domingo, setembro 02, 2018

Disputa entre o RJ e ES por base logística de apoio à exploração de petróleo envolve o Açu

Eu já comentei algumas vezes aqui neste espaço do blog que os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, pelas suas geografias de estados mais extensos na direção do litoral, tendem a disputar bases operacionais do modal logístico portuário. Tanto de apoio às bases de apoio à exploração de petróleo, quanto de exportação de minério de ferro extraído do vizinho estado de Minas Gerais.

Atualmente, neste momento de reacomodação do setor, está em curso duas decisões corporativas que refletem este movimento e esta disputa. Elas envolvem investimentos em infraestrutura e mobiliza a economia e as receitas tributárias, hoje, imensamente disputadas pelos governos estaduais em crise fiscal.

Mapa de localização do campo de Roncador. Fonte EIA/Rima.
Duas informações veiculadas na semana que passou no jornal capixaba A Gazeta dá conta que o cônsul-geral da Noruega garantiu ao governo do estado do ES que a petroleira Equinor (ex-Statoil) vai abrir uma base no Espírito Santo, para desenvolver melhorias tecnológicas a serem utilizadas no campo de Roncador, que fica no litoral fluminense, em frente dos municípios de São João da Barra e São Francisco do Itabapoana.

O Espírito Santo tem expectativas de empregos mais qualificados nesta base com este tipo de atividade. A Equinor adquiriu da Petrobras no final do ano passado, os direitos de 25% do campo de Roncador por US$ 2,9 bilhões. Além disso, a Equinor também convenceu a Petrobras em atuar na exploração dos campos maduros da Bacia de Campos que tem a maior parte de sua base operacional instalada no município de Macaé.

De outro lado, a petroleira anglo-holandesa Shell está avaliando deixar a base operacional de Vila Velha, ES, onde a petroleira armazena materiais, equipamentos e suprimentos que utiliza no campo do Parque das Conchas, no sul do litoral capixaba, para o Porto do Açu.

A Shell através da sua subsidiária BG já utiliza o terminal 1 do Porto do Açu para fazer transbordo de petróleo. Assim, poderia expandir sua base operacional para o porto assim, como fez recentemente a Petrobras, que utiliza a base de apoio offshore da americana Edison Chouest que funciona no terminal 2 do Porto do Açu.

Em Vila Velha, a Shell tem um contrato há dez anos com a empresa Vipetro onde utiliza uma retroárea de 20 mil m². A Shell obteve em leilões a participação em vários projetos na Bacia de Campos e Santos e está reavaliando suas operações logísticas e bases de infraestrutura no litoral. A Shell informa que ainda não tomou a decisão sobre estes contratos, mas considera utilizar as bases do Porto do Açu no norte do ERJ.

É certo que as empresas petroleiras e para-petroleiras que atuam no país neste momento estão montando seus planejamentos, tendo em vista uma nova fase de expansão (boom) do ciclo petro-econômico que estima-se que aconteça até a metade da próxima década.

A Equinor planeja até 2030 com investimentos de US$ 15 bilhões atingir a produção de 500 mil barris por dia no Brasil. Enquanto isso, a Shell depois que adquiriu a petroleira britânica BG, já estava produzindo no Brasil, no final do ano passado mais de 400 mil barris por dia. Assim, a Shell deve atingir a marca de 500 mil barris por dia ainda este ano, antes do planejamento original que era de 2020.

Estes dois casos servem para demonstrar a movimentação e a capacidade de arrasto do setor de petróleo tem no país. Em 2013, antes da crise a cadeia produtiva do petróleo com os projetos e exigências da Política de Conteúdo Local (PCL) o setor chegou a atingir mais de 13% de PIB do país. Estudos de empresas que utilizam dados do bigdata estimam que a cadeia do petróleo no Brasil envolve um universo de 180 mil empresas, onde já se registra um crescimento do nível de atividades.

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