terça-feira, outubro 31, 2017

Seguem os crimes de lesa-pátria no setor de óleo e gás. Agora renúncia fiscal de R$ 1 trilhão, uma renda transferida da população para as corporações

Não bastassem o fatiamento e desmonte da Petrobras, a entrega a preço vil os ativos da estatal, a quase eliminação da Política de Conteúdo Nacional que mostrava o esforço de industrialização ligada à cadeia produtiva, agora, o governo golpista oferece uma renúncia fiscal de cerca de R$ 1 trilhão em 25 anos às petroleiras.

A decisão onera os cofres públicas em cerca de R$ 40 bilhões anuais a menos para as políticas sociais com esta renúncia fiscal.aumenta o déficit fiscal - pelo qual eles tanto falam cortando vários direitos sociais - transfere renda para as grandes corporações.

Repito, um governo golpista, mercadista que serve apenas como guardião dos direitos das grandes corporações e do sistema financeiro. O caso é um escárnio.

As medidas são frutos das mudanças das regras que a Agência Nacional do Petróleo (ANP) implementou neste último leilão da semana passada, assim como na Medida Provisória 795, que reduziu o imposto de renda e a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) das petrolíferas.

Os argumentos de quem defende o escárnio mais uma vez é a tal "segurança jurídica" que o ente regulador (a ANP) faz sempre questão de levantar para favorecer as empresas em prejuízo da população. Mais uma vez é a "máquina da abstração" que constrói todo o arcabouço legal que interessa às corporações e ao setor financeiro.

Lembrando que o governo golpista indicou para cargos estratégicos dos ministérios e também as diretorias das agências reguladoras (incluindo a ANP), antigos dirigentes das corporações privadas e do sistema financeiro. 

Portanto, não há novidade nesta arbitragem a favor do mercado e contra os interesses da população que é obrigada a pagar a sua parte com perda de direitos e novos abstrações nos arcabouços legais nas áreas trabalhista e previdenciária.

Com os resultados dos últimos leilões. Com a compra dos ativos da BG e o desenvolvimento dos projetos em áreas já adquiridas, em até 10 anos, a Shell estará produzindo no Brasil quase 1 milhão de barris por dia e estará pagando ao Brasil, em impostos e participações governamentais, a menor carga de impostos do setor em todos os tempos. Configurando assim, uma enorme transferência da renda petrolífera do Estado (e de nosso povo) para as grandes corporações privadas. 

Nenhum país do mundo faz o que o Brasil está fazendo. A renda petroleira é e sempre será uma disputa entre governos e petroleiras em qualquer nação. 

Assim, a cada dia o Brasil pós-golpe, se impõe como possivelmente, o maior e mais rápido "case" implantado do liberalismo mercadista, que autoriza volumosas transferências de renda que estaria a serviço de um fundo soberano para as corporações, a partir desta "máquina de abstração legal", em boa parte infraconstitucional. 

A Nação terá que exigir, no seu tempo, a revisão destas medidas que estão entregando as rendas originárias de nossa riqueza nacional. Não restará outra saída. O blog seguirá denunciando caso a caso, passo-a-passo estes crimes de lesa-pátria.

domingo, outubro 29, 2017

As manchetes sobre a pesquisa do IBOPE criando a falsa polarização entre Lula e Bolsonaro tem objetivos e metas racionais que buscam afastar ainda mais o poder do povo

Há exatamente uma semana, eu escrevi aqui no FB que a mídia comercial estava, nitidamente, há algum tempo, forçando uma polarização Lula x Bolsonaro, muito para além do que dizem as pesquisas. Nestas, Lula está cada vez mais à frente de Bolsonaro e agora, já em situação de empate técnico com a hipótese de uma vitória ainda no 1º turno.

Hoje, uma pesquisa "misteriosa" (como chamou Fernando Brito, aqui, em seu Tijolaço) apareceu no site da RedeTV e no blog do jornalista Lauro jardim, hospedado em O Globo, como feita pelo Ibope, sem contrante claro, sobre as eleições que ocorrerão no Brasil, daqui a cerca de onze meses.

Os resultados desta pesquisa do Ibope, de certa forma repetem outras pesquisas, inclusive do Datafolha, com a liderança cada vez mais folgada e segura de Lula. Nesta pesquisa do Ibope, a "novidade" é o Luciano Hulck da Globo, com 5% em empate com Alckmin e do Dória (4%), embora atrás de Bolsonaro com 13% e Marina com 8%.

Lula com 35% do universo todo da pesquisa, onde há 77% dos votos válidos (a soma de todos os candidatos) ficaria com 45,5% dos votos válidos, que é a forma como a eleição é contabilizada, excluindo os votos brancos e nulos. Portanto, Lula estria a apenas 4,5% da maioria absoluta, número que é inferior à margem de erro de 3% que somados os limites abaixo e acima de 6% é maior que a diferença dos votos válidos.

Veja abaixo o gráfico dos resultados desta pesquisa do Ibope, divulgado pelo blog do Lauro Jardim:



Porém, vale ressaltar que mais uma vez O Globo e o UOL dizem em manchete que Lula e Bolsonaro estão na frente. A manchete não é mentirosa, mas a induz a pensar que eles estariam próximos, quando os números indicam que enquanto Lula tem 35%, Bolsonaro tem 13% quando seus nomes são apresentados juntos numa lista de candidatos.

Como eu disse na semana passada, por mais que se identifique posições divergentes entre Lula e Bolsonaro é uma forçação de barra entender que eles polarizam as indicações de votos.

Isto não é verdade, não apenas pela distância matemática de 35% x 13% (quase o triplo), quanto porque, eles mesmo que em direções absolutamente contrárias, eles possuem trajetórias e experiências muito distintas, não cabendo portanto a falsa polarização que se quer estabelecer com motivações claras.

Há na verdade um esforço de narrativa que tenta se desvencilhar do fato de que o político de direita é fruto dela mesma e do discurso higienizador da política que esta mesma mídia vem incentivando e que se enamora do nazi-fascismo. O início deste processo é conhecido e se deu com a pressão a favor do golpe que colocou Temer, o PDSB e o DEM no poder no ano passado.

Há aí uma racionalidade nesta narrativa que estabelece polos que seriam antagônicos neste discurso como o que chama de populismo de esquerda, Lula e de direita Bolsonaro.

A meu juízo, assim eles querem "afrancesar" a eleição brasileira buscando um candidato ao centro, nos moldes do processo que elegeu Macron.

Pelo que se depreende, uma candidatura neste campo da direita neoliberal, até aqui foi difícil encontrar. Hoje, se vê que ela parece que um nome da antipolítica estaria se encaminhando possivelmente para o Luciano Hulck, como candidato da Globo que se assumiria como partido político. 

Esta candidatura busca se afastar dos nomes tradicionais da politica no campo da direita e assim rivalizaria com Alckmin e se esforça para aproveitar que eles consideram uma onda transnacional. 

Porém, se existirem dois polos, um à esquerda e outro à direita (que defende um regime militar), tudo ficaria mais fácil para ser explicado. Assim, a narrativa e o discurso para a grande maioria (aí incluída a classe média que dá o tom que depois se espalha) seria a de que a nação precisa de um equilíbrio, de centro e fora o populismo de esquerda e de direita. mais racional e pragmático impossível, a não ser pelo fato pela marca da elite econômica e falta de cheiro e interação com o povo.

Sem um polo à direita e à esquerda esta narrativa ficaria capenga. Lembrem que na França havia o terror da candidata de direita Le Pen (a Trump de saias) e o candidato socialista.

Esta polarização vendida diariamente pela mídia, especialmente, pelas TVs levou o Marcon ao 2º turno com Le Pen, facilitando a vitória do primeiro e este movimento que no Ocidente começa a ser chamado de "macromania" com as marcas da racionalidade, do pragmatismo e do centrismo.

Ou seja, a ideia é inflar o polo da direita para lhe substituir por um que, embora de direita, viria embalado num discurso da racionalidade do equilíbrio e do centro.

Porém, o que fugiria ao script é o distanciamento do Lula. As pesquisas indicando chances de nem se ter o 2º turno, pode, não só impedir a sua retirada da disputa pelas questões jurídicas, sob pena, de envolver o país em incertezas - que o próprio mercado pode não só temer, mas se desesperar - como tornar sem efeito esta falsa e frágil polarização que hoje querem estabelecer entre Lula e Bolsonaro.

Além disso, o jogo a ser jogado é mais embrulhado e Alckmin está aí para criar problemas, porque se considera na vez e sentado à janela.

Isto pode mostrar que nem todas as variáveis estão sendo observadas por quem pretende enxergar a política com tanta racionalidade em sem a participação humana e popular com todas as suas virtudes, mesmo com os problemas, como é de sua natureza.

Esta racionalidade está sempre a serviço do "homus-economicus" e do "mercadismo" que hoje dá as cartas no governo golpista do Temer, onde se observa de forma clara, não apenas a captura que o setor econômico faz do poder político.

É ainda bem mais que uma captura. É o que os autores DARDOT & LAVAL (também franceses) do livro "A nova razão do mundo" chamam de um "Estado forte, guardião do direito privado". Por isto tão cobiçado, apesar do discurso neoliberal do estado mínimo.

Todo este tipo de trama que tem o povo como detalhe e sua vida como um joguete pouco importante e torna ainda mais evidente, que o período atual de esgarçamento do liberalismo, está nos levando à uma "era pós-democrática", segundo hipótese defendida pelos mesmos autores DARDOT&LAVAL. 

