quarta-feira, julho 31, 2013

Ainda sobre o IDH dos municípios: aprofundando a análise

A divulgação do Índice de Desenvolvimento Humano dos municípios como sempre causa um saudável debate político na sociedade. Quem está fora do governo sempre acha alguma brecha para reclamar e fazer oposição.

Já quem está dentro também sempre descobre algo a ser comemorado como feito do seu governo, embora, o resultado divulgado ontem pelo Pnud-ONU, se refira ao período de gestão da década entre 2000 e 2010, porque trabalha com os dados do Censo 2010 do IBGE.

O debate é compreensível e salutar, porque remete às avaliações das políticas públicas e seus resultados na área de Educação, Saúde e Renda, o que sempre traz um aprofundamento da população sobre estas questões relacionadas ao seu cotidiano.

É menos produtivo a discussão sobre o posicionamento dos municípios nos ranking das 5.565 cidades brasileiras ou das 92 cidades fluminenses. Embora se possa ver quem subiu e desceu comprada às outras, a melhor análise é sobre a evolução do IDH da própria cidade na série histórica dos três últimos censos (1991, 2000 e 2010).

Mesmo que todas as cidades tenham melhorado nos seus índices, elas cresceram em proporções distintas, por item e por cidade e isto sim é interessante de ser abordado.

Porém, ainda mais interessante e motivo principal desta postagem é a observação de que o gestor que queira ver o seu município e sua bem população, melhor posicionada no IDH 2020, deve mesmo fazer é eliminar a miséria e reduzir ao máximo a pobreza no seu município.

A questão é ainda mais ampla e interessante.

Quer um exemplo que vale ser aprofundado e estudado: o caso do município de Bom Jesus do Itabapoana localizado aqui na vizinha região do Noroeste Fluminense que ficou com um IDH melhor que Campos, mesmo não tendo royalties do petróleo, um orçamento pequeno e uma dinâmica econômica baseado principalmente na agropecuária de pequeno porte e algum beneficiamento de alimentos.

Em resumo: vida simples, saudável, sem indústrias, mas, também sem misérias e com alto grau de vida solidária, colaborativa e cooperativa, algo bastante diferente do que alguns concebem como modernidade do tempo ágil e massacrante dos modelos urbanos industriais almejados por algumas cidades.

Este fato remete a uma investigação interessante de ser feita sobre a população de Bom Jesus do Itabapoana, do seu modo de vida, das rendas que por lá circulam e outras investigações de caráter também político, sociológico e por que não antropológico.

Interessante observar que Bom Jesus no extremo noroeste de nosso estado é vizinho do estado do Espírito Santo, também chamado de Bom Jesus, só que do Norte, apesar de estar no sul daquele estado e mais ao norte do nosso. Eles são divididos, entre aspas, por uma ponte sobre o Rio Itabapoana que em seu curso divide outras cidades fluminenses das capixabas.

Quem conhece Bom Jesus sabe que ela influencia e recebe influências daquela comunidade, e outras colonizações presentes no interior capixaba que valorizam e dão valor a este "modus vivendi", diverso do urbano, como alternativa de vida e civilização que nada tem a ver com modernidade e desenvolvimento como normalmente se tende a conceber. Ainda visitando as origens daquela comunidade se vê também sua relação com o povo mineiro de forte tradição rural.

Por fim, insisto que tudo isto merece ser analisado, também para outros municípios. Até por isto, o uso do indicador IDH, que foi pensado inicialmente pelo indiano Amartya Sen, prêmio nobel de Economia, que propôs uma fora diferente de medir o "desenvolvimento" de um país que superasse a visão exclusivamente economicista da aferição do crescimento econômico pelo PIB (Produto Interno Bruto).

Mais adiante, a ONU, através do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) passou a sugerir a utilização deste indicador para aferir o desenvolvimento de regiões e/ou cidades dentro de um país.

Porém, é provável que não tenham imaginado este resultado complementar de colocar em debate o estilo de vida e a necessidade de se reduzir as desigualdades, o que é extremamente positivo e salutar para o debate político e comunitário.

Pensemos nestas questões para além de saber e diagnosticar porque Bom Jesus está na frente de Campos e de todas as demais cidades da região Norte Fluminense, com exceção de Macaé, a base do petróleo, meca do setor petróleo.

Macaé fica na frente no IDH, mesmo ostentando imensa disparidade entre ricos e pobres. Interessante observar que Macaé deve te ricos mais ricos, mesmo com muitos pobres e miseráveis, enquanto Bom Jesus está bem na fita do IDH, porque embora sem ricos, deve possuir miséria, pobres e pessoas de hábitos simples e um custo de vida imensamente menor. Ou seja, com os mesmos rendimentos tende a se viver diferente em um ou outro lugar.

Se a você enquanto cidadão fosse dado o direito de escolher, qual o modelo de cidade você optaria em viver? Sei que as respostas variarão conforme a idade, profissão, renda, patrimônio, etc., mas a pergunta tem o objetivo de fazer você refletir sobre sua cidade e seu modo de viver.

Antes de concluir este post que pretendia apenas levantar uma simples questão o blog vai listar alguns dados básicos sobre o município de Bom Jesus do Itabapoana que serão aproximados para facilitar sua absorção. Importante ainda dizer e lembrar que com esta análise não se pretende de forma maniqueísta interpretar que tudo em Macaé possa estar ruim, e em Bom Jesus bom. Esta interpretação não vale, seria impertinente e descontextualizada da abordagem que se pretendeu dar ao tema.

Dados gerais sobre Bom Jesus do Itabapoana: primeiro nome da localidade Campos Alegre; veja aqui no site da prefeitura de Bom Jesus mais informações sobre a história do município; instalação enquanto município em 1938, segundo o IBGE; 35 mil habitantes; 600 km²; altura da sede em relação ao nível do mar: 88 m; distância da Capital: 251 Km; população urbana 71%; rural 29%; expectativa de vida 74,2 anos; renda per capita; R$ 717; 3% de extremamente pobre e 10,5% pobres; 8% de desocupados; 0,06% de pessoas com água e esgoto inadequados; 1,6% de crianças de 6 a 14 anos fora da escola; 96,3% tem água encanada; mortalidade infantil 15 para cada mil nascimentos (índice considerado aceitável da OMS é de 10); orçamento da prefeitura de Bom Jesus do Itabapoana em 2013: R$ 53 milhões (dez vezes menos do que o orçamento da Secretaria de Saúde de Campos).

Demissões em Itaguaí

Como o blog já comentou há uma semana aqui neste espaço, hoje a coluna do Ancelmo Gois fala sobre as demissões na ARG, nas obras do Porto Sudeste em Itaguaí dizendo que a agonia prossegue:


OSX agora provoca demissões no Paraná

Depois das empresas do grupo EBX demitirem no Açu, em sua sede no Rio, nas obras do Porto Sudeste em Itaguaí, agora, surge também demissões no estaleiro da Techint no Pontal do Paraná.

Enquanto isto, trabalhadores demitidos no Açu continuam com esperanças de que o consórcio Integra que tem a empresa mineira de engenharia Mendes Jr. à frente, passe a contratar trabalhadores para atuar em montagens de plataformas para a Petrobras, e não da OGX com a Techint, no espaço que estava sendo construído a Unidade de Construção Naval (UCN) no Açu.

Leia abaixo a informação publicada pelo Valor Online:

OSX cancela encomenda de plataforma e  


Techint demite

Por Lorenna Rodrigues | Para o Valor, de Curitiba


A crise nas empresas de Eike Batista deixou sem emprego 900 trabalhadores no interior do Paraná. A Techint demitiu na semana passada um terço dos funcionários da sua unidade em Pontal do Paraná, depois que a OSX cancelou a encomenda de uma plataforma de petróleo.
As demissões foram divulgadas pela Procuradoria do Município. A Techint confirma que dispensou funcionários, mas disse que não poderia divulgar o número de demitidos por sigilo exigido no contrato. Em 2011, a Techint Engenharia e Construção foi contratada pela empresa de Eike por R$ 1 bilhão para construir duas plataformas de exploração de petróleo para a Bacia de Campos.

Em Campos, 1 em cada 3 casamentos vira divórcio

Já que falamos de indicadores e estatística sobre IDH abaixo,, este blog andou acessando alguns outros dados do IBGE sobre Campos e deparou com este que parece interessante de se conhecer.

Ele é relativamente atual, sendo referente ao ano de 2011 e divulgados em 2002 e expõe as estatísticas de Registro Civil feito em
cartório no município de Campos dos Goytacazes. Segundo o IBGE, foram realizados 2.912 casamentos e registrados 1.010 divórcios.

Fazendo uma rápida conta, mesmo sabendo que se trata de situações distintas, a quantidade de divórcios em relação aos de casamentos em Campos, no ano passado equivaleu a 35%. Ou seja, um pouco mais de um terço dos casamentos foram desfeitos. Parece uma média alta.

Mais ainda, se interpretarmos que muitos casamentos são desfeitos sem serem oficializados os divórcios em cartório, só ocorrendo a situação diante da formalização de novas uniões conjugais.

Diante desta interpretação, talvez, não seja arriscado estimar que o número de desuniões conjugais possa ser estimado na faixa dos 50%. Assim, estaríamos admitindo que metade dos casamentos são desfeitos. Não é o blog que está dizendo isto são dos dados do IBGE, que evidentemente merecem análises e comentários que deixo para os nossos colaboradores.

Por curiosidade, o blog foi conferir a mesma estatística na capital, o Rio de Janeiro, e encontrou também no ano de 2011, um total de 28.941 casamentos e 6.603 divórcios. Neste caso, o percentual é de 23%, portanto, abaixo dos 35% de Campos identificado pelo IBGE em Campos.

Em Macaé o percentual é ainda menor: 1542 casamentos para 247 divórcios, um percentual de 16%. 

