segunda-feira, junho 30, 2014

Escolha de vice do PSDB retoma política do café com leite?

A escolha anunciada há pouco pelo PSDB de que o Aloysio Nunes será seu candidato a vice evidencia duas questões: a primeira é ver as dificuldades que o PSDB tem para ampliar o leque de alianças partidárias e de sair do eixo Sudeste; a segunda e mais interessante é a que permite relacionar no tempo histórico à retomada da "Política Café com Leite" da República Oligárquica, do final do século XIX até 1930, quando é superado pela Era Vargas.

Antes que os tucanos reclamem, evidente que hoje ninguém está aqui dizendo que temos oligarquias como há de um século atrás, mas, mesmo na realidade presente, é interessante observar como se dá preponderância do poder político regional no Brasil contemporâneo.

O PT também tem um forte viés paulo-centrista, mas, com a Dilma isto se altera um pouco, tanto no movimento em direção ao sul, como em direção às novas lideranças em outras regiões. O PSDB aparentemente ganharia mais com um nome do Nordeste como fez em 1994 FHC.

Porém, o mais interessante é observar o processo histórico e seus desdobramentos. A política café com leite foi superada com uma nova articulação vinda do sul com Vargas, só superada pela pressão lacerdista contra Vargas em 1954, que depois é culminada com o golpe dos limitares em 1964.

Depois do ciclo militar, com os acidentes de intervalo de dois nordestinos no poder com Sarney e Collor, São Paulo reata o poder com FHC em aliança com a elite econômica e o setor financeiro, gerado a partir do Plano Real no período Itamar.

Lula vem em seguida, também de São Paulo com base originada do trabalho, mas, sem romper o acordo com a elite econômica e financeira. O processos que se sucedem são diversos e guarda relações com as preocupações de bem-estar social da era varguista e assim, por coincidência, se relaciona ao Sul, origem da Dilma.

O olhar de ciclos longos não apenas para analisar os processos econômicos, mas também os políticos sugeriu Fernando Braudel, parece interessante para observar o cenário atual, que é distinto, como já disse de um século atrás.

Resta aguardar que continuemos a avançar, sem contudo acreditar na visão evolucionista gradual, quando na verdade o que se tem no sistema capitalista nacional, ou na concepção de sistema-mundo, são os ciclos históricos com ascensos e descensos.

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