quarta-feira, fevereiro 17, 2016

"A confiança no mercado financeiro volta com o crescimento e não com a austeridade".

A frase não foi por militante progressista e sim pelo chefe de Macroeconomia e Políticas de Desenvolvimento da Agência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), vinculada à ONU, Alfredo Calcagno, na Suíca.

Calcagno disse ainda que a economia mundial está passando pela terceira etapa da grande crise financeira inciada em 2008. Para ele, "na primeira etapa todo mundo foi golpeado simultaneamente pelo choque financeiro, com súbita interrupção do crédito bancário e colapso do comércio. Aí todo mundo fez política expansionista com bons resultados. A partir daí vários governos, principalmente na Europa, combinaram política fiscal restritiva com política monetária expansionista levando à segunda etapa da crise".

Calcagno discorda desta receita porque ela teria dado grande liquidez, mas não gerou demandas. Por isto diz que o capital rumou para investimentos em países emergentes, ou de novo, para o setor imobiliário. Assim, julga que agora os emergentes estão sendo golpeados com a desaceleração econômica e a "degringolada" dos preços das matérias-primas (commodities).

Para a Unctad, os problemas de fundo da crise de 2008 não foram atacados, como a concentração de renda que cresce desde os anos 80, uso inadequado de políticas macroeconômicas e uma regulação financeira ainda muito deficiente. Tudo isto debilitou o crescimento da demanda e fragilizou as economias. Para Calcagno o investimento público é o que precisa ser feito mais rapidamente, para impulsionar o investimento privado.

A situação das economias nacionais variam, mas é exatamente este o debate que se está travando no Brasil. Ampliar a inclusão social é solução e não problema, como tentam insistir alguns. Aliás, o Calcagno fala dos investimentos públicos em infraestrutura como estratégicos, porque eles aumentam a arrecadação de impostos, reduzindo déficit e criando novas áreas para ampliação das atividades econômicas. Este é o caso do Brasil com o PIL (Plano de Investimento em Logística), que mesmo com muitos problemas, tende a render adiante. Aliás, parte disto, já está acontecendo.

Esta abordagem que consta de uma matéria do Assis Moreira de Genebra, Suíça, para o Valor, confirma que a saída da crise financeira focada exclusivamente na questão fiscal é um equívoco. Lembro que a abordagem e análise feitas para a economia global servem para compreender a forma com que o Brasil está nela incluída e de onde se pode observar as saídas. Algumas já implantadas, outras em curso e mais sendo necessária. A saída pela recessão é uma aberração!

2 comentários:

Anônimo disse...

Tem certeza que o sujeito não é "progressista"? Kkkkkkkk

Roberto Moraes disse...

Certamente não é destes liberais que vivem invocando o deus mercado. Há instituições mundo afora que conseguem pensar fora deste esfera mental.