quinta-feira, novembro 12, 2015

US$ 1,5 trilhão a menos na indústria mundial do petróleo nos próximos dois anos

Durante a realização da Feira Anual da Indústria de Petróleo de Abu Dhabi que passou a ser considerada a maior do mundo, na frente da que é realizada em Houston, no Texas, o professor Daniel Yergin, autor do livro "Petróleo - Uma história mundial de conquistas, poder e dinheiro", um reconhecido especialista na área, disse que "a indústria mundial de petróleo vive uma enorme encolha nos próximos anos".

"As companhias vão gastar US$ 1,5 trilhão a menos em dois anos, com mais da metade vindo de um declínio de custos para itens como aluguel de equipamentos e gastos de engenharia, e o resto com menos investimentos em bens de capital. Mas 60% dessa queda ocorrerá na América do Norte".

No encontro de Abu Dhabi o pessimismo entre as petroleiras é o assunto que domina entre os participantes. Eles dizem que o problema não é o "shale óleo ou shale gas" dos EUA que só representa 5% do total da produção mundial.

A questão é a volatilidade do mercado e a relação entre excesso de produção e demanda. Neste aspecto, em meio aos debates e posição da Opep se faz uma projeção de que o preço do barril oscile em torno dos US$ 60, nos próximos 3 anos. Como se vê mais uma vez, os dados e opiniões mostram que a conjuntura não é apenas nacional.

As informações acima são do correspondente do Valor, em Abu Dhabi, jornalista Assis Moreira. Moreira também registrou as boas expectativas que as petrolíferas estrangeiras possuem em relação ao Brasil, a despeito dos problemas. Um deles, o vice-presidente da petrolífera norueguesa Statoil Lars Bacher disse: "o Brasil tem ativos muito bons".

Em meio à realidade do setor comentada com frequência há quem queira ver os problemas sobre outra ótica. Preferem fechar os olhos sobre o que guarda em si a geopolítica da energia. Ela passa por cima da maioria do estados-nacionais e permitindo que as corporações globais (diferente do conceito de multinacionais) do setor, atuar de forma espacial e econômica, como se o mundo fosse único, sem divisões e em movimentos que ignoram os interesses nacionais.

Estamos no meio deste imbróglio. Queiramos ou não.

Reconhecer este processo seria um dos importantes passos para se traçar estratégias mais realistas e de maior capacidade de interferir em nossos destinos, com um projeto nacional.

Nenhum comentário: