quarta-feira, setembro 25, 2019

ERJ perdeu 25 mil universitários na graduação presencial apenas no último ano

O blog com o auxílio do professor José Carlos Salomão Ferreira segue com esta publicação divulgando mais dados e indicadores dos censos do ensino superior nos municípios do ERJ como faz há mais de uma década.

Com os microdados extraídos da base de informações do Inep/MEC, no Censo do Ensino Superior de 2018, foi possível extrair o número de matrículas nos municípios fluminenses (39) que possuíam cursos de graduação presencial.

Em 2018, o ERJ possuía um total de 544,7 mil estudantes de nível superior (graduação presencial). Esse número identifica que houve uma redução de 25,9 mil matrículas, em relação aos 570,1 mil graduandos que havia nos municípios fluminenses em 2017.

A maior redução (cerca de 20 mil matrículas) aconteceu nas instituições privadas. Nas instituições públicas a redução foi de 5 mil matrículas. Pode-se atribuir o fato à persistente crise financeira e aos custos das mensalidades. Além disso, também ocorre um menor interesse dos jovens com os cursos pagos, diante da falta de empregos. Tudo isso ajuda a explicar a redução do número de matrículas que se iniciou em 2017, depois de ter crescido, continuamente, desde o ano 2003.

O pico de 573 mil matrículas no ERJ se deu em 2015, desde então, a quantidade de universitários vem se reduzindo no ERJ. Este volume acima de meio milhão de matrículas ainda é bastante expressivo. Esse número foi atingido no ano de 2008 e decorreu da expansão da economia e da ampliação da rede federal promovida nos governos Lula 1 e 2, com novos campi das universidades e institutos federais, aumentando também a capilaridade e a abrangência de municípios atendidos com vagas de ensino superior em graduação presencial.

A primeira tabela abaixo com dados dos censos do ensino superior (2003-2018) mostra a evolução no número de matrículas por município. A segunda tabela, logo abaixo, faz uma comparação entre o total de matrículas nas instituições públicas e privadas do ERJ. Clique sobre as tabelas e seus dados em tamanho maior na tela, com a distribuição da quantidade de matrículas em 2019, espalhada por 39 entre os 92 municípios fluminenses.


Observa-se pelos dados que a capital, Rio de Janeiro, ainda segue concentrando a maior parte das matrículas com 297 mil matrículas, equivalentes e 55% do total. Uma concentração extraordinária, embora, seja também na capital que tenha ocorrido a maior redução de matrículas, em números absolutos entre 2017 e 2018: menos 16 mil matrículas, do total da redução de 25,9 mil matrículas entre 2017 e 2018 no ERJ.

Nas demais posições do ranking de matrículas entre os municípios fluminenses há algumas alterações em relação ao censo do ano anterior (2017): em 2º lugar segue o município de Niterói com 58,7 mil matrículas (2,6 mil matrículas a menos que 2017); em 3º lugar: Nova Iguaçu: 24.450 matrículas; em 4º lugar passou a ser o município de Campos dos Goytacazes com 19.818 matrículas (18 a maios que 2017); Em 5º lugar: Duque de Caxias com 18.464 com 3 mil matrículas a menos do que 2017.

Estes números mostram ainda a concentração da oferta de matrículas do ensino superior na região Metropolitana Fluminense que chega a 76% do total do ERJ, embora um pouco menor do que em 2017, quando este percentual se aproximou dos 80%.

Nº de matrículas no interior segue apontando polos por região
Ainda assim, vale destacar que alguns novos polos de ensino superior estão se desenvolvendo - se estabilizando e adensando - com o correr do tempo.

Nesta linha vale destaque a quantidade de matrículas de alguns municípios do interior: Volta Redonda com 14,4 mil matrículas; Petrópolis com 10,6 mil matrículas; Macaé com 9,6 mil matrículas; Cabo Frio e Itaperuna com 8,4 mil matrículas.

Estes números apontam para novos polos de ensino superior no interior do ERJ e demonstram uma dinâmica que se espalhou - e vem se mantendo - apesar da crise econômica e fiscal no governo do estado, federal e de vários municípios fluminenses.

