cátedra de Economia Global da Unesco.

http://theotoniodossantos.blogspot.com.br/

Grande abraço.