terça-feira, abril 22, 2014

Pobreza e riqueza na América Latina. Sua realidade vira referência para a Ásia

Muito se fala sobre as economias dos países da nossa América Latina, porém é comum esquecer de mostrar alguns e significativos avanços. Um deles é a realidade da distribuição de renda no continente.

Observem o gráfico abaixo produzido pela conhecida Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe) que mostra a relação entre PIB e linha de pobreza no período de 1978 a 2012.

Ainda há muito o que caminhar, mas, é preciso reconhecer os caminhos trilhados, sob pena de se inverter a direção do futuro.




























Não é preciso ser economista e nem grande estudioso para identificar o que vem ocorrendo com estados-nação da América Latina.

Aliás, há que se desconfiar que reclamam exatamente disto, da redução pobreza, ainda que pequena, necessitando ser ampliada. Porém, há quem defenda o contrário pressionando a economia e a política para voltar a ampliar a a riqueza dos mesmos, sob o argumento de que ela seria a única forma de ter recursos para investir, mesmo que para usufruto de poucos.

Nesta linha, vale ler a matéria do jornal Valor, no último dia 2 de abril de 2014, dos jornalistas Fabio Murukawa e Pedro Cafardo, apresentam uma esclarecedora entrevista com o secretário-geral da Cepal, Antonio Prado.

Prado faz uma radiografia do continente, a partir de suas maires nações. De forma especial mostra as limitações de alguns países, mas, aponta a integração econômica regional, com a possibilidade de trazer complementariedades às nações, como uma saída para reduzir as vulnerabilidades e a dependência externa.

A reportagem mostra também que na América Latina, o México e o Chile, apresentados sempre, como exemplos de estados eficientes, estão no limbo pela incapacidade do estado de fazer investimentos públicos, e assim ficam mais vulneráveis externamente.

O Chile depende da exportação de cobre, responsável por 40% de sua arrecadação fiscal. Além disso, depende de outros países para a geração de energia elétrica. 

O México tem carga tributária baixa para atrair alguns investidores do vizinho EUA e por conta disso, tem imensas dificuldades em elaborar políticas públicas de inclusão social, de educação segurança pública entre outros.

A entrevista pode ser visualizada na íntegra aqui (já que no site do Valor ela só é acessada por assinantes).

Coincidência ou não, o jornal americano The Wall Street Journal produziu na última quinta-feira (veja aqui na versão em português do jornal) uma matéria cujo título foi "Lições das economias da América Latina para a Europa".

Interessante que o item mais citado é a necessidade de ampliar impostos e gastos sociais para reduzir as desigualdades. É bom observar que isto é o inverso do receituário econômico que você lê, ouve e vê todos os dias no discurso único da mídia comercial brasileira.

Por tudo isto, nem que seja para refletir e sair do debate sobre pessoas, entrando no campo do debate argumentativo e de conteúdo, não apenas técnico, mas, sobretudo, político é que vale conferir ambas as entrevistas.
























Nesta linha, não se pode deixar de tratar, mesmo que de forma rápida, mas a título de possíveis aprofundamentos, de duas questões:

1) Todos, ou praticamente, enxergam no Estado a solução dos problemas de inclusão social ou da redução das desigualdades. Porém, as resistências para se criar condições para estas desejáveis (pelo
menos na retórica) soluções vem sempre de quem terá que desembolsar os impostos sobre a produção, a propriedade, ou sobre os investimentos financeiros.

2) Por mais que sejam difundidas as soluções dos impostos e de suas aplicações no campo social, há quem veja neste artifício (por mais que ele produza resultados para sair da miséria, mas, discutivelmente, para ir além) uma forma dos próprios capitais financeiros (com apoio dos estados-nação) em capturar os excedentes da economia. Estes agora circulam através de uma massa maior de pessoas.

Assim, eles também reduzem as pressões sociais, trazendo mais pessoas para o consumo, e o que o capital gosta, a um custo relativamente baixo para o Estado, considerando os absurdos valores exigidos, a partir da intensificação das inovações tecnológicas, para gerar emprego (ou posto de trabalho). Sobre o caso veja postagem feita aqui pelo blog (em 16-04-2014) sobre o custo de R$ 1,3 milhão que a Audi tem em sua nova fábrica em Resende, RJ.
PS.: Atualizado às 20:11: para algumas pequenas correções.

2 comentários:

Anônimo disse...

Dr. Roberto especificamente aqui no BRASIL politicas de segurança alimentar foram copiadas do antecessor, e está dando certo, mas na área econômica, estamos vivendo um desastre. Cade o PAC ?

Roberto Moraes disse...

Oh meu caro L.B. podemos dialogar, mas, o doutor é sempre uma tentativa de desqualificação para de novo defender FHC.

Quer dizer que todo o programa e políticas sociais na extensão do que é hoje é do governo passado e que o PAC, mesmo com diversos problemas não aconteceu?

Olha precisa melhorar o nível do debate para podermos conversar meu caro.

Já falei e não custa repetir: FHC quis "publicizar" as Escolas Técnicas Federais e por lei limitou estancou a ampliação da rede. Através do PAC mais de 300 campi (novas Escolas Técnicas) foram construídas.

A construção das refinarias está com problema,s mas, sabe há quanto tempo não se fazia uma? Há 30 anos. A tecnologia se alterou e dentro da lógica do estado mínimo o país ficou sem técnicos gabaritados para dar conta desta etapa do nosso desenvolvimento.

A indústria naval crescia na Cingapura com as encomendas da Petrobras. Aqui eram cerca de 3 mil empregos, agora os estaleiros possuem mais de 80 mil funcionários.

Enfim, não há necessidade mais argumentos diante da limitação do que questiona repetindo o que fala a Veja e o Jornal Nacional.