Num olhar ainda um pouco mais amplo, se percebe que os polos foram se ampliando para municípios vizinhos aos polos anteriores, dentro dento de suas regiões no ERJ. No caso da região Serrana, além de Petrópolis com 11,2 mil matrículas, há Nova Friburgo com 6,4 mil matrículas e Teresópolis com 4,3 mil matrículas.

Na região Sul para além de Volta Redonda com 14,4 mil matrículas, se registra Resende com 6,2 mil matrículas e Barra Mansa com 5,2 mil matrículas; Vassouras com 3,3 mil matrículas e Valença com 3,1 mil matrículas.

Entre os municípios que alguns chamam da Região do Petróleo: Campos, Macaé, Rio das Ostras e Cabo Frio juntos possuem 40,3 mil matrículas. Um número significativo, mas inferior ao número de matrículas apenas de Niterói com 58,7 mil matrículas.

No Noroeste Fluminense, além de Itaperuna com 8,4 mil matrículas (400 matrículas a mais que em 2017); Santo Antônio de Pádua com 1,7 mil matrículas e Bom Jesus do Itabapoana com 843 matrículas.

Porém, há que se realçar que diferente da quantidades de matrículas do ensino superior nestes municípios, o desenvolvimento do tripé da academia "Ensino-Pesquisa-Extensão" ainda é relativamente baixo, mesmo que crescente. Em sua maioria quase esmagadora, com raras exceções, as atividades de extensão e pesquisa estão vinculadas às instituições públicas com as universidades e institutos federais em seus vários campi.

Além disso, a análise desses números merece ser observadas sob outras dimensões. Por exemplo, sob o ponto de vista do que estas instituições podem estar trazendo de dinamismo econômico-social, para além da economia que movimentam com os fluxos de pessoas entre os municípios, com os salários de professores e técnicos das instituições e com as despesas de manutenção cotidiana dos alunos nas economias locais destes municípios-polo de matrículas do Ensino Superior.

Porém, esta é uma tarefa mais ampla e se relaciona com outros setores econômicos e circuitos regionais ligados à economia e aos arranjos populacionais do Estado do Rio de Janeiro. Assunto que temos procurado abordar com frequência aqui no blog.

Estes dados e indicadores permitem várias outras leituras por parte dos pesquisadores e de gestores públicos, que assim deixarão de ter que trabalhar a base do microdados do Inep/MEC na coleta e organização dos dados da matrícula por município. Há outros estudos possíveis com dados também sobre matrículas por cursos que permite outras análises e interpretações que também servem às investigações sobre os temas da educação, gestão pública, desenvolvimento regional, ERJ, etc.

Referências:

[1] Postagem do blog em 22 set. 2019: Nº de matrículas no ensino superior presencial se estabiliza em Campos nos últimos 4 anos: percentual aumenta nas públicas. Disponível em: https://www.robertomoraes.com.br/2019/09/n-de-matriculas-no-ensino-superior.html

[2] Postagem do blog em 2 de outubro de 2018. Matrículas no Ensino Superior do ERJ se estabilizam: 40 dos 92 municípios possuem graduação. Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2018/10/matriculas-no-ensino-superior-do-erj-se.html

[3] Postagem do blog em 23 set. 2018. Apesar da crise, as matrículas no ensino superior em Campos se estabilizam em 20 mil graduandos. Disponível em: https://www.robertomoraes.com.br/2018/09/apesar-da-crise-as-matriculas-no-ensino.html

[4] Postagem do blog em 8 de dez. 2017. Entre 2003 e 2016, as matrículas no ensino superior no ERJ cresceram 36%. Nas instituições públicas cresceram (82%). Mais de três vezes que (25%) o crescimento nas instituições privadas. Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2017/12/entre-2003-e-2016-as-matriculas-no.html

[5] Postagem do blog em 11 de nov. 2017. Censo do Ensino Superior 2016: Campos com 19,8 mil universitários. E a qualidade? Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2017/11/censo-do-ensino-superior-2016-campos.html

[6] Postagem do blog em 8 ago. 2015. Cabo Frio, Macaé e Itaperuna são polos de ensino superior, embora região metropolitana ainda concentre 80% das matrículas no ERJ. Disponível em: http://www.robertomoraes.com.br/2015/08/cabo-frio-macae-e-itaperuna-sao-polos.html

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