sábado, junho 22, 2013

Questão urbana & novas mídias

O debate e a análise política das manifestações no país prosseguem e necessitamos de mais elementos para o seu aprofundamento.

Até para contribuir com o elemento da análise política, duas outras questões me parecem substanciais para se compreender todo o fato e/ou seu fenômeno: a crise das cidades (não apenas as metrópoles) e o instrumento tecnológico de comunicação das novas mídias de comunicação.

São muitos os autores e especialistas que tratam destas questões. De vez em quando trazemos ao blog reflexões sobre elas, mas, é evidente, que agora, ambas ganham um maior realce.

Sobre o primeiro tema sobre a questão da reforma urbana que me parece, mais importante e significativa, a vale iniciar aqui neste link com um texto do Observatório das Metrópoles, passado ao blogueiro pela professora Margarida Mussa Tavares Gomes, que me parece interessante de ser lida. É um texto analítico e um pouco mais profundo e denso sobre o tema:

Abaixo o blog disponibiliza dois flashs de duas diferentes entrevistas, no caderno Eu & Fim de Semana do Valor, elas abordam respectivamente o primeiro tema (Questão Urbana & Mobilidade) e o segundo (Mídia social e transformação política):

Ambas as entrevistas são do jornalista Viana de Oliveira.

A primeira entrevista: “Oportunidade para pensar as cidades”. (Eu preferia: Oportunidade para reformar as cidades):

Maria Encarnação Sposito, professora livre-docente de geografia urbana na Universidade Estadual Paulista (Unesp), entende que as manifestações do Movimento Passe Livre mostram a necessidade de um debate sobre a função social das cidades. Embora tenham ocorrido melhorias na renda de boa parte da população, com mais pessoas tendo acesso a bens - automóveis e eletrônicos - e ao crédito para compra da casa própria, há, ao mesmo tempo, uma piora das condições espaciais e de mobilidade.
Valor: Os protestos jogam luz à discussão sobre como estão estruturadas as cidades?
Maria Encarnação Sposito: Eu acho que esse movimento fez emergir na sociedade essa carência de um debate muito maior sobre quais são as lógicas que orientam a produção do espaço urbano e como elas vêm se aprofundando no período atual. São lógicas cada vez mais comandadas pela dimensão econômica e cada vez menos preocupadas com a dimensão social que a cidade precisa e deve exercer.
Valor: Como isso se evidencia?
Encarnação: A evidência mais forte do aprofundamento do papel econômico da cidade em detrimento ao seu papel social é a contradição que vivemos hoje. Estamos em um período em que a economia do país vai bem, há efetiva melhoria do poder aquisitivo das pessoas, do emprego, e há ampliação do crédito para casa própria. São fatores positivos para inclusão de segmentos da população que estavam fora das possibilidades de participar do mercado 20 anos atrás. Mas essa mesma lógica torna a cidade tão mais cara que há melhorias econômicas da maior parte das famílias, mas ela vem acompanhada de um piora das suas condições espaciais. Ou seja, eventualmente, podem até ter acesso a uma moradia, mas essa moradia está mais distante do centro. E ela pode significar outros custos em função disso. As periferias das cidades, em alguns casos, estão se afastam espacialmente ainda mais do centro.
Valor: Esses protestos dizem respeito ao direito à cidade?
Encarnação: As pessoas têm, em tese, direito à cidade pela legislação, mas esse direito depende de condições efetivas no cotidiano de se ter acesso a ela. Esse acesso, em grande parte, está dificultado pelas condições de mobilidade. Não que as pessoas cheguem a ter consciência de que não têm acesso à cidade e farão um protesto por causa disso. Hoje, no entanto, o movimento não é mais só sobre o transporte. Ele acontece em cidades em que não há aumento da tarifa ou onde o problema do transporte não ocupa a questão central. A partir dele emergiu essa série de manifestações. E isso acontece pela contradição entre situação econômica positiva e situação espacial negativa.
Valor: A senhora costuma utilizar o termo "fragmentação urbana"...
Encarnação: A fragmentação é quando não há mais espaços de uso de todas as classes sociais numa cidade. Claro que isso sempre é exagerado, porque há circunstâncias em que diferentes classes se unem num espaço público. Mas hoje há uma diminuição das possibilidades desse encontro. E isso é ruim porque significa que a cidade de quem anda de automóvel é uma e a cidade de quem anda de transporte coletivo, outra. Existem várias cidades.
Valor: O sistema de transporte é reflexo desse "modelo"?
Encarnação: Ele é duas coisas: reflexo e condição. O transporte coletivo ainda funciona segundo uma lógica do tipo centro-periferia, em que a articulação do sistema se dá no centro principal da cidade. Em uma metrópole como São Paulo, o sistema é em grande parte radial. O ônibus sai do bairro para o centro ou ele sai de bairro para outro bairro, passando pelo centro. Enquanto a cidade é multicêntrica: há muitos centros. Uma Avenida Paulista é um centro; um shopping center é um centro. Enfim, há muitas áreas de concentração de atividades. O carro vai aonde se quer, mas o transporte público não. Quem usa o coletivo está refém do desenho do sistema e depende do centro, porque é até lá que os ônibus vão. Mas para quem está de carro, é possível fazer escolhas com maior liberdade. Então, é uma cidade que separa.

