quinta-feira, junho 04, 2015

Entre o futebol e o petróleo as corporações e organizações transnacionais evidenciam o esgotamento de um modelo: chega de negar o óbvio!

Aqueles que me acompanham pelo blog e aqui pelo Facebook, sabem que eu ando estudando e pesquisando assuntos referentes à Economia Global e as suas reflexões com as nações e com as suas porções regionais.

De forma mais especial, minha atenção tem se voltado para as trocas comerciais entre nações e para a relação entre a circulação (porto) e petróleo e suas imbricadas questões relativas às participações do capital fictício (líquido) ou financeiro (sem cara), dos chamados fundos financeiros, em busca de lucros e acumulação.

Trata-se assim, de uma observação sobre o sistema capitalista mundial, ou sobre o sistema-mundo, como proposto pelo Immanuel Wallerstein.

Com esse olhar de investigador (em espanhol quer dizer pesquisador) tenho encontrado coincidências bastantes interessantes, para quem pouco conhecia até aqui sobre a macroeconomia e sobre a geopolítica, e assim, nada identificava sobre as ocorrências que mereciam destaques da mídia, e pareciam até então, casos isolados de assuntos diversos.

Em meio a este processo é que passei a refletir sobre a relação entre o futebol, as corporações e a política do petróleo e do setor de energia.

Aparentemente coisas e casos completamente distintos.

Porém, um olhar mais minucioso, parece nos mostrar o inverso.

Ambos os casos trazem evidências que o controle e as regulações tentadas pelos estados nacionais são insuficientes diante de organizações e corporações transnacionais que movimentam bilhões, ou até trilhões, praticamente, sem controle dos “gerentes” das nações.

O petróleo é um produto e como energia um poder com influência sobre a vida das pessoas.

O futebol uma forma de relação social. Um jogo. Uma captura do lúdico pelo deus mercado que o adotou e foi transformando-o em regras e formas, ampliando de forma inimaginável a percepção do que as pessoas estipularam como “paixão inexplicável”.

Não parece ser por acaso que o amor pelas seleções, que se ligam às nações com identidades e “paixões explicáveis” passaram a ser paulatinamente substituídas pelo marketing dos “clubes mundiais” escolhidos para ter e fazer novas acumulações.

O petróleo como commodity passou a ter os preços controlados também pelo mesmo mercado, interferindo na vida das nações e das pessoas, em grau cada vez mais superior.

A exploração do petróleo junto com o gás, ou o shale gas, passou a exigir corporações que circulam pelas nações a oferecer equipamentos tecnologicamente mais sofisticados e caros. Sua procura e a produção “offshore” demandou portos, uma imbricada e enorme quantidade de novos equipamentos e logística de apoio e novas, poderosas e interligadas corporações.

Assim, como no futebol controlado hierarquicamente pela Fifa, uma associação privada sobre um bem público como o jogo de futebol, o petróleo, passou a ser controlado por associações e oligopólios com forças descomunais.

Um e outro (o futebol e o petróleo) passaram depender da comunicação e da mídia para formulações e especulações sobre as disputas, o estímulo às concorrências, transferência de jogadores, contratos exposição, estabelecimento de preços, numa espécie de “made-price” quase sem fim.

Evidente que nenhum de nós, até aqui, nunca enxergou esta relação assim direta, embora em cada um destes campos, fizesse críticas e questionamentos mais ou menos profundos e radicais.

Porém, esta analogia segue e vai bem para além destas primeiras observações.

Ente o futebol e o petróleo são ainda possíveis ver a relação biunívoca (dependência) de ambas pelo poder. Isto não é contraditório, ao inverso é o fechamento de um conhecido ciclo.

Apesar de se colocarem de forma real acima deste e a forma como a Fifa organiza as copas do mundo (o tal padrão Fifa) impondo regras, construtores, fornecedores, preços é apenas um pequeno exemplo da forma de atuação.