É oportuno que se diga que a estatística é sobre o local de registro e não necessariamente sobre o local de moradia. Nas cidades menores estes registros são ainda menores, mesmo em números proporcionais, não absolutos, o que permite desconfiar que muitos deste registros podem estar sendo feito na cidade maior, ou polo regional. Porém, o caso não valeria assim, para a capital, como vimos acima. Desta forma, deixo que nosso(a)s leitor(a)s-colaborador(a)s emitam suas opiniões.

GVT contrata pessoal em Campos

Os leitores-colaboradores do blog sempre bem informados e atentos trazem mais informações sobre empresas de serviços de telecomunicações que estão se instalando em Campos.

Depois da nota aqui abaixo sobre a instalação da GVT em Campos recebemos diversos emails com reclamações sobre as empresas que atualmente prestam estes serviços em Campos como opiniões técnicas e mais detalhadas sobre o tema.

Um destes comentários foi do Felipe Salomão que mostrou aqui e aqui o processo de seleção de pessoal da GVT (supervisor de rede e assistente técnico) para serem contratados até 22 de setembro para atuação em Campos.

A maioria dos comentários na nota do blog ou por email apresenta uma expectativa que a ampliação da concorrência possa superar aquilo que alguns chamam de atual "cartel velox/viacabo".

Este blogueiro conhecendo um pouco dos "esquemas de controle de mercado" não está certo disto, especialmente no que diz respeito a preços e pacotes, embora, possa imaginar que na qualidade dos serviços possa com o tempo haver alguma melhoria. A conferir!

terça-feira, julho 30, 2013

Record volta a fazer reportagem sobre sonegação da Globo

Veja abaixo a matéria no Jornal da Record desta noite cobrando explicações:

IDH 2010 dos municípios do Norte Fluminense

O IDH é muito usado no debate político. É bom que assim seja, embora, muitas vezes de maneira equivocada por quem pretende se passar por bem informado e manejando um indicador conhecido.

Ele foi criado para se contrapor à medição do PIB que serve para avaliar crescimento econômico e não desenvolvimento e muito menos ainda da vida das pessoas.

A adaptação do seu uso para os municípios começou a ser feito com os dados do Censo 1991, depois 2000 e agora com os Censo do IBGE de 2010.

Em 2003 eu me aprofundei um pouco mais nos três índices que são usados em média para criar este indicador: educação, longevidade e renda. O indicador é medido nas frações entre 0 e 1. De 0 a 0,499 é o muito baixo e acima de 0,8 até o limite 1 é o mais alto. Entre estes dois extremos há mais três escalas que medem, o baixo, o médio e o alto entre 0,599 e 0,700 variando a cada casa decimal.

Em 2003 eu estudei um pouco esta fórmulas para fazer o IDH dos bairros de Campos. Encontrei dificuldades com os micro-dados dos setores censitários dos bairros e acabei desistindo. Reforçou a decisão de fazer coisas mais úteis, a ideia de que iria encontrar as mesmas coisas que se encontrou no Rio na medição entre Ipanema, Leblon e a Zona Oeste do Rio. Os famosos extremos da antiga "Belíndia".

Em Campos seria dividida os extremos da Pelinca e Tamandaré e Santa Rosa, Codin, Novo Jóquei, etc. Talvez encontrasse IDH maior em Campos que Ipanema, porque no famoso bairro do Rio, embora, os índices de riqueza da metrópoleo sejam maiores, você ainda tem boa a mistura social com as favelas do Complexo do Cantagalo-Pavão-Pavãozinho que diminui a média. Fato que não se teria em Ipanema.

Hoje, com os microdados do censo mais acessíveis estas contas podem ser feitas por quem se interessar.

Usei esta introdução para trazer os dados do IDH-M de alguns município de nossa região entre 1991, 2000 e 2010. Interessante observar que um o índice que mais reflete, a meu juízo a realidade das políticas municipais é a de educação, num grau menor a longevidade (expectativa de vida) e menor ainda a renda, que depende mais das políticas mais macroeconômicas nacionais.

Dito isto, a evolução do IDH das cidades brasileiras reflete esta realidade. Os municípios contemplados com as generosas receitas dos royalties do petróleo tinham a obrigação de ostentar os maiores crescimento do IDH do Brasil nesta última década, mas não é o que se vê.

A metodologia de medição (Cálculo) do IDH-M foi modificado por isto não se pode usar os antigos indicadores, porque eles foram alterados pela nova forma de cálculo. Sem isto não se pode fazer comparação entre os dados de 1991, 2000 e 2010. Também por isto o Atlas do Desenvolvimento Humano já trouxe estes novos números para os dois censos anteriores.

Veja abaixo esta evolução do IDH médio das cidades do Norte Fluminense.

Depois comentaremos sobre os três índices em separado. Quem desejar adiantar e ver detalhes destes índices de cada município clique aqui e digite a cidade desejada e analise os dados que forma tabulados pelo PNUD-ONU, Fundação João Pinheiro e Ipea:














Na tabela abaixo estão listados os nove municípios da região Norte Fluminense e seus respectivos IDHs em ordem decrescente pelo último, o de 2010, divulgado ontem. Nas duas últimas colunas a posição destes nove municípios no ranking entre os 5,565 municípios brasileiros e os 92 fluminenses.

A melhor posição entre o IDH dos municípios do Norte Fluminense é de Macaé e a pior de São Francisco do Itabapoana que junto com Cardoso Moreira também do Norte Fluminense, está os quatro menores IDH de nosso estado.

Por último interessante observar que São Francisco do Itabapoana, mesmo tendo o menor IDH da região é o segundo pior do estado foi o que mais avançou entre 1991 e 2010. O segundo que mais avançou foi Quissamã e depois Carapebus, que no cômputo da região está em terceiro.

Os menores avanços no IDH entre os nove municípios do NF foi São João da Barra e Campos dos Goytacazes, que junto Macaé e Quissamã são os maiores recebedores de royalties do petróleo do Estado do Rio de Janeiro e do Brasil.

segunda-feira, julho 29, 2013

GVT em Campos

A empresa de serviços de telecomunicações GVT, que concorre com a Oi para acesso à telefonia fixa, internet e pacotes de televisão fechados está chegando em Campos.

O blog recebeu informações de que o grupo já esta atuando no município. Já faz contatos para passar a sua rede, para em seguida começar as vendas de assinaturas. No presente momento a empresa está contactando moradores, em locais estratégicos, na área urbana, para a instalação dos armários de distribuição (hubs) dos sinais.

Quem está sendo contactado não está achando ruim a proposta Por ela também é possível imaginar o tamanho dos ganhos pela prestação deste serviços, depois que a infraestrutura está pronta e instalada.

Por uma pequena área para instalação dos armários, a GVT está oferecendo dois salários mínimos de aluguel por mês para um contrato de quinze anos.

Sem ilusões, espera-se que mais uma concorrência possa reduzir preços e, principalmente, melhorar a qualidade dos concorrentes que hoje já estão na oferta destes serviços em Campos. A conferir!

Hipótese na OGX

Na segunda-feira demos uma nota aqui, sobre o fato de que o FPSO da empresa estatal norueguesa Statoil estaria sobre o campo de Tubarão Azul que é da OGX, na Bacia de Campos. Neste campo, a OGX até então operava apenas com o FPSO OSX-1.

Na sexta e no sábado o blog recebeu a informação que carece de confirmação, sobre a empresa de óleo do grupo EBX, a OGX: "A GE estaria auxiliando a OGX aumentar a produção".

O FSPO Peregrino é da Statoil que o comprou da Maersk para operar no litoral brasileiro, no campo do mesmo nome (Peregrino) num consórcio que possui com a chinesa Sinochem.

Quanto ao possível uso de embarcações para apoio à produção da OGX o blog não tem como confirmar e para isto indaga aos bens informados leitores-colaboradores sobre o assunto.

Enquanto isto, o que se sabe é que todas as empresas e negócios do Eike estão sendo repassados a outras empresas e investidores.

Sobre movimentação na UCN/OSX no Açu

A informação é de que está avançando a hipótese do consórcio Integra da OSX com a Mendes Jr. usar a área da UCN, onde seria o estaleiro da OSX no Açu.

O uso pelo consórcio Integra no Açu seria para montagem de módulos de duas plataformas. Para isto já contratou nos últimos dias, algumas pessoas que foram demitidas da empresa de limpeza, Rio Shop que prestou serviços durante as obras do estaleiro da OSX.

Estas pessoas estariam realizando limpeza e manutenção nos escritórios da UCN/OSX que deverá ser utilizada pelo consórcio Integra.

Há informações de que no início de agosto o consórcio Integra irá iniciar contratações para atuar nas montagens no Açu. A conferir!

Tucanoduto paulista drena R$ 425 milhões

Depois do Eduardo Azeredo em Minas Gerais, agora vem à tona, o esquema da sequência de governos tucanos, em São Paulo. Não que a revista IstoÉ seja mais ou menos crível que as demais, mas, pelo menos teve a coragem de divulgar os detalhes do processo que as outras revistas e os "jornalões" da mídia corporativa ainda escondem.

A matéria é detalhada e mostra dados do Ministério Público paulista. O esquema de 30% é com a Siemens e mostra o outro lado da corrupção, os corruptores, junto dos corrompidos. Você não verá isto no Jornal Nacional, nem em O Globo, nos jornais de São Paulo e nem nos moralistas locais que há décadas se alimentam dos dutos dos royalties.

Os governos precisam ser mais decentes as ruas exigem isto. Mas, não venham com hipocrisia. O mensalão mineiro até hoje não foi julgado. Por que?

Este esquema dos 30% entre a Siemens, o Metrô e o governo de São Paulo mostra que aquela cratera do afundamento de uma estação já era antiga e continua com novos e grandes dutos, conexões em paraísos fiscais que a Globo conhece. Enquanto isto o povo reclama dos transportes. Clique aqui e leia uma parte da história do tucanoduto paulista que vem bancando as campanhas de Serra, Alckmin, etc.