Neste processo, o Brasil parecendo um novo "case" para esta nova era da ideologia do "Chicago-boys" durante a ditadura chilena do Pinochet, estaria ameaçada por esta era "pós-democrática" que se vive no Ocidente.
Enfim, por tudo isso, também fica claro a necessidade de resistência, de constituição de frente e de retomada de um projeto de Nação, que só a maioria, com Mais Democracia, pode devolver o poder soberano pelas urnas. A conferir!

PS.: Atualizado às 17:11 para breve acréscimo no texto.

sexta-feira, outubro 27, 2017

Os golpistas estão entregando hoje a última das grandes áreas de petróleo com alta produtividade e baixo custo do mundo

Muito pior do que o leilão do pré-sal que a ANP realiza hoje são as regras impostas pela vendida ANP.

O volume das reservas que estão sendo vendidas são estimadas potencialmente em 4 bilhões de barris de petróleo.

Isto equivale à um terço das reservas provadas de 12 bilhões de barris, embora, as estimativas de todas reservas do pré-sal sejam muito maior que isto.

O pré-sal, segundo centenas de geólogos respeitados, pode ser a última (ou uma das últimas) grandes áreas de petróleo com alta produtividade e baixo custo do mundo.

Assim, o pré-sal já é, há uma década, a maior fronteira de exploração de petróleo do mundo. Seis dos dez maiores campos de petróleo descobertos nesta década estão no Brasil.

Infográfico com dados do leilão produzido pelo portal G1.
90% das reservas de petróleo do mundo estão nas mãos das petroleiras estatais. As petroleiras privadas procuram pouco petróleo, preferem investir contra os Estados-nações que as possuem. 

As reservas de petróleo estão se escasseando e está cada dia mais caro achar petróleo no mundo.

O Ministério das Minas e Energia, a ANP, IBP, etc. todas agem em favor das petroleiras estrangeiras, da mesma forma, que a própria Petrobras.

Todas as gestões destas empresas e instituições estão entregues aos antigos gerentes destas corporações, que hoje controlam por completo, o poder político no governo golpista.
Não há ninguém neste governo golpista defendendo a Nação que segue sendo dilapidada.

O quadro e o ambiente agora no auditório da ANP é de final de xepa na feira, com os poços sendo entregues a preços de banana madura, quase sem nenhum tipo de exigência, como as contrapartidas de conteúdo nacional, reduzidas ao mínimo, apenas sobre aquilo que não faz sentido trazer lá de fora.

A Nação exigirá, no seu tempo, a revisão destas medidas que estão entregando a rendas originárias de nossa riqueza nacional.

PS.: Atualizado às 15:51: para corrigir algumas partes do texto e para incluir outro comentário de uma nota sobre os resultados do leilão da ANP que acabei de postar em meu perfil no Facebook:

O governo golpista receberá como bônus do leilão de hoje da ANP pela entrega de parte do nosso petróleo do Pré-sal, a metade, do que o Temerário usou para comprar deputados (com o Refis, emendas e outros) - só nesta 2ª denúncia - para se manter no poder.
E o deus-mercado deseja ainda que você creia que não havia outra saída, que não fosse esta de entregar a nossa riqueza como uma colônia silente.
O Brasil, como Estado-nação tem a riqueza mineral e assim, vai abrindo mão, da maior parte daquilo que a sua renda poderia auferir.
Sim, porque é a renda que está em jogo. É ela que foi disputada hoje na xepa da ANP entre o Estado e as corporações.
Assim, as petroleiras e os fundos que as controlam e financiam avançaram sobre a renda que seria para o nosso Fundo Soberano.
Não há como não trabalhar por um referendo revogatório para rever estas entregas.
Não há que se falar abstratamente, em segurança jurídica, sobre aquilo que foi obtido de maneira espúria.
Voltando ao início, é duro demais ver que aquilo foi obtido hoje no leilão com os "espelhinhos" banca apenas metade da farra do golpista-temerário para se manter no poder.
Difícil crer que ainda exista alguém que possa bater palmas para isto.
Sigamos em frente e em luta!

quarta-feira, outubro 25, 2017

Fundo soberano da Arábia Saudita projeta US$ 500 bilhões para criar região industrial de 26 mil km²

O vídeo abaixo divulgado ontem, depois de um simpósio empresarial de três dias, em Riad, capital da Arábia Saudita faz lembrar os power-points dos projetos do Eike Batista no Brasil.

Todos os dias, a Arábia Saudita - que junto com os EUA apostou na redução na inversão da fase de preços do ciclo do petróleo (ver postagem do blog aqui) - produz 10 milhões de barris por dia, permanecendo com o maior exportador mundial de petróleo, diz que pretende se libertar da dependência desta riqueza mineral.

Assim, há dois anos, o rei e o príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman fala no seu plano Vision 2030. Desta forma, depois do rei ir à Rússia e fazer acordos (vários, além de comprar armas) que possam aumentar o preço do barril a mais de US$ 70 dólares no ano que vem, anunciou ontem que o seu fundo soberano, o Public Investment Fund (PIF) que vai bancar com US$ 500 bilhões, a construção de  uma zona industrial e de negócios, denominada Neom, num área prevista de 26 mil km². Neom significaria, "Neo-Mostaqbal, ou o novo futuro.


Esta área para a região de negócios Neom é equivalente a 60% da área de todo o estado do Rio de Janeiro (que tem 46 km²). O valor que se pretende investir de US$ 500 bilhões, equivale a 80% do patrimônio de US$ 632 bilhões que este fundo (PIF) tinha no ano passado, quando era o 4º maior fundo soberano no mundo, com recursos oriundos da extração de petróleo. [1]

Para ampliar o patrimônio do fundo soberano saudita, eles pretendem vender entre 5% e 10% de sua empresa de petróleo a Saudi-Aramco que teria, hoje, um valor estimado entre US$ 5 e US$ 6 trilhões.

Imagem do Golfo Ácaba, Arábia Saudita.
Fonte: https://newatlas.com 
A Zona Especial (Neon) está sendo projetada para a costa montanhosa do Golfo Ácaba, na fronteira da Jordânia, próximo ainda à cidade israelense de Eilate. Região que fica de frente para o Egito, do lado contrário do Estreito  de Tiran, considerada uma localização estratégica, também pelo fluxo que liga a Ásia, Europa e também a África. É também próximo ao Mar Vermelho e ao Canal de Suez por onde passam importantes rotas marítimas.É uma área (ver mapa no final da postagem) com 460 quilômetros de costa do Mar Vermelho (se ambos os lados do golfo forem contabilizados), possui numerosas ilhas e uma montanha de 2500 metros de altura. [2] [3] [4]

As ideias para o projeto da região Neon é que ela trabalhe com energia renovável (como todo novo projeto começa dizendo), outras energias (o mundo mais real), água, biotecnologia, alimentos, indústria avançada e lazer e entretenimento. O projeto fala ainda numa legislação própria para a zona especial apensar dela ser ligado ao Reino da Arábia Saudita. Porém, qualquer semelhança com outros Grandes Projetos de Investimentos (GPI)  pelo mundo, que vende a modernização, não será um mera coincidência. 


O movimento vertical e horizontal do capital
Mais uma vez se vê aqui o movimento dos capitais através dos fundos financeiros que fazem a mediação (movimento horizontal) entre os setores econômicos a serem investidos, conforme suas rentabilidades.

Os fundos como capital fictício foi gerado a partir de base material da extração mineral e daí ele sobe ao andar das altas finanças (movimento vertical), se movimenta (horizontalmente para outras frações do capital - ou setores econômicos) para depois voltar num movimento vertical para a base da pirâmide, para ser investido em capital fixo (exemplo deste projeto) sobre o território, e assim gerar novas acumulações e lucros.

Mais uma vez eu chamo a atenção para o papel dos fundos financeiros (soberanos, equity hedge, previdenciários, etc.) que é quem faz esta mediação no movimento horizontal entre as frações do capital para buscar setores (produção imobiliária, infraestrutura, eventos, agronegócios, etc.) que ofereçam maior rentabilidade na produção material para a geração dos excedentes econômicos, reprodução e ampliação do capital.

Interessante ainda observar que num mundo que se diz cada vez mais globalizado, os Estados-nações  detentores de recursos e fundos soberanos, antes de observarem as oportunidades de reprodução do capital pelo mundo, planejam o desenvolvimento econômico em seus territórios.

Diante de mais esta observação é quase natural que façamos uma pergunta: o que o Brasil (hoje pós-golpe) fará com a riqueza gerada com as reservas de petróleo do nosso Pré-sal, se até o mínimo de exigência em conteúdo local se está abrindo mão, além de ter abandonado a ideia do fundo social para financiar o nosso estado de bem-estar-social (welfare-state) com investimentos nas áreas de educação e saúde?


