segunda-feira, junho 13, 2005

Memórias de um interino que permeneceu!

Calma gente, não se trata de assunto local, não só porque as memórias daqui ainda estão vivas e talvez não haja marimbondos de fogo para contá-las, mas, também porque legalmente, mesmo que a interinidade seja longa, não há como mantê-la. Com todo o desconto que o texto merece pela mistura entre autor e personagem das suas memórias, o ex-presidente Sarney, mostra o lado humano do político, este personagem cada vez mais desvalorizado pela população. Retirei três pequenos trechos de um dos capítulos de seu livro ainda a ser publicado, mas já divulgado pela Internet daquele 1989. Veja que não há simetria entre aquele caso e a situação política daqui da nossa paróquia: “Por isso, era sincero e sedimentado o meu desejo de não tomar posse, senão em companhia de Tancredo Neves. Decididamente desejava que Ulisses o fizesse. Ele tinha a legitimidade da luta política. Durante todo o meu governo eu não consegui superar esta idéia... ... Comecei a pensar na minha vida, coisa de poeta, sem a visão objetiva do momento. A longa caminhada. Os dias da alegria mais pura, rosas desabrochando em nossa casa, os dias tristes em que as flores murcharam, os momentos de infortúnio e meu pensamento parou no meu pai... ... Minha recusa era uma fuga. Na minha cabeça estavam milhões de brasileiros olhando-me e apupando-me como o injusto beneficiário, que, por maquiavelismo, fizera tudo, rompera com o PDS e agora, ajudado pelas forças do imprevisto, arrebatava a Tancredo a glória desse dia. Eu me recusava, por que não era verdade, a enfrentar essa versão... ... Era uma injustiça comigo mesmo. Quando, hoje, escrevo este tempo, não sei como atravessei aqueles momentos...”

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