quarta-feira, abril 20, 2022

Entre 2003 e 2020, IES públicas do ERJ cresceram 91% das matrículas no ensino superior presencial, enquanto IES privadas perderam alunos

O número total de matrículas nas Instituições de Ensino Superior (IES) no ERJ segue caindo desde o pico em 2018, quando chegaram a 544 mil matrículas. Em 2019 teve uma queda de 5% e em 2020 de 4,3% chegando a 494.616 matrículas. Porém, a expansão na rede pública segue avançando e quase que dobrou o número de matrículas desde o ano 2003. 

Desde o golpe de 2016 houve um freio na expansão do número total de universitários, embora o movimento de crescimento no setor público tenha continuado, por conta do impulso dos programas das universidades e institutos federais no Estado do Rio de Janeiro pensado nos governos do PT.

No período de 15 anos, entre 2003 e 2018 ouve uma evolução de 36%, saindo de 420 mil para 544 mil matrículas no ensino superior presencial que no ano de 2019 era desenvolvido em 42 (46%) dos 92 municípios fluminenses.

O blog repete o que vem fazendo nos últimos anos ao divulgar os dados dos números de matrículas nos municípios fluminenses, a partir do microdados do Inep-MEC, tabulados pelo professor José Carlos Salomão Ferreira. (Para ver a tabela abaixo em tamanho maior clique sobre ela)

Um total de 40 dos 92 municípios fluminenses possuem matrículas em cursos presenciais no ensino superior. No ano de 2020, 18 deles tiveram aumento no número de matrículas, enquanto outros 22 municípios perderam alunos.   

O dado mais significativo a ser ressaltado e analisado, enquanto política pública, é que o crescimento das matrículas de 124 mil matrículas entre 2003 e 2018, se inverteu em 2019 e manteve queda também em 2020. Porém, vale destacar que a despeito desta redução no total, os resultados das instituições públicas segue positiva em 2020, em relação a 2019. Enquanto o número de matrículas nas instituições privadas caiu 25.252 matrículas, nas instituições públicas houve um crescimento de 3.032 matrículas.


Este esforço é ainda resultado do governo federal no período Lula (1-2) e Dilma (1) que resultou na criação nas universidades públicas de mais 74 mil matrículas nos municípios fluminenses entre 2003 e 2020. Em números absolutos, as instituições públicas aumentaram de 82.057 matrículas em 2003 para 156.813 matrículas em 2020 no ERJ, com um crescimento em números relativos 91%.

Neste mesmo período, a instituições privadas saíram de 338.432 matrículas em 2003 para 337.803 matrículas em 2020, ou seja, uma redução de 629 matrículas. É oportuno ainda registrar que essa redução de matrículas nas IES vem ocorrendo de forma seguida na virada de 2017 para 2018. Ou seja, na crise é o Estado que supre a demanda de vagas em todos os níveis de ensino.

Vale registrar que as matrículas no ensino superior nas instituições públicas (universidades e institutos) crescem ou se mantêm a despeito das crises econômicas, enquanto no setor privado o ciclo de recessão se refere imediatamente no número de matrículas, por conta da dificuldade de pagamento dos estudantes.

Além disso, vale observar que quase que apenas nas instituições públicas há investimentos e articulação (mesmo que em graus variados) às duas outras duas pernas do tripé que dá qualidade ao ensino superior: a pesquisa e a extensão, para além do ensino. No caso das instituições privadas são raros e pontuais os investimentos em projetos e programas de pesquisas e pós-graduação. Isso em todo o país e não apenas no caso do ERJ.

Outra questão observável na tabela é que no período entre 2003 e 2020 houve uma significativa interiorização da oferta de matrículas no ensino superior, apesar da ainda enorme concentração das vagas na capital fluminense.

Em 2003, 260 mil de 420 mil matrículas estavam na capital, equivalentes a 62%. Em 2020, a capital tinha 52,7% do total de matrículas em todo o ERJ. Um percentual ainda muito alto. Em 2003 eram 31 municípios com cursos superiores e em 2020, um total de 40 dos 92 municípios fluminenses possuíam cursos de graduação presenciais.


Polos de ensino superior no ERJ

Por fim, vale observar ainda 13 (treze) polos, com importância crescente no número de matrículas no Ensino Superior no ERJ. Eles estão em municípios de porte médio e se desdobram de outros polos regionais. Cinco deles reforçam o peso da quantidade vagas na Região Metropolitana do Estado aumentando a centralização já existente com as 52,7% das matrículas do ensino superior na capital.

Vale observar que nos últimos anos há variações nestes números de matrículas por município, devido à presença majoritária de instituições públicas de ensino superior (que se mantém ou crescem), enquanto as instituições privadas perdem matrículas rapidamente com a chegada das crises.

Região Metropolitana + Serrana: 2020 (2019)

Niterói: 52.557 matrículas (54.197) = -.630 matrículas.
Nova Iguaçu: 24.811 matrículas (24.818) = -7 matrículas;
Duque de Caxias: 14.454 matrículas (16.643) = -2.189 matrículas;
São Gonçalo: 11.142 matrículas (11.398) = -256 matrículas;
Seropédica: 11.855 matrículas (10.625) = + 1.230 matrículas;
Petrópolis: 9.961 matrículas (9.918) = + 43 matrículas

Região Norte e Noroeste Fluminense + Baixadas Litorâneas

Campos dos Goytacazes: 18.050 matrículas = -987 matrículas;
Macaé: 9.509 matrículas = + 111 matrículas;
Itaperuna: 7.717 matrículas = -974 matrículas;
Cabo Frio: 7.632 matrículas = + 404 matrículas;

Região Sul Fluminense

Volta Redonda: 13.485 matrículas (13.485) = -376 matrículas;
Resende: 6.594 matrículas (6.594) = + 241 matrículas;
Barra Mansa: 4.738 matrículas (4.738) = -273 matrículas.


EaD no ERJ

No segundo quadro acima é possível ainda observar a evolução das matrículas em Educação à Distância (EaD) no ensino superior no ERJ nos últimos quatro anos (2017-2020). Neste período, as matrículas em EaD se multiplicaram 2,5 vezes, saindo de 106.149 matrículas em 2017 para 259.646 matrículas em 2020. 


O aumento mais expressivo foi do ano 2019 para o ano 2020, quando da Pandemia. Saiu de 170 mil para 259 mil matrículas, um incremento de cerca de 90 mil matrículas, um aumento de mais de 50%. No ERJ, as matrículas em EaD estão majoritariamente nas IES privada (65%) e concentradas espacialmente na capital com 42% das matrículas.  

O aprofundamento da investigação deste conjunto expressivo de dados permite análise em várias outras dimensões para além da evolução do número de matrículas ao longo dos últimos dezessete anos.


PS.: Atualização às 19:20: Abaixo as tabelas com o número de matrículas presenciais e EaD em 88 dos 92 municípios fluminenses. Para ver a imagem das tabelas em tamanho maior clique sobre elas.




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