Referências:
[1] Tabela dos maiores fundos soberanos do mundo, P. 89 da Tese de doutorado de Roberto Moraes Pessanha, o blogueiro: "A relação transescalar e multidimensional "Petróleo-Porto" como produtora de novas territorialidades". Março 2017 PPFH-UERJ. Disponível no:
Banco de Dissertações e Teses da UERJ: http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/processaPesquisa.php?listaDetalhes%5B%5D=7433&processar=Processar.
Rede de Pesquisas em Políticas Públicas da UFRJ: em: http://www.rpp.ufrj.br/library/view/a-relacao-transescalar-e-multidimensional-petroleo-porto-como-produtora-de-novas-territorialidades

[2] TORCHIA, Andrew. Reuters. Matéria republicada pelo Valor, 25 out. 2017, P. A9. De olho no pós-petróleo, sauditas projetam zona especial de US$ 500 bi. Disponível em:

[3] Matéria do Jornal de Notícias (JN) de Portugal, em 24 out. 2017. Arábia Saudita anuncia construção milionária de megacidade. Disponível em: https://www.jn.pt/mundo/interior/arabia-saudita-anuncia-construcao-milionaria-de-megacidade-8868713.html

[4] Matéria do New Atlas, em 25 out. 2017. Introducing Neom, the 500 billion-dollar, ultra-high tech future megacity of Saudi Arabia. Um total de 8 fotos, além da divulgada acima mostra a localização geográfica do projeto Neom. Disponível em: https://newatlas.com/neom-saudi-arabia-future-megacity/51893/

PS.: Atualizado às 14:54: Para acrescentar um mapa que define a localização da região onde o projeto Neom da Arábia Saudita seria instalado conforme a descrição da localização acima. Fonte: https://newatlas.com.

PS.: Atualizado às 16:34: Para registar o que significaria o título do projeto saudita Neom: "Neo-Mostaqbal, ou o novo futuro.


segunda-feira, outubro 23, 2017

Porto do Açu reforça-se cada vez mais como um enclave econômico

O anúncio das contratações de tecnologias e empesas para a construção de uma usina termelétrica com potência instalada de 1.300 MW, movida à gás natural, mais de um terminal de regaseificação reforçam a interpretação de que o Porto do Açu é cada vez mais, um enclave econômico com pouquíssima relação com a comunidade regional. (Abaixo vamos explicar o que é um enclave)

A Prumo Logística Global S.A. confirmou na última semana que assinou contrato com a Construtora Andrade Gutierrez (AG), para construir a usina térmica (UTE) GNA Açu, que fará parte do Hub (Ponto de distribuição) de gás natural a ser instalado no Porto do Açu, em São João da Barra.

O contrato que envolve os projetos de engenharia, fornecimento de materiais e a construção propriamente dita está previsto de ser executado junto (e de forma consorciada) com a alemã Siemens que fez questão de garantir o fornecimento de suprimentos e equipamentos, porque é sócia da empresa GNA Infraestrutura, uma joint-venture vinculada à Gás Natural Açu (GNA). Assim a Siemens terá peso nas decisões sobre os projetos de infraestrutura no Hub de Gás do Açu.

Planta da Unidade de Regaseificação da LGN Açu. Estudo de Impacto Ambiental (EIA) P.174.

































Além da Siemens, a empresa espanhola Sener foi subcontratada para desenvolver e montar toda a parte de engenharia da planta da Usina Termelétrica (UTE).

Ainda segundo a revista Brasil Energia, a decisão sobre construção do terminal de regaseificação não foi tomada, mas estaria encaminhada a contratação da empresa americana KBR para elaboração do projeto de engenharia.

Pelo desenho do projeto, o terminal de regaseificação deverá receber o gás natural sob a forma líquida (GNL) que será importado e depois fornecer o insumo sob a forma de gás, para mover as turbinas da termelétrica (UTE).

Além disso, a oferta deste Hub de Gás, poderá fornecer o insumo para outros clientes do porto. O Hub sera também ligado a um ramal que sairá do Porto do Açu para ser interconectado em Campos (na Tapera), ao gasoduto (GASCAV), que sai de Cabiúnas, em Macaé e vai até Vitória, seguindo depois para o Nordeste.

Há ainda ideias de que este Hub de gás possa ter uma unidade de processamento de gás natural que estaria ligado não apenas ao terminal de regaseificação, mas a outros ramais de gasodutos que viriam de poços e campos produtores de gás, nas várias bacias exploratórias do litoral sudeste.

Uma grande polêmica é sobre a possibilidade do terminal deste terminal de GNL ser instalado no litoral, em frente ao porto, em ambiente offshore e não em terra junto à orla.

Ainda segundo a revista Brasil Energia, empresas brasileiras estariam questionando esta opção porque sua tecnologia não é dominada no país, o que tenderia a levar sua execução para corporações da Coreia do Sul, Japão, Índia ou Dinamarca.


O que são enclaves econômicos?
A descrição dos detalhes de mais este empreendimento junto ao Porto do Açu, assim como outros a ele vinculados, reforçam a ideia de que se trata de um enclave, em que os grandes contratos estão quase todos entregues às corporações estrangeiras e os acordos sobre estas definições são feitas de forma centralizada pelo controlador do Grande Projeto de Investimentos (GPI) que é o fundo financeiro americano EIG.

Enclaves econômicos se caracterizam tecnicamente como sendo grandes projetos de investimentos (GPI) que se destinam ao desenvolvimento de atividades básicas com efeitos para frente e para trás em cadeias produtivas ou grandes obras de infraestrutura (complexos industriais portuários, usinas termelétricas, distritos industriais, zonas de processamento de exportações - ZPEs, etc.). As populações dos municípios onde se localizam esses investimentos quase se perguntam depois quais benefícios estão obtendo com estes projetos.

O padrão de um enclave econômico se caracteriza ainda com o fato do GPI se abastecer de insumos, serviços e tecnologias importados de outras regiões e do exterior, onde muitas vezes estão as sedes dos principais controladores das empresas, gerando pouco, daquilo que os economistas chamam de externalidades positivas decorrentes da implantação do empreendimento.

Os GPIs recebem terras, benfeitorias do Estado (chamados de Condições Gerais de Produção que são investimentos públicos para garantir a infra-estrutura econômica, necessária ao projeto) e incentivos e benefícios fiscais que muitas vezes anulam os impactos tributários que poderiam servir aos governos, especialmente, o estadual e municipais da região.

O enclave econômico tem um padrão de articulação seletiva que atuando de forma hierárquica e centralizada afasta oportunidades de negócios regionais. Assim, o enclave deixa muito pouco ou nada para a interação com as prefeituras e comunidades locais, apesar dos gastos que tanto os empreendedores, prefeituras e lideranças locais fazem ao comprar espaços na a mídia local/regional para vender esperanças desconectas da realidade.

Tudo isto traz um resultado ainda pior, porque inculta nas comunidades a ideia de que o fracasso e incapacidade são suas, para alcançar aquilo que na realidade nunca foi feito para ela.


Voltando ao caso da implantação do Hub de Gás no Porto do Açu

Não é difícil estimar que no caso da implantação do hub de gás no Açu, a maior quantidade de contratações de pessoas se efetiva para a etapa de obras e instalação destes empreendimentos, na medida que a sua operação exige cada vez menor quantidade de pessoas, porque em grande parte é automatizada.

Exemplo de Navio LGN (FSRU) em operação.
Estudo de Impacto Ambiental (EIA) P.179
Assim, com tantas empresas de fora e de outros países (EUA, Espanha, Alemanha, etc.), não é difícil intuir que a implantação deverá ter pouquíssima mão de obra regional, mesmo na fase de construção que é a que mais emprega, como já dissemos. 

Desta forma, mesmo nesta fase de implantação do empreendimento, os empregos que ficarão por aqui serão os menos qualificados e de menores salários, mais umas das várias características da implantação de um enclave econômico, que pouco interage e conversa com a região.

Evidentemente que pouco ou nada disso é conversado com a população que cada vez sente o empreendimento com estranhamentos. Antes imaginava ser uma promessa de modernidade e de um abstrato progresso e agora vai se percebendo é um enclave sempre ligado aos negócios e nunca (ou quase) à realidade da comunidade local/regional. Embora, diariamente a mídia comercial regional tente lhe vender uma ideia contrária de um futuro e uma modernidade que não lhe serve.

Assim, o que resta são os pequenos e sempre insuficientes projetos de mitigação e de compensação pela instalação do empreendimento que não altera a realidade local/regional, diante de tantos impactos vividos diariamente por todos. Se eliminar esta realidade não é possível atenuá-la seria obrigação das comunidades regionais que não querem ser apenas território das corporações. 

domingo, outubro 22, 2017

Divulgação acadêmica. Workshop: Estado e internacionalização de empresas na UFF-Campos

Divulgação acadêmica para o Workshop: Estado e internacionalização de empresas.

Local e horário: UFF-Campos, 14 novembro de 2017, 8;30 às 18 horas.




Programação do evento:
Manhã
8:30 abertura do Workshop

9:00 às 9:45
Dependência e desenvolvimento nos governos do Partido dos Trabalhadores (PT) no Brasil
Angelita Matos Souza – UNESP

9:45 horas
Diferentes correntes da economia política internacional
Adriano Vilela Sampaio – UFF Campos

10:30 horas
O movimento das frações do capital e suas repercussões nas redes globais e no capitalismo contemporâneo
Roberto Moraes Pessanha – IFF

Tarde
14 às 14:45 horas
Estado e internacionalização de empresas
Leandro Bruno Santos – UFF Campos

14:45 às 15:25 horas
Internacionalização de empresas brasileiras e o desenvolvimento econômico
Daniela Franco Cerqueira – UFF Campos

15:50 às 16:20 horas
Break

16:20 às 17:05 horas
Estado, estratégias de desenvolvimento e internacionalização das grandes empresas no Brasil e no México
Juan Vicente Bachiller Cabria – UFF Angra dos Reis

17:05 às 17:50 horas
O BNDES e a internacionalização de empresas brasileiras
Luis Alberto Miranda Gouveia – SEEDUC

Organização:
Núcleo de Estudos em Economia Política Geográfica (NEEPG)
Núcleo de Estudos Rurais e Urbanos (NERU)
PROPET

Apoio:
Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação (PROPPI)

Organizadores:
Leandro Bruno Santos
Samuel Henderson de Faria Santos
Carolina Jamar
Ana Carolina Carvalho Rangel
Anna Maria Moraes
Juliana da Rocha de Souza

Inscrições online no link abaixo: https://espacoeeconomia.wixsite.com/blog/workshop

sábado, outubro 21, 2017

Significativa redução da renda do trabalho no Brasil

Uma análise feita nos dados mensais dos últimos 12 meses no Cadastro Geral de empregados e desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE) e publicado pelo Valor [1], indicou que os salários dos trabalhadores admitidos estão 80% menores que dos demitidos na indústria.