A segunda entrevista é:Mídia social e transformação política

Em 2002, o crítico cultural e especialista em mídias digitais Howard Rheingold escreveu que as "multidões espertas" seriam a "próxima revolução social". No campo político, a Primavera Árabe chegou a ser conhecida como "revolução do Twitter". Hoje, quando o Brasil vai às ruas graças, em parte, a manifestações convocadas pela internet, Rheingold adverte: uma coisa é incentivar protestos, outra bem diferente, e mais difícil, é iniciar transformações políticas.
Seu último livro, publicado no ano passado, chama-se "Net Smart" e defende que os cidadãos percebam o quanto a tecnologia digital que têm disponível na palma da mão oferece possibilidades muito maiores do que o entretenimento e mesmo os protestos. Para Rheingold, o essencial é expandir a alfabetização digital, isto é, o conhecimento sobre as possibilidades de uso da tecnologia.
Valor: As tecnologias digitais tiveram um papel importante em 2011. No ano passado, a onda refluiu, para voltar neste ano. Como é a dinâmica do ativismo digital?
Howard Rheingold: Meu livro sobre isso, "Smart Mobs", saiu em 2002. A mídia social levou tanto tempo para gerar movimentos de impacto político por causa do tempo que leva para as pessoas aprenderem a usar a tecnologia, ver as possibilidades, criar as redes. É a alfabetização digital. Mas é preciso separar as demandas políticas do papel das redes sociais. À medida que as pessoas têm acesso às tecnologias, veem o que podem fazer. O maior efeito é eliminar as barreiras à ação coletiva. Se as pessoas podem se comunicar diretamente, em tempo real, por um vasto território, erguer-se é mais fácil.
Valor: No ano passado, pareceu que essa possibilidade tinha se frustrado.
Rheingold: Sem entrar na política, esses casos são uma mensagem importante para quem se mobiliza agora. As mídias sociais são um instrumento muito vivo, para a manifestação de curto prazo. Mas há uma enorme diferença entre isso e construir um movimento político duradouro. Hoje, esse é o desafio do ativismo eletrônico: não só mobilizar a opinião pública, mas conduzir à ação política sofisticada e organizada. Não que seja impossível, mas o assunto não se encerra no êxtase das ruas.
Valor: Uma crítica recorrente aos movimentos é que não têm propostas concretas.
Rheingold: Para conseguir o apoio de uma parte significativa da população, abraça-se a insatisfação e o sentimento difuso das demandas. Nas ruas, o que aparece é a multiplicidade da ideias. Construir algo concreto é outra história.
Valor: Cartazes na passeata anunciavam "saímos do Facebook". O on-line e o off-line são contraditórios?
Rheingold: A contradição reside no fato de que é fácil estar on-line. Ao sair à rua, você põe seu corpo em risco. Estive na Turquia há três anos e soube que é um dos países com maior número de usuários no Facebook. Não são fatos completamente isolados, mas estar na mídia social não garante a mobilização das últimas semanas, nem a disposição de brigar com a polícia.

