sexta-feira, agosto 29, 2008

Desperdício e valor à vida

Duas imagens complementares A primeira eu recebi do Ralfe Nunes mostrando mais um lançamento da Motorola, dizendo: “isto é um celular. Nada mais me espanta nesta área”. A outra foi uma postagem do Gustavo Rangel em seu blog Fatos, fotos e afins mostrando a imagem de uma empresa de reciclagem de celulares nos EUA, onde, segundo ele, joga-se no lixo diariamente 426 mil celulares. Imagens da sociedade capitalista. Nela, os produtos têm ciclos de vida cada vez mais curtos, ao mesmo tempo em que, as mídias projetam estímulos de novos desejos de aquisição para a população que corre e trabalha freneticamente para comprar e depois jogar fora coisas úteis e inúteis. Em paralelo, massas de excluídos são esquecidas pelas políticas públicas. Quando muito, elas acabam atendidas por programas assistencialistas que mais servem para aplacar o sentimento de culpa de seus patrocinadores, do que contribuir para a emancipação daqueles que junto com o o ambiente vão sendo relegados à própria sorte.

4 comentários:

Quasepoesia disse...

Prezado amigo Professor Roberto
Estou aqui de SP onde vim para um curso sobre nossos prematurinhos.
Muito de acordo esta sua atual blogagem.
Fez-me recordar um video muito interessante que assisti ontem no youtube chamado A ORIGEM DAS COISAS.
Uma das coisas que mais me chamou atenção é que a função principal da publicidade é mostrar como nossa vida é ruim: não temos esse celular, nem esse apartamento, nem esse cabelo nem isso nem aquilo...
E é preciso urgentemente te-lo ne?
Recordei-me também desse poema de Drummond chamado O HOMEM


O Homem, as viagens
O homem, bicho da Terra tão pequeno chateia-se na Terra lugar de muita miséria e pouca diversão.
Faz um foguete, uma cápsula, um módulo
toca para a lua
desce cauteloso na lua
pisa na lua
planta bandeirola na lua
experimenta a lua
civiliza a lua
coloniza a lua
humaniza a lua.
Lua humanizada: tão igual à Terra.
O homem chateia-se na lua.
Vamos para Marte - ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em Marte
pisa em Marte
experimenta
coloniza
civiliza
humaniza Marte com engenho e arte.
Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro - diz o engenho
sofisticado e dócil.
Vamos a Vênus.
O homem põe o pé em Vênus
vê o visto - é isto?
idem
idem
idem
O homem funde a cuca se não for a Júpiter
proclamar a justiça junto com injustiça
repetir a fossa
repetir o inquieto
repetitório
Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira Terra-a-Terra.
O homem chega ao sol ou dá uma volta
só para te ver?
Não vê que ele inventa
roupa insiderável de viver no sol.
Põe o pé e:
Mas que chato é o sol, falso touro
espanhol domado.
Restam outros sistemas fora
do solar a colonizar.
Ao acabarem todos
só resta ao homem
(estará equipado?)
a difícil dangerosíssima viagem
de si a si mesmo:
Pôr o pé no chão
do seu coração
experimentar
colonizar
civilizar
humanizar
o homem
descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
a perene, insuspeitada alegria
de conviver.

xacal disse...

Bem que a alma cristã e caridosa do "dotô" luis poderia aproveitar, e na volta da viagem passar lá no Talavera Bruce, e fazer uma visitinha a alcione ataíde...

quem sabe um pouco de solidariedade pode trazer a "dotora" de volta ao "caminho da luz"...?

o problema é ela desviar o dinheiro, e a energia da luz ser cortada por falta de pagamento...

Gustavo Alejandro disse...

Não consegui entender a relação entre consumo de celulares e esquecidos pelas políticas públicas.
Esse post atrasa 20 anos.

Anônimo disse...

Num assalto, quem tiver um celular deste, terá mais uma opção quando o assaltante proclamar a famosa frase: ME DÁ O REDONDO.

João Claudio Silva