domingo, junho 23, 2013

Opinião e posição dos jovens brasileiros: surpresas?!

Em meio aos compromissos profissionais e pessoais, eu tenho dedicado um bom tempo a conversar com pessoas que estão envolvidas com as manifestações, outras que possuem experiência e uma análise da política que considero importante, para ajudar a entender o momento presente e, especialmente, lido muito, tudo enquanto é opinião e análises de diferentes tendências, especialidades e abordagem no campo político. Obviamente, com exceção daquilo que reproduz opiniões e posições que são ou beiram o fascismo.

Neste processo, eu me deparei com uma matéria no Valor do final de semana (já o jornal não que sai aos sábados e domingos) do jornalista Cristian Klein. A reportagem traz à cena, uma pesquisa feita com jovens entre 18 e 30 anos feita, no recente mês de maio, pelo Instituto DataPopular, em cem cidades brasileiras.

Interessante que, no atual momento, há várias pesquisas sendo feitas e anunciadas para tentar expor exatamente, o que pensa, a maioria dos jovens manifestantes, muitas delas com perguntas e intenções para lá de capciosas (algumas inclusive já denunciadas fortemente na internet).

O universo da pesquisa do DataPopular foi com 1.202 pessoas e como já dito, com idade entre 18 e 30 anos. Um número razoável considerado, as pesquisas nacionais de opinião que conhecemos. O blog não conseguiu identificar maiores informações sobre quais seriam cem cidades, mas, imagina que sejam capitais e cidades de porte médio, repartidas pelas várias regiões brasileiras.

Uma primeira observação é o título da matéria no jornal: "Emprego formal elevou cobranças". O subtítulo: "Movimento Social - Pesquisa mostra que alta na taxa de trabalhadores de carteira assinada aumentou a exigência". Bom, entre os gráficos apresentados (é possível existir outros dados na pesquisa completa) não há indicadores ou evidências para isto, embora haja muitos dados interessantes, como se pode ver nos cinco infográficos apresentados:


































Há muita coisa interessante nesta pesquisa e também na reportagem. Insisto em outra observação sobre a reportagem. O título do infográfico como pode ser visto acima é: "A cabela da juventude". O subtítulo: "Avaliação do transporte público não é a pior, e maioria ainda confia no poder do voto". Este infográfico foi retirado da edição digital do jornal. Já, se pegarmos, a mesma edição impressa do jornal, tanto título como subtítulo são outros e diversos. Respectivamente são: "Rebeldes, mas, nem tanto"; "Pesquisa mostra que 65% dos jovens acreditam que voto pode melhorar política".

Há aí pontos de análise que merecem aprofundamento. Não é difícil perceber que o gráfico exposto é a última versão já que essa é a que, ainda hoje, está na versão digital do site do jornal na internet. Assim sendo, a versão que foi para a edição impressa (que teoricamente seria a mesma), foi adiante, refeita, por razões a serem indagadas.

A identificação da divergência dos títulos e subtítulos dos infográficos na versão digital e impressa não tira o mérito da reportagem e da pesquisa. A pesquisa feita, num momento, imediatamente anterior às manifestações que foram basicamente de jovens, o mesmo do perfil da pesquisa, traz dados interessantes de serem analisados e depois (se for caso) comparados com outros, que estão sendo (ou serão) divulgados e não necessariamente para entender o fenômeno, mas, possivelmente, para criar versões que interessam aos grupos de interesse, na sociedade, como já é conhecido.

Além da questão já citada da falta de evidências nos gráficos da relação destas opiniões/posições com o trabalho formal, o fato de que 65% "concordar que o voto pode melhorar a política" leva ao questionamento  sobre a crise que se aponta, para o sistema de representação política com o executivo e legislativo, nas três esferas de governo. Apenas 21% discordaram desta afirmação, enquanto, outros 14% disseram não ter opinião. Logo, se tirarmos estes que não tiveram opinião, o percentual dos que acreditam no sistema de representação vai para 75%, ou 3/4 do total.

Confesso que a meu juízo, este indicador é muito forte. Se de um lado, pode caber questionamentos sobre a amostragem, de outro, ele é um elemento, bastante diferente de quase tudo que vem sendo dito e que merece discussões e debates.

Outro ponto a seguir, que merece análise profunda é o fato de que a Educação recebeu a melhor nota 5,24 (num universo de dez), ou seja, seria a única aprovada (isto pelas médias usuais de aprovação em escola para a escala de 0-10) e está melhor situada que Transporte com 4,38, Saúde com 4,05 e Segurança com 3,94..

