segunda-feira, junho 01, 2015

Unidade de Gás da Petrobras em Cabiúnas, em Macaé tem autorização para operar novas unidades e ampliar processamento: mudanças espaciais no NF

A cadeia produtiva do óleo e do gás vai consolidando na região uma base territorial cada vez mais ampla que ajuda a explicar as alterações sobre o espaço regional.

A informação abaixo trazida pelo portal PetroNotícias é apenas mais uma comprovação empírica deste processo. A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) concedeu autorização à Petrobrás para operação de novas unidades de processamento de gás natural no Terminal de Cabiúnas (Tecab), em Macaé, no Rio de Janeiro. Considerada como pré-operação para licença de instalação, a autorização da agência tem duração de 90 dias.

O empreendimento apresentado pela estatal previa a construção da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN), com início de atividades no segundo semestre do ano passado. O projeto levaria à ampliação de 23 milhões para 28 milhões de metros cúbicos a capacidade diária de processamento do gás, e também permitiria o processamento de óleo condensado, elevando a capacidade do terminal a 1.500 metros cúbicos por dia. A agência reguladora, no entanto, ainda não divulgou os dados atualizados do projeto.

Ainda, segundo o PetroNotícias, o Terminal de Cabiúnas é responsável por receber e armazenar 12% de todo o óleo produzido na Bacia de Campos. Com a consolidação do projeto da Petrobrás, o terminal seria firmado como o maior do Brasil.

Como principal base operacional fluminense para exploração de petróleo offshore se deu a partir da década de 70 em Macaé, dali também forma surgindo outros enlaces. Macaé está aos poucos mais interligada ao Sul, a Rio das Ostras, Cabo Frio e Arraial do Cabo, sem deixar de observar a ligação mais distante ao sul, em direção a Itaboraí (Comperj) e Região Metropolitana Fluminense.

Agora, por conta do adensamento destas atividades junto à área urbana macaense, cresce o movimento espacial que parte de Macaé em direção ao extremo norte do estado, através do Porto do Açu, no município de São João da Barra tendo também como base produtiva, com enorme poder de arrasto, as demandas por apoio e processamento de óleo e gás.

Além desta enorme unidade de processamento de gás da Petrobras em Macaé, o Porto do Açu desenha projetos para um novo "hub" de gás com a petrolífera chinesa Sinopec, junto com a espanhola Repsol. Recentemente este consórcio anunciou a descoberta de uma grande reserva no campo de Pão de Açúcar. Com gasoduto de 200 km de extensão o gás natural poderá ser levado ao Açu e ali processado (Veja aqui). Junto, também no Açu, há um projeto com GNL do grupo gaúcho Bolognesi, que também desenha uma usina termelétrica (UTE) a gás. (Veja aqui)

Desta forma, se observa que o processo é muito similar ao que viveu Macaé, onde também há duas termelétricas construídas uma do lado da outra, há cerca de 15 naos (por volta dos anos 2000, quando da crise do Apagão) à beira da BR-101, no trecho entre Campos e Rio de Janeiro. Bom lembrar que a fonte energética oriunda do gás natural é bem menos poluente que a do óleo e outras.

Este processo pode estar levando o Norte Fluminense a constituir um novo "hub" de gás e assim, estabelecendo não mais apenas bases operacionais ligadas ao apoio à exploração de petróleo, mas, a um circuito espacial do petróleo e dos royalties com significados e repercussões que estão merecendo uma análise mais apurada deste pesquisador-blogueiro.


PS.: Atualizado às 17:18: Para se ter uma ideia do que significa o processamento de gás na unidade de Cabiúnas, com 28 milhões de m³ diários, ela é equivalente ao que o Brasil importou da Bolívia por gasodutos da estatal boliviana YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos) que em 2014 atingiu o volume diário de 27,4 milhões de gás por dia. 

A produção total de gás na Bolívia em 2014 atingiu o volume de 61,52 milhões de ³/dia. A expectativa da YPFB com seu novo plano de negócios 2015-2019 com investimentos de US$ 7,45 bilhões é de chegar em 2019 com uma produção total de 65,58 milhões de toneladas por dia.

Assim, se pode dizer que a Unidade de processamento de gás, da Petrobras, em Cabiúnas, Macaé, RJ, passa a ter agora capacidade de processamento igual a 46% de todo o gás hoje produzido na Bolívia, quase metade. 

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