terça-feira, junho 26, 2012

Siderúrgica no Açu?

Existe hoje um excedente de 526 milhões de toneladas de aço no planeta, segundo a WSA (World Steel Association) que diz ainda que o Brasil é um dos destinos preferidos para “desova dessa produção”, já que em 2011, as importações de aço atingiram 8,49 milhões de toneladas, praticamente um terço do consumo no país.

A notícia acima publicada no caderno especial de Aços do jornal Valor reafirma as dificuldades do projeto da siderúrgica Ternium deslanchar, segundo projeto previsto e licenciado , no DISJB (Distrito Industrial de São João da Barrra) no Açu.

A informação de que o grupo ítalo-argentino, Techint, teria usado no início deste ano, o seu caixa de US$ 5 bilhões, que até então seria destinado para a construção da Ternium no Açu, para adquirir cerca de 20% da Usiminas, foi a primeira sinalização da mudança de rumo nas intenções do grupo que agora identifica também o excedente de produção mundial de aço, certamente decorrente da crise econômica mundial.

O terceiro grande problema é o licenciamento do projeto que prevê a construção da usina em área com mais de 1.300 hectares, com capacidade de produção de 8,4 milhões de toneladas de aço bruto por ano.

A Ceca Comissão Estadual de Controle Ambiental (Ceca) e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) haviam emitido a licença prévia (LP) para a siderúrgica em 21 de dezembro de 2011, depois ratificada por parecer do Inea em 20 de março de 2012 que já autorizava o início das obras, cuja licença de instalação (LI) foi emitida em 27 de março de 2012 pela Ceca.

Porém, no dia 31 de maio de 2012, as licenças ambientais concedidas para a siderúrgica Ternium para instalação no Complexo Industrial do Porto do Açu foram suspensas por ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público do Estado Rio de Janeiro (MPRJ). Segundo o MPRJ, o estudo não garantia a viabilidade ambiental do projeto nem o atendimento aos padrões e limites de emissão de poluente.

A área projetada para o empreendimento no DISJB continua reservada. Resta saber o que pensa sobre o assunto o líder da EBX, empresário Eike Batista, que no dia 23 de maio no Rio de Janeiro, no evento “Rio Investors Day” voltado para executivos de empresas de capital aberto, disse que “a siderurgia não é ativo que interessa. Não vou investir em siderúrgica, mas em campo de petróleo”.

Investimentos em projetos pesados e de porte como em siderurgia são de longa maturação e mais que nunca globais, por conta disto, vivem influenciados, pelos tais mercados que ora caminha num lado e depois em outra.

O fato vem reforçar a compreensão de que o Complexo do Açu vai tendendo cada vez mais para o setor de petróleo e gás e menos à mineração e siderurgia, mesmo com o deslanchar do estaleiro da OSX, que tem em carteira basicamente projetos de produção sondas, plataformas e navios FPSO voltados para a exploração petrolífera em nosso litoral.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tudo bem. Mas o mundo não vive sem aço. Mais cedo ou mais tarde o excedente acaba.
No vale do Ruhr, oeste da Alemanha, o minério de ferro é encontrado em grandes profundidades. Aqui, tropeçamos nele, sem falar do teor de hematita que ganhamos de lavada. Nesse setor o mundo terá que nos tomar à benção.
Claro, Sheike Batista por enquanto só pensa no petróleo, tal qual o JR do seriado Dallas...