Deve ser por isto que o blog ainda é tão procurado por quem, mesmo discordando de sua posição, ainda assim, reclama da baixa qualidade da maioria das análises dos "colonistas" econômicos da mídia comercial. O blog tem conhecimento que alguns consultores andam faturando reproduzindo as nossas análises.
Ainda assim, nós seguimos em nossa caminhada, objetivando tentar clarear algumas questões.
Uma de nossas observações é sobre o que tenho chamado de "ciclo petro-econômico", conceito que estou discutindo em diversas dimensões na academia, em debates e mesas-redondas.
Através desta análise, eu tenho procurado superar as informações soltas, fragmentadas e sem uma análise mais profunda e consistente, sobre algo que que considero importante, tanto para a realidade contemporânea, quanto para a o desenho de cenários.
Entendo que ainda há muita desinformação da maioria das pessoas, sobre a realidade do setor de óleo e gás, diante da atual crise de preços. Há algo bastante além da discussão, sobre os interesses comerciais e sobre a dimensão geopolítica das nossas reservas.
Uma destas confusões é sobre o custo de extração e o chamado “preço de equilíbrio” ou “break even”. Há três formas de se referir ao "break even":
1) Só se referindo ao custo efetivo e limpo da extração de petróleo;
2) Ou se referindo ao custo da extração mais a recuperação dos investimentos feitos com juros e correções de mercado (custos financeiros) e do pagamento dos tributos (royalties e participações especiais);
3) Ou ainda acrescentando os custos anteriores, somados aos gastos com infraestrutura e escoamento da produção, através de navios ou dutos (oleodutos e gasodutos).
Esta diferença explica a confusão que é feita quando se divulgam os custos de extração.
Eles podem ser informados a "seco", ou ampliado, como descrito com os acréscimos listados acima.
Uma outra confusão ligada à primeira, é sobre o entendimento a respeito da produtividade dos poços e campos de óleo e gás no litoral brasileiro.
Quando se fala nesta atual fase de preços baixos, se imagina que o preço de equilíbrio seria atingido através das reservas comprometidas pelos custos anteriores. Porém, este é um dos argumentos que os oportunistas usam para defender a venda das reservas do pré-sal da Petrobras.
A fase de colapso dos preços do barril de petróleo - ao contrário do que muitos pensam - ajuda a aumentar a eficiência e a produtividade, nas operações de produção nas reservas do pré-sal.
Isto se dá porque é nesta fase que se consegue reduzir os custos com os fornecedores e prestadores de serviços, em percentuais antes, no período de boom, que sequer poderiam ser cogitados.
É em função disto que a direção da Petrobras tem repetido, seguidas vezes, que os reais custos de produção no pré-sal, estão muito abaixo, daqueles estimados anteriormente, confirmando a competitividade do pré-sal, mesmo no atual cenário, adverso de preços do barril de petróleo.
Comparando a situação brasileira a de outros produtores há questões interessantes. Ao contrário do que apostou a Arábia Saudita, o nosso pré-sal, depois de um ano e meio desta fase de baixos preços no barril do petróleo, não pode mais ser considerado um “produtor marginal” (aqueles que possuem altos custos de produção).
A produção nas reservas do nosso pré-sal, em fevereiro último já equivalia a 37% de toda a produção brasileira, equivalente a 1,091 milhão de barris de óleo equivalentes (óleo + gás), sendo 873 mil barris por dia de óleo e 34,6 milhões de m³/dia de gás natural. O campo de Lula com 442 milhões de barris e 20,4 milhões de gás natural é hoje o de maior produção no país.
Assim, os poços e campos da reserva do pré-sal têm se mostrado altamente competitivos e com condições de disputar com outros grandes produtores, mesmo estando a mais de 5 km de profundidade e no mar (offshore).
Além disso, o relativo baixo tempo entre a descoberta, declaração de comercialidade e início da produção nos poços e campos do pré-sal surpreendeu até os mais otimistas.
Como tudo na vida, há um outro lado disto. Esta contenção acentuada de custos levam a práticas e procedimentos de maior risco e menor segurança no trabalho que devem ser observadas.
