domingo, abril 05, 2020

Duas observações sobre a superposição da crise do Coronavírus e a do desgoverno do capitão e a tutela da junta de generais no Brasil de hoje

Observando os efeitos da superposição da crise do Coronavírus e a do desgoverno do capitão e a tutela da junta de generais no Brasil de hoje e possível destacar duas questões:

1) O pico da contaminação e necessidade de maior (muito maior) intervenção da União, se dará nos próximos 15/20 dias. O "Modo Governadores", mesmo articulado com Congresso e parte das cortes superiores de Justiça, neste momento de tensão e da necessidade de uma profusão de decisões, prescinde de uma liderança clara, não obscura e tutelada. Logo esta junta governativa, sob o controle do general Braga Neto, tem prazo de validade fácil de ser identificada. As principais atribuições, agora, exatamente na questão do aportes financeiro volumosos e da estruturação de programas emergenciais e montagens de órgãos e agências para administrar estes programas são atribuições da União e não devem ter seu foco dividido com a luta de poder do comando militar que se apoderou do poder civil. Fora dela a crise é maior e as ações desarticuladas ampliarão o caos que está a caminho.

2) Já começando a pensar e planejar este período pós pico da contaminação do Covit-19 (que ainda estará se espalhando por outras regiões para além das capitais e regiões metropolitanas), coincidirá com a maior demanda social (crescimento) que avança, por conta do já enorme desemprego, da redução de salários e do esgotamento das pequenas reservas e dos auxílios governamentais.

Aumentar os investimentos estatais para programas de emprego e renda (uma boa ideia é o Programa de Garantia do Emprego) serão dificultados em sua implementação. Em especial, nas áreas comuns de serem desenvolvidas, pós-crise como infra-estrutura (habitação, saúde, hospitais, pesquisa, escolas, estradas, pontes, proteção ambiental, etc.).

Isso acontecerá porque as grandes empresas de engenharia foram quase que completamente dilapidadas no país com o golpe político. As expertises das pessoas jurídicas foram jogadas fora, como a água de banho que lavava o bebê.

Isso tornará ainda mais difícil tudo que precisa ser feito. Guedes e seu grupo não sabem fazer isso. Eles consideram desperdício de dinheiro tudo aquilo que não seja para socorrer o setor financeiro.

As empresas estrangeiras estarão cuidando dos negócios e serviços em seus países.

E assim, da forma mais dolorosa possível, o país poderá ver de perto, mais uma vez, o equívoco de trocar um projeto de nação, que havia vários erros a serem corrigidos, por um interesse de poder de apenas uma classe que não sobrevive sem as demais e, em especial do Trabalho como vemos na realidade que está diante de todos nós.

Independente de tudo precisamos não apenas resistir, sobreviver, mas transformar essa realidade.
Sigamos em frente!


PS.: Atualizado às 15:42:
Vale ainda lembrar que há uma outra superposição nas duas crises citadas que é o fato de que elas ocorrem simultaneamente em outras regiões e nas demais escalas. Tudo isso torna a questão mais complexa e a exigir alguma pactuação mínima, para além de liderança para executar o que for acordado, antes das disputas pelo poder.

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