Papa defendeu "Teologia dos pobres" e deve ter contrariado conservadores

Posso estar enganado. Conheço pouco, quase nada da igreja católica. Mas, a impressão que me passou ouvindo algumas falas e a entrevista do Papa Francisco, nesta semana em que passou pelo Brasil é de que, ao contrário do que alguns conservadores desejavam, ele, em quase todo o tempo defendeu reformas, mudanças. Mudanças na ordem econômica e na política que deixa o "humanismo desumano numa globalização da indiferença".

Ouvindo o papa, me lembrei da Teoria da Libertação e do Leonardo Boff. Sei que muitos não vão gostar, mas, as falas foram muito próximas, como apelos iguais ou similares.

"A necessidade de sair do centro e ir para a periferia e para próximo dos pobres. Uma civilização mais justa, mais fraterna. O exemplo da simplicidade, do não apego ao dinheiro, etc.". Aliás, neste ponto o Papa foi sempre mais enfático na sua crítica ao que chamou de "idolatria ao dinheiro".

Ele deu nome às partes: "o modelo político mundial economicista e autossuficiente que estabelece o protagonismo do dinheiro e vai descartando os extremos da população, os idosos e os jovens e juntando grupos sociais conformes seus interesses". Mais claro impossível.

O Papa também questionou, sem dar o nome direto (e aí é interpretação minha, o modelo neoliberal) que descarta as pessoas, que "não se importa com o desemprego dos jovens, com o trabalho escravo e a exploração dos jovens".

O Papa foi ainda mais eloquente e amplo no seu questionamento, quando disse que "crianças sem comer, homens e mulheres transformados em mendigos não é notícia, mas, a caída de 3 a 4 pontos das bolsas vira uma catástrofe."

A pregação volta a ficar próxima a da igreja dos pobres de Boff quando ele disse que as religiões (e não apenas a igreja católica) não podem dormir tranquilas vendo crianças com fome, doentes, sem educação, etc.

Enfim, o questionamento foi direto ao modelo e a todos que direta ou indiretamente e de alguma forma, o sustentam.

Repito e encerro imaginando como irão divulgar e comentar esta fala tão direta do Papa. Dito por qualquer um de nós, esta fala não tem o mesmo peso.

Num comentário anterior que fiz sobre a fala do Papa já havia dito que para mudar isto que o Papa se referiu e que é desejo da maioria, não bastam as doações, as esmolas, os dízimos e mesmo as orações.

Há que se mudar o modelo que se espalhou pelo mundo de exploração do homem pelo homem trazendo mais e mais injustiças e desigualdades, assim, se começará a acabar com "a globalização da indiferença, a idolatria ao dinheiro e ao humanismo desumano".

domingo, julho 28, 2013

China

Há muito folclore que se divulga sobre a China e seu crescimento, mas, é inegável e às vezes aterrorizadora a pujança da sua economia, do tamanho de sua população, do seu território e de como estas coisas se juntam, numa civilização oriental muito mais antiga e bastante diversa da nossa.

Abaixo algumas poucas informações coletadas recentemente para aqueles que se interessam sobre política internacional e geopolítica. A China é hoje o maior país comercial do planeta.

1) A guerra civil interna entre 1911 e 1949 teria deixado, segundo estimativas, quase 50 milhões de mortos;

2) O consumo mundial de energia crescerá 56% até 2040, em relação a 2010, segundo a Agência de Informação de Energia dos EUA. Metade deste aumento está previsto para a China e para a Índia. As principais fontes de energia (80%) para suprir esta demanda deverão vir do petróleo, carvão e gás natural;

3) Desde 1990, portanto há apenas 23 anos, um total de 28 mil rios desapareceram na China, segundo o Ministério dos Recursos Hídricos e a Agência Nacional de Estatísticas. A poluição severa da água afeta 75% dos rios e lagos da China e 28% seriam inadequados até mesmo para o uso agrícola.

4) Segundo relatório de 2012, do Bando de Desenvolvimento da Ásia (ADB), a demanda da China por água poderá superar a oferta, em até 200 bilhões de litros até 2030, a não ser que grandes investimentos sejam feitos para além dos que estão projetados.

5) Abaixo um quadro comparativo entre EUA e China:


Agricultores do Açu buscam terras desapropriadas

O jornal Folha de São Paulo trouxe hoje matéria aqui sobre o assunto. O blog do professor Marcos Pedlovski  da Uenf publica a matéria na íntegra (aqui) e também informa que a Associação dos Produtores Rurais (Asprim) entrou ontem, com petição (de notícia-crime), assinada por 29 pequenos proprietários rurais, no Superior Tribunal de Justiça (STJ), através de advogado contrato pelo deputado Garotinho, Maurício Costa, contra Eike Batista, Sérgio Cabral e Luciano Coutinho (ver aqui), questionando e requerendo diversos itens:

1) A legalidade das desapropriações;

2) Gestão temerária dos gestores públicos e requerem para o judiciário "aquilatar o número de processos de desapropriações distribuídas pelo estado e pela Codin fincado nos decretos Nºs 41.584 e 41.585 de 05/12/2008";

3) Solicita que "a União informe o número de aportes financeiros pelas empresas suas controladas" e também à ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) para que informe os deslocamentos ou viagens efetuadas pro Sérgio Cabral, entre 2007 e a presente data em aeronaves de Eike, ou em qualquer das empresas do grupo EBX".

4) Baseado no artigo 27 do Código Processo Penal, a ação solicita ainda providências ao ministro do STJ, inclusive "afastamentos de Sérgio Cabral e Luciano Coutinho", presidente do BNDES, já que o "Estado continua pagando a desapropriação para Eike e o Luciano Coutinho fazendo aportes financeiros". E, por fim pede que o procurador-geral da República ofereça, se quiser, respostas sob a pena da lei.

sábado, julho 27, 2013

Estas fotos não existiriam em Guaratiba!















































O sábado de sol e a beira-mar produziram esta diversidade de imagens na Jornada Mundial da Juventude, em Copacabana, no Rio de Janeiro. Estas fotos são de álbum de mais de duzentas imagens do portal G1. Confesso que gostei.

Torcida do Botafogo veste ternos para reclamar dos preços dos ingressos no Maracanã

A torcida do Flamengo estaria programando para amanhã protestos semelhantes, antes da partida, entre os tradicionais rivais do Rio de Janeiro, em mais um rodada do Brasileirão.

É muito puxado o preço de R$ 100 para os ingressos mais baratos na cadeira superior. O ingresso para camarote fechado é de R$ 400 por torcedor. 
Do site do SportTV.

Os torcedores alegam que o ingresso mais barato equivale a 15% do salário mínimo e foi quase o mesmo preço cobrado, para assistir à decisão da Taça Libertadores, entre Atlético-MG e o Olimpia, no Mineirão, onde o ingresso mais caro foi vendido por R$ 500.

Na quarta-feira em Minas foi estabelecido o recorde em arrecadação em jogos de futebol no país, com a receita de cerca R$ 14 milhões, mais do que o dobro da segunda maior arrecadação até aquele dia no Brasil.

Enfim, sobrou mesmo para a população em geral assistir o futebol pela televisão, já que os estádios ficaram brancos, com pouca graça e diversidade, mas, com muita grana no bolso.

Cada vez mais tudo é para poucos. Até no futebol a grande mania nacional tiveram coragem de mexer. Continuam esticando a corda.

Decolagem de helicóptero vista do alto da torre de uma plataforma

Do perfil no Facebook do Renato Borges. Interessante de observar desta vista peculiar.

PS.: Atualizado às 14:06: Renato posta ainda o "teste de poço" feito à noite. E depois ainda há aqueles que não valorizam este trabalho que traz riquezas para a nação.
PS.: Atualizado às 15:22: Para repostar os vídeos que antes estavam com links para o Facebook.



Sobre o acidente ferroviário na Espanha

1) O sindicato dos maquinistas informou que naquele trecho da ferrovia, a estatal espanhola Renfe, não instalou o sistema que controla automaticamente a velocidade, freando o trem se ele estiver acima do limite.

Obs.: O fato de dizer que não existe naquele ponto, induz a pensar que o sistema existe para outros trechos, o que torna, o trabalho do maquinista, vulnerável, conforme diversos outros fatores possíveis e que acabam por contribuir para aumentar o risco. Apesar disto, o maquinista, antes mesmo das investigações serem concluídas está sendo acusado de homicídio por imprudência.

2)  Com o acidente, a espanhola Renfe, interessada em participar do projeto trem-bala no Brasil será excluída da concorrência, caso o projeto seja levado adiante, porque o edital barra operadoras responsáveis por acidentes fatais nos últimos cinco anos. No caso do acidente em Santiago de Compostela, o acidente matou 78 passageiros do trem de alta-velocidade.

3) A Renfe é uma estatal de transporte ferroviário, como foi a nossa Rede Ferroviária Federal (RFFSA). Aliás, na Espanha, muitas empresas estatais funcionam na área de transportes, de ferrovias e também de rodovias com autovias (auto-estradas) de grande porte e circulação.

Veja abaixo o vídeo do instante do acidente:

E a História não acabou: entrevista com Harvey na Forum

Clique aqui e leia a entrevista com o geógrafo David Harvey, no site da revista Forum, nesta sexta (26/07). Abaixo um breve trecho de sua fala quando o entrevistador pergunta sobre as questões contemporâneas ligadas à categoria que cunhou sobre a compressão do tempo-espaço em seu livro (2001) "Condição Pós-Moderna" da Edições Loyola:

"Havia uma pequena nota no New York Times outro dia, dizendo que um cara bem rico havia efetivamente se livrado de todas as coisas que tinha para viver uma vida bem mais simples, numa casa bem pequena. Uma das coisas que ele pontuava era: “O americano médio tem menos de mil pés para morar nos anos 1950, mas agora o americano médio tem 2,5 mil pés de espaço de moradia”. E então dizia: “Eu voltei para um espaço menor, me livrei da maior parte dos gadgets, que nunca funcionavam direito mesmo, e agora só tenho algumas coisas; tenho uma ótima vida social.” E ele descreveu uma existência muito feliz, de viver com muito pouco. Não com nada, mas com muito pouco.