11 comentários:

[m_] disse...

Esse momento está sendo especialmente importante para entender as inter-relações cidade/sociedade/ tecnologia, não é?
Vamos seguindo e tentando compreender o que está acontecendo!
Bjs

Roberto Moraes disse...

Sim Margarida,

Mais que entender, tentar ajudar nas transformações e no aprofundamento das reformas.

Seguindo em frente!

Roberto Moraes disse...

O futuro não está dado. Ele está aí para ser construído no presente, juntando o aprendizado do passado e do processo histórico.

douglas da mata disse...

Reconheço (ainda mais após a experiência de ontem) as incríveis possibilidades dos meios (tecnologias), mas o que me preocupa é esta fetichização, que não raro é um sentimento que proporciona que os guetos fiquem cada vez mais distantes e polarizados entre si, em uma atomização social perniciosa e desagregadora.

Como já disse antes, o advento do telefone e do telégrafo não mudaram o sentido da luta de classes que havia na época das comunicações postais.

Não há de se ter agendas que se encaixem em formatos pré-estabelecidos por estas plataformas, mas ao contrário, impor que sejam apenas ferramentas (como são) que estejam subordinadas a política.

Esta fetichização perigosa é tudo o que o capital e seus donos desejam para nos incorporar e diluir.

Um bom exemplo é o caráter anarco-fascista das manifestações, onde os grupo mais progressistas começam a questionar o movimento de onda que os traga a partir desta hiper-conectividade, fazendo o caminho de volta para as formas tradicionais de interlocução!

Mas o debate é permanente...

NATALIA GOMES disse...

Douglas, o povo ainda suportou muito tempo(anos),sem protestar. Essa politicazinha, de mata-fome(cheque cidadão e outras políticas assistenciaçlista),não está resolvendo a situação. Agora finalmente,todos se juntaram e tomaram coragem, e deu no que deu.

Penso que falar,tirar conclusões alheias, é muito fácil; Difícil é, no dia a dia, experimentar e vivenciar situações de total falta de apoio dos governantes, as condições de vida, que muitas pessoas nos grandes centros urbanos, levam.
Acordar 4horas, da manhã, pegar 3 ou 4 conduções, com ônibus e metrô cheios, para ter que chegar ao trabalho, ou a escola, ou faculdade,às 7 ou 8 horas, da manhã, são coisas que vc, meu caro Douglas, não está enfrentando agora, e, talvez nunca tenha enfrentado. E ainda por cima, pagando preço absurdo pelas passagens, enriquecendo empresários e talvez alguns políticos que, levam propina, para autorizarem aumento nas passagens de transporte urbano, caras.

Pois é, a reflexão é essa. Além do mais a maioria, ganhando uma mixórdia(merreca) de salário e tendo que arcar com uma carga tributária gigantesca, tendo de retorno, um serviço de saúde precário, e serviço público de educação, de péssima qualidade. Esse é, o quadro que vivemos. Por isso que estamos indo a luta.

Se deixarmos como as coisa estão acontecendo, o Brasil de amanhã, certamente será pior ainda.E então, de que adiantará nosso trabalho, nosso sacrifício do dia a dia, por um Brasil melhor, para nós e para as gerações futuras.

Anônimo disse...

Comentando sobra a midia "saimos do facebook , deveria os jovens ler mais e participar de política para não serem usados como massa de manobra !"inconscientemente " e serem usados pela mídia global estimulados à atenderem ao capitalismo dos grandes da grandes cria da DITADURA que estão manipulando, fazendo a pauta nos programas , novelas etc ACORDARAM O GIGANTE PRA INTERESSES CAPITALISTAS DA MÍDIA NADA DEMOCRÁTICA " LOBO COM PELE DE CORDEIRO"

SAIAM DO FACE E VÃO LER, LER... E PARTICIPAR DE DIÁLOGO COM A FAMÍLIA E O GOVERNO, JOVENS! E NÃO SEJAM "ZUMBIS" ( DIRECIONADOS PELO PIG E PROGRAMAS TELEVISIVOS, PAUTADOS NA DESESTABILIZAÇÃO DA DEMOCRACIA ) PARTICIPEM COM SOLUÇÕES, DIÁLOGO!








douglas da mata disse...