Os árabes também apostaram também contra o xisto (shale) americano. Neste caso, mesmo que os produtores de petróleo e gás de xisto tenham também conseguido menores custos de equipamentos e serviços, boa parte deles, já não consegue manter a produção de óleo e gás de xisto competitivo.
Assim, já começaram a interromper suas produções, mesmo que em terra, com o uso da tecnologia de faturamento hidráulico (fracking) das rochas que guardam o óleo e o gás de xisto.
Enfim, acompanhar o setor é obrigação da região que vive da Economia do Petróleo e/ou Economia dos Royalties, ou da renda do petróleo.
Desta forma, nós continuamos acompanhando.
Nos próximos dias, o blog produzirá, pelo menos mais duas postagens, sobre o tema, a partir da investigação sobre a situação brasileira.
Desta forma, nós continuamos acompanhando.
Nos próximos dias, o blog produzirá, pelo menos mais duas postagens, sobre o tema, a partir da investigação sobre a situação brasileira.
10 comentários:
Uma boa abordagem.
Mas o problema maior é que não se sabe efetivamente qual é hoje o custo de produção no pré-sal. Representa 37% da produção mas a que custo? Está gerando lucro?
Particularmente, entendo que a maior justificativa para um país possuir uma empresa estatal é a necessidade de se atuar numa área estratégica.
No caso do petróleo, acho que deva ser explorado, mesmo que momentaneamente não esteja gerando lucro. É estratégico que se produza petróleo e que se dependa menos de sua importação.
Mas entendo também que a sociedade deve saber a que custo a produção tem sido obtida.
A questão é que, estrategicamente, a importação, às vezes, seja melhor, considerando a natureza das reservas e as projeções de cenários geopolíticos futuros.
Realmente. Estrategicamente a importação às vezes é melhor.
Mas penso que é prudente já ter a capacidade de produção instalada, para que, caso necessário, não se tenha que começar do zero ou muito próximo de zero, sem contar o ganho no desenvolvimento de alta tecnologia que a atividade exige.
Mas esse é o caso da Petrobras. Por isso, a conta às vezes fica desfavorável, e os imbecis gritam que há má gestão.
É preciso manter os investimentos de forma permanente, para quando o ciclo impor a exploração, haja capacidade instalada.
E aí, o custo sobe.
O ramo do petróleo, assim como a maioria dos outros, não se restringe a variáveis como demanda e oferta, como querem nos fazer acreditar os colonistas.
O Valor, nesta quarta-feira, denuncia uma fraude que pode quebrar a Petrobras, caso os investidores processem a estatal.
A reportagem conta:
“A diretoria executiva da Petrobras sabia, já em 2014, que a rentabilidade dos seus 59 maiores principais projetos em andamento seria reduzida em US$ 45 bilhões, ou R$ 165 bilhões ao câmbio atual, frente ao esperado, por causa de projeções otimistas adotadas nos cálculos que balizaram a aprovação desses investimentos, anos antes.
A informação consta de relatórios internos, classificados com grau máximo de sigilo, e que foram encaminhados aos conselhos de administração e fiscal na semana passada.
Essa perda de rentabilidade não guardava relação com a oscilação do preço do petróleo e dizia respeito apenas à eficiência de planejamento e execução."
A diretoria executiva que encobriu essas perdas foi nomeada por Dilma Rousseff.
O PT quebrou a Petrobras. E quebrou mais de uma vez.
Segundo "jênio" da Matta em seus 53 anos de história a Petrobrás deve meio trilhão de reais da a excelente gestão.
Esse cara sabe ler balanço de empresa? Melhor, sabe ler alguma coisa?
O "jênio" que vê a Globo e reproduz a interpretação que interessa aos especuladores de mercado não largam o blog, como falei na postagem.
Pena que o quadrado mental em que se metem, não consegue ir para além dos interesses de investidores, assim, fazendo o jogo do Armínio Fraga, o empregado do mega-especulador George Soros que tanto gosta das ações da Petrobras.