Se muitas pessoas tivessem essa ideia, começaríamos a ver cidades bem diferentes e não desperdiçaríamos tantos recursos na construção de grandes casas em condomínios particulares afastados, com milhares de pés de construção, hectares de terras desperdiçadas com coisas descartáveis. As concepções sobre as coisas precisam mudar, assim como as relações sociais. Mas é claro que estamos lutando contra uma indústria do marketing e um tipo de ideologia consumista que está sendo promovida."

sexta-feira, julho 26, 2013

20 maiores anunciantes no Brasil

Você verá na lista diversas empresas que não conhece, mas, vê os seus produtos nas propagas, sendo que muitos concorrem entre si, numa espécie de oligopólio. Os dados são do Ibope Media e foram divulgados pelo Valor Online. 

Na lista todas as principais montadoras (que querem vender carros), alimentos e bebidas (eufóricas em capturar os ingressantes no nível de consumo) e três empresas da economia mista controlada pelo governo e acionistas (Caixa, Petrobras e BB).

A graninha é boa, heim? Se considerarmos como anual o dobro do gasto neste 1º semestre, estamos falando só das vinte maiores quase R$ 30 bilhões. Observem que não não está nos números da tabela abaixo os $$$s que "passam" pelas Ilhas (que eram) Virgens. Plin-plin:


A complexidade dos complexos gera uma única pergunta!

Pode ser que a complexidade das negociações e a engenharia financeira para montagem dos complexos logístico-industrial em nossa região estejam embotando a mente do blogueiro.

Assim este blogueiro vai fazer uma pergunta, porque pretende apenas entender a complexidade dos projetos dos complexos em nossas regiões.

O projeto do Complexo de Barra do Furado que está sendo organizado há anos pelas prefeituras de Campos e Quissamã vem buscando e recebendo o apoio dos governos estadual e federal. As prefeituras informam que no presente estão colocando juntas R$ 166 milhões no projeto.

Ao mesmo tempo, o consórcio deste empreendimento diz ter hoje, o interesses de 5 estaleiros em se instalar no local: STX/EISA; Dockstore; Alusa-Alupar; BROffsore e Cassinú. Eles estariam dispostos a investir a soma de R$ 1 bilhão.

Não sei em que são baseadas estas estimativas. Porque além de construir suas instalações, eles terão que adquirir áreas junto à foz do Canal das Flechas para se instalarem (parece que um ou outro grupo já fez isto).

Aí reside a pergunta do blogueiro que tenta ver a questão sobre o prisma regional e não municipal e ao mesmo tempo quer compreender a lógica dos empreendedores. Estes certamente não vão gastar naquilo que não tenham claras e seguras perspectivas de lucro.

Estaleiros estão bombando em diversas partes do país, especialmente em nosso estado, em Niterói e Angra dos Reis. Isto se dá pelo enorme aumento das demandas por embarcações para atendimento aos serviços de apoio à exploração de petróleo offshore, especialmente, no litoral fluminense, capixaba e paulista.

Ainda assim, um estaleiro não se viabiliza sem a garantia de contratos de encomendas que são feitas com grande antecedência e garantias.

Pois bem, considerando todo este cenário e o fato de que o grupo EBX parou quase ao final, a construção de um estaleiro ali do lado, no Açu e está atualmente em busca interessados em assumir o que já foi feito é que parece que a equação parece incompleta.

Assim, o blogueiro fica se perguntando: por que cinco estaleiros (sem ou com encomendas) esperariam a "re"-dragagem do canal e outras obras de infraestrutura, em Barra do Furado para se instalarem, se quase ao lado, no Açu, há agora uma base de estaleiro sendo oferecida ao mercado e em situação adiantada de implantação?

O blogueiro mais que entender quer ter a certeza que por trás das políticas públicas hajam interesses públicos e não especulação para obtenção de renda  imobiliária. O blog aguarda resposta e opiniões.
PS.: Atualizado às 14:15: para correção no texto e acréscimos.

quinta-feira, julho 25, 2013

ARG demite centenas de trabalhadores das obras do Porto Sudeste da MMX em Itaguaí


A empresa de construção civil a ARG, que atuou do início da construção do porto do Açu até recentemente, também atua na construção do Porto Sudeste da MMX, na Baía de Sepetiba, em Itaguaí, demitiu diversos trabalhadores e deu férias coletivas a quase todos os demais que ainda estavam atuando no Porto Sudeste.

As demissões aconteceram na maior parte na semana passada. O número exato de demitidos não se sabe, mas estima-se que já tenham sido demitidos cerca de 500 trabalhadores.

A ARG diz que realiza "adequação no perfil da mão-de-obra" e que teria "desligado funcionários que estavam em período de experiência, ou seja, contratados a menos de 90 dias, e deu férias coletivas para outro grupo.

A construtora diz ainda que "manterá um efetivo de 900 pessoas trabalhando nas obras do Porto Sudeste, mas as informações entre os trabalhadores é que após as férias coletivas todos deverão ser demitidos, por conta da indefinição das negociações que envolve a MMX e o Porto Sudeste. O aspecto no canteiro de obras é de abandono como no Açu.

Fundo árabe confirma negociações com EBX

Do Valor Online a notícia abaixo. Merece também análise a matéria aqui do Valor que detalha como os bancos de investimentos criaram as condições para que as empresas de Eike tivessem sucesso no lançamento de ações nas Bolsa de Valores. Ambos os casos são típicos exemplos de como funciona aquilo que chamam de capital líquido correndo os dutos:

Fundo de Abu Dhabi confirma manter 


negociações com Eike Batista

O Mubadala, fundo soberano de Abu Dhabi, declarou que pode estar interessado em ativos do grupo 'X' mesmo após a queda das ações das companhias. O Mubadala informou que vê significante valor potencial em vários ativos da holding EBX, segundo e-mail enviado nesta quinta-feira em respostas aos questionamentos sobre negociações com Eike Batista.

O Mubadala também afirmou que mantém conversações com a EBX enquanto a holding continua seu processo de reestruturação dos negócios. O fundo adquiriu 5,3% do grupo no ano passado durante o auge do valor de mercado das empresas, em um negócio de US$ 2 bilhões.

O Mubadala estaria interessado, segundo fontes do mercado, em participação na companhia mineradora MMX, entre outros ativos. A suíça Glencore Xstrata e a holandesa Trafigura também estariam no páreo para levar a empresa.

PS.: Atualizado às 22:18: do Portal G1:  "O empresário Eike Batista, que foi a oitava pessoa mais rica do mundo no ano passado, não é mais bilionário, segundo o ranking da Bloomberg.

Pelas contas da agência, ele já havia acumulado pelo menos R$ 2 bilhões em dívidas pessoais, o que significa que o empresário agora teria um patrimônio líquido de cerca de US$ 200 milhões.A Bloomberg estima que ele deve US$ 1,5 bilhão ao fundo Mubadala, de Abu Dhabi, segundo fontes familiarizadas com o assunto.

Após alcançar uma fortuna de US$ 34,5 bilhões, em março do ano passado, o dinheiro de Batista começou a se evaporar à medida que o desempenho das suas empresas ficaram repetidamente aquém de suas promessas, afundando seu plano para criar um produto integrado e império logística.

Ele começou a vender ativos este ano, à medida que credores pressionaram para levantar dinheiro e pagar a dívida à medida que os prejuízo se acumulavam."

40 plataformas na greve de 24 horas na Bacia de Campos

Ao longo do dia subiu para 40 o número de unidades em greve na Bacia de Campos. Desse total 38 plataformas entregaram totalmente a operação para as chefias, duas entregaram parcialmente e 9 unidades ainda permanecem fora do movimento, de um total de 46 unidades marítimas da região.

O movimento ganhou grande repercussão pelos prejuízos à empresa e pela resistência dos trabalhadores às equipes de contingência montada pela empresa, com recrutamento de seus supervisores, para embarcar e manter produção independente da equipe em greve.

A greve de 24 horas tem como objetivo protestar contra uma mudança no pagamento de horas extras de 4,5 mil funcionários que trabalham embarcados. José Maria Rangel, coordenador do Sindipetro e diretor do departamento de Segurança Meio Ambiente e Saúde da Federação Única dos Petroleiros (FUP), afirmou que cerca de 5 mil funcionários aderiram à greve, já que cada plataforma tem, em média, 200 funcionários.

A reivindicação dos petroleiros é sobre retomada de uma conquista obtida no Tribunal Superior do Trabalho (TST), em dezembro de 2 011, cuja decisão começou a ser cumprida pela estatal em abril de 2012. Segundo o Sindipetro-NF, a Petrobras conseguiu uma liminar, no TST, para que não fossem incluídos novos funcionários neste benefício.

Depois disto, na última sexta-feira, também os petroleiros que já tinham direito ao benefício notaram em contracheques, aquele dia que a empresa havia suspendido o pagamento diferenciado. Para o sindicato esta decisão da empresa é ilegal. 

Os trabalhadores informaram ao Sindipetro que, em algumas unidades, as equipes de contingência não estão conseguindo liberar todas as Permissões de Trabalho (PTs), documento necessário para que os funcionários consigam desempenhar suas funções. O impedimento, está refletindo no trabalho das equipes contratadas, que, embora não façam parte do movimento, tiveram que interromper as atividades.

O Sindipetro-NF promete um balanço, às 20 horas, aqui no site da Rádio-NF que é transmitida pela web.
PS.: Fonte: Sindipetro-NF e Valor.

PS.: Atualizado às 19:06: Com informação do Valor Online:
"A Petrobras informou nesta quinta-feira, por meio de nota, que duas plataformas que tiveram suas produções paralisadas hoje, desde a meia noite, em virtude da greve de 24 horas dos funcionários da Bacia de Campos (responsável por mais de 80% da produção nacional de petróleo), voltaram a operar ao meio dia, com a chegada de equipes de contingência.

