quarta-feira, julho 16, 2014

Ainda sobre a manifestação dos caminhoneiros que atuam nas obras do Açu e outras questões correlatas

A manifestação na BR-356 e na estrada de acesso ao Porto do Açu foi encerrada há pouco, com promessas da empresa Tracomal, contratada da Prumo Logística S.A., em avaliar a situação dos caminhoneiros que lhe prestam serviços.

Porém, a situação deve ser analisada por uma ótica mais ampla do que da discussão pontual entre contratantes e contratados, embora, por si só a questão já tenha relevância em si, na relação entre empresas e motoristas donos de caminhões autônomos.

O que leva a estas situações de arrocho nas contratações verticalizadas que chegam às quarteirizações? A contrante principal a Prumo Logística S.A. (ex-LLX) alega sempre estar cumprindo os contratos, o que parece presumir que outros não o fazem.

Quem arca com os prejuízos da paralisação de quase seis milhares de trabalhadores de dezenas de empresa que atuam no Porto do Açu? Por baixo, considerando apenas salários e não outros atrasos em cronogramas específicos pode-se estimar em cerca R$ 400 mil.

Além disso, e mais importante para a sociedade é imaginar quais os problemas decorrentes o transporte de cargas em volume bem superiores ao definido em lei? Perdem os motoristas com as multas, mas, perde a sociedade com os estragos, que conhecemos nas estradas de acesso de uso comum nosso e bancado com os nossos impostos.

Mais do que isto há que se considerar os riscos que vivemos nestas estradas que contornam áreas urbanas com estas carretas, também chamadas de "trem-minhão". Carretas com excesso de peso, são de direção mais arriscada para seus motoristas e para os demais que cruzam as estradas e também para os pedestres.

Mais do que a quantidade e diversidade de manifestações de prejudicados (atingidos) pelos impactos pela implantação do empreendimento, o caso traz à tona outras questões a serem desbravadas, sobre as condições de trabalho nestas pedreiras.

Sobre o assunto veja o comentário que o blog recebeu hoje alertando sobre outros problemas localizados
há quase 100 quilômetros do porto, mas, também impactado pela realidade de sua implantação.

"Como a sempre nesse país o trabalhador levando a pior, chefes de família que dependem do trabalho PESADO e sempre discriminado e não respeitado do caminhoneiro. Em nossa localidade Cardoso Moreira, muitas famílias vivem do transporte de cargas e homens que saem de casa 2 horas da manhã,retornando muitas vezes às 23 horas obrigados a andar pesados pois as contas de um caminhoneiro são PESADAS, uma carreta anda com 22 pneus já viu o preço de 1 pneu. Nenhum deles gostariam de andar tão pesados,pois não é só de pneus que um caminhão é constituído,o sistema é que os obrigam a isso. Se por falta de pagamento de seus compromissos os juros cobrados são exorbitantes nas prestações dos autos.Sabemos que a RODOVIÁRIA deve fazer o seu trabalho,não somos contra, mas e por nós CAMINHONEIROS só DEUS com sua misericórdia."

O desenvolvimento e a geração de empregos é sempre bem-vinda, mas, há que se viabilizá-lo de forma a que todas partes sejam igualmente beneficiadas. O território, aí considerado também as pessoas, sua vida em sociedade, não pode ser um espaço de ninguém sem regulação, sem fiscalização para que o processo de construção e implantação do porto possa ser algo diverso do que tem sido ao longo destes sete anos, decorridos desde seu início no ano de 2007.

Um comentário:

Anônimo disse...

Informação atualizada sobre o que acontece com o Porto do Açu é sempre bem vinda. Sou investir minoritário, por isso toda notícia é valiosa. Obrigado Roberto Moraes. Vc está fazendo um belo trabalho.