sexta-feira, outubro 06, 2017

Ao contrário do que diz o professor Salomon (Universidade de Nova York) no Fórum do Valor, a globalização é maior no andar das finanças e não nas bases de produção das riquezas

Alguns dados apresentados pelo professor Robert Salomon, da Escola de Negócios da Universidade de Nova York, ontem, em palestra no Fórum Cidadão Global, organizado pelo jornal Valor e Banco Santander, em São Paulo merecem ser melhor analisados.

Salomon afirmou que atualmente, apenas 20% do PIB global é do comércio exterior e apenas 10% dos investimentos dos investimentos mundiais são de multinacionais. (Veja matéria no Valor Online aqui)

Salomon argumenta com estes dados que o mundo seria menos global do que se imagina. Em termos da geração de riquezas em bases materiais, eu concordo. Porém, os dados podem nos oferecer uma outra leitura: a de que a maior fluidez e internacionalização acontece no capital que é o fluido dos fluidos.

O capital tem mais fluidez e isto hoje se dá basicamente via os fundos financeiros e não diretamente pelas empresas multinacionais.

Os fundos financeiros atuam em vários setores nas economias locais e nas empresas nacionais e fazem o meio campo e articulação entre as multinacionais, participação acionária e controle parcial ou total das empesas nacionais que atuam na produção das riquezas materiais nas nações.

Assim, a produção da riqueza é local, mas quando o dinheiro sobe na pirâmide do capital fixo nas bases locais para o andar de cima (capital fictício), ele também migra espacialmente se movimentando globalmente.

Assim, os dados do professor Salomon permite que compreendamos ainda mais que o peso da financeirização da economia é maior e que é ele que se globaliza e não a produção material da riqueza que é local.

Desta forma, é possível intuir uma conclusão diversa do que ele apresenta. É através dos fluxos informacionais do dinheiro que o mundo se globaliza e não pelo comércio e fluxos materiais, em que o professor Salomon sustentou sua análise e argumentações.

Talvez, seja apenas uma coincidência que um dos bancos que ajudam nesta fluidez do capital tenha sido o patrocinador do evento.

De qualquer forma, estes e outros dados levantados por quem está na nação que é o centro do sistema, nos ajuda a compreender um pouco mais dos movimentos do capitalismo contemporâneo.

PS.: Atualizado às 15:48: Para pequenos ajustes e acréscimos no texto original.

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