As duas juntas, de acordo com a Petrobras, produzem cerca de 10 mil barris de petróleo por dia. O Sindicato dos Petroleiros do Norte do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro) nega que a P-7 tenha voltado e afirma que a plataforma em questão produz diariamente 9 mil barris.

A estatal frisou que a paralisação dos cerca de 5 mil funcionários da empresa, que aderiram ao movimento em 39 das cerca de 46 plataformas da empresa “transcorre sem incidentes”.

“A Petrobras reforça a importância da mesa de negociações como o melhor meio de manter o diálogo aberto e transparente com os representantes dos empregados”, disse a empresa, em nota."

Janela política: riscos e oportunidades

Diante da movimentação da sociedade por mudanças e melhorias na gestão pública, a janela que se abriu como já cometei aqui (em breve nota no dia 14 de julho: "Tudo junto, misturado e com fortes ligações diante da janela histórica") vale para os dois lados.

Hoje, o Valor traz a opinião de analistas que dizem "temer políticas populistas" diante deste novo cenário, para os próximos 14 meses antes das eleições de outubro do ano que vem. Estes analistas e consultores são de grandes grupo econômicos e banqueiros.

O blog pinçou uma destas opiniões, a do Mark Mobius, da Consultoria Templeton: "a preocupação está na mudança que distancie o país de um modelo de economia de mercado e com privatizações para outro com mais intervenção nas empresas privadas".

Não por coincidência, porque em políticas elas não existem, nas páginas de política do mesmo jornal, o ex-governador e eterno candidato a presidente, José Serra diz:
"o governo federal não avança nas parcerias com o capital privado. É um absurdo o governo querer colocar um teto na taxa de retorno das empresas para a concessão de estradas. Procurou-se regulamentar taxa de lucro [...] É a negação do capitalismo. A percepção dos riscos regulatórios aumentou, por culpa do governo, por intervenções com as do setor elétrico e pelas manifestações. Não se aproveitou a conjuntura dos juros baixos para facilitar as concessões. É preciso ter um novo padrão político".

Mais claro impossível. A quem estes senhores falam? O que sinalizam? O que farão com as reservas do pré-sal? Lembram do que Serra disse para o pessoal da Chevron logo depois das eleições? "Em breve nos reencontraremos". Para entender a conjuntura política em que vivemos não se pode deixar de observar estas movimentações.

Defendem um Estado completamente desregulado, entregue. O caso não é nem de defesa das parcerias é de reclamação contra a regulação, a favor dos lucros, sem regulação, sem nada. Assim, como lidarão com as demandas da população?

Bom que estejamos atentos. Há muito a ser modificado e aperfeiçoado. Gente a ser trocada. Melhoria a ser implementada na gestão. Acordos políticos a serem reavaliados, em novas bases. É preciso ouvir os reclamos e trabalhar para avançar em diversas áreas. Porém, não percamos a capacidade de enxergar as diferenças de posições e interesses que estão em jogo em nossa sociedade, na atual conjuntura.

Papa pede mais solidariedade, critica o individualismo, as injustiças sociais e diz que "pacificação" não será duradoura se abandonarem a periferia

No discurso mais forte até agora o Papa Francisco, na comunidade de Varginha, no complexo de Manguinhos, no Rio, ele entrou nas questões sociais e políticas reivindicando solidariedade e parabenizando e "encorajando os esforços que a sociedade brasileira tem feito para integrar todas as partes do seu corpo, incluindo as mais sofridas e necessitadas, através do combate à fome e à miséria".

Abaixo o discurso na íntegra do Papa que está sendo capturado pelas mídias corporativas, interessadas em colocar na boca do Papa, desde o primeiro dia, o que ele não disse. Assim, agora, retiram da fala que está na íntegra abaixo, uma interpretação que possa lhes interessar. 

Mais interessante é que fazem isto na frente de todos que estão vendo e ouvindo o que o Papa fala. Confira abaixo a fala do Papa na íntegra nesta manhã. 

Ele defende os pobres, condena a desigualdade, critica o individualismo, prega a solidariedade e a integração. Confira abaixo o tom e a essência do discurso eminentemente social e porque não dizer, também político, porque, essencialmente, há solidariedade na caridade, na esmola, no pão compartilhado, mas, a redução das desigualdades, exige ações concretas tirando de quem muito, para quem nada, ou muito pouco possui. Insisto confira a bela pregação do Papa nesta manhã. Nela, apenas não consta um improviso citado em que ele falou e repetiu para que não aceitem a "cultura do descartável":

"Queridos irmãos e irmãs,

Que bom poder estar com vocês aqui! Desde o início, quando planejava a minha visita ao Brasil, o meu desejo era poder visitar todos os bairros deste País. Queria bater em cada porta, dizer "bom dia", pedir um copo de água fresca, beber um "cafezinho", falar como a amigos de casa, ouvir o coração de cada um, dos pais, dos filhos, dos avós... Mas o Brasil é tão grande! Não é possível bater em todas as portas! Então escolhi vir aqui, visitar a Comunidade de vocês que hoje representa todos os bairros do Brasil. Como é bom ser bem acolhido, com amor, generosidade, alegria! Basta ver como vocês decoraram as ruas da Comunidade; isso é também um sinal do carinho que nasce do coração de vocês, do coração dos brasileiros, que está em festa! Muito obrigado a cada um de vocês pela linda acolhida! Agradeço a Dom Orani Tempesta e ao casal Rangler e Joana pelas suas belas palavras.

Desde o primeiro instante em que toquei as terras brasileiras e também aqui junto de vocês, me sinto acolhido. E é importante saber acolher; é algo mais bonito que qualquer enfeite ou decoração. Isso é assim porque quando somos generosos acolhendo uma pessoa e partilhamos algo com ela – um pouco de comida, um lugar na nossa casa, o nosso tempo - não ficamos mais pobres, mas enriquecemos. Sei bem que quando alguém que precisa comer bate na sua porta, vocês sempre dão um jeito de compartilhar a comida: como diz o ditado, sempre se pode “colocar mais água no feijão”! E vocês fazem isto com amor, mostrando que a verdadeira riqueza não está nas coisas, mas no coração! E povo brasileiro, sobretudo as pessoas mais simples, pode dar para o mundo uma grande lição de solidariedade, que é uma palavra frequentemente esquecida ou silenciada, porque é incômoda. Queria lançar um apelo a todos os que possuem mais recursos, às autoridades públicas e a todas as pessoas de boa vontade comprometidas com a justiça social: Não se cansem de trabalhar por um mundo mais justo e mais solidário! Ninguém pode permanecer insensível às desigualdades que ainda existem no mundo! Cada um, na medida das próprias possibilidades e responsabilidades, saiba dar a sua contribuição para acabar com tantas injustiças sociais! Não é a cultura do egoísmo, do individualismo, que frequentemente regula a nossa sociedade, aquela que constrói e conduz a um mundo mais habitável, mas sim a cultura da solidariedade; ver no outro não um concorrente ou um número, mas um irmão. Quero encorajar os esforços que a sociedade brasileira tem feito para integrar todas as partes do seu corpo, incluindo as mais sofridas e necessitadas, através do combate à fome e à miséria. Nenhum esforço de "pacificação" será duradouro, não haverá harmonia e felicidade para uma sociedade que ignora, que deixa à margem, que abandona na periferia parte de si mesma. Uma sociedade assim simplesmente empobrece a si mesma; antes, perde algo de essencial para si mesma. Lembremo-nos sempre: somente quando se é capaz de compartilhar é que se enriquece de verdade; tudo aquilo que se compartilha se multiplica! A medida da grandeza de uma sociedade é dada pelo modo como esta trata os mais necessitados, quem não tem outra coisa senão a sua pobreza!

Queria dizer-lhes também que a Igreja, «advogada da justiça e defensora dos pobres diante das intoleráveis desigualdades sociais e econômicas, que clamam ao céu», deseja oferecer a sua colaboração em todas as iniciativas que signifiquem um autêntico desenvolvimento do homem todo e de todo o homem. Queridos amigos, certamente é necessário dar o pão a quem tem fome; é um ato de justiça. Mas existe também uma fome mais profunda, a fome de uma felicidade que só Deus pode saciar. Não existe verdadeira promoção do bem-comum, nem verdadeiro desenvolvimento do homem, quando se ignoram os pilares fundamentais que sustentam uma nação, os seus bens imateriais: a vida, que é dom de Deus, um valor que deve ser sempre tutelado e promovido; a família, fundamento da convivência e remédio contra a desagregação social; a educação integral, que não se reduz a uma simples transmissão de informações com o fim de gerar lucro; a saúde, que deve buscar o bem-estar integral da pessoa, incluindo a dimensão espiritual, que é essencial para o equilíbrio humano e uma convivência saudável; a segurança, na convicção de que a violência só pode ser vencida a partir da mudança do coração humano.

Queria dizer uma última coisa. Aqui, como em todo o Brasil, há muitos jovens. Vocês, queridos jovens, possuem uma sensibilidade especial frente às injustiças, mas muitas vezes se desiludem com notícias que falam de corrupção, com pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio benefício. Também para vocês e para todas as pessoas repito: nunca desanimem, não percam a confiança, não deixem que se apague a esperança. A realidade pode mudar, o homem pode mudar. Procurem ser vocês os primeiros a praticar o bem, a não se acostumarem ao mal, mas a vencê-lo. A Igreja está ao lado de vocês, trazendo-lhes o bem precioso da fé, de Jesus Cristo, que veio «para que todos tenham vida, e vida em abundância».

Hoje a todos vocês, especialmente aos moradores dessa Comunidade de Varginha, quero dizer: Vocês não estão sozinhos, a Igreja está com vocês, o Papa está com vocês. Levo a cada um no meu coração e faço minhas as intenções que vocês carregam no seu íntimo: os agradecimentos pelas alegrias, os pedidos de ajuda nas dificuldades, o desejo de consolação nos momentos de tristeza e sofrimento. Tudo isso confio à intercessão de Nossa Senhora Aparecida, Mãe de todos os pobres do Brasil, e com grande carinho lhes concedo a minha Bênção."

