terça-feira, setembro 14, 2021

"Nova" licitação da concessão da BR-101 (RJ) revela interesses imediatos de grupos financeiros

Não tenham dúvidas, a "nova concessão" da BR-101/356 (prevista agora para 2023) estará diretamente atrelada ao projeto da Ferrovia EF-118 (Serra, ES - Itaguaí, RJ). 

Por trás de todas as grandes infraestruturas de circulação estará sempre o fluxo e a densidade de deslocamento de cargas e num grau muito menor de pessoas. 

Quem decide sobre os formatos estão sempre muito mais influenciados pelos donos de cargas do que sobre o deslocamento das pessoas. 

Além disso, algumas das infraestruturas mais importantes da região - vinculadas ao transporte de cargas - são controladas por fundos financeiros, que sempre estão de olho em maiores rendimentos e preferencialmente com riscos e prazos menores. Não por outro motivo os concessionários atuais forçaram essa suspensão do contrato de concessão da BR-101 (Norte RJ) 

O Porto do Açu é controlado pelo fundo financeiro americano EIG Global Energy Partners e a BR-101 pela Abertis comendada pelo fundo canadense Brookfield Motorways Holdings SRKL e a espanhola Abertis Infraestructuras S.A. 

Como se vê há muito os negócios e interesses relacionados à região e ao seu desenvolvimento subiram as escalas e são negociados num patamar da superestrutura, em que as comunidades e a maior parte dos agentes locais sequer desconfiam. 

Esses grandes grupos financeiros globais atuam nas regiões, através de seus enclaves, sem fazer distinções, de olho e baseados apenas nos seus interesses e na extração de valor que usufruem por ocupar nossos territórios. De nós querem apenas que as comunidades não criem obstáculos à fluidez das suas cargas – como lugar de passagem - vendendo o discurso do progresso e do vazio argumento da sustentabilidade.

Um comentário:

Anônimo disse...

Enquanto isso, por muitos anos ainda, no mínimo até 2023, o trecho da BR101 entre os km 145 e 190 (Rio Dourado) continuará sem duplicação, a maior causa de acidentes fatais nessa rodovia. Trecho cuja duplicação era para ter sido concluída até 2011 (pelo contrato de concessão), mas que não obteve licença ambiental do IBAMA e do ICM-Bio, o que favoreceu a concessionária, que recebeu os pedágios caríssimos e não não fez a sua parte. Na verdade, nesse caso específico, os órgãos ambientais atuaram contra a proteção de vidas humanas e favoreceram o caixa da concessionária. E o governo atual aceita passivamente a devolução da concessão sem cobrar a duplicação do trecho que falta.