Isso mesmo, além do aumento do desemprego, a renda do empregado cai 20% na indústria, 13% na área de serviços, 10% no comércio, 9% na construção civil. Apenas na agricultura, onde os salários já são baixos os valores dos salários entre admitidos e demitidos caíram apenas 1%.

Considerando os 5 setores da economia, na média a diferença entre os salários dos admitidos e demitidos é de 87%. Lembrando que isto é no mercado de trabalho formal. Abaixo o infográfico da matéria do Valor [1] mostrando a relação entre salário de admissão e demissão no período entre jan. 2014 e Ago 2017.
















No caso da indústria a perda de 20% é na média. Não é difícil imaginar que na indústria do petróleo, durante esta fase de colapso do ciclo petro-econômico, esta perda média de salário deve estar próximo dos 30%. Fora os casos em que a redução de salário se dá em acordos internos na empresa, sem que tenha havido demissão e ou (re)contratação.

O fato mostra, de maneira inequívoca, como na fase de colapso no ciclo econômico, a renda do trabalho é tão reduzida e num período de tempo tão rápido.

Parecem efeitos da apropriação da renda do trabalho pelo andar superior. Efeitos sociais das crises no ciclo econômico. Menos direitos sociais. Menores rendas e recolhimento dos excedentes da economia pelo andar superior na leitura do Arrighi, no seu imprescindível livro: "O mito do desenvolvimento".

Juntando este dado com os outros que mostram maiores captações para investimentos do setor financeiro em todo o país, é fácil observar para onde estes excedentes estão migrando no movimento cíclico, em que as crises são parte do sistema.

O que muitos não percebem é que desta forma – com menor renda - o consumo diminui e a saída da fase de colapso tende a ser mais longa, especialmente, quando se foca numa ideia fiscalista que quase encerra a economia per si, como uma forma de romper o desequilíbrio que limita, mesmo na ótica capitalista, a busca de uma nova fase de expansão.

Os gastos e investimentos do estado são fundamentais para alterar esta espiral para baixo. Eles podem ampliar as receitas do governo com os tributos. Porém, tudo isto é insuficiente diante dos ganhos rentistas cada vez maiores sobre a produção que limita o crescimento.

O setor financeiro e rentista cada vez se apropria mais e mais do setor produtivo. Sem alterar também esta lógica, o sistema nunca será estável nesse capitalismo tupiniquim que não aceita para de brincar nesta gangorra esquizofrênica, onde nunca sai da posição de cima.

Referências
[1]Matéria do Valor em 16 out. 2017. MARTINS, Arícia. Empresas ampliam defasagem salarial de novos contratados. Disponível em: http://www.valor.com.br/brasil/5156526/empresas-ampliam-defasagem-salarial-de-novos-contratados

[2] ARRIGHI, Giovanni. A ilusão do desenvolvimento. 1 ed. Petrópolis. Vozes, 1997.

quinta-feira, outubro 19, 2017

A aproximação Rússia-Arábia Saudita de olho no novo ciclo do petróleo: o que isto tem a ver com o Brasil?

O encontro do presidente russo Vladimir Putin e o rei da Arábia Saudita, Salman na primeira semana de outubro mexe no tabuleiro da geopolítica da energia de forma muito significativa. Está se falando do atual maior produtor mundial (Rússia) e a maior exportadora de de petróleo que é também o 2º maior produtor.

A Arábia Saudita (A.S.) tem um acordo histórico com os EUA desde que os dois países assumiram o petrodólar como moeda mundial para comércio desta especial mercadoria para o desenvolvimento do capitalismo que é o petróleo.

Mesmo diante desta realidade de estreita ligação entre a a A.S. e os EUA, os sauditas foram a Rússia e compraram armas como já fazem há décadas com os americanos. A A.S. e a Rússia fizeram acordos para a constituição de forma conjunta de dois fundos de investimentos no valor de US$ 1 bilhão cada (um em petróleo e outro em tecnologia).

A Rússia e a A.S. também acertaram posições de interesse comum em relação ao Irã, e de forma especial, garantiram posturas em relação a controle de produção de petróleo até o segundo semestre do ano que vem.

É de conhecimento amplo a liderança da A.S. entre as nações produtoras de petróleo da Opep. E a Rússia com boas relações entre várias nações "extra-Opep". Assim, ambos os países possuem condições de juntos definir o tamanho da oferta desta mercadoria especial, que influenciam e podem dirigir as fases do ciclo de preços do produto.


EUA + Arábia Saudita manejaram derrubada de preço do barril produzindo uma nova fase no ciclo do petróleo

Este momento é extremamente oportuno para relembrar que foi um acordo em 2014 (que já pode ser considerado histórico) entre a A.S. e EUA que forçou a baixa dos preços e a mudança de fase do ciclo petro-econômico. Assunto que tenho tratado aqui com certa constância e que faz parte de um dos capítulos de minha pesquisa e tese de doutoramento no PPFH-UERJ [1].



Vale ainda ressaltar que o período entre 2010 e 2014 é único até hoje na história, em que o petróleo permaneceu com o preço variando sempre acima de US$ 100, o barril. Na história da humanidade não há nenhum outro período tão longo e de preços tão altos, a não ser o pico próximo aos US$ 180, o barril, no momento um pouco antes da crise financeira mundial de 2008/2009.

Assim, depois da extinção da URSS e da "queda do muro" pela primeira vez, a Rússia voltava a ter poder e proeminência no leste europeu. Os conflitos da Ucrânia e outros tem relação como o que alguns chamam de novos lances da guerra-feira com os EUA.

A relação da Rússia cada vez maior com algumas nações do Oriente Médio (também mais fortalecidas com o alto preços do petróleo) incomodavam os EUA. De forma semelhante a Venezuela com o Chaves que se articulava com ares continentais também ampliando as tensões com a hegemonia dos EUA.

De outro lado, em 2014, por parte da Arábia Saudita manifestava interesse em criar embaraços para o Irã, seu inimigo no Oriente Médio, antes que chegasse o fim do embargo do Ocidente àquele país, que assim teria mais dificuldades em recriar mercado para o seu petróleo, diante da sobre-oferta e dos baixos preços que se instalaria com a futura mudança de fase do ciclo de preços do petróleo.

Além disso, os sauditas faziam ainda duas outras apostas no mercado mundial de petróleo:
1- testaria o "breakeven" [2] do petróleo do pré-sal brasileiro, que na ocasião se avaliava com custos de extração na faixa dos US$ 70, o barril.
2 - Saberia que fôlego teriam as já famosas do "óleo não convencional", das reservas de xisto (o tight-oil) dos EUA, seu aliado, diante de um cenário de baixos preços do petróleo.


O que vem depois da aposta EUA-A.S. na virada do ciclo de preços do petróleo?

Pois bem, três anos se passaram nesta fase de colapso de preços do petróleo. O menor preço do barril de petróleo (auge do colapso) se deu em janeiro de 2016, quando o barril desceu a US$ 27. De lá para cá, o barril tem oscilado entre US$ 40 e US$ 50, na maior parte do tempo. Em 2017 tem estado acima deste valor, e hoje, 28 out., o mercado futuro do petróleo registra o valor de US$ 58, para o barril de petróleo tipo brent.

Neste período grandes "arrumações" e "rearranjos" se processou no setor. Os investimentos foram reduzidos drasticamente em todo o mundo. As petroleiras colocaram à venda alguns de seus ativos para reduzir a relação entre valor do patrimônio e seus endividamentos.

Além disso, as petroleiras reduziram ao mínimo possível, as perfurações e a busca de novas reservas de petróleo e gás. Também pressionaram suas contratas (para-petroleiras), fornecedoras de materiais, tecnologias e serviços, a reduzirem seus valores de contratos, com a ameça de suspensão dos mesmos. 

Assim, mais de 3,2 mil fusões, incorporações e aquisições foram feitas entre estas empresas desta cadeia produtiva só entre 2014 e 2015 [3]. Assim formaram-se oligopólios e enormes corporações, com o objetivo de enfrentar menores receitas, naturais na fase de colapso de preços do ciclo petro-econômico. Estes oligopólios com o controle do mercado adiante ditarão preços em suas áreas a nível mundial.

Também como desdobramento da fase de colapsos de preços do barril de petróleo se reduziu o volume mundial das reservas provadas, por conta da produção nos poços e campos em atividade das petroleiras.

O óleo e o gás de xisto americano reduziram seus custos de extração, mas o principal fato que se desdobrou daí e ninguém imaginava a proporção foi o extraordinário desenvolvimento da área do pré-sal brasileiro.

Não apenas com a redução do custo de produção que hoje está contabilizado em US$ 7 (sem os gastos com o endividamento dos investimentos e sem o pagamento das participações governamentais e royalties), mas com a significativa produtividade obtida com a os poços do pré-sal brasileiro.


