quinta-feira, julho 02, 2020

Vampirização do trabalho dos entregadores precisa ser interrompida

O que a matéria do Valor de hoje (veja aqui e imagem ao final do texto) sobre a greve dos entregadores de aplicativos chama de "divergência na cadeia", na realidade deveria evidenciar a superexploração do trabalho no esquema da plataformização dos negócios. 

As Plataformas Digitais (PDs) como um processo de intermediação (infraestrutura) que aproxima  o produtor do consumidor suga renda do produtor do alimento - que também reclama dos valores pagos aos aplicativos (Appficação) - e mais ainda do trabalhador que leva a comida (produto) ao consumidor final. 

O simples diagrama ao lado mostra como a  "plataformização" atua como interface, altamente lucrativa no interior da tríade "produção-circulação-consumo". Assim, as Plataformas Digitais (PDs) sem ser responsáveis, nem pela produção e nem pela logística de entrega, acaba por ficar por um enorme quinhão da renda gerada pelo trabalho no território, onde efetivamente se dão as relações sociais. 

Diferente da primeira onda das plataformas colaborativas, hoje, os ganhos estratosféricos dos donos das plataformas se dão sobre a servidão do trabalhador num processo que ficar melhor compreendido como de Vampirização do trabalho. 

Nesse sentido o expressivo movimento grevista de ontem dos entregadores chama a atenção para busca de soluções sobre os seus direitos, mas também para a busca de outras soluções. Quem quiser ver ainda mais detalhes sobre essa vampirização do trabalho do entregador, assista o filme de Ken Loach, "Você não estava aqui"

Plataformas alternativas de cooperativização do trabalho de entrega em substituição à essas plataforma digitais controladas por grandes corporações globais, são viáveis, mas enfrentarão resistências daqueles que ganham com essa captura de renda do trabalho dos outros. Mas, esse é um debate urgente e necessário. 

As Plataformas Digitais (PDs) que hoje atendem aos donos de grandes empresas e grupos, podem (devem) também estar a serviço do bem coletivo, do serviço púbico e do emprego e não da precarização do trabalho que alimenta o lucro daqueles que já são donos dos dinheiros.

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