37 de 48 plataformas fazem paralisação de 24 horas na Bacia de Campos

O movimento organizado pelo Sindipetro-NF e comentado aqui pelo blog na terça-feira busca reverter a decisão da Petrobras em suspender o pagamentos dos reflexos da hora extra, do Repouso Semanal Remunerado. Abaixo as informações das 11:35 do sindicato:

"Segundo último levantamento realizado pela diretoria do Sindipetro-NF o movimento nas plataformas da Bacia de Campos segue com grande adesão dos trabalhadores. Entregaram totalmente a operação para as chefias 37 plataformas, duas entregaram parcialmente e 9 unidades ainda permaneciam fora do movimento, de um total de 48 unidades marítimas da região.

Cinco plataformas denunciaram que as equipes de contingência são insuficientes para manter a produção, são elas PCE-1, P-25, P-26, P-37 e P-65. A situação se agrava em PCE-1 e P-37, onde pessoas sem experiência estão na operação das unidades. Nas demais plataformas as equipes que estão operando são reduzidas, colocando em risco a segurança das pessoas e equipamentos.

Permanecem com a produção parada as plataformas P-07, P-15 e P-35, sendo que as duas primeiras paralisaram por opção das gerências. Em P-35, a produção já estava parada, a gerência queria retomar a produção, mas os trabalhadores se mantiveram na greve, no momento os prepostos estão injetando diesel nos poços e pretendem retomar a produção. Essas três unidades juntas produzem 50.879 barris/dia de óleo e 978,2 m3/dia de gás.

Segundo informações dos trabalhadores, em algumas unidades, as equipes de contingência não estão conseguindo liberar todas as PTs necessárias para o trabalho, o que está refletindo no trabalho das contratadas, que estão com seus trabalhadores parados em função disso.Em breve o Sindipetro-NF divulgará um novo balanço do movimento."

quarta-feira, julho 24, 2013

52% do orçamento de Campos vai para o custeio da máquina pública

Dos números extraídos da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) sobre a execução orçamentária do município de campos dos Goytacazes no ano passado (2012) é possível identificar que do total de R$ 2,44 bilhões, a maior parte, 52% foram gastos com despesas de custeio da máquina pública, 30% com pessoal e encargos (R$ 730 milhões) e 18% com investimentos.

Se considerarmos que o pagamento de pessoal visa também sustentar a máquina se pode concluir que apenas 18% (ou R$ 438 milhões) serviram para fazer e construir ou implementar "coisas" novas em nossa cidade.

É oportuno recordar que os gastos com custeio, uma boa parte acaba sendo também para despesas de pessoal de forma indireta, já que como se sabe, diversos contratos de serviços são para trabalho de terceirizados, como motoristas, atendimento ao público, etc. em diversas secretarias.

Por estes números também não é difícil concluir que, muito pouco ou nada foi modificado, diante do possível corte na receita dos royalties do petróleo. Com os cortes não haveria nenhum investimento novo e boa parte do custeio teria que ser cortado.

Os números apontam ainda que apesar de uma melhora na arrecadação própria através de tributos, especialmente, com o crescimento das receitas do ISS (Imposto sobre Serviços), hoje a maior receita do poder público municipal, os gastos citados acima continuam a ser objetos de questionamentos.

Além destes gastos possuírem baixíssima transparência (clique aqui e veja a lista de pagamentos entre 23/06 e 23/07 embora fosse desejável a lista acumulada por ano de pagamentos às mesmas empresas e/ou pessoas, por ela você pode conferir por onde sai boa parte do dinheiro de custeio, incluindo "comunicação e publicidade"), não é aceitável que o custeio da máquina custe tanto dinheiro e continue com lacunas e problemas recorrentes em diversas áreas, especialmente em educação, saúde, mobilidade, cultura, etc.

A nota abaixo com reclamação na área de saúde é apenas mais uma da enorme quantidade de reclamações. Por tudo isto é mais que oportuno que a reivindicação pela implantação do Orçamento Participativo (OP) esteja retomando enquanto demanda cidadã.

Reclamação contra Posto de Saúde da PMCG

O blog acaba de receber do Wagner Matos a reclamação abaixo contra a Unidade Básica de Saúde Alair Ferreira, na avenida Francisco Lamego, no parque Vicente Dias, em Guarus:

"Roberto meu nome é Wagner. Sou com muito orgulho nascido e criado em Campos. Terra que amo. Aqui eu quero continuar vivendo e criar os meus filhos.... Mas nos últimos tempos é lamentável o que estamos vendo acontecer com a saúde desse município.... O escritório de minha empresa fica localizado no inicio da Senador J. C. Pereira Pinto. Ali perto existe um posto de saúde (Posto Alair Correa). Hoje uma funcionária do escritório não estava se sentindo muito bem. Resolvi leva-la até lá para aferir sua pressão...Acredite se quiser: O POSTO NÃO TEM APARELHO. O ÚNICO QUE TEM, OU TINHA ESTÁ COM DEFEITO. Isso é o cúmulo do absurdo. Onde vamos parar? Para onde esta indo o dinheiro dos nossos impostos? VERGONHA!

Att; Wagner."

30 cidades que mais conquistaram empregos em 2013

A estatística foi liberada ontem pelo Ministério do Trabalho e do Emprego e divulgada hoje pela revista Exame. Tirando as capitais estão nesta lista ouros vinte e um municípios que seguem a ordem: Franca- SP; Guarulhos- SP; Altamira- PA; Maringá- PR; Sta. Cruz do Sul- RS; Campinas- SP; Joinville- SC; Blumenau- SC; Caxias do Sul- RS; Rio Grande- RS; Pontal- SP; Três Lagoas-MG; Londrina- PR; Piracicaba- SP; Petrolina- PE; Venâncio Aires- RS; Uberlândia- MG; Campos dos Goytacazes- RJ; Sobral- CE; Sorocaba- SP e Ribeirão Preto- SP.

Interessante observar que nesta lista há sete cidades do estado de São Paulo; quatro do Rio Grande do Sul; duas de Minas; duas do PR; duas de SC; duas do Nordeste; uma do Norte e apenas um do estado do Rio de Janeiro.

Pelo menos duas leituras podem ser feitas deste quadro: tirando as capitais do Norte e Nordeste, são poucas as cidades destas regiões com boa dinâmica econômica. O fato do estado do Rio de Janeiro ter apenas a presença de Campos para além da capital também é um registro importante de ser feito.

No caso de Campos, o economista Alcimar Chagas, informou hoje aqui em seu blog Economia do Norte Fluminense que no primeiro semestre de 2013, o município teve um saldo de 3.731 empregos, sendo 1.622
apenas no mês de junho, que reflete as contratações sazonais do período da produção canavieira. Os números divulgados pela revista Exame são diferentes. Campos na 27ª posição teria tido 4.501 novos empregos entre janeiro e junho de 2013, contra, 3,4 mil no mesmo período de 2012, uma variação de 29%.

É provável que estes números reflitam o pique das obras do Complexo do Açu, que embora localizados em Açu, no município de São João da Barra, uma boa parte dos contratos de trabalho são homologados em Campos. Caso isto seja verdadeiro, é provável que os problemas recentes de demissões nas empresas que atuavam nas obras venham aparecer nos registros da Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho e do Emprego nos próximos meses.

Pauta dos "Cabruncos Livres" em Campos

O Alexis Sardinha expôs em seu perfil no Facebook o cartaz abaixo. Este blog manifesta aqui o seu apoio em todos os cinco pontos da pauta do movimento que nasceu dos estudantes, mas, que reflete demandas de todo o nosso povo:


"Os franceses, não tão "miseráveis" por Krugman

O artigo abaixo é do colunista do New York Times Paul Krugman reproduzida pela site da revista Carta Capital. Ele sempre tem tem análises macroeconômicas interessantes de serem conhecidas. Esta em especial me chamou a atenção de como a noção e as decisões de Estado, são tão diversas de uma nação para a outra, com resultados, muitas vezes, heterodoxamente diversos.

Ao falar da situação econômica da França e do jeito de ser daquele povo, comparada com a americana, Krugman fala da decisão política francesa em conceder bolsas a seus jovens para estudarem. Enquanto isto, os americanos incentivam a ida para mercado de trabalho.

Os franceses tornaram financeiramente a aposentadoria precoce atraente, para com isso abrir espaços no marcado de trabalho para os mais novos. Enquanto isto, a receita neoliberal diz exatamente o contrário, que é necessário ampliar a idade da aposentadoria.

Logicamente, as diferentes decisões repercutem diferentemente na realidade do desemprego em um ou noutro país, mas, além disso, representa também numa forma diversa de viver de um povo, em relação a outro, e mesmo que com relações comerciais amplas, sem que uma deva se impor à outra como alguns tentaram..

Confiram o artigo:

"Os franceses, não tão "misérables"
Neste momento, existe muito menos sofrimento na França do que nos EUA. Não deixe que aqueles rostos taciturnos o enganem

por Paul Krugman, The New York Times

"O colunista do New York Times Roger Cohen escreveu recentemente uma bela coluna intitulada “O glorioso mal-estar da França”. Ele defende, de modo impressionista, uma tese que eu pretendia levantar em tom quantitativo: as coisas não estão tão ruins na França como muitas reportagens na mídia britânica e americana dão a entender. Sim, os franceses parecem taciturnos, mas os franceses sempre parecem taciturnos. Não são do tipo “tenha um bom dia”, mas isso não diz muito sobre a economia.

Embora você não pudesse saber disso pelas coisas que lê nos Estados Unidos, de certa forma a economia francesa ainda está se saindo melhor do que a nossa. O economista Dean Baker citou um aspecto disso outro dia em seu blog: o desemprego jovem. Sim, o índice de desemprego entre os jovens franceses é muito maior que o dos jovens americanos. Mas, como indica Baker, a fração de jovens desempregados é mais ou menos a mesma aqui e lá. Como isso é possível? Porque muito menos estudantes de faculdade franceses têm de buscar emprego, graças às bolsas de estudo vastamente mais generosas.