A colossal produtividade do pré-sal brasileiro diante da geopolítica do petróleo


Nenhum geólogo podeira sonhar - nem nos momentos de maior otimismo - a produtividade tão alta dos poços do pré-sal, equivalente e até superior à extração nos campos do Oriente Médio. [4]

Poços com produção diária de 40 mil barris por dia, que na Bacia de Campos, muitas vezes se equivale a todo um campo (vários poços) de petróleo no pré-sal com produção diária acima de 30 mil barris. Um colosso!

Para não estender de forma demasiada esta análise, vale dizer que o movimento no setor que se assiste hoje em todo o mundo, é o de que as corporações já tomam suas decisões de olho em nova fase de início de expansão do setor de petróleo.

A princípio se imaginava que isso provavelmente, só se deveria acontecer no início da próxima década. Porém, este até então inimaginável acordo Rússia-A.S., auxiliado pelo desconcerto da política externa do Trump, pode estar antecipando o que seria uma nova fase de preços do barril de petróleo, acima do patamar de US$ 70.

Os dois países Rússia e A.S. com suas alianças têm força para segurar a produção do petróleo e voltar a fazer o preço subir. Não mais para o patamar histórico e contínuo de quatro anos acima de US$ 100 (a não ser com o espoucar de graves conflitos regionais), mas para um patamar na casa dos US$ 70, já a partir do ano que vem.

A Rússia tem um interesse enorme em retomar projetos internos e regionais que necessitam dos recursos do petróleo, que entre 2013-2014 era responsável, por praticamente metade de seu orçamento.

A Arábia Saudita que tem ainda mais dependência do petróleo (que é responsável por 87% de seu orçamento), mais da metade de seu PIB e 90% de suas exportações. Assim, a A.S. quer voltar a se dedicar ao seu "Programa Vision 2030" que foi deixado relativamente de lado, neste período. O mesmo visa "diversificar e modernizar” a economia saudita, reduzindo a dependência do petróleo.

Porém, mais que isto, a A. S. quer retomar a venda de um percentual de sua maior empresa, a petrolífera Saudi Aramco com o lançamento de ações (IPO) no mercado internacional. E, por conta disto, o rei sabe que para alcançar maior cotação para vender bem um percentual destas ações 10% a 15%, será necessário que isto seja feito quando o preço do petróleo esteja mais elevado. Assim, se conseguirá captar mais recursos em troca de uma parte da maior empresa saudita. 

Assim se observa que mais que uma hipótese, o acordo Rússia-A.S., na prática desloca o eixo geopolítico e tem potencial para produzir um enorme conjunto de desdobramentos na mundial cadeia do petróleo e em toda a economia internacional, "lubrificada pelo petróleo", em direção a um novo ciclo do petróleo, para o bem ou para o mal das nações conforme suas condições de produtoras e consumidoras.

Tudo isto observado na dimensão da geopolítica e macroeconômica ajuda compreender o que se tem identificado no movimento do capital financeiro (investidores), das operadoras (petroleiras) e para-petroleiras, na costura de acordos para este novo período nesta fração do capital ligado ao setor petróleo.


O que toda esta geopolítica do petróleo tem a ver com o Brasil?
Entender este processo permite ir para além da compreensão do setor petróleo, mas como tenho insistido ajuda a compreender os movimentos do capitalismo contemporâneo.

Porém, mais que isto esta análise da geopolítica do petróleo deixa muito evidente, aos olhos de quem quer ver, como o Brasil com a descoberta das reservas do pré-sal em 2007 e depois com o avanço e desenvolvimento de sua produção - querendo ou não, reconhecendo ou não esta realidade, naquele momento - passou a ser parte importante deste tabuleiro.

Quem fala isto não é o blog, apenas. Os grandes bancos de desenvolvimento, como o BNP Paribas, quase todas as grandes e importantes consultorias que atuam no setor e todas as grandes corporações do setor (petroleiras e para-petroleiras). Estatais (NOCs- National Oil Corporations) ou privadas (IOCs- International Oil Corporations) reconhecem que hoje, o Brasil com o pré-sal tem competitividade compatível com o Oriente Médio com enorme quantidade de petróleo e pressão dos seus reservatórios.

Por isso, a petroleira anglo-holandesa Shell que já é a petroleira estrangeira que mais produz no país (320 mil barris por dia) comprou por US$ 60 bilhões a petroleira inglesa britânica BG - e para isso está ainda vendendo vários ativos no mundo para ampliar e acelerar o desenvolvimento dos seus campos de petróleo aqui. O presidente da Shell-Brasil chegou a afirmar: "o pré-sal brasileiro, pela geologia, é onde todo mundo quer estar". [5]

A petroleira estatal norueguesa Statoil, facilitada pela "entrega" de ativos da atual diretoria da Petrobras, hoje já possui maior potencial de exploração e produção de petróleo aqui no Brasil, do que no seu Mar do Norte. A francesa Total se dispõe a investir mais e mais para explorar nosso petróleo.

Três petroleiras chinesas avançam para garantir seus espaços na joia de nosso "pré-sal", de onde já se retira hoje, diariamente, 1,5 milhão de barris. Assim, todas estas corporações juntas afirmam que devem investir até R$ 260 bilhões na próxima década. [6] E melhor, que isso pode se dar já em novo ciclo e fases de preços do barril de petróleo.

Diante deste quadro seria ingenuidade pensar e tratar tudo isto, simplesmente como teoria conspiratória, diante da materialidade dos fatos aqui expostos. O peso e o interesse que o poder econômico desta fração do capital tem são enormes e isto ajuda a explicar a captura do poder político pelo deus mercado.

Assim o mercado do setor de petróleo completamente internacionalizado vibra diariamente e avança fortemente para a consecução dos seus projetos sobre a nossa riqueza mineral entregue a preço vil. As medidas se seguem com o governo surgido com o golpe: o fim do regime de partilha; a Petrobras deixando de ser operadora única do pré-sal; o fatiamento e venda a baixos preços de vários ativos, etc.

Desta forma, a despeito do discurso da Operação Lava jato, eles sangram como nunca em sua a história (nem com os Costas, Barucos, Duques, Zeladas e cia. ltda.) seguem desmontando e desintegrando a Petrobras que antes atuava em toda a cadeia produtiva (do poço ao posto). [7] [8]

A Petrobras se desenvolveu e com seus trabalhadores. Seus guerreiros geólogos descobriram o pré-sal e preparam as bases para este crescimento. E agora, ao invés de servir à nossa população e à nação, colonizadamente, ela engordará os lucros das corporações e do sistema financeiro global.

Os entreguistas renegando toda esta realidade clarividente da geopolítica do petróleo, tornaram o setor no Brasil um mercado livre, desregulado e desnacionalizado.

Neste atual cenário, a Petrobras hoje exporta quase metade de todo o petróleo que produz (e nunca produziu tanto) enquanto vai se tornando um petroleira pequena exportadora de óleo cru e deixa a nação comprando mais e mais derivados de petróleo pelo mundo. [9]

Dói enxergar e descrever esta realidade sobre a qual tenho me debruçado para investigar e entender nos últimos anos. Porém, reconhecer e divulgar os dados, interpretações e análises chamando a atenção para o peso da Política, tanto no momento de construção, montagem, atuação e desenvolvimento da Petrobras, quanto agora, neste arranjo golpista, pode ser mais uma ferramenta para a transformação desta realidade de desmonte e entrega a preço vil da riqueza nacional.

Assim, entendo que esta análise e o seu debate podem se transformar em contribuições para o desenho de necessárias estratégias para reverter este quadro. Sigamos em frente!


Referências:
[1] Tese de doutorado de Roberto Moraes Pessanha, o blogueiro: "A relação transescalar e multidimensional "Petróleo-Porto" como produtora de novas territorialidades". Março 2017 PPFH-UERJ. Disponível no:
Banco de Dissertações e Teses da UERJ: http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/processaPesquisa.php?listaDetalhes%5B%5D=7433&processar=Processar. 
Rede de Pesquisas em Políticas Públicas da UFRJ: em: http://www.rpp.ufrj.br/library/view/a-relacao-transescalar-e-multidimensional-petroleo-porto-como-produtora-de-novas-territorialidades

[2] Breakeven é a síntese mais comumente usada da expressão em inglês Break-even Point (BEP) que é utilizada em economia e finanças para indicar o Ponto de Equilíbrio entre as despesas e receitas de uma empresa, no caso o custo de extração que torna viável um negócio na área de petróleo. Segundo a própria Petrobras, o breakeven do pré-sal hoje é de 30 dólares por barril, valor a partir do qual a produção é viável economicamente com o preço do petróleo acima desse valor.

