sexta-feira, abril 21, 2017

Nove fora... ajuda aos grandes coletores de dados do “grande irmão”

Eu tenho visto com uma participação enorme e surpreendente para mim, a brincadeira, aparentemente inocente, da corrente que propõe que a pessoa conte na rede social (FB) 9 verdades e uma mentira sobre a sua vida para ser comentada pelos amigos.

Parece engraçado a catarse exposta para saber quem lhe conhece mais ou menos na rede.

Porém, também parece uma exposição para além daquela que todos que usamos as redes sociais e, em especial, o facebook. Ela oferece ao “grande irmão” - Dr. Google - e a todos os mecanismos dos grandes coletores de dados (big-data) para apurar ainda mais informações e dados sobre os seus gostos, segredos e história do que já faz acompanhando nossos movimentos nas redes sociais.

Todos já ouvimos falar como freneticamente tem se desenvolvido as programações dos grandes coletores e informação com os algoritmos sabendo cada vez mais sobre quase todos nós.

Assim, nesta linha, eu penso que a brincadeira pode apenas estar dando uma força maior para os algoritmos do “grande irmão”. Nada demais então.

Por outro lado, eu penso que então a brincadeira pode não ter surgido assim de forma tão ingênua. Porque, mais do que interpretações dos algoritmos são as próprias pessoas que listam e relatam o que para elas seria verdade ou mentira. Por isso, nove verdades e uma mentira?

Pensando sobre a maluquice desta realidade nada virtual contemporânea e da exposição que estamos expostos e nos expondo, sem freios ou limites, eu lembrei de uma entrevista que li há poucos dias, feita pela BBC, com Martin Hilbert, assessor de tecnologia da Biblioteca do Congresso dos EUA onde argumentou sobre sua preocupação de que a democracia estava despreparada para a era digital e desta forma estava sendo destruída.

Ao ver o volume da frequência dos 9x1 entre verdades e mentiras me lembrei logo do Hilbert quando ele afirmava que “com 150 curtidas o algoritmo podia prever sua personalidade melhor que seu companheiro e com 250 curtidas, o algoritmo tem elementos para conhecer sua personalidade melhor do que você”. É possível mesmo. Saber mais sobre nós que nós mesmos... Quem duvidaria?

Enfim, acompanhando os rastros com o GPS, os gastos com os cartões, os movimentos dos carros, etc. o que seriam nove verdades a mais ou a menos na sociedade em que a verdade é pós e a mentira é pré.


PS.: Sobre estas maluquices da sociedade digital contemporânea, eu sugiro que quem não assistiu possa ver alguns episódios da série “Black Mirrow”. Mesmo que ela seja fruto o sistema, a crítica que ela faz da contemporaneidade ajuda a pensar. E isto não deve ser algo ruim. Ah, um detalhe, os episódios da série podem ser vistos individualmente e fora da sequência. Eu não me encaixo nas séries, por isso assisti a três episódios soltos pelos títulos ou sumário dos assuntos.

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