A matéria do Valor está eivada de interpretações que mostram, não análises e sim interesses para negócios, especulação e ganhar dinheiro. Esta turma faz parte do grupo de pessoas que querem que a justiça americana possa interferir na empresa brasileira. O contrário, jamais seria feito por americanos agindo contra as empresas americanas.
A manchete do Valor faz parte da dimensão geopolítica que tenta aprisionar a Petrobras, para cumprir o acordo do Serra com a Chevron.
Observem que o texto da nota fala de conceitos, ciclo-petro-econômico e sobre repercussões em várias dimensões sobre as nações. As fases dos ciclos induzem a decisões diversas conforme os interesses das nações. Outros querem apenas saber dos interesses dos especuladores.
É evidente que a forma de abordagem são distintas, assim como os interesses. Deve ser por isto que a postagem produziu uma leva enorme de leitores e downloads aqui e no Facebook.
Enquanto isto o "jênio" comentarista quer falar de manchetes das matérias pagas diretamente, ou indiretamente aos consultores nas mídias comerciais.
Bom que o "jênio" que nada conhece do ciclo do petróleo, apenas de especulação, tenha se manifestado, para que o blog possa mostrar a diferença das abordagens.
Mas não vou mais perder o tempo com este tipo de pendenga: mais do mesmo. Fique lendo seu Globo, Veja e etc. O nosso tempo é precioso para trabalhos que julgo mais importante.
Fique aí conferindo as cotações das ações e ajudando na especulação como aqueles (Armínio Fraga e seu chefe George Soros) que desejam ganhos sem produção e sem trabalho.
Fui.
Bem, depois dessa enr**abada, eu vou falar mais o quê?
Se fosse para ler um esporro desses, eu preferia ser cego ou analfabeto.
Bem, eu posso supor que os diretores da Petrobras tenham mandado os sheiks do petróleo, e o comando dos EUA baixarem o preço do óleo só para frustrar expectativas e quebrar a empresa, e junto a Rússia e a Venezuela.
É isso, a diretoria da petrolífera estatal brasileira é toda de espiões americanos, junto com Dilma e a direção do PT.
Uau, a pitonisa-comentarista descobriu o que está por trás de tudo, inclusive o negão que deve estar por trás dele...
Roberto, meu filho, bater nesse pessoal é igual a empurrar bêbado da ladeira...
O blog já divulgou milhões de vezes os números de todas as petrolíferas mundiais, o montante de suas dívidas, a redução dos lucros e planos de investimentos, e todos os números que comprovam que a Petrobras sequer está entre as piores situações, a não ser pelo ataque dos abutres do mercado e seus sócios da mídia e do judiciário.
Situação aliás, que não tem paralelo em nenhum lugar do planeta, embora até o touro de WallStreet saiba que o mundo corporativo privado é um antro de corrupção (vide o subprime de 2008).
Em nenhum país se ataca empresas que influenciam a economia do país desse modo, ainda mais quando representam um fator de investimento altíssimo em tecnologia e inovação em setor tão sensível(que aliás, tornou o pré-sal possível e barato).
Os EUA vão à guerra por suas petrolíferas...matam, fraudam notícias (como as armas químicas do Iraque), explodem cidades inteiras, e aqui, guerreamos a nossa.
Só aqui, com esses boçais que dizem saber ler "balanço"...
São, como Nassif chama, os cabeças de planilha...
http://click.uol.com.br/?rf=homec-chamada-topo-modulo16-direita&pos=mod-1;topo&u=http://gizmodo.uol.com.br/experimento-petroleo-espaco/
Muito interessante.
http://www.esa.int/Our_Activities/Human_Spaceflight/Research/Sending_crude_oil_into_space_to_study_Earth_s_depths/
O link acima é da matéria completa. Ele tem mais informações sobre os porquês dos chineses e franceses estarem mandando petróleo para o espaço para estudar modelos matemáticos que ajudem e facilitem a localização e comportamentos de reservatórios de petróleo em grandes profundidades e sob intensa pressão. Como nas reservas do pré-sal.
Por aí se vê como o petróleo e o gás ainda continuam estratégico a despeito do uso maior das energias alternativas.
Obrigado a quem enviou. Acompanhemos os resultados.
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