[3] Postagem no blog em 2 de mai. de 2016, reproduzindo e comentando dados da consultoria americana especializada no assunto, A.T. Kearney que apenas nos anos de 2014 e 2015, um total de 3.229 fusões e aquisições aconteceram no setor de petróleo em todo o mundo envolvendo o valor de US$ 950 bilhões. Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2016/05/nos-dois-ultimos-anos-32-mil-fusoes-de.html

[4] Matéria da Agência Estado, Rio, em 19 set. 2017.  Fernanda Nunes. Pré-sal tem competitividade compatível com o Oriente Médio. Reportagem da Agência Brasil em 19 set. 2017. Projetos do setor do petróleo são variados e competitivos, diz diretor da ANP. Disponível: http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2017-09/projetos-do-setor-do-petroleo-sao-variados-e-competitivos-diz-diretor-da 

[5] Entrevista publicada no Estadão, em 21 set. 2017, com o presidente da Shell Brasil, André Araújo. Pré-sal é onde todo mundo quer estar. NUNES, Fernanda. Disponível em: http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,pre-sal-e-onde-todo-mundo-quer-estar,70002009782

[6] Matéria no Valor, em 17 out. 2017, P. A7. Leilões vão gerar investimentos de R$ 260 bi em 10 anos, diz ANP. POLITO, Rodrigo e RAMALHO, André. Disponível em: http://www.valor.com.br/brasil/5158102/leiloes-vao-gerar-investimentos-de-r-260-bi-em-10-anos-diz-anp

[7] Reportagem do portal G1 demonstrando como após o golpe político no país e a Operação Lava Jato foi se operando o desmonte do setor de petróleo e de engenharia com a venda barata de empresas e ativos nacionais em volume superior a R$ 100 bilhões até outubro. A matéria destaca como as maiores vendas de empresas, a NTS, a malha de gasodutos da Petrobras na região Sudeste para o fundo financeiro canadense Brookfield, além de várias outras ligadas à estatal e ao setor de petróleo "Lava Jato levou empresas a vender mais de R$ 100 bilhões em ativos desde 2015. "Quase 50 negócios de grandes empresas impactadas pela operação trocaram de mãos desde 2015, segundo levantamento do G1; vendas foram feitas para reforçar caixa diante da crise de credibilidade". Disponível em: https://g1.globo.com/economia/negocios/noticia/lava-jato-levou-empresas-a-vender-mais-de-r-100-bilhoes-em-ativos-desde-2015.ghtml

[8] O blog publicou dezenas de matérias sobre o desmonte do setor de petróleo, desde a venda de ativos, a desmobilização de trabalhadores (pessoal), a área de gás e os gasodutos, a área de refino, petroquímica, a indústria naval com a redução da exigência de conteúdo local, etc. Estas postagens podem ser facilmente localizadas no buscado Google com as palavras chaves. Abaixo o blog disponibiliza o link de cinco destas postagens. Uma sobre o desmonte do setor de refino; outra de desmonte do setor naval; uma terceira sobre a área de pessoal; quarta sobre a venda da malha de gasodutos para o fundo financeiro Brookfield e quinta sobre a venda de ativos campos e plataformas na Bacia de Campos: //www.robertomoraes.com.br/2017/05/desmonte-na-petrobras-atinge-setor-de.html - http://www.robertomoraes.com.br/2016/07/a-industria-naval-nacional-diante-da.html - http://www.robertomoraes.com.br/2016/08/segue-liquidacao-do-feirao-petrobras.html - http://www.robertomoraes.com.br/2017/05/o-desmonte-da-petrobras-e-tambem-na.html

[9] Postagem do blog em 16 de out. 2017. Brasil exporta hoje quase metade de toda sua produção de petróleo bruto: país deixou de controlar setor de refino e distribuição de combustíveis, os mais lucrativos da cadeia produtiva. Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2017/10/brasil-exporta-hoje-quase-metade-de.html

PS.: Atualizado às 14:18: Para trocar o gráfico que explicita o Ciclo Petro-Econômico no período entre 1970-2016 que consta da tese [1].
PS.: Atualizado às 15:24: Para pequenos acréscimo na nota (referência) nº 2, sobre breakeven.

segunda-feira, outubro 16, 2017

Brasil exporta hoje quase metade de toda sua produção de petróleo bruto: país deixou de controlar setor de refino e distribuição de combustíveis, os mais lucrativos da cadeia produtiva

Entre janeiro e agosto deste ano, o Brasil exportou na média, 1,146 milhão de barris de óleo cru por dia. O total da produção de óleo (só de óleo, sem o gás equivalente) no mês de agosto foi de 2,576 milhões de barris segundo boletim mensal de produção da ANP [1]. Assim, hoje, o país está exportando 44,4% de toda a sua produção de petróleo.

A exportação neste período foi de 278 milhões de barris e trouxe divisas equivalentes a US$ 11,9 bilhões ao país, o que permite calcular que o preço médio do barril vendido foi de US$42,8. A ampliação da exportação de óleo cru extraído no Brasil começou no final do ano passado, mas é este ano que ele ganhou este patamar que se aproxima da metade de toda a produção nacional.

Navio petroleiro da Petrobras que atende exportação
de óleo cru e importação de combustíveis e derivados
O petróleo bruto exportado do Brasil entre este ano (Jan-Ago) 80% é proveniente do litoral fluminense e da Bacia de Campos. As diversas petroleiras estrangeiras que atuam no Brasil têm solicitado autorização da ANP e Receita Federal para exportar o óleo que elas produzem no Brasil. [2]

A Shell que hoje é segunda maior produtora de petróleo país com 320 mil barris de óleo por dia (10% de sua produção mundial) recebeu em setembro aval da Receita Federal para usar procedimentos simplificados na exportação do óleo produzido no campo de Lula, no pré-sal da Bacia de Santos.

A chinesa CNODC, por exemplo, já recebeu autorização para enviar para fora do país o óleo que será produzido durante o teste de longa duração (TLD) de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos, previsto para começar antes do fim deste ano. 

Para aproveitar o movimento de exportação brasileira de óleo cru, a também chinesa Sinopec, que atua no país por meio da joint venture Repsol Sinopec, vende a produção nacional para empresas de trading, que negociam o energético em diversos países. O óleo da petroleira no país vem dos campos de Lapa e Sapinhoá, na Bacia de Santos, e Albacora Leste, em Campos.

Segundo matéria da revista Brasil Energia [2], as petroleiras e o governo brasileiro já concordam que a tendência do Brasil é se consolidar como exportador líquido de petróleo e importador líquido de derivados nos próximos anos. O que confirma as nossas análises de desintegração da estatal de petróleo deixando a tarefa mais custosa de exploração/perfuração para elas.

Este é o jogo das petroleiras privadas. Elas procuram pouco petróleo. Por isso 90% das reservas mundiais estão nas mãos da petroleiras estatais (NOCs - National Oil Corporations). As petroleiras provadas (IOCs - International Oil Corporations) ajudam a mudar o regime capturar o poder político dos estados-nações onde estão estas reservas, e assim chegarem "legalmente" estas reservas.

É certo que os US$ 11,9 bilhões arrecadados com a venda do óleo cru não banca os gastos com o volume quase equivalente ao que o Brasil importa de combustíveis e outros derivados de petróleo [3], apesar do nosso parque de refino estar hoje trabalhando com cerca de 30% de sua capacidade ociosa, equivalente a cerca de 700 mil barris por dia. Há quatro/cinco anos atrás, as nossas refinarias trabalhavam com até 95% de suas capacidades instaladas.

É certo que uma parte do óleo exportado (mais pesado) precisa de refinarias adequadas a ela. Porém, reduzir tanto o processamento em nossas refinarias aumenta o custo médio do que aqui é produzido, além de levar divisas ao exterior com o uso menor de nossa base industrial.

A China segue sendo a maior importadora do óleo cru ficando com 43% de tudo que exportamos, equivalentes a 497 mil barris por dia. Os EUA é nosso segundo maior importador de óleo que é processado nas refinarias na região do Texas e do Golfo do México que processa óleo pesado. Outras 15 nações adquirem nosso petróleo.

O Brasil tem 18 refinarias, sendo 11 da Petrobras e um capacidade de refino em torno de 2,4 milhões de barris de petróleo por dia. É fato que esta decisão da atual diretoria tem relação com sua estratégia de venda de ativos por partes da holding Petrobras, entre elas algumas refinarias e a distribuidora BR que atende na venda dos combustíveis ao consumidor final.

Vale observar como uma decisão leva a outra. O fato da Petrobras estar sendo desintegrada, ou seja deixando de ser uma empresa de petróleo com atuação do poço ao posto, em toda a cadeia produtiva, reduz a capacidade da empresa decidir políticas que proteja a mesma das oscilações do mercado internacional, incluindo as tradings que atuam no comércio de óleo cru e derivados.

Assim, é inimaginável que quando o petróleo estava acima de US$ 100 o barril, a nossa gasolina estivesse a pouco mais de R$ 3,00 por litro, e hoje, com o barril na casa dos R$ 50, o litro da gasolinha esteja quase 50% acima deste valor.

Desta forma, não é difícil observar que a Petrobras deixou de ter o controle do comércio de derivados no país e assim passou a seguir as linhas das grandes corporações, no caso em específico, as tradings.

Algumas vezes eu comentei aqui [4] a declaração de John Abbott, diretor da área de abastecimento e refino da Shell de que “as grandes petroleiras devem ter presença em toda a cadeia de negócios, da plataforma de perfuração à bomba de gasolina... Em uma empresa integrada de petróleo, você aprende que o valor pode deslocar-se para cima e para baixo ao longo da cadeia... O 'downstream' é um motor constante de dinheiro para pagar dívidas, pagar dividendos e financiar o crescimento."

Pois bem, enquanto isto, a atual diretoria comandada pelo  Parente faz exatamente o inverso, desintegrando e desverticalizando a empresa, além de tornando-a menor, também na área de exploração e produção, com venda dos campos da Bacia de Campos e Santos.

Isto é quase pior que a privatização completa, porque ao se concentrar na perfuração para achar petróleo (a atividade mais cara e de maior risco) e depois entregar de bandeja a “joia da coroa” é crime de lesa pátria tão ou mais grave do que aquilo que fizeram com a venda lucrativa Vale do Rio Doce.

Volto a dizer, o golpe planejado e em curso no Brasil, faz com que o país tenha passado a ser no mundo o maior “case” (ou laboratório) do ultraliberalismo de mercado com a captura por completo do poder político. Sem dúvida o exercício de um liberalismo ainda mais exacerbado que o laboratório dos “Chicago-boys” no Chile na década de 70.

