sábado, junho 27, 2015

A Feira Brasil Offshore em Macaé, as empresas estrangeiras, conteúdo nacional e regionalização

Como o blog já comentou, mesmo em meio às crises, a presença de empresas ligadas à cadeia produtiva do petróleo e do gás, na feira em Macaé, que se encerrou ontem, foi bem significativa.

Segundo a Swift Worldwide Resources (Ramalho, A., Valor P.A4, 23/06/2015) cerca de 150 mil trabalhadores foram demitidos nos últimos meses em todo o mundo na cadeia produtiva do óleo & gás.

Assim, observando o setor após esta pisada no freio, quando as empresas passaram a "enxugar custos" e fazer aquisições, incorporações e fusões, a expectativa delas agora, passou a ser a reorganização e parece que imaginando uma retomada, onde o contato entre elas passa a ser fundamental. Muitos dos seus representantes verbalizaram para os visitantes que o pior já passou.

Nesta observação vale ainda o registro a presença de empresas estrangeiras na Brasil Offshore.

Especialistas também ministraram palestras durante a
Brasil Offshore 2015 em Macaé
Segundo a organização do evento foram 56 empresas estrangeiras, dentre as cerca dos 700 expositores. Porém, observando atentamente os stands da Brasil Offshore, a lista dos expositores e seus ramos de atuação, foi possível identificar que este número de empresas e grupos estrangeiros é bem maior. Para isto, é só observar as empresas que através de suas sucursais ou joint-venture (sociedade) com empresas nacionais, adotam a denominação "... do Brasil" nos seus nomes de fantasia.

Isto certamente reflete a importância da política de conteúdo nacional exigida pela ANP, para as empresas exploradoras de petróleo no litoral brasileiro. É através deste mecanismo que se pode gerar empregos e permitir que empresas e técnicos brasileiros possam se vincular (se interligar) a estas cadeias de valor global.

Este foi o mecanismo usado pela Noruega, país que hoje detém um número de significativos de empresas atuando em diversas partes do mundo na exploração offshore, incluindo o Brasil.

Outro fator que merece destaque nesta linha é a observação de que as empresas estrangeiras começaram por aqui vendendo equipamentos, e hoje, cada vez mais, estão também em diversas áreas de serviços especializados, que muitas vezes remuneram melhor e permitem margens de lucro bem maiores do que a venda de equipamentos e de tecnologia high-tech.

Nesta linha de observação vale ainda registrar a quantidade de empresas que se apresentam como ofertando "soluções gerais", ou não apenas um ou outro serviço, mas a integração deles, se apresentando como de serviços e soluções para seus contratantes, envolvendo a articulação de diversos produtos e serviços. Algumas delas se intitulam como "empresas epicistas".

Assim, talvez seja possível identificar que a base operacional de Macaé ainda tem "muito gás" pela frente, embora cada vez mais esteja também dividindo este processo, com outras bases ao norte (Açu e ES) e ao sul (Rio e Santos).

Não consigo ver isto como problema para a população macaense, ao contrário. O adensamento é que é ruim. Novos polos operacionais da cadeia de exploração que é offshore, se dá pelo mar e pelas novas bases portuárias. Aliás, já passou da hora de Macaé ter estratégias para diversificar sua economia.

Hoje, os terminais portuários na Baía de Guanabara (Rio e Niterói) já possuem movimentação de cargas bem maior que o Terminal da Petrobras, em Macaé. A explicação não se dá apenas pelo adensamento do terminal de Imbetiba, mas pela exploração e produção crescente da Bacia de Santos.

Numa avaliação ainda geral é possível prever que haverá uma tendência de que estes terminais portuários ganhem, paulatinamente, uma especialização, em consonância com as empresas do seu entorno e com as demandas das petrolíferas que necessitam desta movimentação de cargas.

Neste sentido, a Brasil Offshore de 2015, reforçou a interpretação de que o setor tende a uma concentração ainda maior do seu poder de decisão e financeiro (hierarquização) na capital e na região metropolitana, onde estão as sedes de todas as petrolíferas e da maior parte das empresas fornecedoras de equipamentos e serviços especializados do setor.

Assim, as bases portuárias em outros pontos do ERJ (dentro em breve deveremos ter outra na direção sul (entre Rio e Santos) ficarão, como pontos operacionais, junto à exploração, num movimento que é parte de um único ciclo da indústria do petróleo, que hoje, detém a potência econômica equivalente a 1/3 do PIB fluminense. A conferir!

Um comentário:

Anônimo disse...

É verdade que com a reestruturação da Petrobras, vai se juntar a UO-BC e UO-RIO e transferir todo setor da UO-BC para o município do Rio de Janeiro deixando Macaé com um pequeno número de funcionários? Será um baque enorme para Macaé.