quarta-feira, dezembro 03, 2014

Podemos ou não Podemos?

Vi nesta terça-feira, numa banca, em posição de destaque na livraria "Casa del Libre", no Passeo de Gracias, aqui em Barcelona, 8 livros (sim oito), cujo ângulo a foto abaixo não coube comportar, sobre o movimento-partido, ou seria partido-movimento, "Podemos".

Grosso modo pelo que observei rapidamente, quatro deles apresentam e analisam aquilo que os títulos ou subtítulos dos livros chamam de fenômeno, na política espanhola e até europeia.

Talvez dois ajudem na divulgação deles e outros dois fazem críticas pesadas, que desde semana passada depois da apresentação aqui de um documento de referência sobre as propostas do Podemos no campo da economia, passou a ser mais criticado pelo partido de centro-esquerda, o PSOE, do que pelo de centro-direita, que está agora no poder, o PP.

O movimento liderado por professores chamados inicialmente dos "indignados" e que começou nas ruas de Madri e depois acampou na Praça Puerta do Sol, no início deste ano se decidiu por entrar na política partidária e se transformou em partido político.

O Podemos teve uma performance considerada por todos como surpreendente nas eleições para o Parlamento Europeu e agora está disputando, cabeça a cabeça, com os dois partidos que historicamente polarizam o poder na Espanha, as intenções de voto para as eleições nacionais previstas para o final do próximo ano.

O Podemos já decidiu que não vai participar das eleições regionais em maio, porque pretende centrar suas forças nas eleições nacionais, e assim, não se envolver em complicadas coligações de disputa pelo poder nas regiões.

A principal crítica ao Podemos é que sua base social seria quase exclusiva formada por gente da universidade. O apoio parece vir de quem pensa em sair do que chamam opções parecidas na centro-direita e centro-esquerda, embora a meu juízo, hajam e sejam perceptíveis, as diferenças entre PP e PSOE.

Interessante é que a mídia comercial aqui, mesmo tendo pecados próximo ao que conhecemos em nossa terra, dá espaço ao debate político mais geral. Há coberturas sobre os debates internos dos partidos a nível nacional e nas regiões.

Grandes entrevistas e até eventos dos partidos são transmitidos pelas televisões e pelos canais de internet de forma online e são vistas como parte de um processo necessário em que a política faz (ou deveria fazer) a mediação entre a sociedade e o poder político representativo.

Um exemplo dessa prática foi a apresentação do documento de referência no campo da economia do Podemos na semana passada, que foi transmitido ao vivo pelo site do jornal El País e por canais de televisões, seguido de debates com periodistas (jornalistas), acadêmicos e outros políticos.

Enfim, uma experiência interessante essa de observar um movimento que se transformou em partido político e todo o processo, nesse momento especial da vida na Espanha, em meio à crise econômica e social que se reverbera também em toda a Europa. Em meio ao nossos estudos e trabalho seguimos observando!

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