Nunca foi tão necessário debater isto com os brasileiros. Em algum momento vamos exigir um referendo revogatório destes descalabros punindo severamente todos estes entreguistas.

PS.: Atualizado ás 14:43: para breve acréscimo no texto.


Referências:
[1] Boletim da Produção de Petróleo e Gás Natural da ANP, agosto de 1017. Disponível em: ehttp://www.anp.gov.br/wwwanp/images/publicacoes/boletins-anp/Boletim_Mensal-Producao_Petroleo_Gas_Natural/Boletim-Producao_agosto-2017.pdf

[2] Matéria da jornalista Gabriela Medeiros em 10 out. 2017 da revista Brasil Energia Online “Para onde vai o óleo do Brasil?”.  Disponível em: http://brasilenergiaog.editorabrasilenergia.com/cadun/login?url_retorno=/news/oleo/logistica-e-comercializacao/2017/10/para-onde-vai-o-oleo-do-brasil-450524.html

[3] O volume de combustíveis e derivados importados e os valores pagos pelo país, ainda estão sendo estratificados dos dados agregados, divulgados pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).

[4] Nota no blog sobre a John Abbott, diretor da área de abastecimento e refino da Shell, publicada no Valor em 31/07/2016, P. B3, a partir de matéria do Financial Times: http://www.robertomoraes.com.br/2017/01/diretor-da-shell-realca-importancia-de.html

sábado, outubro 14, 2017

Quem diria, até o FMI teme pelo limites do capitalismo

O esgarçamento do capitalismo contemporâneo parece estar levando o mundo ao rumo de uma civilização excludente e para poucos e isto começa a espantar cada vez mais pessoas e autoridades, mesmo nas nações mais desenvolvidas.

O sentimento de que podemos estar no fim de um “período entre guerras”, com a assunção da plutocracia que assume as rédeas da democracia, tornada não compatível com o capitalismo cada vez mais desigual.

Assim, depois de vários outros estudiosos, agora, por incrível que possa parecer, foi o Fundo Monetário Internacional (FMI) - a partir de seu mais recente estudo – que afirmou publicamente e de forma taxativa que “o excesso de desigualdade pode corroer a coesão social, levar à polarização e, em última instância, reduzir o crescimento da economia”.

O FMI, através de sua diretora-gerente Christine Lagarde argumentou em reunião de cúpula junto com o Banco Mundial que “os países desenvolvidos podem compartilhar prosperidade de maneira mais equilibrada, sem sacrificar o crescimento, ao transferir um ônus do imposto de renda para os riscos”. Assim o FMI defendeu a taxação dos mais ricos e a redistribuição de renda nos países desenvolvidos.

Desta forma, por incrível que possa parecer, o FMI parece agora querer rever muitas de suas receitas, por julgar que a frustação desigual dos frutos do livre comércio e da desregulação do capital e relaxamento das fronteiras estaria levando o mundo para posições de enorme risco ao capitalismo que deseja preservar. O FMI qualificou ainda que “o aumento da desigualdade de renda representa uma ameaça à recuperação econômica dos últimos dez anos (se referindo a crise pós-2008).


Com os riscos Trump e do BRexit, há um ano, editor do Financial Times já tinha mesmo temor 
O espanto não é menor e nem tão distante no tempo assim. Há pouco mais de um ano eu escrevi aqui no blog, sobre os limites do capitalismo, republicando um artigo do Martin Wolf, conhecido editor e principal analista de economia do jornal The Financial Times. O mesmo Wolf que esteve há cerca de dez dias no Brasil, num evento sobre a economia global realizada pelo Valor/Santander.

Martin no seu artigo de setembro de 2016, descrevia as tensões entre o capitalismo e a democracia e se perguntava se seria duradouro o casamento entre a democracia liberal e capitalismo mundial. Wolf disse mais ao identificar as tensões entre democracia e capitalismo: “a democracia é igualitária. O capitalismo é desigual, pelo menos em termos de resultados” ... Hoje, porém, o capitalismo está se defrontando com dificuldades muito maiores para gerar esses avanços de prosperidade. Ao contrário, são crescentes as evidências de desigualdade e declínio do crescimento da produtividade. Essa poção venenosa torna a democracia intolerante e o capitalismo, ilegítimo.”

Wolf no mesmo texto reconheceu que o capitalismo contemporâneo é mundial e buscou apoio nas posições do professor Dani Rodrik, da Universidade de Harvard, que defendia que “a globalização restringe a autonomia nacional. Ele escreve que "democracia, soberania nacional e integração econômica mundial são incompatíveis entre si: podemos combinar quaisquer dois dos três, mas nunca todos os três simultânea e integralmente".

Ao apontar para o futuro, Wolf defendeu que “a legitimidade dos nossos sistemas políticos democráticos, as políticas econômicas precisam ser orientadas visando a promoção dos interesses de muitos, e não de poucos...” Ao temer que estamos caminhando para o esgarçamento Wolf finalizou: “se não conseguirmos fazê-lo, a base de nossa ordem política provavelmente naufragará. Isso não seria bom para ninguém. O casamento da democracia liberal com o capitalismo precisa ser estimulado. Não deve ser visto como algo assegurado.”

Interessante observar que os argumentos do FMI e do editor do Financial Times temendo pelo futuro do capitalismo e da democracia clamem pela redução das desigualdades, enquanto no Brasil atual, se revive o neoliberalismo ainda mais exacerbado que o laboratório dos “Chicago-boys” no Chile na década de 70.

Diante de nossa atual realidade política com a trama parlamentar-jurídica-midiática que deu o golpe e sustenta os “bolsomitos” e os “dorianos”, as posições do Financial Times e do FMI mais se parecem a um discurso de esquerda marxista revolucionário e não reformista, mesmo que seja evidente que o FMI quer apenas dosar e administrar os conflitos.

O controle que o mercado faz do governo (poder político) que alçou com o golpe planejado e em curso no Brasil, faz com que tenhamos passado a ser no mundo o maior “case” do ultraliberalismo de mercado que capturou por completo o poder político.

O quadro é tão estranho que nos faz sugerir que poderemos estar, paradoxalmente, diante de mudanças mais acentuadas. Não se trata apenas de mais uma crise, como parte do capitalismo e dos ciclos sistêmicos de acumulação.

É possível que estejamos diante dos limites do capitalismo determinado pelo alto grau de aspiração dos recursos produtivos pelo sistema financeiro, mas especialmente, pelo nível sem igual de desigualdade de renda e de exclusão da maior parte da população do planeta.

A ideia de progresso e contínua evolução em termos civilizatórios é um engodo. Nada nos garante este destino, como algo inexorável e sem luta. Muita luta. A se manter este movimento, eles nos conduzirá para uma civilização excludente com a maioria abandonada pelo poder e por sua forma de mediação chamada de democracia.

Na realidade, a democracia através do capitalismo foi se tornando não uma forma de mediação da vida em sociedade com a participação de todos na ágora, mas apenas e tão somente, um conceito cada vez mais abstrato, distante, vago e irreal da vida em sociedade.

Outro mundo é possível, mas como sempre, não virá sem luta. Muita luta!

sexta-feira, outubro 13, 2017

G1 (Globo) confirma que os fundos financeiros avançam sobre o controle das corporações no Brasil pós-golpe

A matéria do G1 divulgada aqui na tarde desta sexta-feira (13/10/2017) reforça o trabalho de pesquisa empírica que venho comentando no blog, sobre o papel dos fundos financeiros no recolhimento dos excedentes econômicos obtidos com a venda do controle das empresas na época de crise que totalizariam segundo a reportagem mais de R$ 100 bilhões.

É uma matéria ampla e detalhada que mostra o desmonte dos grupos econômicos nacionais (frações do capital), no setor de petróleo, engenharia e outros... e quem recolhe este excedentes na fração do capital em movimento? Os fundos financeiros, o canadense Brookfield e Itaú Unibanco (Itaúsa).

Os dados que já havíamos comentados aqui são impressionantes e mostram o tamanho do desmonte dos grupos e corporações locais desde o estatal ao privado. A matéria também reforça o que falamos sobre as fusões, aquisições e incorporações em épocas da fase de colapso do ciclo econômico.

Mesmo que já se conhecesse a lista da venda de ativos nacionais a corporações estrangeiras e fundos financeiros ao vê-la de forma organizada se reforça a compreensão do desmonte que está se procedendo na economia nacional seja nas estatais e também nas empresas privadas. E observe que novas privatizações e venda de ativos estão em curso em volume tão elevado quanto este. 

Negócios da Lava Jato: empresas investigadas venderam quase 50 ativos desde 2015 (Foto: Arte/G1)
































O caso da venda da malha de gasodutos do Sudeste (que estava sobre o controle da subsidiária Nova Transportadora Sudeste, desdobrada da TAG (Transporte Associado de Gás) com cerca de 2,5 mil quilômetros pela Petrobras para o fundo financeiro canadense Brookfield por US$ 4,23 bilhões, vale observar os dados do último balancete trimestral da estatal. 

Eles indicam que os gastos com o pagamento de tarifas ao fundo para o uso dos gasodutos, em menos de dois anos, será era equivalente ao valor recebido pela venda da malha ao fundo financeiro. Um escracho, sem comparação. 

Aliás, no blog, eu já havia chamado a atenção sobre este absurdo da tarifa (renda de monopólio pelo uso dos gasodutos que se apropria de uma parte da renda petrolífera) que os avalista do banco Credit Suisse tinham trazido à tona. Este assunto terá repercussão jurídica e os responsáveis deverá ser punidos. (ver aquiaqui, aqui e aqui)

Ou seja, os dados da reportagem reforçam empiricamente os movimentos sobre o controle das corporações pelos fundos financeiros, a oligopolização dos setores. Por enquanto se tem e a compra de ativos de mais de R$ 100 bilhões.

