sábado, janeiro 23, 2016

A conta petróleo no Brasil e os investimentos em refino como parte das estratégias a serem desenhadas para o próximo ciclo

Ainda e mais uma vez avançamos nas reflexões sobre petróleo, enquanto uma das vertentes do desenvolvimento nacional.

O Brasil é superavitário (em US$) na relação entre importações e exportações de petróleo, com o valor de US$ 4,4 bilhões em 2015.

O nosso problema é com os derivados cuja conta foi negativa em US$ 10,1 bilhões, especialmente por conta da demanda interna de diesel (cuja balança foi deficitária em US$ 3,3 bi), em nafta (déficit de US$ 1 bi) e gás natural com déficit de US$ 5,3 bilhões.

No ano passado o Brasil exportou 16,5 bilhões em petróleo (especialmente o pesado, parafinado e de valor menor e que nossas refinarias não processam) e importou 22,2 bilhões, especialmente em derivados.

Assim, resumindo, sem querer ser superficial, mas para ser breve, temos uma necessidade de concluir o Comperj e ampliar o parque de refino, mesmo que a demanda interna, neste momento esteja contida, mas ainda é maior que a produção interna. Isto ajudaria a reduzir o déficit na conta petróleo que é baixa, além de ativar nossa economia.

No mundo, antes deste momento ímpar de baixo preços e manipulação deste mercado de petróleo, havia avanços nas buscas e descobertas de novas fronteiras de exploração petrolífera.

Porém, o que é mais fácil de ser percebido é o avanço nos parques de refino, especialmente na Índia, Oriente Médio e África.

Na Índia se vê uma expansão da capacidade de refino de quase 700 mil barris por dia (b/d) e o início do funcionamento em 2008, da Reliance Industries, maior refinaria do mundo que processa até 580 mil barris por dia. Por lá, outras 5 refinarias estão em construção.

No Oriente Médio, o Kuwait monta novas refinarias com capacidade superior a 600 mil b/d. Também, os Emirados Árabes com 400 mil b/d; Abu Dhabi com 417 mil b/d, assim como instalações em Argélia e Angola na África.

Refinaria Abreu Lima, Suape Pernambuco
A estratégia não é simples, porque não se constrói uma refinaria da noite para o dia. Com investimento, muito esforço, dedicação e competência, há necessidade de pelo menos 4 a 5 anos.

Até por isto, e considerando ainda a produção crescente de petróleo no Brasil até 2025 (mesmo que em ritmo menor do que o previsto anteriormente) e de olho em um novo ciclo à frente, a estratégia do setor de petróleo e gás nacional necessita ser ajustada.

Há vários problemas a serem corrigidos no setor e em sua maior empresa, a Petrobras. Porém, a venda sem critérios e sem visão estratégica e integrada da função de cada ativo desta cadeia de valor, é um tremendo equívoco, para ser tolerante, com os propositores desta ideia.

Neste cenário, não dá para não considerar desvairada, a outra ideia de reduzir o tamanho da Petrobras, ou transformá-la numa série de novas empresas, dividas por ativos, para além do que já se tem.

Assim, neste ponto, há que passar a agir na direção da renegociação da dívida da Petrobras, assim como de uma capitalização para este novo momento. Parceiros não faltarão.

O setor de energia continua sendo estrategicamente indispensável, para uma nação como o Brasil que possui seis dos maiores campos descobertos no mundo nas últimas duas décadas.

Além do petróleo, as energias alternativas avançam em produção também no Brasil e por isto devem ser consideradas, no tabuleiro das decisões desta geopolítica.

O Brasil, queiram ou não, é uma peça cada vez mais importante e por isto tão alvejado por pressões políticas e econômicas e, por outro lado, tão procurado para para parcerias diversas, daquelas até aqui formuladas. Para isso, é preciso olhar para além da conjuntura e enxergar e trabalhar no novo ciclo que se terá, inexoravelmente, adiante.

PS.: Atualizado às 22:54: Para corrigir o título.

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