sábado, janeiro 25, 2020

As eleições municipais diante dos riscos sobre a democracia no Brasil e de um mundo em transformação

As eleições (municipais) deste ano serão as mais difíceis dos últimos tempos.
Em especial no caso de Campos dos Goytacazes.

Além dos debates que devem se dar de forma especial nas redes sociais (questão nacional), o ocaso da receita dos royalties e a redução orçamentária ainda mais grave (Campos e região), exigirão que se pense a "cidade pós-petrorrentista".

Querendo ou não, o debate misturará o "fantasma" ainda presente do parentesco dos candidatos mais falados, com o presente da crise democrática nacional e o futuro incerto que ronda as cabeças de quem vai escolher seu (sua) novo(a) prefeito(a).

O jeito de fazer política mudou e os problemas do(s) município se tornaram maiores e com muito menos recursos.

O ocaso dos dias que seguem à abundância dos recursos é dolorido.

E leva a se visitar mais o passado do que pensar o futuro.

Vivemos momentos de transformações profundas na escala global e no capitalismo hegemonicamente financeiro, em meio à gigantesca reestruturação produtiva com repercussões nas escalas nacional, regional e local, onde o município pode fazer pouco, embora sofra muito as consequências. Porque todos nós habitamos o município onde as demais escalas parecem distantes e abstratas.

As referências do emprego industrial de maior qualidade e que arrastava outros setores da economia está submergindo, em meio à informalidade e aos biscates do trabalho nas plataformas digitais, numa região onde no passado as usinas e depois o setor petróleo geraram demandas ocupacionais.

O emprego que sempre foi discurso e tema das campanhas eleitorais, hoje se tornaram fluidos e abstratos, diante da realidade dos desconhecidos algoritmos das plataformas digitais, que por ironia, deve (como em 2018) ajudar a decidir as eleições.

Se já não bastassem essas "novidades" na complexa sociedade em que vivemos, os estratos sociais deixaram de ser divididos entre a pedra (urbano) e o rural (distritos), ou, entre o centro e a periferia, como alguns ainda raciocinam de forma dialógica, sem levar em conta as outras divisões presentes nos municípios.

A presença das igrejas, umbilicalmente ligadas à política, assim como os esquemas milicianos vinculados à importantes atividades das cidades devem ser considerados nos debates que se pretende pensar a sociabilidade no(s) município(s) em sua totalidade.

Sabendo ou não destas (e outras) questões, elas ainda assim estarão presentes quando os candidatos estiverem diante daqueles a quem pretende representar, propondo planos e políticas públicas.

Humildade para ouvir e sensibilidade social aprender serão tão importantes quanto a capacidade de propor projetos, sem perder a noção de que as prioridades devem ser sempre, para aquela para a parcela da população que mais precisa dos governos.

Antes de ser eleitores e candidatos todos somos cidadãos que vivem nos municípios onde as desigualdades precisam ser reduzidas e os direitos básicos reconquistados.

Um comentário:

Anônimo disse...

Salve Roberto.

Como sempre aconteceu ao longo da história, a periferia do capital sempre experimenta os efeitos das mudanças estruturais de forma mais dramática e desajustada.
As eleições não são mais capazes de proporcionar qualquer expectativa de representatividade.
A liquidez pós capitalista, onde o antivalor(rentismo)já sufocou o valor gerado e não mais guarda relação com a produção (ver Robert Kürz), agora se reflete nos esquemas políticos e nas instituições que antes imaginávamos serem capazes de frear (timidamente) a fúria acumulativa e seus efeitos no tecido social.

Um abraço Douglas da Mata.