Aqui cabe uma observação do coordenador da pesquisa, Renato Meirelles do DataPopular de que o Transporte é o único, entre os quatro serviços públicos listados como opção que não é gratuito, e que poderia, por isto mesmo gerar mais questionamentos, pelo fato do cidadão-usuário retirar o dinheiro do bolso diretamente (e não através de impostos) para pagár.

A observação é interessante, mas, induz e provoca inúmeras outras observações que merecem ser depois, e mais, discutidas, inclusive, sob o ponto de vista, da principal demanda do MPL (Movimento do Passe Livre) deste serviço público, da mesma forma que ocorre com educação e saúde, ser gratuita, ou mais barata, para os que podem menos em detrimento dos de maior renda. Porém, vamos deixar este debate para os comentaristas e debatedores, que podem inclusive considerar o gráfico da quantidade usos do transporte público por semana.

Os dois outros gráficos que reproduzem opinião/posição dos jovens brasileiros, são também super interessantes e instigantes: No item credibilidade das instituições, a melhor pontuada é a Presidência da República, apenas 35% não confiam, na frente da Justiça que é desacreditada por 59%. Sim, quase 2/3 da população de jovens brasileiros. O maior descrédito, aí não há novidade são dos parlamentares, desacreditados por 75%, ou 3/4 dos jovens. Há muitas leituras a serem feitas aí.

Para não esticar demais, o quinto gráfico expressa a opinião na esfera de vida do jovem entrevistado sobre a visão de mundo que ele possui. Ali fica evidenciado, com 53% pela opção "Meu próprio esforço" a meu juízo, uma avaliação individualizada do seu modo de vida em nossa sociedade, onde, o jovem identifica, aquilo que é o principal ideário do liberalismo do cidadão se fazer por si próprio e do resultado depender do seu esforço pessoal e não (ou também) das condições oferecidas pela sociedade e pelos governos.

De certa forma, este dado se digladia com o primeiro que afirmou que 65% disse que o voto pode melhorar a política. A segunda opção escolhida, de que o principal fator que contribui para a vida melhorar, depois do próprio esforço que teve 53%, foi com 31% Deus.

Evidente que aí está refletida a religiosidade dos jovens brasileiros e como isto reflete na visão de mundo, do poder e e até da política. Interessante observar que só em 3º lugar vem a família (que seria o seu primeiro e mais próximo universo coletivo) com apenas 11%. Só a seguir com  desprezíveis 2% o Governo.

É fato que há incongruência nas opiniões, mas, isto pode gerar questionamentos nas amostragens, mas, também pode evidenciar as confusões de pautas, interesses e opiniões que ainda marcam o debate sobre as manifestações de rua e das mudanças políticas que elas podem e devem gerar na condução da política, no plano local, a mais perto do cidadão, na esfera estadual e também nacional.

Espero que a reflexão, que acabou se estendendo mais do que o pretendido, gere discussões e debates que profundem o assunto, para além de algumas repetições que estamos vendo.

Imagino ainda que os dados desta pesquisa sirvam também para confrontar os resultados de pesquisas mais recentes que tentarão nos impor "verdades" que podem ser questionadas como estes próprios dados.

Um comentário:

Unknown disse...

Nao entendo o porque? Vendo tantas coisas acontecendo no Brasil, eu em casa. Cheio de vontade de se manifesta de maneira pacifica. Ainda mais, sabendo q daqui alguns anos, nossos filhos , q iram estudar sobre este movimento HISTÓRICO... Gerado pelo povo brasileiro a respeito do lema de nossa bandeira nacional ! Que intitula em seu centro "Ordem e Progresso" Mas , nossos respectivos representantes nao agem diante deste lema.
Visivelmente na lei constituida pelo congresso " Pec 37": Medida que retira do Ministério Público a atribuição de realizar investigações criminais. Esta lei engigantecer o sistema marfiosos de brasília. Os proprios corruptos julgando os corruptos. E como a corrupção esta na mesma panelinha , quem irá cair de dentro de brasília?
Isto , declarado como desordem brasileira um ladrão julgando outro. Além do mais, progresso e quando nós enxergamos nosso erro e procuramos corrigi-lo . Desta , forma alguém tem q enxergar e , infelizmente nao foram nossos representantes mais a maioria do povo brasileiro: portanto nosso pais já anda a muito tempo errado.
Hoje nossos representantes são aqueles querem um algo melhor para a nossa sociedade. A manifestação pacifica nao e só para abaixar as passagem , mais é um conflito para gera ordem em nosso país , q respectivamente depois deste fato iremos pensar em progresso...