É o movimento que desintegra os grupos e setores econômicos nacionais e transferem para o andar de cima o controle das corporações pelo capital fictício que cada vez se apropria de maior parte dos lucros do setor produtivo. Além disso, repassa à economia global e verticaliza e centraliza o controle de setores estratégicos da economia brasileira no exterior.

Considerando que esta denúncia sobre o desmonte da economia nacional vinha sendo feita há tempo e ignorada pela mídia comercial cabe que seja feita uma pergunta: quem bancou tal reportagem e com qual objetivo? A matéria, mesmo que tenha atribuído tudo à Operação lava Jato, que não chega a ser uma inverdade, chega a fazer a pergunta se estas vendas forma a preço de banana (como vínhamos comentando se referindo à xepa) ou de mercado.

Depois disto, você ainda tem dúvidas sobre os motivos do golpe de 2016 no Brasil?

O caso da siderúrgica japonesa é fraude ou corrupção?

E você aí achando que o problema da corrupção é caso quase que exclusiva dos políticos, segundo diariamente a mídia comercial lhe diz. E mais, “colonialmente” você comprando a ideia de que o caso seria apenas brasileiro e de fácil resolução num mundo da “coerção concorrencial” do sistema.

Então veja os casos. Depois dos escândalos graves das montadoras com a alemã Volks falsificando emissões de poluentes, e a japonesa Mitsubishi sobre economia de combustíveis, além dos casos institucionalizados de caixa 2 para fugir de impostos também da alemã Siemens entre vários outros, agora chega o caso da terceira maior siderúrgica japonesa, a Kobe.

A siderúrgica Kobe acaba de admitir que vendeu aço e alumínio com certificações falsificadas de inspeções sobre a resistência destes dois materiais que são as bases de segurança de vários produtos como aviões, satélites e automóveis. Veja a gravidade com as grandes corporações atingidas: Boeing, Toyota, Honda Nissan, Mitsubishi, Kawasaki e Mazda.

Todas estas grandes marcas apavoradas garantem que você não morrerá nos voos e nas viagens de carro. Dizem que estão fazendo “inspeções e análises abrangentes”.

Veja o tamanho do problema e da irresponsabilidade desta turma que agora defende quase que como reza a tal rede de “compliance” que virou moda e demanda uma enorme rede de consultorias faturando milhões e bilhões com oferta de tecnologia e redes que garantiriam de forma matricial imunidade à corrupção.

Nesta toada oferecem ainda “avaliações externas” de indicados a cargos no Estado de forma a garantir aptidão para os indicados pelo mercados. A Caixa Econômica Federal está passando a exigir isto de seus próximos vice-presidentes.

É certo que a corrupção precisa ser enfrentada, mas também é importante que se compreenda que ela é parte de um sistema que transforma tudo em mercadoria e tem na “coerção concorrencial” a qualquer custo, a orientação em busca de produtividade e capacidade de enfrentar o “deus mercado”.

Enquanto isto, muitos seguem com seu moralismo seletivo que, ao mesmo tempo, ataca uns e endeusa outros, entre eles estas marcas dos grandes oligopólios, revitalizadas, diariamente, pela mídia comercial que chega até você para aumentar a credibilidade de seus produtos, apenas com a construção mental de discursos de modernidade e eficiência questionáveis. Para dizer o mínimo.

Para fechar, o caso serve ainda para você repensar esta ideia colonizada, de que há nações mais sérias que outras, sem fazer uma análise crítica e do processo histórico dos Estados-nações. Segundo definição do professor Bruno Leandro da UFF-Campos na postagem deste texto no perfil do Facebook, a corrupção é o azeite do capitalismo


PS.: A fonte da informação é uma matéria sobre o caso da fraude (corrupção) dos jornalistas Peter Wells Emilio Terazono do Financial Times, republicada e traduzida no Valor, 11/10/2017, P. B4 com título e subtítulos: “Fraude da Kobe afeta Boeing, Toyota e Nissan – Siderúrgica japonesa admitiu ter enviado a seus clientes, durante um ano, produtos fora das especificações”.

quinta-feira, outubro 12, 2017

China assume liderança mundial na indústria. Aumenta a concentração: 3 países produzem metade de toda a manufatura do mundo

Pelos dados divulgados pela UNIDO em relatório produzido pelo IEDI (Institutos de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) sobre a produção da indústria de transformação mundial até 2016, a China passou à frente dos EUA. [1]

Em 2016, a produção da indústria de transformação cresceu mundialmente 2,6%, tendo sido 2,8% em 2015 e 2,3% em 2014.Hoje, a China tem praticamente 1/4 (24,4%) de toda a produção industrial do mundo. A posição da China reforça a compreensão de que há uma mudança em curso na economia global e na geopolítica mundial.

No geral se observa a enorme concentração da produção mundial da produção industrial. Apenas 3 países China, EUA e Japão possuem cerca de metade da produção industrial mundial.

No ranking da industrialização, depois da China vem os EUA com 16%, Japão com 8,7% e Alemanha com 7,7%. A Índia sem mantém em 5º lugar, mas ampliou (e quase dobrou, com + 70%) a sua participação de 2% para 3,4% em relação à toda a produção mundial.






















A partir destes dados se pode interpretar que há uma integração internacional assimétrica, entre as nações que vendem seus recursos minerais e importam os produtos industriais (de maior valor agregado), num prosseguimento da colonização, onde as nações periféricas têm uma semi-
industrialização ou quase nada.

Dentro da integração econômica dependente será difícil sair desta sina. A teoria econômica da globalização empurra para a alternativa da industrialização como a principal forma de uma nação ampliar sua participação no mundo e auferir vantagens internas desta lógica aumentando a renda da população.

Porém, o grande risco é seguir o que Reinnert [2] descreve em seu livro "Como os países ricos ficaram mais ricos... e por que os países pobres continuam pobres", com um enorme risco de que as nações médias rendas como o Brasil desaparecerem, enquanto os dois polos, tendem a se convergir entre si.

Além disso, é ainda preocupante, o fato que boa parte da riqueza gerada pela produção industrial (e material) acaba em todo o mundo cada vez apropriada pelos sistemas financeiros, via os grandes fundos que trabalham com os excedentes da área industrial.

Segundo Dowbor (2017), no plano global estima-se que o setor financeiro contribua com 10% do valor agregado da economia, mas hoje, o sistema bancário fica com 42% dos lucros corporativos.  Em 1947 os bancos ficavam com apenas 11%. Na prática, o setor financeiro captura os lucros do sistema produtivo, aspirando os lucros e recursos do setor produtivo, segundo Dowbor (2017). [3]

Sobre o Brasil
O Brasil se manteve como 9ª maior nação industrializada, mas perdeu participação na industrialização mundial caindo de 2,9% para 1,8%. Perdas de participação na indústria nacional também ocorreram com a França que é a 8ª e o Reino Unido que em 10º tem a mesma participação do Brasil e também perdeu muito na década entre 2005 e 2015. Porém, o Reino Unido junto com a Alemanha e Holanda concentra boa parte dos recursos financeiros com os bancos, fundos e seguros.

Na China, o valor adicionado da indústria atingiu a média de 21% do PIB em 2016. No Brasil, o Brasil, o valor adicionado das manufaturas em 2016 representou apenas 10% do PIB. Segundo o estudo, entre 2005 a 2016, em termos constantes, o valor da transformação industrial per capita brasileiro se reduziu de US$ 1.415 para US$ 1.081.

Analisando um pouco mais a trajetória da indústria brasileira em alguns setores o país conseguiu preservar sua posição. O Brasil encontrava-se entre os 15 maiores produtores de todas os ramos da indústria de transformação, exceto em equipamentos de escritório, computadores e contabilidade e farmacêuticos.

As melhores posições do Brasil no ranking mundial por setores foram em couro, produtos do couro e calçados (4ª posição), coque, refino do petróleo e combustíveis nuclear (4ª posição), alimentos (5ª posição), bebidas (6ª posição) e papel e produtos do papel (6ª posição). Apesar das colocações de destaque, em 2010, em todos esses ramos industriais o país estava em posições iguais ou melhores.

Em relação ao total do grupo de países emergentes, exceto China, o Brasil chega a ser líder em dois ramos industriais, segundo dados de 2015: papel e petróleo refinado. Em 2010, o país ocupava o 1º lugar no ranking em outros 9 ramos: alimentos, couro, madeira, impressão e publicação, borracha e plástico, produtos fabricados de metal, maquinas e equipamentos, veículos automotores, moveis e outras manufaturas.

Não é difícil dizer que o Brasil carece de um projeto de nação que rompa o atual desmonte. Neste esforço há que se ampliar o conhecimento da nossa real situação com a elaboração de críticas que ajudem a pensar a nação num prazo um pouco mais longo.


Referências:
[1] Relatório anual da UNIDO de 2017. Carta IEDI nº 809 – Indústria Mundial. Disponível no link: http://www.iedi.org.br/pdf/carta_iedi_809_anexo.pdf

[2] REINERT, Erik S. Como os países ricos ficaram ricos... e por que os países pobres continuam pobres. Editora Contraponto e Centro Internacional Celso Furtado, 2008. Rio de Janeiro.

[3] DOWBOR, Ladislau. Livro "A era do capital improdutivo". Outras Palavras & Autonomia Literária, 2017, São Paulo.