Mas há uma comparação ainda mais surpreendente que aprendi com Baker. Vamos não olhar para os índices de desemprego, passíveis de ser distorcidos da maneira como acabamos de ver. Em vez disso, veja os índices de emprego, a fração da população que está empregada. E divida-a pela idade.

Os jovens franceses têm muito menos probabilidade de estar trabalhando. Assim como os franceses mais velhos, por causa das políticas que tornaram financeiramente atraente a aposentadoria precoce. Mas na idade ideal de trabalho, surpresa! A imagem do emprego francês, pelo menos até o fim do ano passado, era significativamente melhor do que a nossa.

E lembre-se: isso em um sistema no qual você terá muito menos sofrimento se, por acaso, ficar sem emprego. Neste momento, existe muito menos sofrimento real na França do que nos EUA. Não deixe que aqueles rostos taciturnos o enganem.


O economista Jared Bernstein escreveu recentemente da Europa um comentário sobre a total indisposição dos fazedores de políticas europeus a aprender com seus erros; chame isso de “euroderp”. E é de fato uma coisa notável: apesar das evidências de que a austeridade não funciona como anunciado, não houve basicamente qualquer relaxamento da ortodoxia ou admissão de erro.

No percurso, Bernstein mencionou a análise de multiplicadores de Blanchard-Leigh, em que os economistas Olivier Blanchard e Daniel Leigh, do FMI, admitiram que o Fundo deixou de avaliar quanto dano a austeridade causaria, porque subestimou os multiplicadores em cerca de dois terços. E isso ilustra um ponto: a diferença entre “urpar”, que é perdoável, e “derpar”, que não é.

Com “urpar”, quero dizer simplesmente entender algo errado, e então admitir, com o surgimento de evidências, que você realmente entendeu errado: “Urp! Foi um mau palpite!” Obviamente, se alguém “urpa” o tempo todo, sua credibilidade diminui, mas todo mundo o fará de vez em quando. “Urpar” é humano.

“Derpar”, por outro lado, significa que, apesar das provas em contrário, você continua afirmando em alto som a mesma coisa, sem se importar. Blanchard e Leigh “urparam”, mas não “derparam”. Os inflacionistas, por outro lado, simplesmente continuam “derpando”.

Algumas pessoas não parecem compreender a distinção. Apontam erros que cometi no passado, principalmente meu mau palpite sobre os déficits e taxas de juro em 2003. E dizem: “Você também derpa!” Mas eu admiti ter sido um mau palpite e adaptei a minha análise apropriadamente. Eu gostaria de ter acertado, mas todo mundo, com a possível exceção do papa, “urpa” de vez em quando. Tudo o que posso dizer é: tenho “urpado” menos que a maioria. E realmente me empenho muito em não “derpar”.


Zachary Goldfarb, repórter do The Washington Post, espantou-se em um recente artigo online com o fato de que, enquanto os americanos usam cada vez menos transações em dinheiro, a quantidade de moeda em circulação cresce. Por quê? Ele sugere ser isso motivado pelo medo, preocupações com a estabilidade política e financeira.

Eu sugeriria uma explicação diferente. Os motivos para ter dinheiro vivo, na forma de notas de 100 dólares, existem há um bom tempo: em grande parte têm a ver com burlar o Fisco. Com os juros perto de zero, o que mudou foi o custo de oportunidade de deter dinheiro, que caiu muito."

Sobre a erosão na praia do Açu

O blog recebeu por email o comentário do geólogo e jornalista Everaldo Gonçalves que publica abaixo:

"Prezado Roberto, em continuidade aos meus comentários técnicos na postagem anterior sobre as erosões costeiras na praia do Açu (inclusive lembrando das que ocorrem em Atafona mais ao Norte), com esta sua nova postagem e as fotos e imagens de satélite mantenho a minha preocupação quanto às ocupações em zonas de restingas devido ao ambiente frágil e não estar estabilizado e sujeito aos processos naturais de recuo e avanço do mar, que podem ser acelerados por atividades antrópicas. Não dá para avaliar a distância entre o canal de 300 metros de largura aberto para o TS-2 e o local da erosão, bem como a relação causal com as obras iniciais do quebra-mar da ponte de 3 km e seus complementos. Porém, se o avanço do mar aumentou depois do rasgão na praia, que seccionou a orla, o fenômeno é mais preocupante e exige maiores estudos, que já deveriam ter sido previstos nos inúmeros EIAs-Rima do Distrito Industrial e do Porto Açu. Pode ser mais um impacto ambiental de grande porto em mar aberto, com orla e retroárea em zona de restinga. Att., geólogo, Everaldo Gonçalves."

terça-feira, julho 23, 2013

A Comissão de Investigação de Cabral (CEIV)

Ninguém em sã consciência pode apoiar a violência e as agressões. Compreendê-las, mesmo que em parte, em alguns poucos casos, talvez.

De outro lado, a quantidade de adjetivos usados por alguns governantes e pela mídia corporativa, em diversos momentos parece exagerada. Começou por vândalos, avançou para baderneiros, arruaceiros e daí em diante não para mais. Não sei até onde isto ajuda.

Diante do cenário o governador Cabral, disparado o mais criticado nas manifestações, publicou no Diário Oficial o Decreto Nº 44.302, criando uma "Comissão Especial de Investigação dos Atos de Vandalismo" (CEIV) no âmbito do estado.

Duas grandes estranhezas, ele deixou de fora a OAB-RJ, Além disso, "tentou" dar à comissão poderes que obriga os provedores de Internet e as operadoras móveis, a fornecerem informações, num prazo máximo de 24 horas, sob eventuais suspeitos, que até que se prove em contrário, cabeira apenas ao Judiciário.

O governador Cabral precisa se controlar. O poder tem limites e prazo de validade. Mesmo que todos os seus opositores estejam errados, ainda assim, quem está no poder deve saber usar os meios do poder pensando na sociedade e no futuro e não apenas no presente.

Abaixo cópia do decreto publicado no Diário Oficial:

PS.: Atualizado às 02:48: Sobre posicionamento da OAB-RJ: "A OAB-RJ analisa se vai ajuizar uma ação contra o decreto, no órgão especial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, ou se vai tomar medidas no âmbito administrativo, pedindo a reconsideração dos artigos. A conclusão da OAB-RJ é pelo decreto inconstitucional.Primeiramente, por se tratar de normas de natureza processual. Somente a União Federal, através de lei federal, pode ditar normas processuais, nunca uma lei estadual ou decreto. Isso está previsto na Constituição, que assegura a competência exclusiva para União para legislar. Os estados não podem legislar, tampouco, um ato do governo estadual pode ditar normas processuais."

33 plataformas decidem parar produção na Bacia de Campos, por 24 horas, na 5ª feira, por mudança da fórmula de cálculo do repouso semanal

Segundo o Sindipetro-NF, trinta e nove plataformas realizaram assembleias para avaliar o indicativo do Sindicato de paralisação de 24 hora, no dia 25 de julho, contra a decisão da empresa, de suspender o pagamentos dos reflexos da hora extra, do Repouso Semanal Remunerado. Trinta e três plataformas já aprovaram o movimento.

O quadro divulgado pelo Sindipetro-NF às 16:18 era o seguinte:

Foram a favor da paralisação: PCE-1; PGP-1; PCH-1; PCH-2; PCP 1/3; PCP 2; PVM-1; PVM-2; PVM-3; P-07; P-08; P-09; P-10; P-12; P-17; P-18; P-20. P-23; P-25; P-26; P-27; P-31; P-33; P-37; P-38; P-43; P-47; P-48; P-51; P-53; P-54; P-56 e P-65.

Contra: PPM-1; P-19; P-40; P-50.

Em duas plataformas houve empate na assembleia: P-35; P-52. No total de participantes das assembleias: 847 votaram a favor e 182 contra.

O Sindipetro-NF protocolou ontem, 22, um ofício ao Diretor de Exploração e Produção, José Miranda Formigli Filho, comunicando a decisão da categoria de realizar uma greve de advertência de 24 horas a partir de zero hora do dia 25 de julho de 2013 até as 23h59 do mesmo dia.

Helicóptero da Líder faz pouso de emergência em Campos

A informação é do Sindipetro-NF:

"Helicóptero faz pouso de emergência em Campos"
23/7/2013 - 12:40

"Helicóptero operado pela empresa Líder (Prefixo JBH) realizou, no final da manhã de hoje, pouso de emergência no aeroporto Bartolomeu Lisandro, em Campos dos Goytacazes, após ter sido identificado alarme de limalha de ferro em óleo lubrificante.

O voo, das 10h20, deixou o aeroporto de Macaé com 18 petroleiros e dois tripulantes com destino à Unidade de Manutenção e Segurança (UMS) Cidade de Quissamã, na Bacia de Campos. Ninguém se feriu.

Dois diretores do Sindipetro-NF, Luiz Carlos Mendonça e Francisco Tojeiro, estavam no aeroporto de Campos quando o pouso ocorreu. De acordo com Mendonça, houve relato sobre forte cheiro de queimado na aeronave, que teria feito parte do trajeto com uma das turbinas fora de funcionamento. Os bombeiros foram acionados para acompanhar o pouso, que foi bem sucedido.

Os trabalhadores, da Petrobrás e de empresas terceirizadas do Setor Petróleo, serão realocados para outro voo, tendo que voltar de ônibus para Macaé. O Sindipetro-NF continua a acompanhar o caso."


No último dia 4 de julho, portanto há pouco mais de 15 dias, problema semelhante, porém mais grave, porque embora fosse pouso de emergência, ele aconteceu fora do aeroporto em Macaé:

"Um helicóptero realizou um pouso de emergência na manhã desta quinta-feira (4) em Macaé. A aeronave, modelo SK 76 da empresa Atlas Táxi Aéreo, transportava dez pessoas, sendo oito trabalhadores, um piloto e um copiloto. Ela seguia da plataforma SS 58 para o aeroporto de Macaé. O pouso aconteceu em um terreno baldio, localizado na Linha Azul, próximo ao bairro Ajuda de Baixo. Ninguém ficou ferido. Em nota, a empresa Atlas Táxi Aéreo informou que a aeronave apresentou problemas técnicos em um dos motores quando chegava ao aeroporto. E, em razão da pista do aeroporto estar com uma aeronave na área de pouso, o comandante resolveu, por questões de segurança, pousar em uma área descampada, à direita da pista."

