quarta-feira, janeiro 08, 2020

O caso Carlos Ghosn e o mundo particular dos oligopólios no capitalismo contemporâneo

As declarações do brasileiro Carlos Ghosn que foi presidente da aliança de montadoras Renault-Nissan-Mishitubishi e que fugiu do Japão para o Líbano, é apenas uma pitada sobre como se formam e operam os oligopólios (alianças de grandes corporações) no mundo.

A forma como Ghosn fala da relação com os chefes de estado e do poder financeiro em diferentes Estados-nações, mostra como o capitalismo contemporâneo se movimenta.

A fuga "espetacular" do Ghosn reflete um movimento idêntico aos fluxos do capital transfronteiriço. Sem controle.

Já a forma como o Estado japonês busca se impor, reflete uma tentativa dos Estados-nações para regular os processos econômicos de natureza mundial. Sem êxito.

Serve ainda para observar que mesmo com toda a reestruturação produtiva mundial, as cadeias de valor global e globalização, o Estado-nação ainda continua a ser forma como os países tentam fazer valer alguns interesses de sua população (ou sua elite).

Um gestor de corporações globais costuma saltar de país em país, para garantir a produtividade e os lucros para os investidores e acionistas do negócio.

Sem muita relação com o novo país, esses gestores têm mais facilidades para fazer "reengenharia", demissões e fechamento de fábricas, alianças entre corporações e, ao mesmo tempo, ser descartado mais facilmente pelos investidores.

Além disso, esse caso serve para observar como corrupção pode ser um uma espécie (quase abstrata) de conceito para definir e operar no campo das relações e da disputa de poder.

Por tudo isso (e outras questões) esse é um caso que merece ser ainda mais acompanhado, para uma melhor compreensão sobre os movimentos do capital, as relações de poder e o papel do Estado no capitalismo contemporâneo.

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