sexta-feira, janeiro 15, 2016

Não há razões para imaginar que o baixo preço do barril do petróleo não atinja fortemente os EUA

Posso até estar errado – e não é difícil – mas, observando com mais acuidade a crise do baixo preço do barril de petróleo no mundo, mesmo que o sentimento possa ser diverso, eu começo a desconfiar que os EUA, no geral, talvez percam tanto, ou mais, do que outras nações, com as intercorrências desta conjuntura, em meio às disputas intercapitalistas, por setor de atividade.

Muitos alegarão que a atual conjuntura é parte da estratégia dos EUA, de um nova guerra fria, de pressionar a Rússia, Irã, Venezuela e ainda criar condições favoráveis para adquirir “ativos petrolíferos”, com preços menores pelo mundo (inclusive Brasil), etc.

Porém, os EUA possuem, disparadamente, a maior capacidade tecnológica e de suprimento de equipamentos, bens e serviços do setor de óleo e gás do mundo.

Assim, os EUA encabeçam esta poderosíssima cadeia produtiva – no Brasil atua com as empresas que mais faturam em equipamentos e serviços - e desta forma, sofrem pelos baixos preços e pela redução das atividades de sondas e outros equipamentos, que valem milhões em alugueis (ou bilhões em venda), além da diminuição dos investimentos futuros. Abaixo um gráfico da redução do nº de sondas em atividade nos EUA, entre setembro de 2014 e janeiro de 2016:

Fonte: San Antonio Express


















No plano interno dos EUA, lendo um relatório de um destes analistas de riscos de fundos de investimentos ligado à cadeia do petróleo, lá consta a estimativa de que o setor de energia seria responsável por cerca de 70% do crescimento da capacidade industrial americana, entre os anos 2009 e 2014, exatamente após a crise de 2008. Não sem coincidência, no auge do preço do petróleo, considerando que entre 2011 e 2013, em nenhum momento o preço do barril esteve abaixo dos US$ 100.

Esta análise não é simples, porque mesmo que os EUA sejam, quase empatado com a Rússia e a Arábia Saudita, os maiores produtores de petróleo, são também os maiores importadores e consumidores mundiais, seguidos, em ambas as situações, pela China.

Talvez seja um exagero considerar atual a frase do Henry Kissinger no início da década de 80 “controle o petróleo e você controlara as nações”, mas não convém descartá-la por completo.

Todos sabemos que as commodities vivem ciclos e que o petróleo é a commodity mais negociada do mundo. E em dólar. Os ciclos remetem inevitavelmente a períodos de assenso e descenso trazendo a recessão que parece se avizinhar, para adiante, se ter uma nova expansão, após apropriação dos excedentes.

Se esta hipótese tem algum sentido nós veremos em breve, e assim o freio na economia dos EUA poderá ser tão complicada quanto a da China. A conferir!

PS.: Atualizado às 13:08: Para corrigir redação e aperfeiçoar título.

3 comentários:

Anônimo disse...

Quem anda com a China vai continuar perdendo.

Sugiro uma visita aos EUA e Canadá para ver o que estão fazendo em termos de energia renováveis.

Um dos veículos mais vendidos por lá chama-se Volt. É o símbolo de uma nova era.

A economia está voltando a crescer, mas o consumo se mantém estável.

Qual a "mágica"?

Roberto Moraes disse...

A breve análise feita aqui não tem objetivos comparativos.

Não se tratou aqui de casos isolados e nem, ao contrário geral. As observações com diversos indicadores tenta compreender o peso da cadeia do petróleo e as repercussões dos atuais baixos preços.

Há sim esforços inovativos em diversas nações. Hoje o CEO da Uber diz que em breve a China vai superar o Vale do Silício em termos de resultados em inovações.

http://oglobo.globo.com/economia/tecnologia/ceo-do-uber-afirma-que-china-vai-superar-vale-do-silicio-em-inovacao-18482028

Os esforços com energia alternativa também crescem em diversas nações e continentes, mas a avaliação geral é que até 2050, o petróleo continuará sendo a commodity mais negociada no mundo e com maior peso geopolítico.

Por isso, entre centenas de outras questões é importante avaliar os movimentos e as repercussões geradas pelas fases ascendente e descendente gerada pelo ciclo recente da economia do petróleo.

douglas da mata disse...

Bem, então EUA vão para o buraco. A maior parte da dívida pública/privada dos EUA está nas mãos dos chineses.

Só imbecis se referem a energia como "renovável".

Uai, como se "renova" energia elétrica, se nem ao menos conseguimos estocá-la, ou seu principal insumo gerador (água)?

E os impactos permanentes para construção dos depósitos hídricos, como renovar esses ecossistemas?

Impossível.

Então é melhor os midiotas entenderem: qualquer forma de transformação/consumo energético é destruidora.

O resto é balela e propaganda.

Cada qual quer fazer acreditar que o seu polui menor e é mais eficiente.

Nem é bom mencionar o potencial degradante das baterias e seus componentes (lítio), que nunca podem ser descartados ou reaproveitados.

Por enquanto, por mais estranho que pareça, petróleo (queima de carbono) é a forma de energia mais "limpa" e barata do planeta.

O Volt é sucesso por causa dos enormes subsídios públicos para a produção/venda pelos orçamentos públicos.

Se não fosse isso, encalharia, porque o custo de produção de escala é muito maior que dos motores a combustão.

Não há mágica:

O que o mundo que vem por aí tem que decidir é quem é que vai arcar com o custo das energias que se apresentam como "substitutas".

Se vai ser vento, eletricidade ou tração animal pouco importa... O problema é que sempre teremos a elite e dos setores médios se beneficiando do uso concentrador das energias disponíveis, enquanto a massa despossuída anda à pé ou enlatada nos precários (e caros) transportes públicos.