Neste processo, os governos (nas três escalas) são quase que impelidos a atuar como gerentes, hierarquicamente inferiores, para obedecer ao patrão legitimado por regras que seriam universais, embora, sabidamente particulares e imorais, posto que sem concorrência. Regra até então tida como básica do capitalismo, se ela não se estabelecesse, como mais uma frequente contradição.

Com ajuda, patrocinando e escolhendo as mídias, para explorarem estes negócios (lúdico como o futebol - com as “paixões inexplicáveis” – ou, de necessidade básica - caso do petróleo e da energia) se transformaram em “esquemas” e assim, sempre fluíram por cima de todos que tentaram ameaçar o “status quo” destas duas áreas, entre outras que fazem parte do Modo de Vida Contemporâneo (MVC) de classes sociais mundo afora.

Assim, as ações das organizações nestes dois setores foram agindo sobre e independente das nações, sobre as regiões e territórios, onde as pessoas são partes destas relações, complexas e imbricadas.

Estas organizações passaram a ter um poder inimaginável e ao mesmo tempo e paradoxalmente se evidenciaram completamente frágeis e até mesquinhas, diante do que passamos a conhecer com os fatos até aqui divulgados, mesmo que também seletivamente, sobre as delações premiadas no caso do futebol pelo FBI, num processo que o Brasil parece ter ajudado a fazer escola, com o caso da Justiça do Paraná e as apurações dos desvios dos negócios de petróleo na Petrobras.

Diante de tudo isto há uma sensação de impotência, de incredulidade. Ficou devassada e de forma aparentemente definitiva, a incapacidade de regulação e de controle sobre processos tão poderosos que agem sobre o macro e sobre as nossas vidas.

São setores oligopolizados com controles exclusivos das corporações do tipo da Nike, Chevron, Adidas, Esso, etc. que parecem como uma das pontas ligadas pelas mídias (das agências internacionais de notícias: AFP, Reuters, etc. e pelas grandes redes de TV: NBC, CNN, Globo, etc.).

Estas com auxílio de empresas offshore instaladas em paraísos fiscais, praticam tráfico (ou Traffic) de influência, entre o quê divulgar e quem divulgar, sonegação de impostos e muitos outros variados esquemas que poderiam caber tal e qual, nos tanques dos grandes navios petroleiros, como as notícias de abertura dos telejornais, ou das redes de jornalismo 24 horas.

Sim, ao analisar toda essa relação corre-se o risco de se escorregar em teorias conspiratórias, mas este poderia ser um erro menor do que se evitar a leitura totalizante para este fenômeno, mais que contemporâneo, diria que pós-moderno, e aparentemente próximo do esgarçamento.

Em meio a tudo isso, pode ser só coincidência que importantes competições esportivas mundiais, controladas por estas frágeis e poderosas organizações intercontinentais, tenham circulado ou estejam previstas para a Rússia, Qatar, Brasil, China, EUA, Inglaterra, com poderes econômicos ou reservas imensas.

Fato é que são setores que transcenderam às nações. Estas não são e nunca foram as maravilhas em termos de organização social e do território. Porém, o discurso de hegemonia, competência, incorruptibilidade desta corporações e organizações foram aos olhos de todos, desfeitas mesmo que paulatinamente.

É verdade que já se percebe um esforço em se mostrar formas de correção, daquilo que parece incorrigível porque a contradição está presente da gênese ou natureza do esquema, chamado de negócio.

Muitos estão sendo e ainda serão jogados ao mar. Porém, o rei está nu.

As corporações e a organizações mundiais não têm compromissos com o território, com identidades, com eleitores, com representação ou algo do tipo.

Possuem, apenas interesses, interesses & interesses.

Nem com muito esforço, twitadas, facebookadas, blogadas, linhas de impressos ou tempo dos telejornais, poderão dar conta de aplacar a leitura que se passou a ter da realidade destes dois setores e de suas formas de atuação.

Não vejo como possível a construção de algo diverso disto, em favor da sociedade e da igualdade e solidariedade, sem que um diagnóstico deste fenômeno seja compreendido em toda a sua extensão e complexidade que esta realidade acabou por evidenciar.

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