Natália, antes de mais nada, vá a merda. Não sabe nada de minha vida ou de minha experiência política para fazer julgamentos.

Não reconheço em você tal capacidade, pois, como eu disse, não a conheço, e não há nos seus grunhidos (que você chama de argumentos) nada mais que a replicação dos chavões de sempre.

Se necessidade levasse o povo as ruas em protesto, ffhhcc teria sido deposto e sua carne esquartejada e pendurada nos quatro pontos do plano piloto!

Sua limitação no entendimento das múltiplas faces da realidade é assustadora!

Por outro lado, para piorar, você é mentirosa e mal informada.

Vejamos:

A renda dos salários sobre a renda nacional cresceu de forma significativa em 10 anos.

A situação econômica dos trabalhadores é a melhor em 500 anos.

Ficamos 40 anos sem investimentos nas estruturas públicas de transporte, em logística, indústria arrasada pelo populismo cambial do real(=um dólar) para segurar eleição de ffhhcc, e você vem me cobrar que 10 anos deem conta de mudar tudo ao mesmo tempo agora?

O salário mínimo é o maior da história.

O menor juro real da História (2%) e o menor valor de juros sobre o PIB (4.7%).

Nossa carga tributária não é excessiva, é injusta: aqui rico para menos imposto que o pobre.

Não há país com nosso PIB com carga tributária tão baixa (34% sobre o PIB).

Todos os países da Europa têm taxas altíssimas, e por isto têm serviços públicos tão bons.

E não o contrário, como supõem idiotas como vocês, que é possível melhorar antes para justificar o pagamento depois.

Na Inglaterra, quem ganha algo em torno de 100 mil (de reais) por ano paga 40% de imposto de renda, aqui é 27,5%.

Na França, quem ganha acima de 300 mil reais, para 75%, eu disse, 75%.

Vá onde quiser, a luta, ao inferno, enfim, só não tente me dar lição sobre aquilo que você não tem a mínima ideia.

Vá te catar!

NATALIA GOMES disse...

Infelizmente vc, é mal educado, Douglas, e sempre, percebo que vc, se apresenta sempre, como o dono da verdade absoluta. Se acha bastante politizado, mais inteligente, culto, talvez até seja, mas, os que sofrem na carne, os sacrifícios da vida, como eu, sabem dar valor, aos problemas e as conquistas, alcançadas.
Não vou, baixar o nível, e, me rebaixar discutindo baixarias com vc. Entretanto não se esqueça, de que o governo federal atual, é do PT. Por favor não fuja, ao debate, querendo voltar no tempo, falando de fhc. Não sou museu,eu vivo o presente e não do passado.
Todos que manifestaram estão lutando pelo presente, o passado já foi e os políticos que erraram no passado,como fhc pagaram com a derrota política, nas urnas. Mas agora quem é governo é o seu PT.

Não sou partidário de fhc, mas já votei nessa corja do PT. Entretanto, nunca mais, pretendo cometer esse erro.
Ano que vem, teremos eleições majoritárias e aí veremos o que vai acontecer. Porém a popularidade da Dilma, caiu muito, hein.

Anônimo disse...

Porque não comparar a nossa carga tribuária com a carga tributária de outros países desenvolvidos?
A carga dos Estados Unidos, Coreia, Japão, Austrália são menores.
A nossa dívida bruta e muito alta, beira 59,9% que incide altas taxas de juros. A dívida líquida é mascarada pela nossa contabilidade criativa.
A nossa estrutura tributária é atrasada, complexa e afeta mais o consumo, empobrecendo a população não permitindo a formação de poupança privada, afetando por tabela a capacidade de investimento.

douglas da mata disse...

Natália, pobre idiota, o que difere os seres humanos pensantes de meros autômatos como você são frases:

"Vivo o presente, não sou museu..."

Ora, seu discurso está impregnado de referências ideológicas que se situam justamente neste passado que você pretende afastar.

