sexta-feira, junho 14, 2013

As metrópoles pedem socorro!

É evidente que o aumento das passagens é o estopim, mas, o motivo das manifestações, já chamada de Revolta do Vinagre, é a tensão das metrópoles, onde a desigualdade, os problemas recorrentes são até abrandados, mas, não enfrentados.

Com o emprego mantido na economia aquecida, diferente da Europa, o transporte público que leva e traz ao ambiente de trabalho, passou a ser ícone do sofrimento diário que tira tempo da família, do lazer e dos estudos dos cidadãos metropolitanos.

O trabalhador sofre diariamente, com a pouca eficiência do transporte, em quantidade e qualidade, frequência e trajetos inaceitáveis, e assim aos trancos e barrancos, em longas horas e de forma penosa, apertados, em pé e por vias congestionadas o trabalhador clama por soluções.

Pode até não ir às manifestação, mas, é solidário e diz, que não é possível continuar do jeito que vai. Arrumam dinheiro para outras soluções, então é preciso avançar na qualidade do transporte das nossas metrópoles adensadas.

É verdade que o transporte não traduz todos os problemas que passam ainda pela habitação, saneamento, atendimento de saúde, mais e melhor educação.

Hoje na Rocinha, um morador ao presentear a presidenta com um retrato desenhado em tela, pediu mais, queria uma galeria de artes na Rocinha.

A gente não quer só comida, diversão e arte dizia o poeta.

O pior dos caminhos para os representantes do povo é se fechar em copas e palácios, sem ouvir o clamor das ruas.

Criminalizar o movimento é um equívoco grave. Considerá-lo político não o desconsidera, ao contrário facilita a construção de mediações que são necessárias, porque a questão do transporte público e é hoje símbolo maior das nossas complexas e tensas metrópoles.

Seus problemas, pela complexidade e interesses, são difíceis de serem solucionados, mas, possíveis de serem enfrentados, mesmo que gradualmente, com diálogo e com uma agenda que floresce das ruas e não daqueles que têm interesses e demandas que importantes (até porque as chamadas deseconomias urbanas atingem também o setor produtivo), mas não prioritários, quanto o direito de ir e vir do trabalhador e dos moradores de nossas metrópoles.

Não se iludam, as redes digitais proclamam a força dos que estão na luta, nas ruas, mas, elas também trazem em suas expressões a opinião e a posição de muitos.

Transporte de qualidade a preços justos!

Políticas Públicas prioritárias para a população que mais precisa delas!

2 comentários:

Renato C. A. Siqueira disse...

Roberto,

diante do cenário das grandes cidades, a crise do transporte público urbano, não terá solução satisfatória, se for visto apenas pelo prisma do(s) sistema(s) de transporte, mesmo considerando as diversas modalidades. Digo isso, com base no equívoco urbano, desde as cidades renascentistas, em ampliarem os seus limites territoriais, desconsiderando a infra-estrutura e a ocupação dos vazios urbanos existentes, sem considerarem o homem e sua necessidade à qualidade de vida(gráfico dos três oitos). Penso que, enquanto não se discutir, também, novas centralidades essa equação não "fecha", pensar principalmente quando se gasta mais tempo no deslocamento do que de descanso, por exemplo.

Anônimo disse...

Perfeito, Roberto. Perfeito, eu só faria uma ressalva na questão da politização. Não da política baseada na contestação aos absurdos feitas a partir de estudantes e a grande população, mas a política oportunista que conduzem as massas que tem os problemas reais, num momento pré eventos e pré eleições. Não entendo porque esses movimentos não ocorreram a mais tempo, já que o transporte público é terrível, e a saúde ..e a educação...há muito tempo, se agravando constantemente..mas viva o exercício do contraditório.