quarta-feira, dezembro 17, 2014

Audiências públicas para discussão do Plano Diretor de SJB: a comunidade espera mais que a antecipação do debate eleitoral de 2016

Depois dos questionamentos feitos pelo blog (aqui em 6 de dezembro e aqui  no dia 10 de dezembro), as audiências públicas sobre a reforma do Plano Diretor do município de São João da Barra aconteceram, mesmo que pouco convocadas oficialmente, um número razoável de pessoas esteve presente, na segunda-feira, na localidade de Mato Escuro, e ontem, terça-feira, no distrito de Barcelos.

Dessa vez, não houve convocação com carro de som e nem por faixas. Foi tudo no boca a boca

Os questionamentos da comunidade foram muitos e variados. Os vereadores na maioria parece preocupados de ficar contra a população, até na forma de se posicionar na reunião segundo informações obtidas pelo blog.
Foto da Audiência em Mato Escuro em 15-12
Fonte Perfil no FB Pres. Câmara Aluizio Siqueira

Já na primeira audiência, pessoas da comunidade questionaram o prefeito Neco, sobre suas críticas à gestão anterior se ele fez parte dela e ainda era o presidente da Câmara, quando o plano anterior que estava sendo questionado foi criticado.

O prefeito Neco disse que não queria cometer os mesmos erros da gestão de Carla e disse que queria ouvir a população.

Pessoas da comunidade também questionaram sobre o percurso do Corredor Logístico e sobre o seu futuro uso e ainda sobre a empresa Prumo, controladora do Porto do Açu, se apossar de estradas atualmente usadas pela comunidade.

A empresa Prumo que esteve representada nas duas reuniões tentou responder sobre a questão e não teria convencido as pessoas presentes.

Já por conta desse questionamento na reunião de segunda-feira, a prefeitura teria mandado ontem retirar a cancela e aberto a estrada em frente à escola da localidade de Água Preta que estava fechada pela empresa há um bom tempo.

A Prumo teria assegurado que as pessoas da comunidade poderiam se deslocar e ir à Lagoa de Iquipari, acesso que hoje estaria inviabilizado. O acesso seria pela estrada da Água Preta passando pela antiga Fazenda Saco D'antas que a empresa tinha fechado e, a partir da audiência ficou decidido (acordado) que a Prumo liberaria a passagem por ela.

Há uma preocupação grande com o que seriam as tais “Zonas Controladas”. Elas não foram bem explicadas, segundo participantes das duas reuniões.

Ainda na primeira reunião, o prefeito Neco e a Prumo foram questionados pelos presentes em relação ao pagamento das propriedades desapropriadas. A Prumo não respondeu sobre a questão, enquanto o prefeito Neco disse que os prejudicados poderiam procurar a prefeitura que esta colocaria os advogados da defensoria para ajudar e defender os prejudicados.

Os vereadores estão com cuidado diante da questão e dos questionamentos da população, especialmente depois que aprovaram o reajuste de 80% para o IPTU, embora também tenham aprovado um desconto inicial.

Porém, a audiência mais quente foi a de ontem em Barcelos, onde a ex-prefeita Carla Machado esteve presente e de certa forma antecipou um debate previsto para as eleições de 2016.

O prefeito Neco teria sido avisado que a ex-prefeita estaria presente. Assim, a reunião de ontem em Barcelos teve a presença de mais gente do governo e pouca gente da comunidade, comparado com a de Mato Escuro.
Audiência Pública debate do PD em Barcelos.
Fonte: FB Perfil Helena Sant´Anna

A ex-prefeita pediu a palavra e teria falado por quase meia hora e rebateu as acusações da reunião anterior e houve troca de acusações e responsabilidades.

As acusações mútuas de responsabilidades não resolvem o problema da comunidade, ela quer o debate sobre aquilo que afeta a sua vida naquela comunidade e não a simples antecipação do processo eleitoral de 2016.

O Porto do Açu tem uma série de equívocos desde a sua instalação com impactos sociais e ambientais que poderiam ter sido reduzidos.

Hoje, o empreendimento, em que pese problemas estruturais e financeiros ainda pendentes é uma realidade, embora, muitos desapropriados ainda sofram, assim como a comunidade rural remanescente atingida pela salinização e ainda, os moradores da Praia de Barra do Açu que sofrem as conseqüências da erosão da praia, que a empresa Prumo insiste em negar sua responsabilidade.

Assim, espera-se que o Plano Diretor possa ser mais discutido em todas as suas conseqüências e não aprovado de afogadilho e muito menos, sirva o seu importante debate apenas para a disputa pelo poder no município de São João da Barra.

PS.: Atualizado às 12:10: Para pequenos acréscimos.

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