"Uma nova agenda para a esquerda e para o Brasil"

A ideia é ousada como exige a contemporaneidade e os novos tempos. Assino embaixo da opinião do Tarso Genro governador do Rio Grande do Sul que faz mais do que uma importante reflexão, uma proposta de agenda:

"Uma nova agenda para a esquerda e para o Brasil"
Tarso Genro*

Imposto sobre as grandes fortunas, 10% do PIB para a educação, nova regulação para concessões na área de comunicações visando a democratização da circulação da opinião; uma CPMF com fundos vinculados especialmente para a saúde e transporte coletivo, com controle social; um “sistema” de participação popular – virtual, presencial com revalorização dos conselhos e conferências nacionais – para produzir e vigiar o orçamento público, combinado com a representação política permanente e estável. (Novas políticas de Estado.)

Um plano de obras públicas especialmente voltado para ferrovias e VLTs urbanos para os próximos vinte anos; um programa de estímulo e pesquisa para inovação tecnológica especialmente voltado para economia criativa e para redes de médias e pequenas empresas de todas as áreas, para atrair investimentos externos e empregos de qualidade; um programa novo de reforma agrária, tendo com ponto de partida não só o acesso à terra, mas também a promoção da agricultura camponesa para produzir e circular alimentos de qualidade, “limpos” de agrotóxicos; novo ciclo de fortalecimento dos bancos públicos e duplicação das redes de microcrédito, urbano e rural. Compromisso com a Reforma Política. (Novas políticas específicas de governo).

O Partido dos Trabalhadores e os partidos ou setores de partidos da esquerda – ou que se avocam progressistas – defrontam-se hoje com o esgotamento de um ciclo político iniciado com Constituição de 88 e, na área das políticas de inclusão social e educacional, com os governos Lula e Dilma. A reestruturação da sociedade de classes, que ocorreu no país neste período, propõe novos desafios ao neo-desenvolvimentismo, para que os atuais avanços não se percam e para que não voltemos à sociedade dos “três terços”, que caracterizou a política dos governos de ajuste da academia “moderna” com o conservadorismo neoliberal.

Mas o ciclo lulo-desenvolvimentista atingiu o seu limite. Não porque não deu certo. Mas porque se realizou plenamente. E para passarmos para uma nova etapa é necessário mudar a agenda política e econômica do país: à segurança da estabilidade financeira, na relação com as finanças globais (já conquistada), deve suceder a estabilidade das instituições democráticas republicanas (em crise), que só podem ser re-legitimadas pela combinação da representação política, com a participação direta da cidadania em diversas instâncias de poder.

Não se trata de promover o assembleísmo espontâneo, como método de gestão técnica e política do Estado. Trata-se de criar instituições regulares de participação direta – presenciais e virtuais – para dar um sentido novo ao republicanismo originário dos mais de duzentos anos de revoluções democráticas no ocidente. Porque me refiro à substituição da “segurança financeira” pela “segurança política”? Ora, os setores conservadores e as classes privilegiadas do país, ligadas ao “rentismo” ou que tiram proveito – direto ou indireto – das suas especulações e exorbitâncias, já perceberam que este primeiro ciclo de mudanças progressivas no país está esgotado.

Estes setores passaram – a partir desta constatação – a apostar claramente no desgaste político da Presidenta Dilma e sua estratégia está clara na “previsão” de um novo surto inflacionário para, rapidamente, aumentar a taxa de juros, visando “ajudar” os bancos atolados na dívida europeia a promover a transferência parcial dos custos daquela crise. A “socialização” dos custos da crise europeia é a grande política, neste momento, desenvolvida pelos grandes grupos financeiros globais acalentado pela “grande” mídia. Ela, como seu viu durante as mobilizações deste julho, demanda um novo ciclo de “reformas”, cujo exemplo mais significativo é a substituição, na Europa, da política pelas decisões tecnocráticas do Banco Central Europeu.

É óbvio que por dentro deste processo está igualmente o objetivo de “viciar”, ainda mais, a economia financeira do nosso país na ortodoxia das agências de risco e de especulação. E este processo não tem fim: continuará endividando União, Estados e Municípios, até chegarmos à mesma situação dos países europeus, já ajoelhados perante as decisões do Banco Central Europeu. Como é sabido até pelo Conselheiro Acácio é ele quem, de fato, governa a Europa nos dias de hoje, transformando os partidos e as instituições democráticas de Estado em organismos irrelevantes.

É preferível, a partir desta análise, uma taxa de investimentos que proporcione um crescimento persistente de 3,5% ao ano, do que os solavancos atuais, que geram dúvidas em todo o setor privado – grande, pequeno e médio – que nos viciam nos riscos rentistas e nos colocam nas mãos das profecias autorrealizáveis.

É hora de romper com a morfina do sistema financeiro global e mudar a agenda econômico-financeira do país, mudando a sua agenda política. O primeiro movimento é partir para a formulação de um programa que estruture um novo Bloco político-partidário (de partidos, frações de partidos, instituições da sociedade civil, movimentos sociais, organizações sindicais e populares) para iniciar – por exemplo – uma ampla Consulta Popular, com a ajuda dos governos de esquerda do país, sobre a Reforma Política e os 10% do PIB para a educação: à inércia e ao fisiologismo da maioria do Congresso, responder com uma mobilização de “baixo para cima”, dentro da ordem constitucional atual.

Refiro-me especialmente a estes pontos porque eles contém os dois elementos mais importantes para mudar a agenda do país, pois enfrentam diretamente o poder econômico (sobre os partidos: financiamento público ou proibição de financiamento por pessoas jurídicas), e a força do capital financeiro sobre o Estado (reserva de recursos para a educação reduzindo as reservas do pagamento dos juros e serviços da dívida).

A chamada “agenda das ruas”, que está em debate atualmente, não pode ser romantizada. De uma parte, vimos jovens de setores médios e setores populares lutando por melhor transporte, saúde, educação, melhores condições de vida nas regiões metropolitanas e melhores serviços públicos, estes aliás, às vezes submetidos aos interesses imediatos das corporações. Mas não devemos nos esquecer que também estavam lá setores médios conservadores, altas classes médias (“contra a política”), diretamente motivados pela mídia de direita (“o gigante acordou”), pedindo também uma mudança de agenda, mas contra o Bolsa Família, contra os pobres terem automóveis, contra os “aeroportos lotados”, contra a democracia, contra “os impostos”, como se um país pudesse arrecadar menos e depois investir mais.

Independentemente de que a nossa candidata (no meu caso) possa acolher, hoje, integralmente, aqueles ideias para sua reeleição, e assim responder a este novo ciclo no seu segundo governo, é necessário que o novo programa seja apresentado e formatado publicamente, através de consultas, debates, de conversações inter e extraparditárias, de diálogos entre a academia e o movimento social e sindical.

Trazer as novas gerações de militantes sem partido para participar da elaboração do programa para o novo período é uma tarefa crucial da esquerda que ainda não morreu. Se isso não ocorrer, a falsificação de que o “gigante acordou” (agora!), pode vingar, com uma restauração do projeto conservador neoliberal, de privatização do Estado e subordinação ao rentismo. Alguém vai conseguir governar o país com o retrocesso das conquistas dos governos Lula e Dilma? Duvido. A renovação da agenda política e econômica do país é, também, a defesa da República e da Democracia para o futuro.
(*) Governador do Rio Grande do Sul

"Precariado"

O termo é o termo usado por Giovanni Alves, professor da Unesp em Marília e doutor em Ciências Sociais pela Unicamp. Para Giovanni "precariado é a camada média do proletariado urbano constituída por jovens-adultos altamente escolarizados com inserção precária nas relações de trabalho e vida social". Situação que não é recente nos países centrais, mas, relativamente novo, nos países chamados de capitalismo tardio.

Diz ainda Giovanni: "No plano sociológico, o precariado como camada social média do proletariado urbano precarizado seria constituído, por exemplo, por um conjunto de categoriais sociais imersas na condição de proletariedade como, por exemplo, jovens empregados do novo (e precário) mundo do trabalho no Brasil, jovens empregados ou operários altamente escolarizados, principalmente no setor de serviços e comércio, precarizados nas suas condições de vida e trabalho, frustrados em suas expectativas profissionais; ou ainda os jovens-adultos recém-graduados desempregados ou inseridos em relações de emprego precário; ou mesmo estudantes de nível superior (estudantes universitários são trabalhadores assalariados em formação e muitos deles, estudam e trabalham em condições de precariedade salarial). É importante salientar que a precarização do trabalho como precarização salarial e precarização existencial torna-se crucial na delimitação do conceito de precariado."

Giovanni é coordenador da Rede de Estudos do Trabalho (RET), do Projeto Tela Crítica e outros núcleos de pesquisa reunidos em seu site giovannialves.org. É também autor de vários livros e artigos sobre o tema trabalho e sociabilidade, entre os quais O novo (e precário) mundo do trabalho: reestruturação produtiva e crise do sindicalismo (Boitempo Editorial, 2000) e Trabalho e subjetividade: O espírito do toyotismo na era do capitalismo manipulatório (Boitempo Editorial, 2011). Este, em especial, muito interessante.

Se desejar ler um pouco mais sobre o conceito "precariado" clique aqui e leia o artigo de Giovanni no blog da Editora Boitempo. A imagem abaixo, postada junto do texto, é do quadro "Noite", uma pintura do artista alemão Max Beckmann, 1918 retratando o período pós Primeira Grande Guerra.





















PS.: Atualizado às 11:06: Para inclusão de parte da análise do Giovanni Alves que consta de seu texto.