Debate político é a possibilidade de análise comparativa com as experiências já vividas, e não com que não se sabe que virá.

Então, por que não analisa o passado, vamos correr o risco de não aprendermos com o que nos ensinou o Holocausto?

Não sou o dono da verdade, sou o dono da "minha verdade", que sempre estará em debate, e submetida a argumentos de "outras verdades".

Infelizmente(ou felizmente) você não tem a menor chance de me ensinar NADA!

"sofrer na carne do sacrifícios da vida"...rsrsr Então o médico tem que ter câncer para ter autoridade e legitimidade para tratá-lo, ou eu, como policial civil, terei que sofrer uma violência, ou praticar uma, para poder combatê-la?

Você é, Natália, definitivamente, um ser de baixa cognição, mas que se imagina muito esperta...não dá, filha, milhares de outros bem melhores que você já tentaram, e se deram mal...

Quanto à Dilma, eleições, popularidade, apesar da sua torcida, inclusive contra a "corja" do PT, o que eu posso dizer é: os cães (e as cadelas) ladram, e nossa caravana continua a passar...

Eu desafio a você a mostrar um indicador (um apenas) que este país esteja pior agora que antes!

Pago 100 reais por cada um que mostrar.

continua no outro comentário
..................................

douglas da mata disse...

continuação:

Ao anônimo das 11:48

Meu amigo, embora neste debate sobre carga tributária todos, inclusive eu, cedam a tentação da comparação, ela é sempre precária, porque países são como frutas, mas não dá para comparar banana com graviola.

Vamos lá:

O Japão pós-guerra é um caso singular, assim como a Coreia pós conflito de 54, pois receberam bilhões de dólares para reconstruírem suas economias dos EEUU, a fundo perdido.

Isto fez (e ainda faz) toda a diferença no processo de industrialização daqueles países, uma vez que as fontes de financiamento deste processo repercutem em todas as outras variáveis econômicas (incluída aí a estrutura de impostos), ainda assim você os cita como exemplo mas não diz qual é a carga tributária média em relação ao PIB deles, o que torna o debate desigual.

Ou seja: você afirma, mas não mostra os dados.

Sua frase: "(...)A nossa dívida bruta e muito alta, beira 59,9% que incide altas taxas de juros. A dívida líquida é mascarada pela nossa contabilidade criativa."

Não faz sentido algum. Nossa taxa de juros hoje é de 2%, descontando a inflação de 6% ao ano. Nosso volume de pagamentos de juros frente ao PIB caiu de 9, 8 para 4.7%, o que é uma queda brusca, ainda que o patamar seja mais alto.

Dívida é uma coisa, e pagamento dos serviços da dívida é outra!

Os países com processos semelhantes ao nosso (PIB, população, etc) têm nível de endividamento bem superior ao nosso, e é bom lembrar, em uma metáfora ruim, que o problema não é a dívida, mas o perfil dela:

Se uma família se endivida para comprar de um bem de capital(uma máquina para colher grãos em sua propriedade) e outra se endivida para adquirir um pacote de viagem, isto faz toda diferença.

O que determina a inibição da poupança interna não é apenas a complexidade da estrutura tributária, mas sua injustiça, que apesar de todas as suas tentativas de complexificar o problema, reside em uma constatação simples: No Brasil, rico não paga imposto, e pobre arca com todos os ônus!

Quem ganha até 3 salários compromete até 50% de sua renda pagando impostos, e a medida que a renda sobre, decresce o pagamento de impostos!

Não se trata de inibir o consumo (de forma generalizada, como disse você), mas inibir (ou sobretaxar) o consumo dos produtos destinados aos pobres.

Alterar a nossa estrutura tributária para torná-la mais humana é fundamental. É isto que os países citados por você, e tantos outros, fizeram.

Única exceção para os EEUU, que foram na contramão, e no período republicano recente até agora com Obama, passaram a nos "imitar" e taxar mais os mais pobres e aliviar os ricos, sob o estúpido argumento que riqueza gera mais riqueza...o resultado?

Concentração brutal de renda e aumento das tensões sociais...