quinta-feira, janeiro 20, 2022

Vale conferir o belo documentário “De Paranapiacaba ao Peabiru”!

Faço aqui mais uma sugestão. Neste caso para que assistam ao belo documentário “De Paranapiacaba ao Peabiru” (abaixo). Em época de correrias, aviso que ele é relativamente curto. Apenas 57 min e foi recém-lançado pela Prefeitura de Santo André, SP.

O “case” da criação da Vila de Piranapiacaba, como base para construção da ferrovia (funicular) que rompeu a Serra do Mar, em direção a Santos, atendendo à demanda exportadora de café é bem conhecido. Ela está ligada à construção de um conjunto de infraestruturas no final do século XIX e início do século XX e que inclui o Porto de Santos e todo o desenvolvimento paulista e parte do Sudeste.

Muitos bons pesquisadores da área da urbanização, geografia, economia, história e outras áreas conhecem e já descreveram muito disso que este bom documentário registra e aponta. Insisto que é um documentário muito bem feito e que vale o tempo investido.

O vídeo (filme) expõe questões que permitem leituras num ciclo mais longo. Seus idealizadores começam comentando informações da geografia física sobre a posição de Paranapiacaba (origem do nome) na Serra do Mar, desde a separação dos continentes.

A seguir relembra o caminho dos índios (Peabiru) naquela região, o período da colonização e embate com os índios, os tropeiros, a chegada da ferrovia, com projeto do Barão de Mauá, dinheiro dos Rotschilds e engenharia inglesa; o Porto de Santos, industrialização de Cubatão, poluição da Baixada Santista, expansão dos terminais do porto, pressão fundiária e imobiliária para uso da terra e ... vai até a compra da área da ferrovia, pela Prefeitura de Santo André em 2013, quando avançam os processos de preservação e recuperação histórico-turística da região.

Em meio a tantos filmes assistidos e sem muito sentidos nos “streamings da vida contemporânea”, penso que é um documentário bastante interessante, mesmo para quem já conhece bem a região e as questões que envolvem essa vila criada pelos ingleses, como uma espécie de vila industrial para montagem da ferrovia que corta a Serra do Mar.

Penso que há várias dimensões possíveis de serem exploradas no documentário. É um bom case como exemplo de como fazer um "campo" (com pré-campo e pós-campo) para investigações empíricas de pesquisa em "espaço e economia" e outras áreas.

Entre as dimensões possíveis de serem trabalhadas estão a questão fundiária, ambiental, os ciclos longos, a relação do homem com a natureza e a tecnologia, urbanização, redes técnicas, infraestrutura como Condições Gerais de Produção (CGP) - Economia Política -, impactos socioambientais, análise do processo histórico da ocupação e do desenvolvimento paulista que ganhou um novo patamar depois que se rompeu a barreira da Serra do Mar, além das mudanças decorrentes da relação entre o modelo agroexportador para industrial, etc.

Enfim, entendo que é um documentário que pode e deve ser utilizado como background para muitas das discussões de estudiosos e pesquisadores deste campo, mas também como cultura geral sobre importantes problemas contemporâneos.

https://www.youtube.com/watch?v=UVHVDNzxRtA